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Inovação e mídia: para fugir das “buzzwords”

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Capítulo III – INOVAÇÃO JORNALÍSTICA

3.1 Inovação e mídia: para fugir das “buzzwords”

Organizações, inclusive de mídia, reconhecem a importância do conteúdo – produzido e distribuído por meio de canais digitais –, mas correm o risco de “caírem em armadilhas”, caso esse material seja armazenado em silos. Este é o discurso dos profissionais em estratégia de conteúdo Ann Rockley e Charles Cooper, que desenvolveram uma solução mercadológica baseada em metadados, capaz de tornar esse material digital “estruturalmente rico e semanticamente categorizado, permitindo formas automatizadas de descobri-lo, reutilizá-lo, reconfigurá-lo e adaptá-lo” (ROCKLEY; COOPER, 2012, p. 16). A esse processo, deram o nome de “conteúdo inteligente”.

Colega da dupla na área de estratégia de conteúdo, Michael Andrews66 publicou um artigo na área de Inteligência do Content Marketing Institute no qual se refere aos metadados como “algo invisível, como um tempero que funciona mesmo sem saber que ele está ali”67. Ao tomarmos a trajetória interdisciplinar entre metadados e suas áreas de conhecimento, não é surpresa encontrar orientações pragmáticas em publicações do gênero.

OWL, RDF, DITA, blá, blá, blá. Todas essas linguagens de marcação podem ser difíceis de acompanhar, especialmente se seu trabalho é mais sobre como e por que usar seu conteúdo do que determinar as melhores linguagens baseadas em XML para mashups orientados a APIs ou o que seja. Em vez de se perder em todas as siglas, é provavelmente melhor apenas compreender que existem abordagens diferentes, ter uma compreensão básica do que elas significam e estar pronto para mergulhar em detalhes sobre a implicação na estrutura do seu conteúdo mais tarde, quando ou se a necessidade surgir (WACHTER-BOETTCHER, 2012, p. 102, tradução nossa)68.

Parece tentador construir um raciocínio a partir de termos como “conteúdo inteligente”, “jornalismo semântico” ou “jornalismo estruturado”; no entanto, essa

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Artigos e perfil pessoal disponível em: <http://storyneedle.com>. Acesso em: 22 out. 2014. 67

“Robust Metadata: The Secret Sauce of Relevance”. Disponível em:

<http://contentmarketinginstitute.com/intelligent-content/blog/metadata-secret-sauce-relevance/>. Acesso em: 8 maio 2015.

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Versão original: “OWL, RDF, DITA, blah blah blah. All these markup languages can be hard to keep track of, especially if your job is more about the how and why of content than determining the best XML-based languages for API-driven mash-ups or whatever. Rather than getting lost in all the acronyms, it’s probably best to just understand that these different approaches exist, have a basic understanding of what they mean, and be ready to delve into specifics about their implication for your content’s structure later, when or if the need arises”.

ideia esconde o fato dessas organizações experimentarem ferramentas – e não necessariamente pensadas para o mesmo objetivo – enquanto procuram encontrar ou consolidar modelos de negócio. A experimentação pura e simples pode funcionar num contexto mercadológico, mas o exagero das promessas, o uso de metáforas e analogias não dão conta dos desafios inerentes à utilização de uma nova tecnologia e de suas consequências, podendo levar o campo da Comunicação Social para lugares incipientes.

As transformações computacionais que começaram com Phillip Meyer anos antes demonstram que o Jornalismo se movimenta por caminhos delineados pela evolução tecnológica, fazendo proliferar visões nas quais o futuro está nas mãos de quem se dispõe a entender como essas tecnologias funcionam e a aplicá-las. A preocupação em embasar reflexões em contraponto ao volume de palavras, expressões, chavões ou traduções de ideias pinçadas do imediatismo financeiro é fundamental para que se possa fugir de um cenário polissêmico.

