• Nenhum resultado encontrado

A obtenção do título de mestre e as pretensões acadêmico profissionais dos egressos

INTRODUÇÃO 23 1 POLÍTICA EDUCACIONAL E AS BASES ASSUMIDAS PELA

3 O PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL DA UFSC: LEITURA SOBRE OS EGRESSOS

3.3 A FORMAÇÃO DOS EGRESSOS DO PPGSS/UFSC:

3.3.3 A obtenção do título de mestre e as pretensões acadêmico profissionais dos egressos

Em consonância com os apontamentos realizados até o momento, face ao questionamento se a titulação no mestrado alterou a inserção profissional dos egressos, em sua totalidade ressaltaram a importância desta formação na qualificação de sua atuação profissional, independentemente de seu espaço de atuação e/ou inserção acadêmica. Nesse sentido, o egresso E1 menciona que apesar de já ter seu trabalho reconhecido na instituição, a titulação no mestrado fortaleceu tal inserção, como aparece em sua fala:

[...] querendo ou não, o fato de estar numa universidade, a titulação é importante [...] é diferente ser um professor graduado, professor especialista, professor mestre ou um professor doutor. Em termos de reconhecimento do trabalho [...] já existia um respeito em relação ao trabalho que vinha desenvolvendo, mas de outro lado, do ponto de vista institucional isso soma, então tem um reconhecimento. (E1).

Já com relação ao próprio conhecimento acadêmico agregado a partir desta titulação, este mesmo egresso pontua elementos importantes, como um aumento na autonomia no exercício profissional (de forma geral), possibilitando um aprofundamento maior das discussões pertinentes à área de atuação, isto é, propiciando um novo olhar sobre a realidade, no sentido de avançar na sua compreensão, destacando ainda que em sua experiência houve uma maior inserção em espaços de representação da categoria, Conselhos, Conferências, que são “espaços que foram se abrindo e que tem haver claro com este aprofundamento da discussão.” (E1).

Os egressos E6 e E7, por sua vez, indicaram que a titulação no mestrado alterou substancialmente as possibilidades de inserção acadêmico-profissional que não detinham anteriormente, como se observa nestas falas:

[..] fiz o mestrado para tentar uma inserção dentro da academia e continuar participando de projetos

de pesquisas e contemplou 100%, depois do mestrado consegui a inserção no doutorado e desde então tenho participado de vários projetos de pesquisa, inclusive um que está em andamento agora [...] que é justamente parte do meu tema de pesquisa, para minha tese aprovado pelo CNPq, e também agora consegui ingressar como professor substituto no Departamento de Serviço Social, que já era o meu objetivo durante o mestrado. (E6).

[...] no campo da pesquisa e da docência sim. Ele foi fundamental e se não fosse o mestrado não seria possível, pelas condições que a inserção destes campos de pesquisa e docência são critério para entrar, então abriu um campo de possibilidades e o que tive muita sorte tanto na pesquisa como na docência, estas duas linhas importantes, do campo acadêmico. (E7).

De acordo com o egresso E3, o título de mestre alterou sobretudo a questão da qualificação do seu exercício profissional, como aponta:

alterou em termos qualitativos [...] para minha atuação profissional, acho que aí teve bastante diferença, a gente consegue ter uma outra amplitude de visão, acho que acrescenta bastante na atuação profissional. (E3).

Já o egresso E4 sinalizou que o mestrado contribuiu na seleção do concurso que realizou para a instituição a qual atua hoje, considerando que um dos requisitos na seleção era a prova de títulos. Além disso, pontua que no dia a dia do seu exercício profissional a titulação fez muita diferença, considerando a densidade do aporte teórico que teve acesso. Nesse sentido, faz um paralelo desta formação com a da graduação, destacando:

[...] a graduação não te dá um mínimo de reflexão sobre alguns temas, ainda mais na política de assistência social que atuo hoje. Tem coisas também que tu pensa, mas não tem como agir e que fica muito no campo da teoria mesmo, alguns temas, algumas disciplinas, mas com certeza a diferença no modo de refletir sempre faz. (E4).

