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Influência do Paganismo sobre a Revolução Francesa Demonologia de Charles de Sécondat

No documento 3824163 O Arqueometro SaintYves Dalveydre (páginas 145-149)

Quando Charles de Sécondat, barão de Breda e de Montesquieu, procurava o Espirito das Leis, no Templo de Gnide, e não no Evangelho, entregava-se inconscientemente, porém com responsabilidade, a uma verdadeira Demonologia.

Daí essas "ventriloquias" clássicas com as piores sociedades do outro mundo: Solilóquio de Lisimaca, Diálogo de Sila e de Eucrates, e depois todo o Sabá reunido: Grandeza e Decadência dos Romanos. Mais espíritos gregos e latinos dos que precisavam para "giroscopear" da direita para a esquerda a cabeça de um legista "gascão" ou seu escritório. Porém, os velhos demônios do meio-dia tinham um médium de primeira ordem nesse majestoso "bordelés" pouco catequizado pelos reverendos padres. Além disso, eram estes Mentores que fizeram que se passassem ao seu Telêmaco esses deploráveis conhecimentos. Devido a essa demonomania que nos chegava da Santa Sé e da Minerva, todos os chamuscados embaixo da crosta terrestre coziam com fogo de enxofre alguma coisa que não cheirava bem. Esse guisado de arras-ta-couros, de coturnos e alpargatas poderia chamar-se "A Revanche dos Gentios", assim chamados porque representam tudo o que existe de mais baixo, de mais vilão.

Um vapor de perdição saía das frestas do Abismo, onde a neve e o gelo tutelares da Idade Média se fundiam até sua ebulição. Isso era o que se considerava como primavera.

Assim como os pivetes dos Campos Elíseos assaltam as vitórias de ramos de violetas, assaltam a Rosa Ia Rose embaixo de todos os olhares. Porém, ela era artificial, cheia de ungüentos, de ervas de feiticeiro, de beladona de "belenho". Ela enlouquecia grandes e pequenos, mestres e alunos. Como outros tantos papagaios e "chovas" que tivessem comido sobre seus puleiros, muitos grãos de adormecideira, o clero e a instrução vaticinavam o passado de Atenas, profetizavam o "rococó" romano.

Os fantasmas com Toga, os lêmures com "enemidas", divulgavam-se nos livros em plena luz do dia; e, à meia-noite, também, seus demônios em todos os teatros. A corte e as vilas faziam deles suas "coqueluches".

Hermes, o dos pés ligeiros, escrevia o "Mercúrio Galante",Vênus dançava o minueto com o Rei Sol; ela punha a coroa sobre a cabeça de Luís XV, cutucando-o às escondidas com seu lindo pezinho. Cupido

preparava suas serenatas a todas as Chloris com cestinha; Netuno ondulava os cabelos das mais bonitas para cobri-los "na fragata"; Flora flertava com todos os

jovens abades; Pomona oferecia a forte maçã aos velhos canonigos, que deixavam nela até seu último dente.

Os diabos colocavam pimenta na fonte de Castália. O Hipocrene sucumbia à histeria, às abelhas do Himete, à taràntula. Todo tinteiro tinha seu Narciso ou seu sapo e freqüentemente os dois juntos, como hoje em dia. A serpente Píton saía docemente de seu negro habitai e soprava em dátilos e espondeus o delirium tremetis das orgias dos espíritos à espera das orgias de sangue. Silene e Sancho cantavam juntos as Fábulas de La Fontaine e as Odes de Safo. Seus burros abriam a era da fraternidade universal. Faziam um barulho infernal no mundo; rivalizando em estrondos e incongruências.

Baco e Dom Quixote, rio acima, rio abaixo, embarcavam em ziguezague para a ilha da Utopia. Leiam sobre a tilha do navio de Argos, Ciro e do abade Terrasson.

Pégaso e Rocinante davam coices nas cruzes das encruzilhadas, de onde Panteu reinstalava a Príapo, enquanto no canto do bosque aguardava a bacanal antropófaga e os viajantes na sela de Posta, no caminho de Varennes.

Diana, com seus cornos de prata, arco de ébano e aljava de cristal, iluminava com sua esbelta nudez as noites do Parque dos Cervos; as ninfas de pés ligeiros atiravam ao longe seus lebréus. Eco gritava! As flechas voavam e a deusa fazia entoar a "tocata de caça" de todos os maridos. Assim era o prelúdio do rompimento do matrimônio cristão, a união livre, o feminismo sem ovários.

