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6. AS INFORMAÇÕES NA DEFESA NACIONAL 123

6.2. A necessidade de informações nas FA 130

6.2.1. Informações Militares 133

Como elemento integrante das informações estratégicas de Defesa, as IM visam, fundamentalmente, conhecer as FA de um país ou coligação e “(...)contribuir al esfuerzo militar del país para conseguir su fin último que es, según las doctrinas políticas modernas, prevenir la guerra y, en caso de inevitablemente se produzca, contribuir a ganarla com el mínimo de perdidas propias

y enemigas” (Gómez, 2005: 93).

No âmbito do emprego das FA, as informações estratégicas destinam-se a apoiar o planeamento estratégico-militar: “Las áreas estratégicas se fijan mediante la identificación y la clasificación en niveles de prioridad de los âmbitos de atuación del servicio y sobre qué se desea información, de modo conjunto por los responsables del servicio de inteligencia y de los órganos

políticos y, en su caso, militares, a los que sirven” (Navarro, 2003: 73). As operações e as

produção. Durante a fase de planeamento trata-se de deduzir, a partir de necessidades gerais de informação, as necessidades concretas de obtenção de informação para, seguidamente, uma vez que esteja elaborada, possa satisfazer os interesses do órgão a quem a informação se destina, com a brevidade que se exige e inclusivamente para que seja possível a definição de modelos que permitam definir cenários relacionados com a segurança e a Defesa Nacional: “En la fase de planeamiento se determinan las necesidades de inteligencia, se asignan cometidos y se establecen prioridades entre los distintos objetivos asignados, integrando estas atividades en planes y programas. Es una fase muy importante porque en ella se definen las necesidades de inteligencia, que son las que legitiman la atuación de los servicios de inteligencia en un Estado democrático de derecho, a la vez que permiten su control tanto desde el punto de vista de su legalidad como de su eficiencia. Las necesidades de inteligencia son determinadas por la autoridad que debe tomar

las decisiones relacionadas con la seguridad y defensa nacional” (Pardo, 2005: 45).

O estabelecimento de um processo de produção de informações, só terá eficácia se for orientado pela necessidade de informações enunciadas pelo decisor/utilizador (político/militar), pela definição das prioridades no esforço para a sua obtenção e na determinação de prazos para que as mesmas tenham oportunidade.

Figura nº 2 – Interação de decisores/utilizadores e produtores UTILIZADORES NECESSIDADES PRIORIDADES PRAZOS ↓ PRODUTORES (SISTEMAS DE INFORMAÇÕES) DIREÇÃO ↓ PESQUISA ↓ PROCESSAMENTO ↓ DIFUSÃO Fonte: Pinto, 2001:292

Fonte: Vizela Cardoso, 2012 (adaptado)

As operações das FND são dirigidas no nível estratégico-militar e planeadas e conduzidas nos níveis operacional e tático sendo os seus efeitos ou a sua contribuição para se atingirem os objetivos especificados pelo decisor político-estratégico, o fator determinante da sua classificação.

A relação entre os níveis de operações militares não significa que estejam diretamente ligados a um determinado escalão de comando, dado que estes resultam da necessidade de atribuir a um responsável o grau de autoridade consentâneo com as missões e tarefas que terá que desempenhar.

As informações estratégicas militares estão intimamente relacionadas com os conflitos com que as FA se deparam, procurando, fundamentalmente através da espionagem, detetar as capacidades e intenções do adversário e, através da contrainformação, negar-lhe esse conhecimento, pelo “ilusionismo e dissimulação”, procedimento requerido à atividade militar:

“Deception, like magic, is a distortion of perceived reality, and both seek to achieve the same

behavioural result” (Perlmutter, 1982: 2), ou seja, “Military deception and strategic surprise are

both prominent in military history. Although deception is not the only cause of surprise, the two are often intimately related. When deception succeeds, surprise results and, generally, it is a defender who is surprised by a challenger´s deception. Deception is designed to create false expectations or, at the very least, uncertainty in a defender´s calculations about the likelihood,

timing, place, and type of military attack” (Stein, 1982: 94).

As IM apresentam os seus conceitos e orientações objetivando o conhecimento do inimigo, sendo que para isso procura:

 Conhecer o seu potencial real (doutrinas, intenções, meios, capacidades, vulnerabilidades);

 Acompanhar a evolução da situação, a conduta das operações, o aprontamento de forças e manobras.

A primeira necessidade relaciona-se com o nível estratégico e a outra com informações de nível operacional. No entanto, em termos de conflito potencial ou efetivo, as IM contemplam:

 O nível estratégico, da conduta política da guerra, onde se determinam as restrições e constrangimentos e que é responsável pelas grandes operações conjuntas ou combinadas;

 O nível operacional, que tem de satisfazer as necessidades das diferentes armas e dos diferentes ramos ou até das forças aliadas, empenhadas num determinado teatro de operações. Porém, a crescente preocupação de limitar os conflitos aos objetivos militares e evitar danos colaterais, requer um maior volume de informação deste tipo;

Nos conflitos assimétricos, designadamente, no terrorismo internacional não estatal, é difícil traçar o limite entre aqueles níveis, uma vez que a situação se caracteriza por uma crise permanente e grande volatilidade dos acontecimentos com que se manifesta. Desta feita, as necessidades de informações terão de se adaptar a este tipo específico de conflito. Nesta situação, é de realçar a procura de informação sobre: os líderes/chefias; finalidades que visam; as ideologias que os motivam; a localização das bases operacionais e de apoio; as fontes de financiamento e os apoios.

