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B. DOC E os doces deles?

2. APRESENTAÇÃO HISTÓRICO-LINGUÍSTCA DO CORPUS E CLASSIFICAÇÃO DOS DADOS

2.2. COMPOSIÇÃO DO CORPUS

2.2.1. Informações históricas sobre os periódicos da 1ª fase (1833 1849)

2.2.1.1. Diário da Bahia (1833-1838)

O primeiro periódico intitulado Diário da Bahia circulou no estado entre 1° de fevereiro de 1833 e o ano de 1838 na cidade de Salvador e era impresso na tipografia do Diário, situada à rua do Tijolo, n. 34. Era composto por quatro páginas, sob o preço de 2,880 réis, por trimestre, pagos adiantados. O jornal era comercializado na própria tipografia ou na loja do Sr. Pedro Pires Gomes e, pelo preço cobrado, podemos supor que era um jornal lido pela elite.

Segundo Carvalho e Torres (2007), o Diário da Bahia era propriedade de uma associação e era considerado um jornal político, literário e mercantil. Em seu programa, o periódico prometia defender a legalidade, a monarquia e o Sr. D. Pedro II. A partir de 1837, no entanto, o jornal passou a ser órgão oficial do governo da revolta, conhecida com o nome de Sabinada. Em março de 1838, com a entrada das forças legais na Capital, a sua publicação foi suspensa.

O periódico era dividido normalmente em sete seções: (i) Artigos do Ofício que incluía as informações da Câmara Municipal, (ii) Interior, (iii) Exterior, (iv) Notícias Marítimas, (v) Avisos, (vi) Editais e (vii) Variedades, que tanto poderia conter artigos de colaboradores, quanto cartas endereçadas ao redator do Diário. Cumpre ressaltar que nem

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todos os números possuíam todas as seções, as quais variavam de acordo com os números que iam sendo publicados.

De todas as seções, foram desconsiderados os editais, as notícias marítimas e os avisos, ou por se desconhecer os seus autores, ou por constituírem textos padrões. Foram considerados, assim como em todos os periódicos em análise nesta pesquisa, somente os artigos assinados, pois era de suma importância que se conhecessem os autores dos textos em análise para que se buscassem informações biográficas sobre os mesmos, com vistas à garantia de que os dados coletados eram correspondentes de fato ao português brasileiro.

A redação do Diário da Bahia era atribuída ao Doutor Francisco Gonçalves Martins, no entanto, há notícias e artigos assinados por colaboradores, cujas informações biográficas seguem em anexo (cf. anexo 1(a)). A seguir, é apresentado um fac-símile da primeira página do Diário da Bahia, datado de 30 de abril de 1833.

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2.2.1.2. Novo Diário da Bahia (1837-1838)

O jornal Novo Diário da Bahia circulou de julho de 1837 a 1838 na cidade de Salvador (BA). Era considerado um periódico político e comercial e era impresso na tipografia do Diário da Bahia, que nesse período era situada à quina oposta ao Aljube, casa n. 06. Era comercializado pelo preço de 20 réis e vendido tanto na tipografia do Diário, quanto na Cidade Baixa, à casa do Livreiro o Sr. Cabussú.

Por ter sido um dos principais instrumentos da revolta da Sabinada, a publicação do jornal foi suspensa com o número 201, em 13 de março de 1838 pela entrada das tropas legais no Estado da Bahia.

Em seu primeiro ano de circulação, o periódico era composto por quatro páginas e era dividido em sete seções: (i) Notícias, (ii) Artigos do Oficio, (iii) Editais, (iv) Comunicado, (v) Movimento do Porto, (vi) Notícias Policiais e (vii) Avisos. No segundo ano, o periódico passou a conter oito páginas, com as mesmas seções do ano anterior. Cumpre ressaltar também que nem todos os números possuíam todas as seções, pois elas variavam de acordo com os números que iam sendo publicados.

O responsável pela redação do Novo Diário da Bahia era o Doutor Francisco Sabino Alvares da Rocha Vieira, famoso líder do movimento da Sabinada ocorrido na Bahia. Porém, segundo Leite (2006), além do redator-chefe Francisco Sabino, este periódico contava com a participação de outro colaborador.

Pelo menos, um outro importante ideólogo da Sabinada apresentava credenciais para redigir, junto com o republicanista Francisco Sabino, as peças políticas da revolta. Afinal, ele já o fazia nas edições pré-revolucionárias do Novo Diário da Bahia. João da Veiga Muricy, companheiro de jornal e parente de Sabino, não deixou dúvidas quanto ao seu interesse na separação provisória. Ele também demonstrou não render muitos votos ao “elemento democrático” tão encarecido por Sabino em seus escritos. Num dos manifestos de O Philopatro, sob cujo título Muricy publicara por vezes no NDB e cuja autoria não é contestada pelos seus intérpretes, ele nos dá elementos importantes para alimentar essa hipótese (LEITE, 2006, ps. 68 e 69).

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Os artigos de José da Veiga Muricy, que em algumas referências é citado como João da Veiga Muricy, são assinados no período sob o pseudônimo de O Philopatro. Vê-se, portanto, que o periódico só possuía dois autores, cujas informações biográficas seguem em anexo (cf. anexo 1(b)). A seguir, é apresentado um fac-símile da primeira página do Novo Diário da Bahia, datado de 20 de dezembro de 1837.

81 2.2.1.3. O Atheneo (1849)

O jornal O Atheneo surgiu em abril de 1849 e circulou até 1850 na cidade de Salvador (BA). Era considerado um periódico científico e literário dos estudantes da Escola de Medicina da Bahia, cuja função precípua, segundo o seu redator-chefe e fundador – Augusto Victorino Alves do Sacramento Blake – era instruir e educar o povo da Bahia.

Sua redação era atribuída, conforme dito anteriormente, a Augusto Victorino Alves do Sacramento Blake, que anos depois ficou famoso pela publicação do seu Dicionário Bibliográfico36 Brasileiro, que contém informações biográficas sobre os personagens mais importantes da história do Brasil até 1902, ano de publicação do seu último volume. Além das publicações do próprio Sacramento Blake, havia publicações de vários colaboradores, pois a idéia do fundador do periódico era dirigir um jornal democrático, aberto às publicações de quem desejasse. Em virtude disso, o periódico possuía inúmeros colaboradores, sendo a maioria deles também estudantes de medicina, cujas fichas biográficas são apresentadas em anexo (cf. anexo 1(c)).

O jornal era de publicação quinzenal, contendo 20 páginas em cada publicação. Em suas páginas não havia informações sobre preço, apesar de haver notas solicitando aos assinantes o pagamento pelo recebimento do periódico. O Atheneo era dividido em várias seções, contendo inúmeros artigos que constituíam a parte principal do jornal. As outras seções abrigavam poesias, romances, pensamentos, charadas, anedotas e avisos. Neste jornal não havia uma seção de anúncios. A seguir, é apresentado um fac-símile da primeira página do Atheneo, datado de maio de 1849.

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O dicionário publicado por Sacramento Blake, além de conter informações biográficas sobre os personagens importantes da história da Brasil entre os anos de 1883 e 1902, oferece também as referências bibliográficas das obras publicadas por esses personagens, o que justifica o nome da sua obra ser Dicionário Bibliográfico Brasileiro.

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Figura 04 – Primeira página do jornal O Atheneo