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Instrumentos e Ferramenta de Gestão Territorial

2.5. Síntese Parcial

Ao nível da União Europeia, não existe uma política específica para o ordenamento do território no entanto e sobretudo nos últimos anos, têm sido desenvolvidas diversas iniciativas a este nível.

Portugal, sendo um país europeu e membro da comunidade europeia e embora tendo o seu próprio contexto ao nível do planeamento e ordenamento do território, não esquece as diretrizes divulgadas a nível europeu.

Após o 25 de abril, em 1977 surge a 1ª Lei das atribuições e competências das autarquias (Lei n.º 79/77, de 25 de outubro, alterada pelo DL n.º 100/84, de 29 de março e Lei n.º 159/99, de 14 de setembro), que destacou a emergência do poder local e com a definição das competências das autarquias locais, surgiu a necessidade de definição das políticas de intervenção e esse nível, não existindo nenhum instrumento específico para esse efeito.

Em 1982, o DL n.º 208/82, de 26 de maio, foi o primeiro grande passo no planeamento, já que definiu “ as linhas mestras do regime que permitirá a plena utilização do plano diretor municipal como instrumento do ordenamento do território” (Preâmbulo, DL 208/82).

Os primeiros PDM, designados de PDM de 1ª geração, exigiam um trabalho bastante complexo e moroso, uma vez que havia falta de informação, de cartografia e de experiência dos gabinetes técnicos, levando a que poucos municípios os conseguissem elaborar dentro do tempo previsto. Apenas com o DL n.º 69/90, de 2 de março, se conseguiu uma cobertura quase total do território nacional com PDM. Contudo, este foi um processo bastante lento, faltando ainda uma abordagem estratégica e uma preocupação com as questões ambientais.

Em 1998, a LBPOTU (Lei n.º 48/98, de 11 de agosto) criou um quadro de referência para a prática do ordenamento do território e urbanismo e adotou uma nova visão e novos conceitos que, seguindo uma lógica de desenvolvimento estratégico, defendia a coesão social e territorial, a qualidade de vida dos cidadãos, a equidade e imparcialidade e a salvaguarda e proteção do património natural e cultural. Mais tarde o RJIGT (DL n.º 380/99, de 22 de setembro) veio hierarquizar os instrumentos de planeamento territorial e delimitar as responsabilidades que cabem ao Estado, às autarquias e aos privados, de forma a simplificar e clarificar as ações e responsabilidades de cada um.

Planeamento e Ordenamento no Contexto de uma Autarquia

27 Para além disto este diploma também criou um modelo de ordenamento territorial que distinguia o solo rural do urbano e definia as condições de uso do solo e a criação de mecanismos de programação e execução do plano. Assim surgiram os PDM de 2ª geração, desenvolvidos num novo contexto de agilização dos processos de elaboração, alteração e revisão dos vários PMOT`s e numa situação de maior experiência e competência por parte dos técnicos.

O PDM é portanto um instrumento de gestão territorial de âmbito municipal, que faz parte do grupo dos PMOT`s e que, de acordo com a nova lei de bases (LBGPPSOTU), estabelece a estratégia de desenvolvimento territorial municipal, um modelo territorial municipal, as opções de localização e de gestão de equipamentos de utilização coletiva e as relações de interdependência com os municípios vizinhos.

Já o POAAP, como plano especial de ordenamento do território e segundo o artigo n.º 44 do DL n.º 380/99, de 22 de setembro, estabelece o regime de salvaguarda de recursos e de valores naturais fixando os usos e o regime de gestão compatíveis com a utilização sustentável do território.

O regime jurídico de proteção das albufeiras de águas públicas de serviço público consagrou-se inicialmente no DL n.º 502/71, de 18 de novembro, com o objetivo de assegurar a harmonização das atividades secundárias que se desenvolvem nas albufeiras bem como as finalidades principais que estiveram na génese da construção das respetivas barragens.

Recentemente surge um novo regime de proteção das albufeiras de águas públicas de serviço público estabelecido pelo DL n.º 107/2009, de 15 de maio, que define o regime de proteção das albufeiras de águas públicas de serviço público, bem como do respetivo território envolvente.

Assim, no que diz respeito ao zonamento surge uma faixa que corresponde à zona terrestre de proteção, que é medida da horizontal, com uma largura de 500 m, integrada nesta zona surge a zona reservada com uma largura de 100 m contados a partir da linha do NPA. A zona terrestre de proteção abrange, ainda, uma faixa de 500 m a jusante da barragem contados desde a linha limite do coroamento da referida infraestrutura.

Por fim, os SIG constituem ferramentas essenciais de apoio ao planeamento urbano e à gestão dos serviços públicos. É esperado que as administrações municipais estabeleçam como prioridade a utilização destas tecnologias de forma adequada, criando uma política

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28 de informação urbana que estabeleça mecanismos de manutenção, integração e partilha da base de dados geográfica, mantendo esta tecnologia atualizada, sobretudo na área de gestão municipal.

Embora esta ferramenta seja um recurso fundamental para uma partilha da informação geográfica de todas as autarquias, ainda existem alguns entraves à sua implementação, os quais se prendem sobretudo com a morosidade do processo pelas alterações a nível laboral e pelas questões financeiras associadas aos recursos tecnológicos e humanos necessários.

Autarquias como a Câmara Municipal da Póvoa de Varzim são um exemplo de como esta ferramenta está a ser utilizada com sucesso, abrindo assim caminho para que outras se predisponham também a utilizar os SIG e dessa forma a facilitar a recolha, analise e circulação da informação.

Em suma, instrumentos como o PDM e o POAAP são fundamentais na gestão territorial, uma vez que vão de encontro às diretrizes fornecidas pela União Europeia no que diz respeito ao ordenamento do território e ao desenvolvimento urbano, económico, social e ambiental mais sustentável.

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3. Instrumentos de Gestão Territorial no Município