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Neste capítulo será apresentada a metodologia adotada para a pesquisa e suas categorias de análise. Trata-se de um estudo de campo do tipo descritivo e exploratório e de abordagem qualitativa, no intuito de analisar a fala do aluno por meio do método clínico piagetiano, o qual o investigador intervém ao solicitar ao aluno explicações acerca de como encontrou uma determinada solução. Esta forma de análise é peculiar porque “lida e dá atenção às pessoas e as suas ideias, procura fazer sentido de discursos e narrativas que estariam silenciosas” (D’AMBROSIO, 2004, p. 21), procurando compreender informações que não são possíveis de analisar estatisticamente.

5.1 Local da Pesquisa

O presente estudo foi realizado no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba – Campus Monteiro, concomitantemente ao projeto de extensão denominado Projelógica elaborado e realizado pelo pesquisador. Esta pesquisa foi realizada nos meses de setembro e outubro de 2019, com a equipe formada pelo pesquisador e uma pedagoga.

5.2 Participantes

Para a continuidade e efetividade deste projeto de pesquisa qualitativa, foi realizada nova seleção de alunos para a participação no projeto de extensão. Dos trinta e um alunos selecionados para o projeto de extensão, dez aceitaram participar do projeto de pesquisa. Após a explicação do objetivo da pesquisa, o pesquisador encaminhou aos pais/responsáveis dos dez alunos, um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para informar o objetivo da pesquisa e obter seu consentimento. O termo foi entregue aos alunos que o levaram para casa em duas vias, que foram assinadas pelos responsáveis. Assim, os participantes desta pesquisa estão demonstrados no Quadro 12.

Quadro 12 - Sujeitos participantes da pesquisa

Aluno Série Escola Sexo Idade

AL01 6º ano Particular Masculino 11 anos

AL02 7º ano Pública Masculino 13 anos

AL03 7º ano Pública Feminino 13 anos

AL04 6º ano Pública Masculino 12 anos

AL05 5º ano Particular Masculino 10 anos

AL06 7º ano Particular Masculino 12 anos

AL07 7º ano Pública Masculino 12 anos

AL08 7º ano Particular Feminino 12 anos

AL09 7º ano Pública Masculino 13 anos

AL10 7º ano Pública Masculino 12 anos

Salientamos que a participação de um aluno matriculado no 5º ano foi uma situação excepcional, visto que o responsável solicitou a inclusão do aluno para participar tanto do projeto de extensão quanto da pesquisa. Isto possibilitou acompanhar o desempenho do aluno em relação aos conteúdos que são mais adiantados ao seu período escolar.

5.3 Plataformas utilizadas

As seguintes plataformas serviram de apoio às atividades práticas no desenvolvimento do projeto: Site do Rachacuca, Lightbot e o Code.org.

5.4 Instrumento de Avaliação Experimental

Uma estratégia para a coleta de dados foi a aplicação do instrumento de avaliação experimental apresentado no Apêndice C deste trabalho de pesquisa, para investigar o desempenho dos alunos para a solução dos problemas propostos. O instrumento de avaliação experimental foi elaborado no intuito de analisar o desenvolvimento do aluno nas habilidades descritas na seção a seguir.

5.5 Habilidades analisadas

Ao analisar os trabalhos pesquisados na revisão da literatura, observamos que a avaliação é focada somente em conteúdos específicos da Matemática. Podemos citar o trabalho de Agatolio et al. (2018), que avaliaram somente habilidades algébricas dos alunos com um teste padronizado de Matemática. De fato, as contribuições dos trabalhos pesquisados na revisão da literatura são de importante valor científico, contudo, objetivamos ir além da avaliação de conceitos específicos de Matemática. Como não foram observados na revisão da literatura trabalhos relacionados ao processo de avaliação destas habilidades, propõe-se neste trabalho realizar uma seleção de habilidades do PC que têm uma correlação com habilidades matemáticas, a fim de compreender o quanto o pensamento computacional impacta na aquisição de aptidões matemáticas.

Neste sentido, elencamos no Quadro 13 as habilidades matemáticas associadas às habilidades do PC que fizeram parte do instrumento de avaliação experimental. Salientamos que as habilidades matemáticas foram selecionadas a partir do Currículo de Referência em Tecnologia e Computação elaborado pelo CIEB e que estão pautados na BNCC. Como temos um grupo de alunos participantes da pesquisa que estão em anos distintos, procuramos selecionar habilidades matemáticas que têm correlação com conteúdos estudados na escola e ministrados nas oficinas.

Quadro 13 - Habilidades matemáticas associadas às habilidades do PC avaliadas no Instrumento de Avaliação Experimental Habilidade BNCC Descrição Habilidade

BNCC Habilidade PC Descrição Habilidade PC

Conceito PC

EF05MA02

Ler, escrever e ordenar números racionais na forma decimal com compreensão das principais características do sistema de numeração decimal, utilizando, como recursos, a composição e decomposição e a reta numérica.

