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Influência do Aproveitamento Hidroelétrico nos Instrumentos de Planeamento Territorial

Instrumentos e Ferramenta de Gestão Territorial

3. Instrumentos de Gestão Territorial no Município de Oliveira de Frades

3.5. Influência do Aproveitamento Hidroelétrico nos Instrumentos de Planeamento Territorial

Como o referido no quadro n.º 2, o aproveitamento Hidroelétrico de Ribeiradio - Ermida abrange o território do concelho de Oliveira de Frades, estando por isso sujeito às disposições constantes no respetivo PDM, que surge como o único instrumento de planeamento territorial.

Um dos objetivos de destaque para a revisão do PDM foi a construção da Barragem de Ribeiradio, atendendo a: solo submergido pelo NPA; alterações de perímetros urbanos e rede viária existentes; novas condições para a vida das populações dos aglomerados mais afetados e, pela criação de condições para o aproveitamento da albufeira.

Deste modo, e no âmbito do PDM, pretende-se identificar para o município as classes de espaço, as condicionantes e as servidões administrativas, bem como outras restrições de utilidade pública no uso do solo, afetas ao aproveitamento.

Segundo a Planta de Ordenamento do PDM, a área prevista para a Barragem de Ribeiradio abrangia território classificado como Zonas Florestais. A partir da análise do quadro seguinte pode verificar-se as classes de espaço abrangidas, os artigos que remetem para o regulamento do PDM, bem como os usos e restrições de cada espaço.

Quadro 7 – Classes de espaço abrangidos pelo aproveitamento hidroelétrico de Ribeiradio-Ermida Fonte – Adaptado dos anexos do EIA

Classes Regulamento Usos e restrições

Aglomerados Art.º31º Destinadas à habitação e equipamento complementar. Na área da albufeira

identificam-se por exemplo as localidades de Muro, Sejães, Vau, entre outros. Zona de

Interesse Turístico

Art.º34º

Destinadas a equipamentos vocacionados para lazer de caráter turístico, essencialmente exterior. Na área da albufeira identifica-se a área de recreio e lazer de Sejães.

Zonas

Florestais Art.º38º

Destinadas à produção de material lenhoso, resina e outros produtos florestais. Na área da albufeira as zonas florestais são as que apresentam maior representatividade.

Zonas

Agrícolas Art.º37º

Destinadas à atividade agrícola e desenvolvimento pecuário tendo em conta as suas características morfológicas. Na área abrangida pela albufeira, as zonas agrícolas localizam-se nas imediações de Virela, Pedre, Bispeira, Fornelo, entre outros. Zonas

conservação da natureza

Art.º39º

Destinam-se a permitir a salvaguarda da estrutura biofísica. Na área da albufeira identifica-se uma faixa com cerca de 70m de largura, numa extensão de cerca de 640m, paralela ao rio Vouga, na freguesia de Arcozelo das Maias.

Planeamento e Ordenamento no Contexto de uma Autarquia

45 Encontram-se legalmente definidas diversas condicionantes ao uso do solo, assim como servidões e restrições de utilidade pública, cujos objetivos consistem na preservação dos recursos naturais e culturais, no estabelecimento de continuidades ecológicas e na qualidade de vida das populações, numa perspetiva de desenvolvimento sustentável e equilibrado.

No caso do município de Oliveira de Frades destacam-se as áreas de Reserva Ecológica Nacional (REN), abrangidas pela barragem e correspondente albufeira, que correspondem aos Leitos dos Cursos de Água e a Áreas com Risco de Erosão, em que de acordo com o DL n.º 180/2006 de 6 de setembro - Anexo IV - “a produção de eletricidade a partir de fontes de energia renováveis, constitui uma ação insuscetível de prejudicar o equilíbrio ecológico das áreas afetas à REN, estando no entanto sujeita a autorização da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional competente.”

Contudo, e de acordo com o n.º 3, do artigo 8.º do DL n.º225/2007, de 31 de maio, a emissão da Declaração de Impacte Ambiental favorável condicionada, determina que não é necessária a emissão da referida autorização.

Por outro lado, surge a Reserva Agrícola Nacional (RAN), que apesar da localização da barragem não abranger áreas RAN, a sua albufeira abrange pequenas áreas em algumas localidades, nomeadamente, Sejães (no vale do rio Vouga), Pedre (na margem esquerda do rio Vouga), e Muro (na margem direita do rio Vouga), entre outros.

No caso da RAN, e de acordo com o artigo 8.º, n.º 2, alínea c) do regulamento do PDM, “podem ser permitidas utilizações não agrícolas de solos integrados em RAN quando se trate de vias de comunicação ou construções de interesse público, desde que não haja alternativa técnica, estando porém sujeitas a um parecer prévio favorável da Comissão Regional de Reserva Agrícola.”

Para além destas reservas, cuja predominância no território lhes confere elevado estatuto e valor de proteção, existem outras condicionantes no uso do solo com justificação natural, de proteção aos investimentos, ou ainda, os sistemas de proteção a infraestruturas visando a sua salvaguarda e que constituem, no geral, faixas mais ou menos alargadas de servidão, a redes de abastecimento e/ou acessibilidades (distribuição de energia, gás, água ou rede viária).

Planeamento e Ordenamento no Contexto de uma Autarquia

46 Deste modo, destacam-se as servidões da rede elétrica e rodoviárias. Relativamente às servidões da rede elétrica há a destacar que, a montante da barragem de Ermida, existe uma linha de transporte de energia elétrica que atravessa a área da futura albufeira.

De referir que, os condicionamentos às linhas elétricas constam da legislação em vigor, tendo que respeitar o Regulamento de Segurança de Linhas Elétricas (Decreto Regulamentar n.º 1/92, de 18 de fevereiro), particularmente a distância de segurança entre a linha e o plano de água da albufeira. Por sua vez, nas servidões rodoviárias observa-se que a albufeira de Ribeiradio submergirá uma parte da estrada nacional EN 333-3 que liga Oliveira de Frades a Valadares e Covelo, a norte de Sejães, no local da Ponte Luís Bandeira, sobre o rio Vouga, assim, e de acordo com o DL n.º 13/94, de 15 de janeiro, a faixa de servidão a observar tem a largura de 20 m para cada lado do eixo da estrada e a largura mínima de 5 m em relação a plataforma da estrada.

Por último, surgem as disposições regulamentares expressas no artigo 6.º do regulamento do PDM, que traduzem as orientações para o uso e ocupação do solo nas zonas de proteção das albufeiras de águas públicas classificadas como protegidas (faixa terrestre contígua adjacente às margens da albufeira com a largura de 500 m medidos na horizontal a partir do NPA).

Em suma, apesar da albufeira de Ribeiradio se encontrar classificada/reclassificada como protegida nos termos do Decreto Regulamentar n.º 3/2002, de 4 de fevereiro, esta ainda não cumpre o “dever” de dispor de Plano de Ordenamento, o qual incidirá sobre o correspondente Plano de Água e Zona de Proteção, que é designado por POAAP.

3.6. Constrangimentos da Ausência do Plano de