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6. CONTROLO DA ESTRONGILIDOSE EM ASININOS

4.1. Inquéritos epidemiológicos

Os inquéritos epidemiológicos permitiram a obtenção de informação relativa à população estudada assim como informação relativa aos fatores de maior suscetibilidade dos asininos para o parasitismo intestinal por estrongilídeos (Anexo I).

Estes inquéritos, realizados no início do estudo, foram anexados ao processo individual de cada animal. Algumas das informações individuais registadas foram sexo, idade, condição corporal e perímetro torácico. Relativamente à condição corporal, os animais foram classificados de acordo com a escala de índice de condição corporal (ICC), entre 1 a 5, referida por Smith & Wood (2008). Para a análise dos resultados foram considerados três grupos de acordo com o índice de condição corporal: 2-2,5; 3-3,5 e 4-5.

O perímetro torácico (PTO) permite estimar a altura e o peso dos animais (Smith & Wood, 2008). O seu registo para cada uma dos animais foi efetuado em centímetros e, para a análise dos resultados, consideraram-se três grupos: 115-128; 130-149 e 150-168.

Além de informações individuais, os inquéritos também visaram a recolha de informação sobre a exploração, o maneio sanitário e sistema de criação dos Burros de Miranda, com a finalidade de caracterizar não só a unidade epidemiológica animal como também a unidade epidemiológica exploração.

Acrescenta-se ainda que foram registadas outras informações relevantes para a caracterização da área de estudo, nomeadamente as condições climatéricas da região durante o período de estudo. Assim, segundo os registos do Boletim Climatológico Mensal de Portugal Continental, publicado pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), foi possível acompanhar e registar os dados meteorológicos da estação meteorológica de Bragança, localizada a 41º49’N; 6º46’O.

93 4.1.1. Caracterização da área de estudo

A população de asininos encontrava-se sedeada em três centros de recuperação da Associação para o Estudo e Proteção do Gado Asinino (AEPGA), localizados nas aldeias de Atenor (41°42’N, 06°48’O, a 652 metros de altitude), Duas Igrejas (41°47’N, 06°35’O, a 738 metros de altitude) e Pena Branca (41º54’N; 06º26’O, a 741 metros de altitude). Durante o período de estudo, grande parte desta população de asininos, residente nos centros da AEPGA, foi utilizada em atividades relacionadas com a preservação da Raça Asinina de Miranda. Estas atividades foram realizadas no Planalto Mirandês, localizado entre os paralelos 41º08’N e 41º47’N e pelos meridianos de 06º10’O e 06º54’O, e descrito no capítulo de Materiais e Métodos Gerais (Capítulo 3).

Caracterização dos centros de recuperação da AEPGA

A AEPGA possui três centros, criados para acolher os asininos pertencentes à Associação, vocacionados para atividades específicas com o objetivo de cuidar e preservar o gado asinino, em particular a raça autóctone de asininos da Terra de Miranda.

O Centro de Acolhimento e Recuperação do Burro foi criado em 2004 com o objetivo social de acolher asininos que deixavam de ter utilidade no trabalho agrícola e perdiam funcionalidade no meio rural onde viviam. Estes animais idosos, doentes e sem mercado, eram frequentemente negligenciados e alvo de abandono e maus tratos por parte dos seus proprietários, muitas vezes eles próprios idosos e doentes, sem condições para cuidar dos animais. Assim, neste centro a AEPGA fornece cuidados veterinários adequados, de forma a melhorar o bem-estar e saúde animal, com o objetivo de recuperar alguma funcionalidade destes animais e de os utilizar em atividades lúdicas e pedagógicas, em benefício para o animal assim como para a comunidade em geral.

O Centro de Acolhimento e Recuperação do Burro, localizado na aldeia de Duas Igrejas, consiste num retiro para burros constituído por um palheiro, onde se armazena o alimento como palha e feno, uma loja onde os animais se abrigam durante a noite e de intempéries, e de um lameiro com aproximadamente dois hectares de área.

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Figura 10 - Animais da Raça Asinina de Miranda em lameiro de um centro de recuperação da AEPGA (Fonte: AEPGA).

O Centro de Pena Branca está sedeado numa antiga escola primária da aldeia de Pena Branca, onde é possível acolher algumas atividades e encontros de formação técnico- científica como workshops e palestras. Este centro é constituído por um lameiro com aproximadamente um hectare onde se encontra um palheiro, para armazenar o alimento, e as lojas para abrigar os asininos. Este centro da AEPGA abriga uma comunidade de animais adultos, da Raça Asinina de Miranda e de raça indeterminada, que vivem em comunidade e são utilizados em atividades agrícolas locais, em atividades lúdicas e de lazer, e em sessões de asinoterapia, com vista a melhorar a qualidade de vida das pessoas da região e a preservar os recursos locais.

O Palheirico foi criado pela AEPGA com o objetivo de ser o centro de reprodução e recria da raça Asinina de Miranda. Sedeado na aldeia de Atenor, este centro consiste num espaço com uma área total de sete hectares, que contempla um lameiro de pasto com cerca de 1 hectare, um palheiro onde são guardados os fardos de palha e feno para a alimentação dos animais e lojas onde os animais ficam abrigados durante a noite. Neste centro existem apenas animais da Raça Asinina de Miranda utilizados em projetos de melhoramento genético, reprodução e criação da raça autóctone. Estes animais, fêmeas e machos reprodutores assim como jovens

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em recria e alguns machos castrados, são frequentemente utilizados em atividades lúdicas e de lazer relacionadas com a preservação dos recursos ecológicos, culturais e sociais locais.

Sistema de criação e maneio

Nos centros de recuperação, os animais permaneceram em regime de semi-estabulação com acesso permanente à pastagem e alimentados com palha, feno ou ração duas vezes por dia, no início da manhã e fim da tarde. O acesso à água fresca foi permanente, durante todo o dia, com recurso a bebedouro de água potável junto à pastagem.

Ao longo do período de estudo observou-se uma grande mobilidade dos animais entre os três centros da AEPGA, com transferências frequentes de animais adultos entre os centros de Atenor e Pena Branca, assim como substituições de animais seniores no centro de Duas Igrejas. Foram ainda observadas deslocações dos animais adultos para o exterior dos centros, participando em múltiplas atividades associadas a projetos da AEPGA. Nessas atividades os asininos partilhavam espaços e pastagens com outros equídeos (asininos, equinos e muares), ruminantes (bovinos e ovinos) e restantes animais domésticos provenientes de explorações agropecuárias tradicionais de particulares.

4.2. Alteração do controlo anti-helmíntico estratégico para controlo anti-helmíntico