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Inserção da fitoterapia como alternativa terapêutica na rede básica de saúde

CAPÍTULO 3. FITOTERAPIA X ATENÇÃO BÁSICA: UMA RELAÇÃO A

VI. Inserção da fitoterapia como alternativa terapêutica na rede básica de saúde

No que concerne à inserção da fitoterapia como alternativa terapêutica na rede básica de saúde, quando indagados sobre este assunto, todos os CD’s relataram aspectos positivos e negativos acerca deste tema.

Quanto aos aspectos positivos, um dentista relatou já existir estruturado um serviço desta natureza em sua unidade de trabalho, daí a facilidade da inserção nesse contexto. Conforme já referido, trata-se da Unidade Mista de Cidade da Esperança, pertencente ao Distrito Sanitário Oeste, local onde existiu o projeto Farmácias Vivas e, portanto, haveria uma maior facilidade de inserção desta alternativa terapêutica. A posição do seguinte odontólogo expressa melhor este fato:

CD 01 – “Então, acharia interessante se isso fosse colocado, e eu acho que a própria comunidade ia absorver isso aqui, porque já existe esta Farmácia Viva, existe já o viveiro ali de plantas; o horto, né? Então, seria um local-pólo de uma experiência interessante. Porque já tem uma estrutura mais ou menos montada pra implantar um serviço...”

Outro fator apontado como positivo pelos dentistas foi o baixo custo desse tipo de serviço. No levantamento realizado, 23 profissionais afirmaram que o uso das plantas medicinais seria bem mais barato para os serviços públicos de saúde no tratamento aos agravos do que o uso de medicamentos industrializados. Os discursos seguintes esclarecem melhor este fato:

CD 03 – “Eu acho que essa inserção seria ótima na questão financeira, né? Porque a medicação é muito mais cara do que se você usasse esse tipo de medicação, né? Com certeza. Os usuários têm baixo poder aquisitivo e seria melhor tanto para eles quanto para o serviço”.

CD 12 – “Eu já conversei muito com as farmacêuticas-bioquímicas e, pela quantidade de produtos que elas são capazes de produzir, pra unidade e para as unidades, a secretaria de saúde do município teria uma economia enorme”.

CD 22 – “Eu acho que o custo-benefício seria bem melhor, porque a medicação é difícil a gente achar e é caro pra passar pros pacientes. E a gente tem que passar os que têm, os que a rede pública oferece. Então, eu acho que seria uma alternativa mais barata”.

Neste momento, cabe enfatizar que seria mais barato, consoante estes relatos, o uso de medicamentos fitoterápicos tradicionais, isto é, aqueles de uso alicerçado na tradição popular, sem evidências conhecidas ou informadas de risco à saúde do usuário.

Sobre esta questão econômica, os especialistas em Fitoterapia, consoante já referido no capítulo três do referencial teórico, são unânimes em afirmar que realmente são baixos os custos da produção dos medicamentos fitoterápicos, o que justifica sua inserção no âmbito do SUS, posto que não necessitaria investimentos grandiosos por parte do setor público.

“A fitoterapia é uma terapêutica racional, eficaz e também econômica. Ela é uma cultura, não apenas uma moda” 54. Dessa forma, baseado na opinião de especialistas no assunto, pode-se afirmar que os 23 dentistas que citaram ser esta alternativa mais econômica estão corretos.

Outro item que merece destaque é a questão dos efeitos colaterais oriundos a partir do uso sistemático da fitoterapia, para 40% dos CD’s da amostra, as colateralidades são bastante reduzidas e/ou inexistentes, como pode ser observado nas seguintes falas:

CD 15 – “E por ser mais natural, porque o remédio alopático, ele sempre cura uma coisa e danifica outra, que são os efeitos colaterais. Com as plantas, não teria isso, por isso eu acho que é uma coisa boa”.

CD 10 – “... e tem outra coisa, a medicação pode causar muita alergia, ninguém sabe se o paciente tem ou não; e com a planta, né? Seria melhor, porque a planta não tem esses efeitos ou se tem são menos”.

CD 01 – “Não é porque eu acho que um medicamento ansiolítico, esses remédios pra dormi como um lexotan ou um somalium; essas drogas elas têm um efeito... Os efeitos colaterais são maiores, por isso que você vai para os fitoterápicos, que o efeito colateral é quase nenhum. Aí, você evita tomar essas drogas, essas drogas que até causam dependência, né?”.