A pesquisa sobre Jornalismo On-Line é inundada por uma série de conceitos que são permutáveis ou interpretados de formas diferentes por diferentes pesquisadores. Conceitos como interatividade, hipertextualidade e multimidialidade são compreendidos de maneiras diferentes, e outros conceitos, como gênero e inovação, são geralmente usados sem qualquer discussão teórica sobre o que eles representam e como eles podem informar a pesquisa sobre o Jornalismo On-Line. É, portanto, necessária uma maior ênfase na conceituação (STEENSEN, 2011, p. 321, tradução nossa)69.

O autor pontua ainda que a pesquisa em torno do Jornalismo em meios digitais está permeada por um “discurso de inovação tecnológica” cercado por utopias, segundo o qual o Jornalismo “poderia acabar ou se transformar em algo positivo” diante de abordagens inovadoras relacionadas a “interatividade, hipertextualidade e multimidialidade”, ao passo que as organizações de mídia vivem períodos de experimentação, procurando ainda encontrar e consolidar modelos de negócio. Nesse cenário, tais empresas pavimentam caminhos diferentes. Então, todos os exemplos

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Versão original: “The research on online journalism is flooded by a range of theoretical concepts that are either interchangeable or are interpreted differently by different researchers. Concepts like interactivity, hypertext and multimedia are understood in different ways, and other concepts, like genre and innovation are generally used without any theoretical discussion on what they represent and how they might inform the research on online journalism. A stronger emphasis on conceptualization is therefore needed”.

acima poderiam ser caracterizados como tal, bem como qualquer “experimentação” num contexto informativo?

Tal discurso ganhou fôlego com os primórdios da Web, em meados dos anos 1990, quando veículos de mídia apresentavam seus conteúdos de modo a praticamente reproduzirem as mesmas palavras (e algumas imagens) da edição impressa. Essa transposição de conteúdos pautou praticamente seus primeiros dez anos, demonstrando timidez no que se refere a criatividade e inovação (ALVES, 2006).

Nessa ótica, faz sentido afirmar que o The New York Times é um exemplo de organização jornalística que flerta com a inovação: ele levou “a narrativa multimídia em uma direção excitante, com um novo projeto que merece todos os elogios”. Foi assim que Jeff Sonderman, do Poynter Institute70, apresentou a reportagem Snow

Fall71, uma celebrada combinação de texto, vídeos e infográficos que relatam histórias de esquiadores e snowboarders surpreendidos por avalanches na Cordilheira das Cascatas, nos Estados Unidos. A repercussão desse trabalho (que inclui um prêmio Pulitzer) representa uma maneira de mostrar o esforço do veículo em combinar técnicas variadas para contar boas histórias – o que inclui a abertura de APIs e datasets específicos.

Em linhas gerais, inovação é um conceito que representa um desafio às organizações a fim de que elas possam se expandir para prosperar ou mesmo sobreviver. Não bastasse não ser nada confortável, esse desafio é ainda mais do que isso: pauta-se tanto por acertos quanto por erros. Ao discutir o conceito, o professor de Harvard, Clayton M. Christensen (2012), oferece uma razão para que isso ocorra: “a mãe da invenção é a necessidade”.

Em última análise, todo o progresso econômico e social depende de novas ideias que contestam a introspecção e a inércia do status quo, com possibilidades de mudança e melhoria. A inovação é o que acontece quando um novo pensamento é introduzido com sucesso em organizações e valorizado por elas. É a arena onde a criação e a aplicação de novas ideias é formalmente organizada e gerida. A inovação envolve preparativos deliberados, objetivos e benefícios previstos para novas ideias que precisam ser realizadas e implementadas na prática. É o teatro onde a emoção da experimentação e do aprendizado se encontra com a

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“How The New York Times’ ‘Snow Fall’ project unifies text, multimedia”. Poynter.org, 20. dez. 2012. Disponível em: <http://www.poynter.org/latest-news/top-stories/198970/how-the-new-york- times-snow-fall-project-unifies-text-multimedia/>. Acesso em: 22 out. 2014.

