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Influências ao nível do Absentismo

No documento Daniel Moiteiro_Dissertaçao_ISLA_MGRH_2016 (páginas 49-51)

Capítulo 2 – Fundamentação Teórica

2.3 Horário de Trabalho por Turnos

2.3.3 Influências ao nível da Saúde

2.3.2.4 Influências ao nível do Absentismo

Para evitar possíveis acidentes de trabalho e o consequente absentismo, o Código do Trabalho define o número de horas para o desempenho do trabalho e as correspondentes ao período de descanso (Sfredo, 2009). Apesar disso, existem algumas influências que são sentidas pelos colaboradores ao nível de acidentes de trabalho e do absentismo no local de trabalho, e que foram estudadas por diversos investigadores, tais como: Monk, Folkard e Wedderburn (1996), Penkala (1997), Baker e Baar (2001), Caporale (2007), Roenneberg, Kumar e Merrow (2007), Barnes-Farrell, Davies-Schrils, Walsh, Di Milia, Fischer, Hobbs,Kaliterna e Tepas (2008) e Folkard (2008) que referem que quanto maior for o número de acidentes de trabalho ocorridos no período de trabalho por turnos, maiores serão as baixas dos colaboradores. Estas baixas por doenças ou acidentes levam ao absentismo, tornando-se assim um aspeto bastante prejudicial para as organizações, dado que se um colaborador faltar, outro colaborador substituto será chamado ou contratado para realizar as mesmas tarefas, e estas podem ser realizadas de uma forma desajustada. Penkala (1997) menciona alguns problemas neste âmbito, enumerando a coordenação e cooperação entre os colaboradores, o aumento das taxas de absentismo e de rotatividade, o aumento de erros e de acidentes, a falta de comunicação entre as equipas, o fraco desempenho no trabalho e as condições instáveis (mentais e físicas) dos colaboradores. Já Baker e Baar (2001) e também Caporale (2007) relacionam as más condições sociais dos colaboradores com as más

condições do trabalho (fadiga, insatisfação, aumento do absentismo e rotatividade). Se, por um lado, compensa trabalhar por turnos (maior salário, qualificação profissional indiferente, outras regalias), por outro lado, a vida familiar e social sofre as consequências, sendo que, tendencialmente, todos os trabalhadores abandonam esta modalidade de horário assim que têm essa oportunidade.

Para Kumar, Merrow e Roenneberg (2007), Barnes-Farrell et al. (2008) e Folkard (2008), se os colaboradores sofrem acidentes de trabalho, ou simplesmente faltam ao trabalho por estarem insatisfeitos com este, são as organizações que sentem os efeitos negativos, a começar pelo aumento da taxa de absentismo, passando pela diminuição do desempenho profissional, pela dificuldade de atração e retenção de colaboradores e pela consequente diminuição da produtividade.

Quando se aborda a temática da influência do horários por turnos ao nível dos acidentes de trabalho, parece fácil e aceitável assumir que, para o trabalhador, estas ocorrências se revelam dramáticas e perturbadoras, sendo que, tal como se avançou anteriormente, também têm interferências no âmbito psicológico e emocional das pessoas. Já do ponto de vista das organizações, podem-se listar estas influências num contexto negativo, a todos os níveis. Para além da já apontada baixa de produtividade, importa referir que o acidente de trabalho dentro de uma empresa tem também interferência indireta nos restantes trabalhadores, visto que estes poderão manifestar medo ou recusa completa em desempenhar a mesma tarefa que esteve na origem do acidente do colega (Barnes-Farrell et al., 2008).

Também Bastos (2005, citado em Brito, 2012) afirma que existe uma relação entre o trabalho em sistema de turnos e a ocorrência de acidentes de trabalho, lembrando que, embora estes também ocorram durante os períodos diurnos, têm uma maior incidência à noite. Neste enquadramento, referem-se os estudos levados a acabo por Abdalkader e Hayajneh (2008), através dos quais se concluiu que a maior percentagem de erros dos profissionais ocorre por volta das 3 horas da madrugada, portanto, no turno da noite. Referem ainda que o trabalho realizado durante a noite é um dos principais fatores para a mudança de serviço, sustentando a ideia de que os trabalhadores, apesar das compensações que auferem, preferem a tranquilidade de trabalhar num turno diurno.

Como referido, os acidentes de trabalho dão origem ao absentismo e este tem também consequências negativas tanto para os colaboradores que, por via deste, podem ver as suas situações emocionais e psicológicas alteradas, como para as organizações

que, na falta de um trabalhador qualificado, por exemplo, perderão o investimento feito em formação e terão que contratar outro e formá-lo novamente (Silva, 2007). Importa sublinhar ainda que apesar de o absentismo ter sido abordado em conjunto com os acidentes de trabalho, este não decorre apenas destes acontecimentos e pode ser consequência de todos os aspetos negativos que se apontam ao longo da presente dissertação.

Do ponto de vista dos colaboradores e da sua saúde, os horários por turnos influenciam os indivíduos em termos médicos, através da diminuição objetiva e subjetiva do seu estado de saúde em geral, sendo determinantemente afetado pelas condições de alteração do sono que se ressente nos estados de fadiga. Para além disso, estas alterações que decorrem da referida modalidade de horário de trabalho, tal como os estados de fadiga, são apontados como elementos potenciadores do aumento de ocorrência de acidentes de trabalho, sendo que, de alguns deles, resulta a morte efetiva dos colaboradores e/ou de outros. Tanto estas alterações de saúde como biológicas (sono e alimentação) concorrem para o aparecimento de um estado de mal-estar geral nos indivíduos, afetando a sua qualidade de vida e satisfação no trabalho, dando origem ao aumento de procura de ajuda médica, ao uso de psicotrópicos e de outras substâncias nocivas para a saúde, como o tabaco e a cafeína, com o aumento da possibilidade de ocorrência de acidentes no trabalho. Finalizando, em Portugal, de acordo com a Direção Geral de Saúde (DGS), as perturbações de saúde associadas ao trabalho por turnos estão inseridas nas classificações oficiais de doenças profissionais, sendo que, também a Associação Americana de Psiquiatria dá atenção a este problema classificando as consequências de saúde decorrentes do horário por turnos como distúrbios do sono e da vigilância.

No documento Daniel Moiteiro_Dissertaçao_ISLA_MGRH_2016 (páginas 49-51)