Embora já tenha sido conceituado anteriormente, importante se faz aqui clarificar que a fitoterapia é um sistema de cura pelos contrários, procurando conhecer as causas das doenças e combatê-las; portanto, se configura como uma terapêutica alopática. Ao contrário do que muitos pensam, fitoterápicos são também alopáticos. Por sua vez, ambos são diferentes dos medicamentos homeopáticos, cujo sistema terapêutico consiste em tratar as doenças por meio de substâncias ministradas em doses diluídas, por vezes infinitesimais.

Contrariando esses discursos de que as plantas medicinais não possuem efeitos colaterais, os avanços nos estudos toxicológicos ajudaram a desmistificar a idéia de que as plantas medicinais não são nocivas. O médico Jorge Boucinhas da UFRN relata que um exemplo marcante sobre o efeito tóxico de plantas medicinais no Brasil está relacionada ao uso do confrei ou consólida (Symphytum officinale). No início dos anos 1980 divulgou-se que esta planta teria fantásticas propriedades terapêuticas para uma série de doenças, incluindo a leucemia e o câncer. Muitas pessoas passaram a ingerir o suco de confrei (folhas com água

batidas no liquidificador) regularmente. No entanto, estudos toxicológicos posteriores mostraram que a planta possui uma substância extremamente tóxica para o fígado, o que acabou culminando na sua proibição para uso interno. “Essa planta já foi conhecida no mundo todo como o medicamento maravilha. Hoje não se quer nem ouvir falar dela. Já foi comprovado que ela causa câncer no fígado” 7.

O médico ainda esclarece que recentemente se veiculou na imprensa nacional que cerca de 3% dos casos de intoxicação por auto-medicação são causados por produtos naturais. Mas ele acredita que esse percentual deve chegar a pelo menos 10%. Segundo ele, o dado nacional só leva em conta pacientes que dão entrada nos hospitais das grandes cidades. No entanto, é no interior, onde o conhecimento sobre os benefícios das plantas medicinais é mais difundido e, por isso, elas são mais usadas, que a intoxicação deve ser maior.

Ainda sobre a questão dos efeitos colaterais originados a partir do uso sistemático da fitoterapia, Akerele2 relata que é comum a afirmação e a crença que fitoterápicos são destituídos de perigo e de riscos para o consumidor. Nada poderia estar mais distante da verdade, principalmente onde existe o perigo de ser coletada, por engano, a planta errada, talvez tóxica, ou onde preparados à base de ervas são colocados no mercado com adição intencional de potentes substâncias sintéticas não declaradas. Assim, há sempre o perigo de surgirem colateralidades. Para evitá-las, deve-se conhecer de forma acurada as plantas, suas indicações e formas de utilização.

Outro ponto referenciado como positivo no que diz respeito à inserção da fitoterapia na rede básica de saúde é a geração de renda. Uma dentista, baseada em uma reportagem veiculada no programa Globo Rural da TV Globo em maio de 2004, disse que as preparações fitoterápicas além de fazer parte da Farmácia Básica, barateando os custos e garantindo o acesso, poderiam ser comercializadas gerando emprego e renda em comunidades carentes. O relato abaixo aponta para essa perspectiva de geração de renda a partir da venda das preparações à base de plantas:

CD 25 – “Eu acho importante acontecer isso porque barateia o tratamento medicamentoso do paciente, como é uma coisa natural, aproxima mais das pessoas. E em comunidades rurais, é até uma forma de geração de emprego e renda. Eu vi numa reportagem isso numa

cidade com o IDH2 baixo no interior do Maranhão. Eles fazem ungüentos, cicatrizantes, chás, cataplasmas e lambedores para fazer parte da farmácia básica como forma de baratear e facilitar o acesso. Supriu as necessidades básicas deles e o excesso está sendo comercializado, gerando renda”.

Experiências como esta relatada acima deveria ser alvo de financiamento por parte do governo, pois além de aumentar o acesso à assistência farmacêutica, ainda proporciona a geração de renda para comunidades carentes. Akerele2 incentiva os governos a estimularem o desenvolvimento do potencial econômico e comercial das plantas de valor medicinal.