A Hidra de Lerna, debochando de Hércules e Dejanira, que eram de mármore, voltava a fazer em todas as piscinas de Le Notre massas de horríveis progenituras. Estas, sentindo a chegada de sua hora, corriam para todos os riachos de Paris. Por último, a velha Loba dos bosques de Bondi, da anciã Roma, amamentava excitada a um sem-número de lobinhos, mostrando sua língua para as licantropias próximas, fazendo ranger os dentes para o estalar dos ossos dos santos de todos os relicários, depois da Igreja da França e do Estado social francês.

Que um médium descobrisse sua fórmula política e o Paganismo se instalaria sem Orfeu, os sete sábios e Pitágoras. Montesquieu foi São Tomás de Aquino com casacão, saiotes curtos e sapatos de fivela, cobre-punhos na camisa em ponto de Inglaterra, espada com ferrolho de um lado, escritório embandeirado do outro. O Santo tinha passado um concordato com a filosofia menos pior dos gentios; o barão passou aos gentios sem concordato.

É assim que os demônios "exultavam". Sua Companhia de Judas puxava o tapete dos educandos da Companhia de Jesus, jansenistas, alguns oratorianos, numerosos monges, todos os curas zelosos dos mitrados, dos cardeais como Dubois, dos bispos como o de Autun, da juventude de espada e túnica, de todo o gratinado do

Gradus ad Parnassum, todo o Estado-Maiordo De Viris illustribus, em "cuchufleta"

de Mardi-Gras.

Enquanto os arrogantes surravam à patrulha do Cristianismo, os simples capitães de aventuras enrolavam os bobos de capuz e os burgueses e os vestiam de carnaval romano.

Todos os professores de lógica faziam desacreditar seus Jourdain, senhor, senhora e a família, até o último e interessante pequenino. O senhor provinha de Numitor, a senhora encarnava Lucrécia, flertando com os moços do armazém com uma faca de cozinha na mão. O interessante pequenino último não era batizado, falava latim, chamava-se Brutus e batia no seu tambor esperando o de Santerre.

Os monarcas, arruinados, jogavam a "catilina"; os senhores Domingos tomavam sua última medida de pano para vestir-se no estilo Menenius Agrippa. A estátua do comendador esboçada, com sua perna de pedra dando o passo fatal do Rubicom.

Tartufo postado na porta meditava a lei dos suspeitos. Insuflava o fogo das cozinheiras para a confecção dos jacobinos e dos tecedores. O Misantropo delirava com Burrhus, Filinto Sêneca, segurando a lira Oronte Nero. Vadius ruminava "o Amigo dos Homens", Trissotin, "o Pai Duchêne". Todos os Diafoirus sem clientes se trocavam em Pompilius, com a seringa em viste. A corte e a vila não queriam morrer por suas pílulas, aguardavam dialogando o dia de glória, com o bisturi sobre as mais altas cabeças das dormideiras de seu jardim farmacêutico.

Com isso devia sair de seus níveis o Esculápio do Humanismo, o grande "sangrador" da Filantropia, o excelente doutor Guilhotina.

Dedicado aos pedantes com tabaqueira, as mulheres sábias ficavam bravas com as graças das duquesas e seu enxame de mequetrefes janotas. Tinham sua icterícia e, vestindo-se de musas, atemorizavam de dia os jovens clérigos, pois à noite todos os gatos são pardos no "Jardim das raízes gregas".

Mas o que parece não era nada ao lado do advogado Patelin. Ele declarava guerra a toda a sociedade francesa em nome dos De Cujus do fórum, da agora e inclusive do Parlamentarismo inglês, ao que tratava como um moinho de palavras.

O tricómio em batalha, a cauda com poeira de enxofre, erguida horizontalmente, brandindo o espírito das leis. Seus olhos de lobo cintilavam, seus clientes "chasqueavam", sua voz uivava. Colocava o diabo no corpo da Basoca e da Sorbona, da qual se formava a garganta secular. Apelava a isso a Mascarinha contra os hotéis, a Cartouche e a Mandrin contra os castelos, aos direitos do cidadão contra a Cidade, do homem contra a Humanidade, do summum Jus na summa Injuria contra todas as causas das que sua bolsa plana não estava carregada...

Apêndice III

No documento 3824163 O Arqueometro SaintYves Dalveydre (páginas 145-149)