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INDICADORES UNIVERSAIS e os ORGANISMOS INTERNACIONAIS

2 CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL: CONSIDERAÇÕES

2.4 INDICADORES UNIVERSAIS e os ORGANISMOS INTERNACIONAIS

Para que esta pesquisa possa atender o segundo objetivo específico proposto, ou seja, de pesquisar os principais indicadores de desenvolvimento inerentes ao Estado de Mato Grosso, utilizou-se os Indicadores de Desenvolvimento Sustentável. Neste sentido, faz-se necessário responder algumas questões como:

a) o que são estes Indicadores de Desenvolvimento Sustentável?

b) por que eles foram selecionados como princípios para se apontar um território em desenvolvimento?

c) de onde e por que surgiu esta necessidade de identifica-los?

d) qual o papel de organizações nacionais e internacionais nestes dados?

Assim, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é uma organização internacional que reúne 35 países com sede em Paris na França. Ela teve origem em 1948 como Organização para a Cooperação Econômica (OECE) e tinha como principal objetivo, após a segunda Grande Guerra, reconstruir os países da Europa. Este plano de reconstrução, tinha como principal cartilha o Plano Marshall5. Já no ano de 1961, após a Convenção sobre a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, a OECE transformou-se na OCDE, tendo esta como principal função a de estudar e comparar as políticas econômicas dos países, ir em busca de soluções para os principais problemas em comum e coordenar políticas a nível interno e externo. Em sua grande maioria, os países que fazem parte da OCDE são de economia desenvolvida.

Neste sentido, a organização exerce grande influência no contexto internacional, sendo uma das organizações que impactam com suas opiniões e considerações à cerca dos indicadores de qualquer economia.

Assim, para a OCDE Insights (COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO - OCDE, 2008), a partir de um relatório chamado Our Common Future publicado no final da década de 80, o termo Desenvolvimento Sustentável começa a ter grande aceitação em nível internacional. O relatório, surgiu após uma reunião da ONU que buscava uma agenda global de conceitos e práticas que levassem um processo de

5 Plano Marshall: ou também conhecido como Plano de Recuperação Europeia, foi um programa de ajuda

desenvolvimento ser duradouro e criando desta forma a necessidade de práticas constantes a serem observadas não só pelas políticas públicas, mas por qualquer organização do planeta.

Desta forma,

Há dois pontos essenciais para o desenvolvimento sustentável. Em primeiro lugar o reconhecimento de que a economia cresce por si só não é suficiente para resolver os problemas do mundo: os aspectos econômicos, sociais e ambientais de qualquer ação se encontram interligados. Considerar um destes aspectos de cada vez leva a erros de julgamento e a resultados insustentáveis. O fato de nos centramos apenas nas margens de lucro, por exemplo, levou no passado a danos sociais e ambientais pelos quais a sociedade acabou pagando ou continua a pagar. No entanto, cuidar do meio ambiente e fornecer serviços que as pessoas necessitem depende, pelo menos parcialmente, de recursos econômicos. Em segundo lugar, a natureza interligada ao desenvolvimento sustentável, pede que se ultrapasse os limites, geográficos ou institucionais, para se coordenarem estratégias e elaborarem boas decisões. Os problemas raramente se circunscrevem a jurisdições predefinidas, como é o caso de uma agência governamental ou uma única vizinhança, e as soluções inteligentes requerem que a cooperação faça parte do processo de elaboração de decisões. (OCDE, 2008, p. 02).

Assim, de forma intrínseca, o desenvolvimento sustentável para a OCDE sempre estará com a sociedade, a economia e o ambiente em profundo relacionamento. Logo, as pessoas, o sistema econômico e o habitat, seja qual for o contexto, estarão relacionados. A organização alerta que ignorar tal realidade pode levar anos ou décadas, mas que em algum momento a história cobrará através de desequilíbrios econômicos ou ambientais atitudes ou ações reparadoras. Neste caso, sempre o custo econômico ou social terá muito mais impacto ou sacrifício de todos.