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realidade organizacional com orçamentos limitados, rotinas estabelecidas, disputa de prioridades e imaginação limitada (DODGSON; GANN, 2010, p. 12, tradução nossa) 72.

Inovação é um conceito cuja importância se fortaleceu no contexto atual, marcado por mudanças aceleradas nos mercados, nas tecnologias e nas formas organizacionais; em contrapartida, conhecimentos cruciais que deveriam se tornar apropriáveis permanecem enraizados nas pessoas e em locais específicos, apesar da disseminação de novas tecnologias de comunicação (LEMOS, 1999).

Tanto Cristina Lemos (1999) quanto Clayton Christensen (2012) destacam, de forma geral, dois tipos de inovação: a incremental e a radical. A primeira pode ser entendida como a introdução de qualquer tipo de melhoria em um produto, processo ou organização da produção, sem alteração na estrutura. A segunda, mais complexa, trata do desenvolvimento e da introdução de um novo produto, processo ou forma de organização da produção inteiramente nova.

Entre a visão incremental e a radical (ou “disruptiva”, como também é chamada), o professor e diretor executivo no Center for Open Innovation em Berkeley, Henry Chesbrough, cunhou o termo “inovação aberta” (CHESBROUGH; VANHAVERBEKE; WEST, 2006, p. 2, tradução nossa), entendido como

o uso intencional dos fluxos internos e externos de conhecimento para acelerar a inovação interna e aumentar os mercados para uso externo das inovações, respectivamente. Inovação aberta é um paradigma que assume que as empresas podem e devem usar tanto ideias externas quanto internas, além de caminhos internos e externos para alcançar o mercado, enquanto elas desenvolvem suas tecnologias73.

Ao contrário do que se reconhece como um modelo tradicional, envolvendo uma estrutura vertical de pesquisa e atividades de desenvolvimento interno, Chesbrough parte da premissa de que é impossível obter conhecimento útil sem se

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Versão original: “All economic and social progress ultimately depends on new ideas that contest the introspection and inertia of the status quo with possibilities for change and improvement. Innovation is what happens when new thinking is successfully introduced in and valued by organizations. It is the arena where the creation and application of new ideas are formally organized and managed. Innovation involves deliberate preparations, objectives, and planned benefits for new ideas that have to be realized and implemented in practice. It is the theatre where the excitement of experimentation and learning meets the organizational realities of limited budgets, established routines, disputed priorities and constrained imagination”.

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Versão original: “the use of purposive inflows and outflows of knowledge to accelerate internal innovation, and expand the markets for external use of innovation, respectively. Open innovation is a paradigm that assumes that firms can and should use external ideas as well as internal ideas, and internal and external paths to market, as they look to advance their technology”.

conectar e dialogar com fontes externas, exigindo ações com múltiplos atores em um ambiente muito mais distribuído. Existe uma proximidade entre essa lógica e a visão do hacker pioneiro Eric S. Raymond em um ensaio denominado “A Catedral e o Bazar”, de 1999. Basicamente, trata-se de uma metáfora em que “catedral” indica o modelo fechado, hierárquico, enquanto “bazar” é aberto e distribuído.

Pode-se dizer que, em seus primeiros dez anos, a adoção da Web pelos veículos de mídia reflete a cautela intrínseca ao conceito de inovação incremental. Nesse período, conforme lembra Christensen (2012), a própria Web fez com que investidores “derramassem” bilhões de dólares em cima do potencial disruptivo da rede. E eles falharam, pois a internet representou um lugar para inovações incrementais em relação a distintos modelos de negócios.