Sobre esta questão comercial, a saúde e a doença no Brasil, cada vez mais se constituem em objeto de grande exploração mercantil, pois como se sabe, a filosofia e a prática do modelo político-econômico-social enraizado na realidade brasileira tem como estratégia básica de sua dinâmica o consumismo. A área de saúde é um alvo de ambições de lucro, na qual o medicamento desempenha um papel altamente relevante.

Assim, o medicamento aparece como uma mercadoria, cujo consumo deve ser estimulado ao máximo, pois o que interessa aos setores de produção e comercialização de medicamentos é a ocorrência de um máximo de doenças, acompanhadas de um máximo de tratamento, em outras palavras de medicalização.

Nesse sentido, pode-se supor que a grande indústria farmacêutica não tem interesse algum em estimular práticas mais baratas como a fitoterapia, posto que com o sucesso destas, uma fatia do mercado é perdida. Dessa forma, projetos como o Farmácias Vivas muito provavelmente não são bem quistos aos olhos da grande indústria farmacêutica, uma vez que o sucesso de iniciativas de fitoterapia comunitária é inversamente proporcional aos lucros de tal indústria.

Além da geração de renda, o discurso anterior enfoca a facilidade do acesso. Sobre este, 26,66% dos CD’s referiram que a acessibilidade dos usuários às plantas medicinais seria facilitada, sendo esse um aspecto positivo. Isso é especialmente válido para as populações residentes no interior, onde o conhecimento sobre os benefícios dos fitoterápicos é mais

2 O IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) foi criado para medir o nível de desenvolvimento humano dos

países a partir de indicadores de educação (alfabetização e taxa de matrícula), longevidade (expectativa de vida ao nascer) e renda (PIB per capita). Seus valores variam de 0 (nenhum desenvolvimento humano) a 1 (desenvolvimento humano total)43.

difundido e, por isso, eles são mais utilizados, conforme dito anteriormente. No entanto, não impossibilita o acesso nas grandes cidades, posto que existe largo comércio de plantas medicinais em mercados e feiras livres nos centros urbanos.

Ainda sobre esta questão do acesso, ela pode analisada sob a ótica cultural, uma vez que faz parte da cultura popular o uso de plantas medicinais. A este respeito, o professor Francisco José de Abreu Matos, criador do Projeto Farmácias Vivas na UFC, afirmou que “se você chega no mercado, tem uma infinidade de plantas, mas não tem nenhum estudo. Mas o povo usa. 80% da população nordestina se trata com plantas, sem saber se a planta é ativa, funciona ou não. Faz parte da cultura popular” 35.

Ainda sobre a questão cultural, é pertinente clarificar que a fitoterapia se fundamenta em um corpo de conhecimentos que sofre mudanças espaço-temporais e que possui um modo de transmissão essencialmente oral, que não se comunica através da instituição médica, mas sim da família e da vizinhança. Essa transmissão oral é de base prática, os mais novos aprendem com os mais velhos vendo-os atuar socialmente e desempenhar a atividade que no futuro serão um de seus afazeres e uma de suas necessidades, não existindo discriminação entre os saberes teórico e prático, sendo ambos aprendidos ao mesmo tempo. Dessa forma, constata-se a íntima relação existente entre a difusão do conhecimento acerca da fitoterapia e a cultura popular, sendo esta seu meio de transmissão4.

Em relação aos pontos negativos que permeiam a inserção da fitoterapia como alternativa terapêutica na rede básica de saúde, o despreparo profissional foi o item mais citado, tendo sido referido por 53,33% dos CD’s. Os seguintes relatos apontam para as dificuldades vividas em relação a esse aspecto:

CD 06 – “Eu não sei nada sobre isso...A fitoterapia é uma linguagem mais na horizontal do que na vertical, não é? As pessoas entenderiam melhor, então eu acho interessante essa coisa que...tivesse isso na faculdade também, não é? Na formação profissional, porque ainda hoje é uma coisa que...Eu não sei se você vai encontrar algum profissional que vai dizer que conhece, ou se ele conhece vai ser por questão pessoal dele e não por formação acadêmica. Eu tenho um tio, por exemplo, que ele é médico e partiu pressa área porque ele se interessou, ele começou a pesquisar por ele mesmo. Ele tem a coisa tradicional e tem essa coisa alternativa. Se isso fosse uma coisa que não fosse alternativa, fosse realmente dentro do currículo...”.