Neste contexto, a formação profissional tem sido alvo de debate também no meio acadêmico, considerando as dificuldades da formação na graduação. Na discussão realizada no item 2.3, sendo referendado por Netto (1996) as novas competências que o mercado de trabalho remete à profissão, trazendo o desafio de manter os progressos conquistados e avançar nas questões que ainda carecem de um debate maior no âmbito da formação profissional, considerando todas as fragilidades que a política educacional remete à formação universitária. Ainda, havendo um dito distanciamento entre formação e exercício profissional, enquanto desafio posto à profissão presente “nas discussões atuais, a preocupação em construir uma base sistemática e racional que possa ser utilizada nas suas decisões e agir profissional” (SETUBAL, 2009, p. 166), configurando o desafio de se fortalecer o espaço da pesquisa como um espaço articulador de leitura e intervenção na realidade.

O egresso E5, por sua vez, comenta que não houve uma ascensão profissional imediata, logo após a titulação, mencionando que na Prefeitura onde atuava já era bastante valorizado. Porém, indica que a titulação contribuiu no ingresso em sua ocupação atual, levando-se em conta, assim como no caso do egresso E4, a pontuação atingida na prova de títulos ao qual alcançou uma melhor classificação em concurso realizado. Nesse sentido, ressaltando que foi muito

interessante visualizar isso, porque foi tão sacrificante fazer o mestrado tendo que conciliar com o trabalho, que foi meio que um prêmio [...]. Além de todo o aprendizado, o mestrado acabou me trazendo outros benefícios [...]. (E5).

Isto é, além da qualificação, tal formação acabou contribuindo para o ingresso em um cargo em um momento importante de sua trajetória profissional. Outrossim, sinalizou o que denomina de alterações subjetivas quanto ao exercício profissional, destacando que percebeu que sua atuação profissional

tomou outro rumo depois do mestrado pela formação mesmo, pelo conhecimento. Percebi que fiquei com muito mais segurança para atuar profissionalmente. Muita gente falava que para se aprimorar não precisava fazer mestrado poderia fazer só uma especialização. Então, fui muito para o mestrado só pensando: ‘ah ele vai me

trazer o título que preciso para dar aula’, mas depois que conclui, no dia a dia, depois de um tempo já com o mestrado, percebi [eu] antes do mestrado e depois do mestrado, na atuação profissional mesmo, na segurança em atuar, na forma de se posicionar, foi uma coisa que percebi depois do mestrado. (E5).

Nesta mesma linha, o Egresso 8 também pontua que apesar de atuar no mesmo espaço de trabalho ao qual ingressou durante o mestrado, em relação à qualificação de sua atuação profissional houve um valoração indiscutível, declarando que: “o mestrado possibilitou a adensação de instrumentos voltados a permitir que a pesquisa fizesse parte do exercício profissional, numa perspectiva crítica.” (E8).

De forma geral, portanto, os egressos expressam com grande ênfase a qualificação profissional que tiveram fruto de sua titulação (formação) no mestrado, independentemente da área que atuam, no ensino, na pesquisa, em atividades técnicas e administrativas e nos espaços acadêmicos que estiveram ou estão inseridos.

Em relação especificamente às pretensões destes egressos quanto ao trabalho acadêmico, voltado ao ensino e à pesquisa, entre os entrevistados docentes E1e E2, que como destacado anteriormente já atuavam na docência antes do ingresso no mestrado e mantêm esta atuação como sua ocupação atual, o egresso E1, atuando na docência desde 1996, relata que ao longo deste exercício e formação foram surgindo mais possibilidades de desenvolver pesquisa, destacando os avanços da pesquisa na profissão como um todo, começando também a ter um maior

estímulo institucional para a produção do conhecimento, então as coisas meio que andaram juntas, acabou tendo possibilidade de bolsistas, de estímulo para o desenvolvimento da pesquisa e isso, eu a partir do título de mestre isso se aprofundou e, não saberia te dizer hoje quantas pesquisas, mas foram várias já que no grupo, individualmente fui desenvolvendo e sempre (acho que talvez possa ser aqui também a resposta) com este vínculo muito próximo do, vamos dizer, com um trabalho de extensão universitária, [...]então a partir de 2008, isso se intensificou, um trabalho interdisciplinar, nos somos em professores e estudantes de 10 cursos

da área da saúde que desenvolve um trabalho de forma interdisciplinar e isso vem se aprofundando, desde a formação, sem dúvida que o mestrado contribuiu muito para isso. (E1).

