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2.3. TEORIA DAS ORGANIZAÇÕES

2.3.1. Mudança Organizacional

Segundo Motta (2002), a mudança organizacional refere-se a um conjunto de alterações que ocorrem no ambiente de trabalho com o objetivo de aumentar a produtividade organizacional. O desenvolvimento organizacional ocorre pela mudança organizacional planejada de forma dinâmica e ressalta a mudança estrutural pela substituição de sistemas mecânicos por sistemas orgânicos e mudanças comportamentais como aprimoramento nas relações interpessoais, redução de conflitos por meio do aperfeiçoamento do entendimento do grupo e desenvolvimento de um grupo de trabalho mais eficiente.

Eisenhardt e Brown (2004) afirmam que as abordagens tradicionais da estratégia, quando inseridas em um ambiente de mudanças rápidas e imprevisíveis, geralmente não são suficientes para garantir o sucesso de uma empresa. As abordagens tradicionais da estratégia concentram-se em definir "onde se deseja chegar" e "como chegar onde se deseja". Estas abordagens costumam serem úteis em situações de estabilidade e previsibilidade, porém, em ambientes de mudanças constantes e aceleradas, tais maneiras de enfoque podem não ser suficiente para que as organizações prosperem e cresçam.

Segundo as autoras, a mudança é característica da empresa atual, interpõe-se por toda a organização, é capaz de reestruturar mercados, promover novos concorrentes e destituir líderes de negócios.

Sob esta percepção, o principal desafio estratégico é conseguir administrar os diversos níveis de mudança impostos pelo mercado.

A Figura 11 apresenta os níveis de mudança e as estratégias utilizadas:

Figura 11 -Administração do desafio estratégico da mudança Fonte: Eisenhardt e Brown (2004).

Para as autoras, administrar a mudança significa reagir à concorrência por meio do lançamento de um produto ou serviço melhor, ajustar-se a uma nova regra política por meio da criação de um serviço original capaz de superar as expectativas dos consumidores, posicionar-se no futuro, antecipando as necessidades do mercado, preparando antecipadamente os recursos necessários e ainda ser capaz de criar a mudança, assumindo a liderança a partir de um novo mercado ou acelerando o ritmo dos ciclos de produção das atividades econômicas.

Para lidar com essa questão, as autoras propõem uma estratégia chamada de competição no limiar. Essa estratégia é definida como a criação de um fluxo contínuo de vantagens competitivas, na qual a capacidade de reinventar a empresa ao longo do tempo é o principal instrumento utilizado para obter superioridade em relação às demais empresas que competem no mercado. É também conseqüência da capacidade da organização de mudar constantemente e permitir a emergência de diversas iniciativas que se tornam um padrão.

A improvisação, a coadaptação, a regeneração, a experimentação e o controle pelo tempo são os princípios fundamentais da estratégia da competição no limiar, na qual a administração da mudança significa:

a) reagir à concorrência, produzindo produtos e serviços melhores a partir de inovações incrementais;

b) ser capaz de compreender o que possivelmente acontecerá e antecipar-se à mudança por meio da preparação de recursos como parcerias, formação cultural pluralista e desenvolvimento de canais de mercado para competir nesse segmento;

c) criar a mudança e forçar outras empresas a segui-la, redefinir as expectativas dos consumidores, criar novas tecnologias e abrir novos mercados.

Desta forma, o desafio das empresas é ser capaz de administrar a mudança, reagir quando necessário, antecipando-se sempre que possível e liderando quando houver circunstâncias favoráveis.

A Figura 12 apresenta os Níveis de administração da mudança:

Figura 12 -Níveis de administração da mudança Adaptado de Eisenhardt e Brown (2004).

Limiar do caos:

Em um extremo, a ausência de estrutura cria o caos e no outro extremo, o excesso de estrutura engessa a empresa. A limitação da estrutura é benéfica em situações em que a inovação é fundamental para o sucesso da organização, uma vez que propicia um ambiente criativo, flexível e aberto a experimentações. Por outro lado, a ausência de regras pode tornar inconsistentes suas ações. A comunicação se torna aleatória e as pessoas não sabem ao certo o que está acontecendo.

Não há estabelecimento de cronogramas e as prioridades são ambíguas (Figura 13).

Figura 13 -A armadilha do caos Adaptado de Eisenhardt e Brown (2004).

Organizações que possuem excesso de estrutura focalizam os processos disciplinares e hierárquicos, com ênfase no planejamento, cronogramas e descrição minuciosa de funções e tarefas a fim de melhorar a sua eficácia. Por outro lado, devido a sua estrutura burocrática e controle rígido, esse tipo de organização está propensa a perder oportunidades estratégicas por não ser flexível e rápida o suficiente para mudar de direção quando necessário. A mudança é percebida como um elemento que desequilibra os processos e as regras estabelecidas (Figura 14).

Figura 14 -A armadilha da burocracia Adaptado de Eisenhardt e Brown (2004).

A improvisação equilibra-se no limiar do caos, entre a escassez e o excesso de estrutura.

O limiar é onde as organizações inovam com adaptação e executam sistematicamente. Na região intermediária, onde as organizações se equilibram entre o estável e o instável, o limiar do caos se manifesta de forma a proporcionar um bom desempenho às empresas Organizações que possuem excesso de estrutura focalizam os processos disciplinares e hierárquicos, com ênfase no planejamento, cronogramas e descrição minuciosa de funções e tarefas a fim de melhorar a sua eficácia.

Por outro lado, devido a sua estrutura burocrática e controle rígido, esse tipo de organização está propensa a perder oportunidades estratégicas por não ser flexível e rápida o suficiente para mudar de direção quando necessário. A mudança é percebida como um elemento que desequilibra os processos e as regras estabelecidas (Figura 15).

Figura 15 -Limiar do caos

Adaptado de Eisenhardt e Brown (2004).

A análise dos processos passados serve de experiência para definir ações no presente, assim como se interessar pelo futuro faz com que as empresas tenham uma postura pró-ativa e não reativa. No seu limite, porém, quando há um excesso de análise nos comportamentos passados, as empresas ficam presas a modelos de competição que podem não servir mais. E quando há um excesso de preocupação com o futuro, as empresas desperdiçam muito tempo planejando e deixando de agir rapidamente. O limiar do tempo permite concentrar-se no presente levando-se em consideração ponderada as experiências passadas e atenção no futuro

(Figura 16).

Figura 16 -Limiar do tempo Adaptado de Eisenhardt e Brown (2004).