Por fim, é preciso observar que o desenvolvimento precisa ter sustentabilidade, ou como a expressão escreve, ser sustentável, caso contrário, ele não passa de um crescimento. Logo, o desenvolvimento nos leva a um conceito amplo de universalidade em busca de qualidade de vida e redução da pobreza constante.

O contexto histórico, econômico, social e político de cada país é único, mas os princípios do desenvolvimento sustentável aplicam-se a todos. O desenvolvimento econômico é essencial, mas o crescimento por si só, sem a compreensão de todos os fatores que contribuem para o bem-estar, não reduz a sustentabilidade da pobreza. O crescimento econômico está geralmente interligado com todas as melhorias na qualidade de vida, níveis mais altos de educação e esperança de vi da do país, mas tal não nos indica como é alcançado este crescimento; se é ou não duradouro e quem dele se beneficia ou é deixado para trás. (OCDE, 2008, p. 02).

Também a ONU teve papel primordial na caminhada para a contextualização do desenvolvimento sustentável. Esta importância proveio desde o entendimento do termo até a

solidificação e acompanhamento dos indicadores que são capazes de dimensionar tal desenvolvimento.

Segundo Zarpelon (2016), foi em 1919, com o Tratado de Versalhes, que encerrou de forma oficial a primeira guerra mundial, o grande acontecimento que deu início às Organizações Internacionais (OIs). Sendo assim, o Tratado de Versalhes criou duas organizações de caráter universal: a Liga das Nações e a Organização Internacional do Trabalho (OIT), as quais passaram a poder assinar acordos ou tratados com estados independentes por possuírem autonomia internacional.

Nos anos 1970, com o aumento da globalização e a incapacidade dos Estados em conseguirem dar soluções adequadas aos problemas que atravessam as fronteiras nacionais, passa a ser considerado relevante no ambiente internacional as Organizações Internacionais. As mesmas contribuem no ordenamento do sistema internacional; promovem foros de debates; prestam serviços; possibilitam discussão periódica; aumentam a transparência entre os atores; reduzem custos; e principalmente, promovem maior cooperação e criam mecanismos comuns para resolver problemas comuns. (ZARPELON, 2016).

Desta forma, a ONU foi criada após a Segunda Guerra Mundial no ano de 1945. Foram incialmente 50 países que se reuniram em São Francisco e assinaram conjuntamente a Carta das Nações Unidas, ou como também é denominada, Carta de São Francisco. A ONU busca atender aos objetivos que as organizações internacionais se propuseram e é na atualidade a principal organização com soberania nas tratativas com todas as nações. Com o principal papel de ser pacificadora entre os países e continentes, a ONU foi criada e passou a destacar que a paz não é somente produzida por tratados e ações militares. Antes de mais nada, os padrões de qualidade de vida elevado, o pleno emprego e as condições de progresso econômico e social e de desenvolvimento são fatores que promovem por si só está paz tão sonhada. O capítulo IX da Carta de São Francisco trata da Cooperação Internacional Econômica e Social; e em seu artigo 55 traz a seguinte redação:

Com o fim de criar condições de estabilidade e bem-estar, necessárias às relações pacíficas e amistosas entre as Nações, baseadas no respeito ao princípio da igualdade de direitos e da autodeterminação dos povos, as Nações Unidas favorecerão: a) Níveis mais altos de vida, trabalho efetivo e condições de progresso e desenvolvimento econômico e social; b) A solução dos problemas internacionais econômicos, sociais, sanitários e conexos; a cooperação internacional, de caráter cultural e educacional; c) O respeito universal e efetivo raça, sexo, língua ou religião. (NAÇÕES UNIDAS NO BRASIL - ONU BR, 1945)

Assim, a ONU tem buscado cumprir com o seu papel. Para Zarpelon (2016), ela vem exercendo um papel fundamental na promoção de consensos internacionais através de

assinaturas de Declarações, Convenções ou Protocolos, além de auxiliar a constituição de novos Organismos Internacionais que busquem somar forças nestes objetivos do desenvolvimento. Isto tomou força maior a partir dos anos 90.