CD 01 – “... se a gente tiver alguma coisa de curso, basicamente orientar os profissionais dessa unidade, tanto de ambulatório como de plantão, e a gente descobrir a verdadeira... O verdadeiro sentido, se a coisa funciona mesmo”.

CD 03 – “Acredito que as plantas têm propriedades...Eu me lembro que papai tinha um livro que era ‘As Plantas Curam’, né? E, quer dizer, eu sempre acreditei nisso, agora a gente só não tem esse embasamento pra poder fazer esse tipo de tratamento. Se alguém qualificado passa este conhecimento pra os técnicos da SMS pra ser repassado pra gente, um curso, alguma coisa ... Eu tendo conhecimento no que vou fazer, não teria problema nenhum”

CD 09 – “Desde que houvesse um treinamento dos profissionais para uma utilização racional e segura, seria uma alternativa. Baratearia os custos, tendo o profissional qualificado, teríamos ótimos resultados. Agora não pode é se usar sem conhecimento como eu que não me sinto nem um pouco preparada para isso”.

Os relatos transcritos contemplam uma realidade referida por mais da metade dos pesquisados, que é a falta de conhecimento específico sobre fitoterapia. Isto é o reflexo de uma formação que reifica o conhecimento científico, deixando de lado alternativas oriundas das tradições e da cultura popular, como é o caso do uso das plantas medicinais. Ademais, há também o desinteresse da grande indústria farmacêutica em estimular práticas de fitoterapia comunitária.

Por outro lado, a mesma indústria tem procurado desenvolver, cada vez mais, medicamentos fitoterápicos novos, aqueles com qualidade, eficácia e segurança comprovados cientificamente e registrado junto ao órgão federal competente. Este fato denota que a exploração dos medicamentos fitoterápicos novos representa uma importante fatia do

mercado, sendo objeto de preciosos lucros por parte daqueles que comercializam tais produtos.

Sobre este assunto, o volume de vendas de fitoterápicos no mundo já atingiu a cifra de US$ 13,9 milhões ao ano. Este valor representa 5% do total de vendas no mercado global de medicamentos32. Com este dado, observa-se o crescente interesse pelo mercado de medicamentos fitoterápicos novos.

Tal interesse pelos produtos naturais tem origem em fatores comportamentais, biológicos, farmacológicos, biotecnológicos e químicos levando a uma mudança na estratégia das empresas, que passaram a visar o mercado dos produtos naturais32.

No que concerne ao caso brasileiro, em 1994 a venda de medicamentos em farmácia somaram US$ 3.831 milhões dos quais US$ 212 milhões, em torno de 5,5% daquele valor, correspondiam a produtos contendo exclusivamente princípios ativos de origem vegetal. Tomando como base este percentual e considerando um mercado global de produtos farmacêuticos de US$ 6.410 milhões naquele ano, chega-se a US$ 355 milhões como estimativa do mercado de medicamentos produzidos a partir de plantas no Brasil26.

Frente a estes dados, percebe-se o interesse da indústria farmacêutica por esta fatia de mercado. Dessa forma, já surgiram diversas empresas especializadas em produtos naturais como a paranaense Herbarium e a baiana Macela Dourada, esta com uma linha específica de manipulação de fitoterápicos com indicações em Odontologia.

Voltando aos relatos dos pesquisados, o comportamento verbal do CD 06 refere a importância de disciplinas nos cursos de graduação que contemplem conhecimentos alternativos. Como isto não é um fato comum nas universidades brasileiras, para qualificar os profissionais que já estão no serviço deveriam ser ministrados cursos de educação continuada, lançando-se mão dos Pólos de Capacitação da rede SUS e, para aqueles que ainda estão na faculdade, seria preciso que a universidade abrisse possibilidades de formação para que novas práticas de saúde pudessem ser construídas utilizando o arsenal terapêutico das plantas medicinais.

