• Nenhum resultado encontrado

INICIATIVAS PARA APLICAÇÃO DO PENSAMENTO COMPUTACIONAL NA EDUCAÇÃO BÁSICA

educação formal, visto que as habilidades da Computação promovem o desenvolvimento de habilidades de reflexão e resolução de problemas(BRACKMANN, 2017, p.77). Países como a Austrália, Grã-Bretanha, Estônia, entre outros, já incluíram a educação computacional em suas bases curriculares. Como cada país tem sistemas educacionais distintos não é possível fazer uma comparação homogênea do processo de adoção do pensamento computacional. O Quadro 2 apresenta características sobre o tema.

Quadro 2 - Educação computacional em diferentes países.

Países Nomenclatura Implantação Alfabetização

até EF I

12 a 18 anos

Austrália Tecnologias Digitais

Disciplina própria e integrada com outras

disciplinas Obrigatória Obrigatória Grã-Bretanha Computação Substituindo disciplina já existente Obrigatória –

Estônia (Tecnologia e inovação) Programação Integrada com outras disciplinas Obrigatória Obrigatória

Finlândia (Competência digital) Programação Integrada com outras disciplinas Obrigatória –

Nova Zelândia Programação e Ciência da Computação Disciplina própria – Opcional Noruega Programação Disciplina própria – Opcional Suécia Competência Digital Programação e Integrada com outras disciplinas Obrigatória Opcional Coréia do Sul Informática Disciplina própria Obrigatória Opcional Polônia Ciência da Computação Disciplina própria Obrigatória Obrigatória Estados Unidos Ciência da Computação Disciplina própria – Opcional

Finlândia, Noruega e Suécia consideram a tecnologia como uma das sete competências transversais, as quais devem ser incluídas em todas as áreas de conhecimento, nos níveis iniciais da educação básica (CIEB, 2018).

No Brasil, o Plano Nacional de Educação Básica (PNE) 2014-2024 é um documento criado pela Lei nº 13.005 de 25 de junho de 2014, que estabelece diretrizes, metas estruturantes e estratégias para dez anos da Educação brasileira, com objetivo de garantir educação básica eficaz, com qualidade e equidade (TODOS PELA EDUCAÇÃO, 2018). Dentre as 20 metas do PNE, temos as metas 5 (estratégias 5.3, 5.4 e 5.6) e 7 (estratégias 7.12 e 7.15), conforme descritos no

Quadro 3, que traçam estratégias e políticas públicas para difusão da inovação de práticas pedagógicas na sala de aula com uso das tecnologias da informação e comunicação para propiciar a autonomia e o protagonismo na aprendizagem dos alunos (CIEB, 2018).

Quadro 3 - Estratégias do PNE que incluem o uso de tecnologia.

Meta Descrição - Meta Estratégia Descrição - Estratégia

5

Alfabetizar todas as crianças, no máximo, até o final do 3º (terceiro) ano do ensino fundamental.

5.3

Selecionar, certificar e divulgar tecnologias educacionais para alfabetização de crianças, assegurada a diversidade de métodos e propostas pedagógicas, bem como o acompanhamento dos resultados nos sistemas de ensino em que forem aplicadas, devendo ser disponibilizadas, preferencialmente, como recursos educacionais abertos.

5.4

Fomentar o desenvolvimento de tecnologias educacionais e de práticas pedagógicas inovadoras que assegurem a alfabetização e favoreçam a melhoria do fluxo escolar e a aprendizagem dos alunos, consideradas as diversas abordagens metodológicas e sua efetividade

5.6

Promover e estimular a formação inicial e continuada de professores para a alfabetização de crianças, com o conhecimento de novas tecnologias educacionais e práticas pedagógicas inovadoras, estimulando a articulação entre programas de pós-graduação stricto sensu e ações de formação continuada de professores para a alfabetização

7

Fomentar a qualidade da educação básica em todas as etapas e modalidades, com melhoria do fluxo escolar e da aprendizagem, de modo a atingir as seguintes médias nacionais para o Ideb: 6,0 nos anos iniciais do ensino fundamental; 5,5 nos anos finais do ensino fundamental; 5,2 no ensino médio.

