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A influência das ofertas educativas na organização do espaço físico e dos materiais do edifício escolar entre os alunos.

Capitulo II Contexto Escolar.

4. Caracterização da Escola e da turma do 12º Ano

4.2. A influência das ofertas educativas na organização do espaço físico e dos materiais do edifício escolar entre os alunos.

A escola observada oferece um regime de funcionamento diurno que vai do período da manha até à tarde. Com as duas variáveis ofertas educativas / organização do espaço físico e dos materiais, várias questões se podem levantar: qual a influência das ofertas educativas de escola na organização do espaço físico do edifício escolar? Como são os espaços das salas de aula organizadas para as turmas da Escola? Estão os espaços físicos relacionados com os horários das turmas e respetivamente com os dias da semana? As salas são distribuídas pelas turmas de acordo com o contexto das ofertas Educativas?

Não se deveria fazer corresponder os alunos de uma turma (básico) para uma única sala de aula, independentemente do contexto da disciplina? Se a cada turma correspondesse uma única sala de aula, o tempo de aula não seria mais rentável? Não há mais propensão para a dispersão, quando os alunos têm que se deslocar para salas de aulas diferentes, varias vezes ao dia? Não simplificaríamos a movimentação dos alunos pelos espaços da Escola se tivessem uma única sala de aula (correspondente à turma), onde podem deixar o material e consequentemente atingir maior sucesso nas aprendizagens (principalmente os alunos mais novos e mais frágeis que parecem aparentar por vezes cansaço, quando carregam atrás das costas alguns quilos de livros que as diferentes disciplinas ocupam nas suas mochilas)?

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Observei que os corredores da Escola estão cheios de cacifes para os alunos. Aparentemente o problema dos alunos deslocarem-se carregados com livros pelos espaços da escola, foi resolvido com os cacifos nos corredores. No entanto, os corredores não têm muito espaço e são apertados. Os cacifos no corredor trouxeram outros problemas: há muitas queixas dos professores e dos funcionários da falta de civismo dos alunos nos corredores (ao ponto de ter sido ponderado em reunião de professores, colocar professores ou alunos a vigiar o comportamento dos próprios alunos nos corredores). Uma das soluções de reflexão para a solução deste problema poderia talvez passar por colocar os cacifos correspondentes aos alunos para dentro das salas de aula. Desta forma o nível de tensão existente nos corredores poderia diminuir e o comportamento dos alunos seria controlado pelos professores dentro das salas de aula. No entanto isto faz surgir um outro problema, é que os cacifos dentro das salas de aulas só fazem sentido se as salas corresponderem unicamente aquela turma. O que obrigaria os alunos do básico a estarem numa única sala durante todas as suas atividades letivas. O que não invalida os alunos de se deslocarem com o professor a outras zonas da escola colmatando a parte do currículo onde as experiências realizadas são fundamentais para as aprendizagens.

E há outra questão que se pode tentar refletir, que é o facto de os alunos não terem um espaço individual, uma mesa e uma cadeira única ou um placar na parede para afixar material (projetar ideias na parede vertical, ocupar os espaços da parede) ou mesmo o tal cacife individual / estante onde podem colocar os seus livros ou até mesmo dicionários. Porque é que os espaços das escolas se tornaram mesmo um grande obstáculo às aprendizagens?

Nesta Instituição, sabe-se através do capítulo relativo à Caracterização da Escola no Artigo das Normas Gerais de Funcionamento das salas de aula do Regulamento Interno que o professor deve dar as suas aulas, nas salas que constam no seu horário. Se, por motivo justificado, o professor necessitar de mudar de sala em termos definitivos, essa mudança só deverá processar-se com a prévia autorização da direção.

Sabe-se ainda que os espaços de ensino com equipamento especializado têm regras próprias de funcionamento e utilização. Os grupos de atividades com instalações específicas são: Física e Química, Biologia e Geologia, Artes Visuais, Educação Física, Educação Tecnológica e informática. As 3 salas de Informática

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deverão ser usadas, preferencialmente, pelas disciplinas que necessitam de computadores como material indispensável; Estas salas poderão ser requisitadas pelos professores de outras áreas disciplinares. Com esta informação apreendemos que estes grupos têm salas próprias com materiais específicos. Desta forma, pode-se concluir que o facto de estes alunos terem que trocar de sala é devido ao motivo de estas estarem equipadas com materiais próprios de cada disciplina.

Por exemplo, a sala de Artes Visuais para além de ter quatro computadores individuais para toda a turma, tem também uma arrecadação com material próprio, um lavatório de maior dimensão e uma máquina manual para impressão de gravura. Esta sala com estes materiais não é usada para a disciplina do 3º Ciclo de Educação Visual. Não deveriam estes alunos do 3º ciclo começar a ter acesso a este espaço e aos seus materiais?

Podemos tentar fazer agora um ponto de comparação das disciplinas do terceiro ciclo do ensino básico. O terceiro Ciclo do ensino básico oferece as seguintes áreas disciplinares: Português

,

Línguas Estrangeiras

(

Inglês

,

Língua Estrangeira II)

,

Ciências Humanas e Sociais

(

História

,

Geografia)

,

Matemática

,

Ciências Físicas e Naturais

(

Ciências Naturais

,

Fisica-Quimica)

,

Expressão e Tecnologias,

(

Educação Visual, TIC e Oferta de Escola - Educação Tecnológica)

,

Educação Fisica e Educação Moral e Religiosa – Frequência facultativa. A observação que faço é que as áreas disciplinares do 3º ciclo parecem atingir fortemente grupos de atividades com instalações específicas. No entanto, se observarmos atentamente esta oferta educativa das disciplinas do terceiro ciclo e se pensarmos que o conjunto de matérias lecionadas nestes anos do ensino básico não necessita de um conhecimento muito específico que implique o uso frequente destas instalações, podemos pensar que as turmas do ensino básico podiam ter apenas uma única sala de forma a criar maior estabilidade na apreensão das aprendizagens.

Fica aqui a minha dúvida no sentido de entender como foi realizado todo o processo de atribuição de salas, às diferentes turmas do 3º Ciclo do ensino Básico, pois nenhum dos documentos analisados refere a questão de como e porquê se faz corresponder as diferentes salas para diferentes as turmas.

Não devem as escolas ter explicação comprovada para tal facto? As diferentes salas que correspondem a cada turma no seu horário próprio é talvez um dos fatores

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mais importantes da organização da Escola. Essa organização vai influenciar o dia-a- dia do alunos, os movimentos que eles fazem e por sua vez o rendimento escolar.

Figura 11. Janela do 2º piso da Escola Secundária do Bocage, em Setúbal. Fonte própria (2013).

4.3. O Espaço físico e os recursos materiais da escola e a sua distribuição e