PC05AL01 Conhecer e utilizar algoritmos com repetições. Algoritmos

EF05MA08

Resolver e elaborar problemas de multiplicação e divisão com números naturais e com números racionais cuja representação decimal é finita (com multiplicador natural e divisor natural e diferente de zero), utilizando estratégias diversas, como cálculo por estimativa, cálculo mental e algoritmos PC05DE01 Identificar e decompor operandos, operações e prioridades em expressões aritméticas Decomposição EF05MA19 Resolver e elaborar problemas envolvendo medidas das grandezas comprimento, área...

TD05RD01

Conhecer as medidas usuais de informação digital (byte, Kilobyte, Megabyte, Terabyte) Representação de Dados EF05MA22 Apresentar todos os possíveis resultados de um experimento aleatório, estimando se esses resultados são igualmente prováveis ou não

PC05RP01

Reconhecer um padrão em um algoritmo e converter em uma função sem retorno

Reconhecimento de Padrões

EF06MA23

Construir algoritmo para resolver situações passo a passo (como na construção de dobraduras ou na indicação de deslocamento de um objeto no plano segundo pontos de referência e distâncias fornecidas etc.) CD06LD02 Reconhecer o funcionamento de sistemas

de informação. Cultura Digital

EF07MA05

Resolver um mesmo problema utilizando

diferentes algoritmos PC07AL01

Experienciar e construir diferentes algoritmos com repetições, utilizando uma linguagem de programação textual, identificando as semelhanças com a linguagem de programação visual (blocos) Algoritmos EF07MA13 Compreender a ideia de variável, representada por letra ou símbolo, para expressar relação entre duas grandezas, diferenciando-a da ideia de incógnita

PC07AL01

Experienciar e construir diferentes algoritmos com repetições, utilizando uma linguagem de programação textual, identificando as semelhanças com a linguagem de programação visual (blocos) Algoritmos Fonte: CIEB (2019)

5.6 Intervenções realizadas

Como dito anteriormente, o projeto de pesquisa foi realizado concomitantemente às atividades do Projeto de Extensão elaborado e executado pelo pesquisador. Desta forma, as intervenções foram realizadas durante as atividades propostas nas oficinas do projeto de extensão, conforme o Quadro 14.

Quadro 14 - Conteúdos abordados nas oficinas

Oficinas Data Conteúdos do PC estudados

1ª Oficina 12/09/2019 Mostrar o funcionamento geral de um computador: entrada, processamento e saída. Arquivos. Dispositivos de entrada/saída. Navegadores/Browsers (campo endereço, URL). Sistema binário.

2ª Oficina 13/09/2019 Fundamentos sobre o Pensamento Computacional: algoritmo, abstração, decomposição e reconhecimento de padrões.

Construção de diferentes algoritmos. Ex.: trocar lâmpada, receita de bolo A plataforma Lightbot.

3ª Oficina 20/09/2019 Operadores aritméticos utilizados na computação. Ordem de precedência. Conceito e aplicabilidade de variáveis.

A plataforma Code.org .

4ª Oficina 27/09/2019 Operadores relacionais e estrutura condicional. Métodos de ordenação (Ordenação em Bolha e Rede de Ordenação). Aplicabilidade na Matemática 5ª Oficina 04/10/2019 Estrutura de repetição. Atividade no Code.org

Fone: o Autor (2019)

Salientamos que o instrumento de avaliação experimental foi aplicado na última oficina, bem como a gravação do relato da resolução dos alunos de cada questão do instrumento.

Após a aplicação do instrumento de avaliação experimental, procedemos com a gravação da fala dos alunos para o relato da resolução de cada problema proposto no instrumento. Assim, no intuito de encontrar evidências da aquisição das habilidades propostas no instrumento de avaliação experimental, consideramos tanto a fala dos alunos quanto as categorias de análise.

5.7 Categorias de Análise

As categorias de análise, como descreve Bardin (1977), é uma operação realizada na análise de conteúdo que consiste em classificar elementos de uma comunicação seguindo critérios estabelecidos para facilitar a interpretação da informação, sendo esses critérios classificados em semântico (categorias baseadas em temas), sintático (categorias a partir de verbos adjetivo, substantivos), léxicos (categorias com ênfase em palavras e seus sentidos) e expressivos (categorias com foco em problemas de linguagens) (MORAES, 1999).

Para efeito da análise da fala dos alunos que relataram a resolução dos problemas propostos no instrumento de avaliação experimental, será levado em consideração que o aluno

identifica a origem do problema extraindo informações relevantes para organizar seu pensamento, no intuito de projetar uma solução. Assim, foram definidas três categorias para realizar a análise:

a) Sabe fazer (SF): são classificados nesta categoria os alunos que acertaram o problema proposto, utilizando satisfatoriamente as habilidades do pensamento lógico computacional, bem como contextualizando a sua resposta de forma clara e objetiva;

b) Sabe fazer parcialmente (SFP): nesta categoria são classificados os alunos que utilizaram parcialmente as habilidades do pensamento lógico computacional esperadas, não sendo claros o suficiente no relato da sua lógica;

c) Não sabe fazer (NSF): nesta categoria são classificados os alunos que não acertaram o problema proposto, não sabendo relatar de forma clara e lógica a sua resposta, apresentando escassez de compreensão das habilidades do pensamento lógico.

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