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2.1.5. Processo de Inovação

2.1.5.1. Inovação como um Processo em Rede

Na economia do conhecimento a natureza da inovação tem mudado, uma vez que tanto tecnologias como inovações estão se tornando mais complexas e os indivíduos não têm sido mais capazes de desenvolver todas as capacidades necessárias para a criação da inovação.

Para Bullinger, Auernhammer e Gomeringer (2004), o conceito de inovação é multidimensional e excede a inovação tecnológica incorporando, por exemplo, novas formas de distribuição, marketing ou design e não está limitada ao setor de alta tecnologia da economia, mas a um direcionamento que está voltado para o crescimento.

Desta forma, os inovadores de sucesso estão se organizando para formar redes de inovação que permitem desenvolver competências flexíveis e oferecer inovações que são soluções completas e não apenas de produtos.

Hargadon (2003) desenvolveu uma perspectiva de inovação em rede composta por campos tão diversos quanto a teoria de rede, aprendizado psicológico, microsociologia e estudos sociais sobre tecnologia. Para o autor o pensamento estratégico enfatiza o debate sobre uma determinada posição estratégica, como o baixo custo, uma competência estratégica específica ou o desenvolvimento de uma capacidade logística única. Como resultado, a alta direção foca mais em escolher mercados e competências do que vir a compreender como eles podem descobrir, moldar e executar estratégias mais eficazmente. Normalmente tecnologias são percebidas em termos de hardware e software – porcas e parafusos, bits e bytes – objetos puramente físicos. Mas estes objetos estão profundamente inseridos em redes específicas de pessoas, idéias e outros objetos. Para que funcionem conforme se pretende, precisam de

pessoas experientes e idéias apropriadas. Deste modo, tecnologias mais complexas envolvem objetos mais complexos e também interligações entre pessoas e idéias mais complexas. Sob uma perspectiva em rede, esses relacionamentos entre pessoas, idéias e objetos representam a tecnologia.

Formalmente a tecnologia é definida como o arranjo de pessoas, idéias e objetos para realização de um determinado objetivo. Essa perspectiva fornece uma forma de considerar as relações entre esses três elementos de tecnologia. Tecnologias existentes são combinações únicas desses três elementos. Os objetos são hardware e software, objetos físicos que são tangíveis e relativamente imutáveis. As idéias são o entendimento de como interagir com aqueles objetos. Suas experiências lhe fornecem o conhecimento tácito que fazem as idéias e os objetos funcionarem efetivamente juntos.

Ainda de acordo com o autor, cada vez mais haverá complexos sistemas técnicos surgindo a partir de combinações com tecnologias mais simples. Com exemplo, é citada a rede mundial de computadores -Internet que se desenvolveu inicialmente pela combinação de estações, tecnologias de rede e comunicação de protocolos na qual a fibra óptica, servidores de rede, redes locais, servidores de e-mail, modem, computadores pessoais, aplicações de Web, programadores em Java e tantos outros elementos foram sendo adicionados.

As organizações de forma semelhante representam a combinação cumulativa de pessoas, idéias e objetos, tipicamente envolvidos em componentes menores dispostos em ordem desde a pesquisa e desenvolvimento para produção até o processamento do pedido para as vendas e serviço.

O termo corretagem da tecnologia (technology brokering) proposto por Haradon (2003) descreve uma estratégia para obter inovações recombinadas. Esta estratégia envolve a combinação de objetos, idéias e pessoas existentes de maneira que são capazes de gerar revoluções tecnológicas. Os corretores da tecnologia (technology brokers) buscam vantagem estratégica pela interligação de uma ampla variedade de indústrias, a partir objetos, idéias e pessoas existentes. Assim, a corretagem da tecnologia foca em construir novas redes em torno de idéias emergentes.

O laboratório de Edison em Menlo Park é citado como exemplo que oferece valiosa percepção sobre o processo de corretagem da tecnologia sendo capaz de explicar muito sobre o fluxo contínuo de inovações que emergiam de seu laboratório. A história clássica de um

gênio trabalhando sozinho, somente a partir da sua imaginação e um amontoado de sucata é equivocada.

Observando os esforços coletivos do time em Menlo Park, como o laboratório estava envolvido no mundo interconectado e como Edison alterou a rede de seu tempo é possível entender sobre o processo de inovação.

Edison criou condições ideais para a geração de inovações contínuas. O laboratório compunha seu tempo fazendo trabalho de planejamento para os clientes no telégrafo, luz elétrica, ferrovia e indústrias de exploração de minas e conduzindo seus próprios experimentos. Trabalhando com uma escala de clientes e indústrias foi capaz de mover-se entre mundos diferentes que compuseram cada uma dessas indústrias – usando seu trabalho para clientes diferentes para interligar esses diferentes mundos quando ele e seu time visualizaram idéias que se mostraram promissoras em outro lugar.

Edison criou uma comunidade em Menlo Park que era profundamente comprometida com o processo de inovação. Perseguindo uma estratégia de corretagem da inovação, Edison conectou velhos mundos e construiu novos mundos em torno das inovações que ele viu como resultado. Muito do trabalho de Edison combinou idéias existentes de formas diferentes cujas inovações revolucionaram indústrias.

Em muitas organizações e no projeto de muitas pesquisas e desenvolvimento em laboratórios, a busca pela inovação é sinônimo de busca pela invenção. A performance das divisões, laboratórios e indivíduos é avaliada em termos de patentes criadas e as descobertas de produtos se tornam lendas de objetos. Assim como Edison inventou a lâmpada, Art Fry da 3M inventou o Post-it, Doug Engerlbart da SRI inventou o mouse de computador e William Schockley na Bells Labs inventou o transistor. Enquanto inovações são novas de alguma maneira, são velhas em outras.

Os corretores da tecnologia (technology brokers) estão conectados sutilmente a um número de diferentes comunidades. Isso faz com que sejam os primeiros a verem novas oportunidades, mas também de serem os últimos a serem pegos em redes de práticas estabelecidas e interesses que constrange os habitantes de mundos individuais.