No que respeita ao momento a que as informações se referem, a fim de inibir a atomização de informação, razão inquestionável para o êxito das IM, e tendo em consideração, “A natureza crescentemente imprevisível das novas ameaças, a globalização rompante do sistema internacional, o “nevoeiro” informacional causado pelo excesso de informação, sobre informação e desinformação, o enfraquecimento gradual dos poderes públicos a favor de atores não estatais são alguns fatores que valorizam a atividade das informações no apoio à tomada de decisão política, seja esta interna ou externa, política, económica ou de segurança, no curto ou no médio

prazo(...)” (Esteves, 2004: 440), resulta profícuo distinguir entre a necessidade de informação, que

existe nos destinatários sempre de caráter geral, e a procura de informação, de caráter específico e apresentada formalmente. Esta distinção possibilita classificar as informações que se produzem em três tipos, segundo o momento da sua utilização: básica, atual e estimativa. “La inteligencia básica tiene un caráter general y es de relativa permanencia, obedece a las necesidades generales y estratégicas de la organización, por lo que intenta conocer todos los aspetos de cada uno de los objetivos fijados por las directrices de inteligencia, com el fin de permitir responder a demandas de información concretas. La inteligencia atual (corrente) tiene dos funciones: mantener al dia la inteligencia básica com datos nuevos, para lo que adota la forma de boletines periódicos, generalmente diarios, sobre cuestiones específicas de interés habitual; y responder de modo rápido y preciso a una petición de información sobre una cuéstion de atualidad o hechos concretos que se deben conocer para la toma de una decisión, com los datos disponibles o mediante un proceso de búsqueda ad hoc com los recursos que se poseen. Y la inteligencia estimativa (prospetiva) se dedica a determinar, ante una situación concreta y a petición del usuario del servicio, la posible evolución de esa situación y las posibilidades de atuación de los elementos involucrados en ella, a partir de los datos de que se dispone, com el fin de que el destinatario

realice su propia predicción y, de acuerdo com ella, tome una decisión” (Navarro, 2003: 73-74).

De acordo com o respetivo quadro de atuação, geralmente, a distinção é feita entre informações externas: destinadas a conhecer os pontos fortes, as debilidades e as possíveis linhas de atuação dos outros países e organizações estrangeiras; informações internas: dedicadas a obter conhecimento acerca de pessoas e grupos organizados que atuam no espaço nacional contra a estabilidade das instituições, geralmente por meios violentos; e IM, que são pesquisadas no interior e no exterior do território nacional para as necessidades específicas das FA, englobando a contrainformação e a segurança. No entanto, esta divisão entre tipos de informações, requer alguma reflexão porque não corresponde, atualmente, ao quadro em que os serviços se

movimentam. Serve de exemplo, a dificuldade na destrinça entre terrorismo nacional e internacional, porque em muitos casos não existem distinções e por outro lado podem verificar-se ligações no campo do tráfico de armas, drogas e branqueamento de dinheiro.

Para além dos campos específicos de atuação mencionados há razões para a separação dos serviços:

 Diferenças no modo de atuação da pesquisa humana no interior ou no exterior do território nacional;

 Características técnicas das atividades de reconhecimento das transmissões e da obtenção e interpretação de imagens;

 Características específicas das IM;

 Conveniência em evitar centralização da informação.

Este vetor da Defesa Nacional constitui uma atividade ou função onde se conjugam com um sector ou componente militar vários ou todos os outros sectores da vida política nacional. Neste sentido, “As ciências humanas, da economia política à sociologia, da psicologia social à etnologia, da história à linguística, serão cada vez mais um instrumento indispensável para a avaliação das

ameaças e mesmo da sua perceção para as mais imprevistas dentre elas” (Simões, 1978: 29) e,

ainda, “Não esquecer que toda a ameaça particular se insere numa ameaça mais vasta face à instabilidade mundial que pode tomar formas imprevistas, o que obriga a atenção e flexibilidade

na formulação da defesa” (Lefébvre apud Simões, 1978: 29).

Relembramos a importância vital para a Defesa Nacional de que se revestem as IM, tanto mais que a desconfiança entre as grandes potências, os interesses regionais, os conflitos internos, o terrorismo e o crime organizado são fatores que criam sobressaltos e problemas contínuos:

”Nenhum Governo, nenhum Comando Militar, nenhuma Direção de Forças de segurança gosta de

ser surpreendido. A surpresa obriga a reformular planos e dispositivos em tempo limitado, provocando confusão e gastos extra. Os sistemas de informações destinam-se a estudar e esclarecer situações de que possam surgir ameaças e perigos, reduzindo o grau de incerteza e

facilitando a tomada de decisão” (Pinto, 2001: 316).

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