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INTRODUÇÃO 23 1 POLÍTICA EDUCACIONAL E AS BASES ASSUMIDAS PELA

3 O PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL DA UFSC: LEITURA SOBRE OS EGRESSOS

3.3 A FORMAÇÃO DOS EGRESSOS DO PPGSS/UFSC:

3.3.2 Ingresso e objetivos da formação no mestrado para os egressos

No tocante aos objetivos dos egressos com esta formação, considerando o período de inserção no mestrado na interlocução com a vinculação acadêmico-profissional que detinham na época, de forma geral os egressos docentes destacam a proximidade com o debate acadêmico, próprios da atividade que desenvolviam na docência e/ou em função de sua inserção acadêmica na pesquisa, levando-os ao ingresso no mestrado.

No caso do egresso E1, este relata que antes de ingressar no mestrado já tinha um vínculo próximo ao Departamento de Serviço Social,

[...] era supervisora de estágio e trabalhava com algumas questões vinculadas ao departamento, na época. [...] então tinha um vínculo e quando surgiu a possibilidade de fazer a seleção para dar aula me senti mais segura em ir em frente [...]. A perspectiva da Universidade que me inseri é muito boa, é um grupo muito dinâmico que tem uma história muito bacana e fui me alimentando com isso, trabalhando e desenvolvendo algumas pesquisas, sempre tive muito integrada no trabalho de extensão da Universidade [...]. Então, foi assim, meio que naturalmente mergulhei nesta área e quando abriu o mestrado aqui (a seleção para o mestrado) vinculei com atividades que vinha desenvolvendo na Universidade em que atuava, de extensão e de pesquisa. [...]. No processo de orientação, [...] conversamos muito, estudamos muito e acabamos trabalhando o sistema de abrigamento, na dissertação. E, claro, no aprofundamento com os estudos no mestrado e mergulhando na discussão mesmo, mais aprofundada, acabei criando raízes nesta área e aprofundando mais ainda o meu vínculo com esta discussão. Na universidade hoje estou em dois grupos de pesquisa [...], estou atuando de uma forma mais intensa nos últimos anos e com o enfoque muito voltado para a compreensão da violação de direitos e as formas de enfrentamento desta violação, então as pesquisas têm caminhando um pouco por esta lógica. (E1).

O egresso E2 contextualiza que além de sua atuação na docência, o ingresso no mestrado também foi motivado por sua atuação profissional anterior ao mestrado, como expõe neste trecho:

ao ingressar no mestrado já estava ministrando aulas no Curso de Serviço Social [...], no entanto, a experiência profissional anterior e concomitante a docência, concentrava-se na área da saúde, especificamente o plantão social. Como esse espaço profissional normalmente é alvo de críticas da categoria profissional, o interesse ao ingressar no mestrado era focar a pesquisa nesta área. No entanto, como está descrito na introdução da dissertação houve um outro direcionamento para a análise da profissão, que permitiu o amadurecimento teórico e ampliou os horizontes de pesquisa. (E2).

Por sua vez, o egresso E6 sinaliza que suas pretensões com o ingresso no mestrado estavam voltadas para a sua experiência acadêmica no decorrer da formação graduada, como declara:

[...] como já estava inserida em um núcleo de pesquisa e o meu interesse sempre foi esta participação através de um processo da produção do conhecimento e alguns questionamentos da realidade, o objetivo pelo qual escolhi ingressar no mestrado e continuar a carreira acadêmica foi justamente a possibilidade de pesquisa. Ainda mais considerando que no Brasil 60% das pesquisas são realizadas dentro de instituições públicas. Então, o objetivo era, inicialmente, a área de pesquisa e aí no caso, durante o mestrado, o especial interesse de seguir a carreira acadêmica para a docência [...]. (E6).

Já o egresso E7, apesar de atualmente atuar na docência, teve sua inserção no mestrado pautada por inquietações gerais ligadas ao exercício da profissão, enquanto um aprimoramento profissional e pessoal:

O desejo do mestrado ele sempre foi muito presente, desde que terminei a graduação, uma

identificação com a possibilidade, não propriamente acadêmico formal, mais da necessidade de estudo e dessa necessidade de ajudar no aprimoramento mesmo. Então, sempre precisei deste campo que acho que é o que me dá muita segurança do ponto de vista profissional. Então, a necessidade do mestrado e das demais formações que foram complementares aí, é mais de uma necessidade pessoal mesmo de se fortalecer do ponto de vista de produção de conhecimento e tudo mais. Então, esta era uma necessidade mesmo individual e que acabou se refletindo um pouco das minhas inquietações, no campo que estava inserida, tanto é que foi meu objeto de estudo. Então, no mestrado, pensar o exercício profissional do assistente social dentro daquele campo específico, então foi meu objeto de estudo para a dissertação, que de certa forma acho que também acaba absorvendo elementos aí meio de inquietação deste campo e que penso que o estudo e o se debruçar sobre estas inquietações e a partir da pesquisa ajuda a gente ter um pouco mais de segurança até do ponto de vista de certas reflexões que tem a ver com este campo específico. (E7).