Na visão de Dogruel (2014), é preciso ter em vista algumas características específicas para entender a inovação em veículos de mídia, tomada como mudanças nos produtos e nos processos de produção. No que diz respeito à adoção de tecnologias, há forte relação entre a inovação e a necessidade contínua por novidade, combinada com o alto risco de o desenvolvimento e a produção demandarem um investimento que não necessariamente é sinônimo de sucesso. Ela também se relaciona a um processo cíclico de interação envolvendo apropriações, feedback e adoção de outros veículos já estabelecidos – algo que requer longo período de tempo.

Aqui é importante retomar a discussão referente à evolução tecnológica. O ambiente digital conectado, normalmente identificado como uma “revolução” (ALVES, 2006), obriga-nos a uma reflexão. Um computador, por exemplo, representa o desenvolvimento de ferramentas que incluem calculadoras mecânicas, transistores e circuitos integrados, etc. Sozinhas, essas máquinas não encontram soluções para problemas, mas, diante de sua apropriação, “elas podem ser capazes de fazer a maior parte do trabalho braçal necessário, auxiliando nossas mentes a, intuitivamente, encontrarem maneiras por meio do labirinto” (BERNERS-LEE, 2000, p. 5). O mesmo se aplica à rede que conecta esses computadores.

A internet certamente terá um impacto na sociedade, mas não revolucionará tudo. É ridículo compará-la com a Revolução Industrial, que tirou quase todos da fazenda e os pousou em um ambiente urbano radicalmente diferente. Minha “migração” para o espaço virtual pelos últimos 20 anos dificilmente pode ser comparada com a migração que meus antepassados realizaram do campo para a cidade. A menos que algo muito mais inovador do que a internet se anuncie, o século XXI será

contínuo com o nosso mundo, e não uma ruptura radical e disruptiva. O significado real da internet não está na inauguração de uma nova era, mas no que ela revela sobre a mudança social e tecnológica no nível atual de progresso (FEENBERG, 2001, tradução nossa) 74.

Em um universo modificado pelas novas tecnologias, onde o usuário da informação pode acessar apenas o que lhe interessar (e por meio de qualquer dispositivo habilitado para tanto), o Jornalismo se vê obrigado a inovar. Por outro lado, o ritmo acelerado das evoluções tecnológicas também é considerado uma ameaça ao modelo de negócio da mídia. Como se não bastasse, ainda existem obstáculos de caráter econômico, resultando em redações mais enxutas ou com preocupações difusas, apresentadas como “movimentos inovadores”: ao observar a evolução dos processos de trabalho no jornal O Globo, que busca priorizar a informação publicada na Web, Moretzsohn (2014) assinala que a informatização das redações imprimiu aceleração ao ritmo de trabalho das redações, além de uma preocupação com o volume de tráfego – oriundo tanto dos destaques em homes do principal portal horizontal do grupo quanto de perfis em sites de relacionamento. Questões que não se relacionam com processos de inovação, postura estratégica e com uma perspectiva social e técnica mais ampla, que atenda à relação entre jornalistas, tecnologias, executivos e público (WESTLUND; LEWIS, 2014).

Dessa forma, mais importante do que estimular inovações rompedoras no Jornalismo é refletir a respeito de sua necessidade. A Columbia Journalism School, por meio do Tow Center for Digital Journalism, apresentou um amplo relatório sobre o cenário atual do jornalismo norte-americano. O documento, definido como uma mistura de pesquisa com manifesto (ANDERSON; BELL; SHIRKY, 2014), sugere recomendações neste momento denominado “pós-industrial”. Com a nova relação entre o Jornalismo e seu público, capaz de provocar “mudanças tectônicas” e um cenário de incerteza, as rotinas e os modelos de negócios precisam ser repensados, bem como novas habilidades precisam ser aprendidas constantemente pelos profissionais para garantir sua sobrevivência.

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Versão original: “The Internet will certainly have an impact on society, but it will not revolutionize everything. It is ludicrous to compare it with the industrial revolution, which pulled nearly everyone off the farm and landed them in a radically different urban environment. My ‘migration’ to virtual space over the last 20 years can hardly be compared with my ancestors’ migration from the country to the city. Unless something far more innovative than the Internet comes along, the Twenty-first Century will be continuous with our world, not a radical and disruptive break. The real significance of the Internet lies not in the inauguration of a new era, but in what it reveals about social and technological change at the current level of advance”.