Outra questão levantada por cinco entrevistados em relação ao uso sistemático da fitoterapia nos serviços públicos de saúde diz respeito à eficácia terapêutica das plantas medicinais. De um modo geral, através das falas, percebe-se por parte dos CD’s, não só a dúvida quanto à real eficácia dos fitoterápicos, mas também quanto ao tempo de ação após a administração desse tipo de medicamento para haver remissão dos sintomas. Assim, eficácia e

tempo de ação foram aspectos identificados como possíveis comprometedores do uso de fitoterápicos. Outro ponto importante diz respeito à sua utilização em casos graves, que pedem respostas rápidas, parece que a fitoterapia não se configura como uma boa alternativa terapêutica, segundo os odontólogos pesquisados. Os relatos a seguir expressam esta temática: CD 30 – “Agora eu já faço isso (uso da fitoterapia) há anos; as pessoas querem resultados imediatos”.

CD 24 – “Vejo como aspecto negativo a utilização das plantas medicinais na parte curativa, não sei se tem, eficácia”.

CD 12 – “O que eu vejo não é propriamente negativo, é que a ação do fitoterápico é um pouco mais lenta do que os produtos químicos pré- fabricados. E isso, as pessoas não tão habituadas a esse tipo de tratamento. Aí quando tomam e não vê o resultado de imediato, diz logo que não presta, que não serve, etc. E o fitoterápico para fazer o efeito, precisa de um certo tempo para sua ação”.

CD 11 – “Só em casos extremos, assim muito agudos, é que o paciente, devido ao sofrimento, eu acho que ele não teria aceitação, até porque o remédio é comprovado, porque ele não tem o efeito rápido como o injetável, como... O efeito mais lento. Então, pra casos agudos não, mas para casos os crônicos eu acho que seria uma boa idéia”.

No levantamento bibliográfico realizado, inúmeros foram os estudos científicos identificados, no entanto nenhum deles citou que os efeitos farmacológicos das plantas medicinais fossem mais lentos ou menos eficazes, quer seja em casos agudos ou crônicos. O que necessita realmente ser considerado é a correta indicação e utilização da planta mais apropriada no tratamento de determinada patologia. Portanto, o fato relatado por alguns dentistas de que a fitoterapia não se configuraria como uma boa alternativa terapêutica em casos graves ou agudos parece ser puro preconceito.

Este pode ser observado claramente no comportamento verbal do CD 24, transcrito acima, quando ele questiona a eficácia das plantas medicinais na cura de doenças. Com o desenvolvimento da pesquisa científica e tecnológica, hoje várias espécies vegetais já tiveram suas propriedades terapêuticas analisadas, tendo sido descoberto que muitas delas têm indicações na cura de várias doenças, inclusive algumas com aplicabilidade em saúde pública, como poderá ser observado adiante.

De certa forma, o modo destes profissionais em estudo pensarem constitui o reflexo de sua formação. Como esta foi pautada nos moldes do modelo biomédico, que reificou o conhecimento científico, então seria uma maneira de se está explicando o porquê deste preconceito contra a fitoterapia, que é uma terapêutica que escapa do modelo tradicional ensinado nas universidades.

Akerele2 ao falar sobre uma possível exploração comercial das ervas curadoras, afirma que existem plantas que podem ser usadas no tratamento de situações graves e que são valiosas devido à sua comprovada eficácia terapêutica.

Portanto, a opinião desses cinco sujeitos pode ser entendida pelo desconhecimento sobre o assunto, o que inclusive foi citado por mais da metade dos entrevistados ou, simplesmente, pelo puro preconceito em relação a este tipo de prática.

O uso indiscriminado dos fitoterápicos por parte dos usuários foi apontado como negativo por quatro odontólogos, 13,33% da amostra. Os seguintes trechos contemplam este tema:

CD 22 – “Em sua maioria, os usuários dos serviços públicos de saúde são carentes e o acesso ás plantas medicinais é maior pelo menor custo delas, daí me preocupa a questão do uso indevido, porque é planta, é natural, você pode usar à vontade, mas tem a indicação. É igual a remédio, porque serve pra ele, aí ele já vai passando pro outro. ‘Ah, eu usei isso, daí tu pode usar também’ ”.

CD 15 – “Sim, se não for feito a parte educativa, porque as pessoas vão começar a tomar as coisas de forma indiscriminada, tem que ter a parte educativa, não é?”.

Estas falas apontam para uma realidade bastante presente no Brasil que é a questão do uso indiscriminado de medicamentos. Esta utilização abusiva, errônea e exagerada é um

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