Tais conferências passaram a ter papéis fundamentais ao chamar a atenção do mundo para as questões de sustentabilidade no desenvolvimento.

2.4.1 A importância ao mundo da ECO 92 como um marco para o conceito de desenvolvimento sustentável

A Eco 92, teve como evento antecedente e similar a Conferência de Estocolmo em 1972. Tal evento de vinte anos atrás, foi o primeiro grande encontro a debater o tema do meio ambiente. No entanto seus resultados foram de certa forma frustrantes ao mundo. Em 1987, a ONU publica o Relatório de Brundtland6, que dá mesma forma não trouxe os resultados satisfatórios esperados. De qualquer forma, ambos foram primordiais, visto estruturarem as bases da Eco 92.

A Eco 92, recebeu diversos nomes pelo mundo afora. Assim, denominações como Cimeira de Verão, Cúpula da Terra, Conferência do Rio de Janeiro também foram dadas a ela. No entanto, independente do nome, é fato que a Eco 92 marcou a história e foi a precursora para um debate consciente do tema sobre os ambientes mundiais e a sua influência para o desenvolvimento com segurança e continuidade. Ela recebeu em sua delegação, uma presença histórica de 178 países que passaram a discutir a viabilidade da existência da vida às futuras gerações. O principal objetivo da Conferência, era a discussão de um modelo de crescimento econômico com menor consumo e mais adequado ao equilíbrio do meio ambiente, transpondo assim o tema de desenvolvimento sustentável. A diferença das Conferências do Rio de Janeiro e de Estocolmo podia se dar na necessidade da discussão do tema, frente a experiência mundial de que se o mundo continuasse a caminhar da mesma forma, seu futuro ou progresso estava com os dias contados. Prova disso, foi a presença maciça dos estados ao evento.

Além dos Estados presentes, o evento foi marcado por outro acontecimento que gerou maior impacto na importância do tema discutido. Na realidade, foi um evento concomitante à Eco 92, chamado de Fórum Global. O referido Fórum nada mais era do que um encontro paralelo frequentado por mais de 2.000 organizações não governamentais (ONGs) do mundo

6 Relatório de Brundtland: é um documento intitulado de Our Common Future, ou seja, Nosso Futuro Comum,

inteiro. Neste evento, também um documento importante para a vida do planeta foi promulgado: a Carta da Terra. Em síntese, tal carta ia ao encontro dos objetivos apresentados na Eco 92, que a própria ONU o reconheceu como um dos documentos oficiais promulgados pela Conferência.

Para Zarpelon (2016), um dos aspectos importantes do evento foi a adoção do termo Desenvolvimento Sustentável, criado em 1987 pelo Relatório Brundtland, destacando que o Desenvolvimento atual não pode comprometer a capacidade de atender as necessidades de futuras gerações.

É fato, que a Conferência trouxe a percepção das elites políticas mundiais para o tema, juntamente com a sensibilização da sociedade como um todo.

Além disto, pode-se destacar como resultados apresentados pela ECO 92: a) a carta da terra aprovada pelas ONGs no Fórum Global;

b) a Convenção da Biodiversidade que tinha como principal objetivo a conservação da biodiversidade através do uso sustentável de seus componentes e a divisão justa de benefícios gerados pela utilização de recursos genéticos pelo planeta;

c) a Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação; d) a Convenção das Nações Unidas sobre a mudança do clima; e) a Declaração de princípios sobre as florestas;

f) a Declaração do Rio sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento; g) a AGENDA 21.

Elencado por último, mas certamente a mais importante, a AGENDA 21 é um dos pontos primordiais produzidos pela ECO 92.