Portanto, observa-se que além das questões predominantemente acadêmicas, a inserção no mestrado de forma geral esteve voltada a atender às inquietações destes egressos quanto às questões do exercício da profissão nos diversos espaços sócio-ocupacionais do assistente social, assim em consonância com os próprios objetivos traçados pelo Programa quanto aos propósitos desta formação voltados para a formação de pesquisadores, docentes e demais profissionais.

Por outro lado, entre os egressos que hoje atuam em atividades técnicas e administrativas, excetuando o egresso E4 que pontuou que não tinha um objetivo preciso quando na inserção no mestrado, sinalizando que foi uma oportunidade que acabou surgindo de imediato após a graduação; os egressos E3, E5 e E8 destacaram que desde o início tinham como objetivo o exercício da docência. Nesse sentido, os egressos E5 e E8 evidenciaram, respectivamente:

[...] decidi fazer o mestrado quando estava me formando na graduação. Eu era bolsista de

pesquisa em um Núcleo de Pesquisa da Universidade. Considerando que finalizando a graduação, automaticamente se desvincularia do Núcleo de pesquisa, passei a lamentar, porque gostava muito de fazer pesquisa. Ter que se desvincular do Núcleo para mim foi bastante sofrido. Então comecei a pensar sobre isso. Porque como assistente social a gente pode fazer pesquisa no nosso campo de trabalho, mas é menos comum sermos contratadas para trabalhar somente com pesquisa, e como gostei muito de trabalhar com pesquisa, aquilo foi me levando a uma reflexão sobre o que gosto de fazer. E, além da pesquisa, comecei a lembrar de quando fiz o magistério, ficava analisando a forma de dar aula dos professores, então fui chegando à conclusão de que iria me identificar com a docência. Então, foi com este intuito que fui fazer o mestrado, já pensando em dar aula e trabalhar com pesquisa. (E5).

No momento em que ingressei no mestrado, a minha intenção com o mesmo já era a intenção que permaneço visualizando hoje com o doutorado, atuar na docência e na pesquisa. Certamente, também apostava que o ingresso no mestrado me possibilitaria uma maior qualificação para o futuro exercício profissional, visto ainda não ter exercido a profissão na época. No período que compreendeu o final da graduação, a realização da especialização e o ingresso no mestrado, participei mais ativamente de um grupo de pesquisa na Universidade onde fiz a graduação em Serviço Social e isso também acabou me incentivando para o ingresso no mestrado, a partir, principalmente, da motivação de atuação na academia e na pesquisa, bem como, de aprofundamento dos conhecimentos adquiridos e da perspectiva crítica da profissão. A graduação não foi suficiente para permitir este amadurecimento e nem a especialização. (E8).

Logo, tem-se evidenciado entre estes egressos a afinidade com as atividades de ensino e pesquisa, próprias desta formação na perspectiva

de continuidade da formação acadêmica pretendida. Contudo, cabe mencionar que a participação nos Núcleos de Pesquisa para além dos discentes e docentes deve ser incentivada também para os demais profissionais, justamente a partir da compreensão que a pesquisa e/ou a atitude investigativa faz parte de todos estes espaços de trabalho. Desta maneira, fortalecem os núcleos e os profissionais, recaindo em um diálogo próximo com o exercício profissional.

Ainda, no que se refere a continuidade da formação, E5 sinaliza que neste período já avaliava que um curso de Especialização não atenderia às suas pretensões profissionais, considerando que

já via o mestrado como um aperfeiçoamento ou uma qualificação daquilo que a gente viu na graduação, um aprimoramento. Então, nesse sentido o mestrado para mim era conciliar um objetivo futuro, de ser professora, com a possibilidade de se aprimorar. (E5).

Por sua vez, o egresso E3 sinaliza que apesar de inicialmente ter como objetivo a atuação na docência e ter exercido tal atuação após a titulação, como mencionado anteriormente, durante a formação passou por um processo de amadurecimento pessoal ao qual reavaliou sua área de interesse, voltando-se para o exercício profissional como assistente social, como destaca neste seguimento:

[...] era muito nova, eu me formei com 21 anos, entrei na faculdade com 17 anos, então no decorrer do mestrado foi um período de amadurecimento também e a minha área de interesse foi se modificando um pouco e acabei preferindo então a atuação mais prática do Serviço Social. Mesmo assim, depois ainda fiz a seleção para dar aula na Universidade, passei como professora substituta por 1 ano, mas continuei fazendo concursos fora e quando passei em um concurso fora, larguei a docência. (E3).

Portanto, de forma geral, entre os egressos entrevistados a formação para o ensino e a pesquisa apresenta-se como o principal objetivo para o ingresso no mestrado, aliado a uma necessidade pessoal de aprofundamento quanto à compreensão sobre a profissão. Ainda sendo evidenciado por alguns egressos no decorrer desta formação um

processo de amadurecimento pessoal e profissional, repercutindo, em alguns casos, na reavaliação deste objetivo inicial.

3.3.3 A obtenção do título de mestre e as pretensões acadêmico-