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Inspeção Médico-Escolar

No documento ISABELLE KAROLLINE CHAVES DE OLIVEIRA (páginas 105-108)

3- AS PROPOSTAS PEDAGÓGICAS DOS DIRETORES E INSPETORES DA

3.2 A Instrução Pública no Estado de São Paulo de acordo com os Anuários96

3.2.3 Inspeção Médico-Escolar

A inspeção médico-escolar foi citada pela primeira vez nos Anuários em 1914, estabelecido pelo artigo 2 nº 13 do regulamento de serviço sanitário, como um serviço recém criado, sem interferência da diretoria geral e realizado pelos médicos B. Vieira de Mello38, Alcino Braga, Araripe Suculpira e Lucas V. Catta Preta.

38 B. Vieira Mello era médico, foi comissionado em São Carlos em 1895, durante a epidemia de febre amarela, era também redator de revistas na área médica no Brasil e nos EUA. Publicou em 1902 o livro "A hygiene na escola", quando era inspetor sanitário do Serviço Sanitário de São Paulo. No ano 1912, assumiu a Inspeção Médica Escolar, em 1911, como órgão vinculado ao Serviço Sanitário. Em 1917, como primeiro Diretor do Serviço de Inspeção Médica Escolar de São Paulo, publicou o presente trabalho, onde descreve como deve ser o prédio da escola e o atendimento médico aos alunos. Ao final, transcreve a Lei n° 1.541, de 30 de dezembro de 1916, que remodelou a inspeção médica escolar em São Paulo.

As visitas para a realização dos exames, segundo consta nos documentos, eram medidas de segurança na escola, como controle de saúde pública, sendo indicado a necessidade de realização de exames antes da matrícula “para promover o atendimento médico que fosse necessário.” (ANNUARIO, 1914, p.18).

Os profissionais de saúde da inspeção médica escolar deveriam realizar periodicamente nos estudantes, docentes e funcionários exames de vista, dermatológicos, ouvidos, nariz, boca, dentes, garganta, estrutura óssea, sistema respiratório, ganglionar, nervoso, nos alunos professores e empregados, o serviço teve início em alguns grupos escolares da capital.

O documento de 1917, descrito no item 3.1.10, sem dúvidas, é o Anuário de Ensino mais completo, composto por dois volumes, sendo o primeiro destinado à análise teórica das concepções pedagógicas, posicionamento dos inspetores, metodologia de ensino e análise do contexto social e educativo. Já o segundo volume versa sobre cada grupo escolar do estado e os dados empíricos sobre as avaliações, evasão, matrículas, arquitetura e condições materiais das escolas.

Era atribuição da inspeção realizar visitas e cadastrar todos os grupos escolares, verificando se todos estavam devidamente imunizados com vacinas, quando não deveriam realizar a imunização, proferir palestras de prevenção a doenças e medidas de higiene pessoal básica, bem como analisar as condições de adequação de higiene dos prédios escolares. Além de ser responsável pela capacitação dos professores dos grupos escolares, para que estes estivessem aptos a lidar com as questões sanitárias na escola e orientar seus alunos em relação às moléstias e prevenções existentes.

O anuário de 1917 estabeleceu que médicos inspetores fizessem a avaliação periódica nos estabelecimentos de ensino, realizando exames nas classes com fichas,

[...] classificando-os em normaes, débeis ou anormais, com especificação da deficiência observadas e indicação de regime especial que estes reclamem (art. 6.º, n.º1) afim de serem encaminhados para escolas ao ar livre ou de anormaes. (ANNUÁRIO,1917, p 381).

Essas visitas médicas dos inspetores deveriam ter a periodicidade mensal, observando os alunos e professores, encarregando-se de avaliar os possíveis tratamentos necessários, bem como observando e avaliando a higiene de forma

individual e coletiva. Para regulamentar as visitas, foi elaborado nesse mesmo ano um “Manual de Hygiene Escolar e Pedagógica” com publicação no ano de 1917.

Nas escolas normais havia o curso de Higiene Pública Elementar, “destinados aos directores dos estabelecimentos de ensino [...] verdadeiramente meritoria de amparo e proteção às gerações porvindoras, que hão de pela escola nova constituir a pátria nova”. (ANNUÁRIO, 1918, p. 219).

Em discurso, o professor Gastão Strang39 demonstra as preocupações e entendimento da importância dos serviços de inspeção para que de fato a educação cumprisse seu papel cívico e social.

Assim estimulados, meus prezados companheiros, partamos para a luta, para o trabalho incessante e leal, vigoroso e productivo, conduzindo com critério firme; á guerra sem tréguas contra os germens das moléstias infectuosas, aos seus portadores e hospedeiros, para o saneamento da sociedade, para a salvação da parcella paulista da humanidade. (ANNUARIO, 1918, p. 220).

Confere-se aos serviços médicos realizados pela Inspeção Médico-Escolar, em conjunto à pedagogia Nova, um status de serviço essencial em termos de desenvolvimento do Brasil, como um dos setores mais importantes, uma vez que dava suporte ao desenvolvimento econômico do país, formando sujeitos capazes de lidar com a nova forma de produção. “Na instrucção e na hygiene reside a grandeza futura de nossa pátria” (ANNUÁRIO, 1918, p.226).

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Procurar, portanto, o carvão e o ferro não é menos necessário a prosperidade e uma nação – do que promover a instrução do povo e dotar o paiz de boas comunicações, ou quaisquer outras cousas de reconhecida utilidade. Sem comunicações fáceis, não há commercio que mereça este nome; sem ferro e carvão não pode haver indústria que prospere.

[...]O Brasil, parafraseando um escritor, - tão rico em jazidas de ferro e carvão- se conserva, ainda hoje, tributário do estrangeiro de não poucos milhares de réis, pela acquisição de materiais, que podia obter de si próprio, se a lavra das minas tivesse ahi tomado o devido incremento[...]é preciso que se faça a nossa emancipação industrial. (ANNUÁRIO, 1918, p. 223).

39 Gastão Strang era professor formado pela Escola Normal da Praça da República, iniciou suas atividades na Escola Isolada de Nuporanga, seguindo-se nomeações para Dourado e Araras, respectivamente. Em 1909, foi nomeado Diretor do Grupo Escolar” Júlio Mesquita” em Itapira e em 1913, Diretor da Escola Normal de Botucatu. No ano de 1915 seguiu para Guaratinguetá, onde foi nomeado Diretor da Escola Complementar por 9 anos. Até que em 1925, foi nomeado professor de pedagogia e didática da escola Normal “Caetano de Campos”, onde permaneceu até sua aposentadoria em 1935.

Em 1918, em relatório no anuário, é apresentado que a inspeção estava realizando organização das médias de desenvolvimento físico e mental dos estudantes, além dos exames habituais e vacinações.

No documento ISABELLE KAROLLINE CHAVES DE OLIVEIRA (páginas 105-108)