7.12

Incentivar o desenvolvimento, selecionar, certificar e divulgar tecnologias educacionais para a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio e incentivar práticas pedagógicas inovadoras que assegurem a melhoria do fluxo escolar e a aprendizagem, assegurada a diversidade de métodos e propostas pedagógicas, com preferência para softwares livres e recursos educacionais abertos, bem como o acompanhamento dos resultados nos sistemas de ensino em que forem aplicadas

7.15

Universalizar, até o quinto ano de vigência deste PNE, o acesso à rede mundial de computadores em banda larga de alta velocidade e triplicar, até o final da década, a relação computador/aluno nas escolas da rede pública de Educação Básica, promovendo a utilização pedagógica das tecnologias da informação e da comunicação. Fonte: CIEB (2018)

Entretanto, apesar das definições de estratégias nacionais para implementar ações de inovação pedagógica e uso da tecnologia para a melhoria do sistema de ensino, ainda não há oficialmente nenhum documento que contemple o ensino de Fundamentos de Computação para o ensino fundamental. Contudo, algumas iniciativas já estão sendo realizadas para que isto ocorra.

A construção da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), iniciada em 2015, define as aprendizagens essenciais que todos os alunos devem se apropriar durante as etapas e modalidades da Educação Básica (BNCC, 2019), contemplando o uso das tecnologias digitais como tema integrador, contudo, na sua versão inicial não faz referência à área de Computação. Em um manifesto da Sociedade Brasileira da Computação (SBC), tendo como base a sua Nota Técnica8, houve um movimento para solicitar alterações na BNCC com o objetivo de

considerar a Computação como uma área do conhecimento na educação básica (SBC, 2018). Segundo a Nota, a versão final da BNCC, apresentada em 06 de abril de 2017, também faz menção sobre equívocos das habilidades relacionadas à Computação, o que poderia prejudicar o ensino na Educação Básica.

Nesse contexto, para propor a inserção do Pensamento Computacional na BNCC, o Centro de Inovação para a Educação Brasileira (CIEB9), entidade sem fins lucrativos criada em

2016, contando com a parceria da Fundação Lemann10, Instituto Península11, Financiadora de

Inovação e Pesquisa (FINEP12), entre outros, elaborou um documento denominado “Currículo

de Referência em Tecnologia e Computação13”, oferecendo às redes de ensino da Educação

Infantil aos anos finais do Ensino Fundamental diretrizes e orientações para incluir os temas tecnologia e computação nas suas propostas curriculares (CIEB, 2018). O Currículo é norteado em discussões de temas atuais relacionados à inovação na educação pública brasileira culminando na geração de 14 Notas Técnicas14.

Para a elaboração do currículo, as referências nacionais foram a BNCC, os Referenciais de Formação para Educação Básica15 da SBC e o componente curricular Tecnologias para

Aprendizagem do Currículo16 da Cidade de São Paulo. Como referências internacionais foram 8 http://sbc.org.br/institucional-3/cartas-abertas/send/93-cartas-abertas/1197-nota-tecnica-sobre-a-bncc-ensino- medio-e-fundamental 9 http://www.cieb.net.br/ 10 https://fundacaolemann.org.br/ 11 http://www.institutopeninsula.org.br/ 12 http://www.finep.gov.br/ 13 http://curriculo.cieb.net.br/ 14 http://www.cieb.net.br/cieb-notas-tecnicas/ 15 http://www.sbc.org.br/noticias/10-slideshow-noticias/1996-referenciais-de-formacao-em-computacao- educacao-basica 16 https://www.sinesp.org.br/images/2017/BaseCurricular-2018-Tecnologia.pdf

usados o componente curricular de Tecnologia do currículo da Austrália e os componentes curriculares de Computação do Reino Unido (National Curriculum for Computing) e dos Estados Unidos (Next Generation Science Stanfords) (CIEB, 2018).

Os três eixos do Currículo do CIEB – Cultura Digital, Tecnologia Digital e Pensamento Computacional – estão organizados em dez conceitos que são associados a 147 habilidades da BNCC, sendo que cada conceito propõe desenvolver uma ou mais habilidades, para as quais são sugeridas atividades pedagógicas, avaliações e materiais de referência, conforme apresentado na Figura 5.

Figura 5 - Estrutura do Currículo de Referência em Tecnologia e Computação

Fonte: CIEB (2018)

O PC no ambiente escolar é uma tendência mundial. Assim, para que a educação brasileira possa despontar no cenário internacional, torna-se necessário uma ressignificação do fazer docente contemporâneo para preparar nossas crianças e jovens para a realidade da

educação do século 21. Além disso, também é importante fazer uso de estratégias que permitam aumentar o estímulo pelo PC, tornando a tarefa motivadora para a aprendizagem de crianças e jovens, visto estarem imersos em ambientes com diferentes artefatos tecnológicos.

Documentos relacionados