O egresso E2 contextualiza que a partir da estrutura comunitária da instituição ao qual atua “os docentes envolvem-se nas atividades do tripé ensino, pesquisa e extensão. [...] Portanto, o professor do curso além de ministrar aulas envolve-se e propõe projetos de pesquisa e extensão.” (E2). Contextualiza, ainda, que apesar de atualmente, considerando que houve uma “redução de alunos e mesmo a não oferta do curso por 2 anos, os professores assistentes sociais estão em número reduzido, mas são chamados para outras atividades na universidade.” (E2).

Estes egressos chamam a atenção, portanto, para além da atividade de pesquisa propriamente dita, a inserção destas atividades no contexto dos projetos de extensão universitária, compondo o tripé pesquisa, ensino e extensão, princípio destas universidades e fundamental para um ensino que priorize a interlocução com a realidade social, no verdadeiro sentido de universidade que se quer fortalecer.

Os egressos docentes E6 e E7, que se inseriram na docência mais recentemente, respectivamente, no segundo e no primeiro semestre de 2012, evidenciam que além de sua atual inserção no ensino, a pesquisa vem fazendo parte (no caso do egresso E6 desde a graduação) de suas atividades acadêmico-profissionais, como destacado nestes trechos:

como pesquisa de iniciação científica desde 2005, que tenho participado de pesquisa de forma a contribuir efetivamente com a produção foi desde o final de 2006, onde em começo de 2007 participei mais efetivamente das pesquisas que me envolvi já não tanto às vezes como ouvinte, quando comecei a pesquisar na graduação, e daí no mestrado com minha própria pesquisa para a dissertação que no caso então foi de 2008 [...]. (E6).

a pesquisa foi logo em seguida que eu terminei o mestrado, foi em março abril, eu defendi em fevereiro e a docência foi num processo seletivo nesta época, mas só entrei este ano (2012), foi bacana porque foram as duas atividades na sequência e foi muito legal porque [...] o campo

de pesquisa que atuei também é um campo de pesquisa que tive vinculação no campo profissional e tenho vinculação no exercício da profissão nas outras instituições, então uma coisa acaba complementando a outra. (E7).

Cabe ressaltar que os egressos E2 e E7, apesar de terem abordado sua vinculação com o desenvolvimento de pesquisa, não incluíram tal atividade enquanto um item de Projeto de Pesquisa no Currículo Lattes. Logo, no mapeamento documental realizado anteriormente às entrevistas, estando incluídos na opção de que não desenvolvem Projeto de Pesquisa, considerando o período estabelecido de 2008 a abril de 2013. Assim, avaliando-se que o fato de não estar vinculado a um Projeto de Pesquisa específico não significa necessariamente que os egressos não atuem com pesquisa, ou propriamente não pesquisem, isto independentemente da inserção acadêmico-profissional deles, dada a questões próprias do preenchimento do Currículo Lattes.

Por sua vez, entre os egressos que atuam em atividades técnicas, administrativas e outras, o egresso E3 aborda que atualmente tem um vínculo indireto com o ensino e a pesquisa, como indica nesta passagem:

inserida se não diretamente em pesquisa, mas indiretamente com os alunos da graduação, com os alunos da residência. Já houveram iniciativas de desenvolvimento em pesquisa mesmo, eu não participei diretamente assim como autora da pesquisa, mas a gente indiretamente está sempre se envolvendo, contribuindo com pesquisas, com extensão, com o ensino, porque estou inserida [...] [em] um Hospital escola que acaba sempre mantendo essa relação com a academia. (E3). Ainda no tocante às suas pretensões profissionais, comentou que profissionalmente seu interesse com o ensino e a pesquisa mantêm-se neste âmbito do que já realiza, no contato com os estudantes de graduação e na residência; pontuando quanto a uma possível inserção no doutorado futuramente: “ainda não tenho um posicionamento muito definido se quero ou não, no momento não, [...] até por conta da minha vida pessoal, mas futuramente não descarto a possibilidade.” (E3).

Já o egresso E4 referenda que sua atuação na pesquisa ocorreu centralmente no decorrer da graduação, da residência e do mestrado, citando principalmente neste período sua vinculação a um dos Núcleos