A divulgação do relatório provocou respostas. Em artigo publicado pelo The

Guardian75, a professora Eugenia Siapera vai além da visão dos professores de Columbia: em vez de táticas de sobrevivência, o Jornalismo precisa de uma estratégia mais radical para permanecer socialmente relevante. Ainda que a tecnologia possa ser entendida como um vetor determinante nessa mudança, ela não é o único.

A inovação técnica normalmente é baseada em decisões econômicas, e tanto os demais profissionais quanto os jornalistas usam novas ferramentas para contemplar suas próprias expectativas, habilidades e práticas. Assim, a convergência das redações será discutida não como um processo dirigido pela tecnologia, mas como um processo que usa a inovação tecnológica para atingir objetivos específicos em configurações singulares, e é por isso que cada projeto de convergência tem resultados diferentes (GARCÍA AVILÉS; CARVAJAL, 2008, tradução nossa)76.

Tomando o The New York Times novamente como referência, a pesquisadora Cindy Royal visitou a redação em junho de 2009 com o intuito de conhecer a área de

Interactive News Technology. Seu diálogo com os profissionais – entre eles, o então

editor Aron Pilhofer – revelou que os membros da equipe entendem que a combinação de habilidades de texto e programação é rara; porém, tendo a perspectiva jornalística como pré-requisito, acreditam que seja possível desenvolvê-la, especialmente a partir da autoaprendizagem dentro do ambiente de trabalho. Além disso, o departamento foi criado de modo a flexibilizar a criação e o desenvolvimento de projetos, construindo uma filosofia pautada pela criatividade e inovação próprias da cultura open-source (ROYAL, 2010).

A produção rotineira de notícias é constituída para que se torne produto de consumo instantâneo. Se, no impresso, a ideia de que o jornal do dia seguinte se torna “papel para embrulhar peixe”, na rede também é fato que essa premissa permanece. Segundo Cohen, Hamilton e Turner (2011, p. 68), é nesse ponto que o pensamento computacional (WING, 2006) pode ajudar. O encontro das Ciências da Computação e do Jornalismo com profissionais do texto e do código compartilhando espaços em

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“From post-industrial to post-journalism”. Media Network, The Guardian, 14 fev. 2013. Disponível em: <http://www.guardian.co.uk/media-network/media-network-blog/2013/feb/14/post-industrial- journalism-changing-society>. Acesso em: 22 out. 2014.

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Versão original: “Technical innovation is usually based on professional and economic decisions and journalists use new tools in order to fit their own expectations, skills and practices. Therefore, newsroom convergence will be discussed not as a technology-driven process, but as a process that uses technological innovation to achieve specific goals in particular settings and that is why each convergence project might have a different outcome”.

redações resulta em processos e produtos como visualizações de dados, algoritmos, entre outros softwares em desenvolvimento.

Em linha, o conteúdo jornalístico pode ser produzido, adicionado, alterado e reutilizado sempre. Para tirar proveito disso, o fluxo de trabalho precisa ser alterado a fim de dar suporte a essas novas capacidades tecnológicas e culturais. Criar um fluxo de trabalho que reflita a produção de conteúdos digitais mais flexíveis redundará em uma consequência secundária: tornar rotinas rígidas de redação mais “hackeáveis” (ANDERSON; BELL; SHIRKY, 2012, p. 71, tradução nossa)77.

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Versão original: “Online, journalistic content can be produced, added to, altered and reused forever. To take advantage of this change, workflow will have to be altered to support these new technological and cultural affordances. Creating a workflow that reflects the more flexible production of digital content will have the secondary consequence of making rigid newsroom routines more ‘hackable’”.

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