Inovação: A) Na produção; B) Na estrutura; C) Nas relações entre agentes; Ampliação do mercado;
Criação de novos mercados Desenvolvimento
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ROBLEMASComo fica a ciência do direito nesse momento de intensificação dramática? Ademais, a empresa inovadora vai investir maciçamente pra inovar.. como ela amortiza esse investimento? Ela precisa ficar sozinha por um tempo no mercado pra renumerar o investimento, mas como ela consegue isso diante do pirateamento? Esse jogo de concorrência tem uma enorme taxa de risco. Outro problema é o das universidades. Vemos um mercado de trabalho novo em que a relação tempo e espaço mudou. Qual seria o melhor projeto pedagógico? O problema é que seja qual for o projeto, em alguns poucos anos já estará defasado.
Há, então, dois grandes riscos: o risco asiático (como fazer com que a China respeite marcas e patentes?) e o risco da competição (gasta-se rios de dinheiro sem saber o que a outra empresa está fazendo, em que pé de inovação tecnológica ela se encontra
A empresa não tem mais recursos próprios pra financiar sua inovação tecnológica. Assim, começa a buscar parceiros. Há dependência cada vez maior em relação ao setor financeiro, daí o advento da financeirização da decisão econômica, do capital. A decisão de investimento não é mais necessariamente tomada pelo empresário industrial, como acontecia na sociedade industrial. É o banco que financia a expansão da empresa. Além de manter o papel de tomador de decisão, os bancos continuam a fazer empréstimos, mas em função desse risco constante que sofrem as empresas, passa a reduzir o tempo. Assim, há um aumento do ciclo de rotação de capitais: tempo que o capital demora pra sair sob a forma de uma poupança.
O argumento dos economistas brasileiros é um receio em relação ao judiciário da primeira instância. O Brasil não oferece segurança jurídica para as empresas, que acabam achando melhor investir em outros países. Isso quebrou várias empresas brasileiras que passaram a perceber que podiam ganhar mais dinheiro especulando no mercado financeiro, no derivativo (sai-se da economia real produtiva, e vai-se diluindo riscos até o momento em que se vai pra uma economia abstrata, puramente financeira). Essas empresas então acabam quebrando pois preterem sua atividade-fim.
O problema dessa priorização da economia abstrata é que a financeirização dos capital exponencia os riscos. Um problema na derivação a economia real pra financeira é o efeito demonstração, que pode causar pane no mercado, fuga. As categorias jurídicas nesses momento não servem pra nada.
RELOCALIZAÇÃO /VANTAGENS COMPARATIVAS
Menos encargos sociais; Mão-de-obra mais barata;
Sindicalismo dócil;
Benefícios fiscais compensatórios; Crédito favorecido; Preços de terrenos mais baixos; Menores gastos com infraestrutura;
Baixa densidade jurídica; Menos ativismo judicial.
Essa ideia da relocalização significa tirar as empresas de um lugar cujo custo de produção é alto, para coloca-la em um lugar com as características acima, ou seja, com menor custo de produção. Há, com isso, um forte processo de mudança espacial da produção, um verdadeiro deslocamento da linha produtiva.
O problema é que a China até recentemente no tinha direito do trabalho, o que significa baixíssimos custos de produção, e atraiu muitas empresas para lá. A União Europeia começou a se incomodar com a migração de suas empresas para a China e começou a usar medidas protecionistas: exige que os produtos que entram não sejam fruto de exploração infantil, por exemplo. Começa a haver na China, então, a possibilidade de contrato um mês após a admissão (antes não tinha), começa a haver uma certa estabilidade, algumas garantias. Isso, inevitavelmente, aumenta o custo da mão de obra.
Para as democracias, os direitos são uma conquista. Na hora em que as ditaduras asiáticas negam direitos, elas não vão ter custos que nós temos. E assim elas se tornam mais competitivas e tomam nossos mercados. Quando falamos em conquistas também estamos falando em custos. Como impor à China que ela respeite os direitos trabalhista? Como impedir o dumping das ditaduras asiáticas sobre as democracias ocidentais?
Aula 10 – O Direito no Século XXI
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APEL DOD
IREITO NOS
ÉC.XXI
Todo esse processo que vimos muda o perfil do direito. Começamos a perceber que saímos de um direito como “regras do jogo”, dadas a priori (o jogo é legitimo desde que siga a legalidade), para chegar em um direito que passa a ter um papel de direção social (no sentido de favorecer as classes menos favorecidas). Com efeito, o papel do direito na sociedade contemporânea não é mais um papel meramente de controle, mas um papel de pilotagem, de eficiência macroeconômica.
Quando olhamos para a sociedade industrial do século XX, o debate girava muito em torno do mote “liberalismo x democracia”, “regras de jogo x favorecimento dos mais fracos”. Os mais progressistas (como Santiago Dantas) defendiam um Estado capaz de institucionalizar direitos sociais, implementar políticas públicas voltadas às classes menos favorecidas, etc. O nosso curso de direito, por outro lado, era montado em cima de uma Teoria Geral do Direito calcada pelo direito privado. Esse debate alimentou a congregação por muito tempo.
Na década passada o debate girava em torno da questão: mais estado (wellfare) ou menos estado (liberalismo – o Estado intervém pouco, mas quando intervém é de forma intensa, determinando o que se pode e o que não se pode fazer).
Pela ideia de TGD que gravita em torno do direito civil, tem-se a separação entre a criação do direito (legislador) e o trabalho neutro do juiz, no qual se valoriza a capacidade hermenêutica de trabalhar com o método lógico-dedutivo. Essa visão baseada em um enviesamento privatista parte de algumas premissas que não correspondem à sociedade brasileira, como a da estabilidade. A sociedade brasileira é instável, isto é, não consegue acomodar os interesses sociais em estruturas que vão se sedimentando ao longo do tempo.. Nós não conseguimos lidar com expectativas comuns de justiça e não temos comportamentos sedimentados. Além da alta mobilidade social, temos também uma incapacidade de criar mecanismos de formação da identidade coletiva.
A dimensão crítica valoriza o padrão de política pública, de visão comunitarista da sociedade. Vemos a maior adequação de um direito público como base da TGD, como linha arquitetônica de um arcabouço jurídico em um país em desenvolvimento. Temos que lidar com a questão da racionalidade formal, mas temos também que discutir o fato de que ela não existe isoladamente em uma teoria da justiça, ou seja, é necessário lidar tanto com a racionalidade formal quanto com a material. No Wellfare State, vemos que há um sistema aberto, uma noção de legitimidade a posteriori (o jogo é legítimo na medida em que valoriza princípios neorrepublicanos de justiça distributiva), esse sistema trabalha não mais com códigos, mas com leis especiais (noção sistêmica de complexidade - a partir do momento em que a sociedade se diferencia em sistemas cada vez mais especializados, proliferam as leis especiais). Assim, na passagem do Estado liberal pra um Estado de bem-estar, há processo de descodificação. O sistema jurídico muda o seu viés de interpretação do direito, e seu objetivo maior passa a ser a justiça.