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Entre o final do século XVIII, principio do XIX, iniciou-se o período da institucionalização especializada de pessoas com deficiência, e é a partir de então que se pode considerar ter surgido a Educação Especial.

A sociedade passou a prestar apoio a estas pessoas embora esse apoio tivesse um caráter mais assistencial do que educativo. Tinha-se a ideia de que era preciso proteger a pessoa normal da não normal, ou seja, a pessoa com deficiência era considerada como um perigo para a sociedade. Considerava-se também que era preciso proteger o deficiente dessa sociedade, a qual só lhe poderia trazer danos e prejuízos. Tais concepções acabavam por separar o deficiente do convívio social levando à segregação e à discriminação.

A partir desse período, deu-se o início de um atendimento voltado à educação dos deficientes e à criação de importantes instituições especializadas na área da Educação Especial.

Excluídas da família e da sociedade, as pessoas deficientes foram atendidas em instituições religiosas ou filantrópicas. Foi nessa época que a Educação Especial passou a ser administrada por instituições voluntárias. Surgiram as Escolas Especiais, centros de reabilitação e oficinas protegidas de trabalho, conforme Romeu Sassaki (1999).

De acordo com Gilberta Januzzi (1985) e Marcos Mazzota (1999), no Brasil, esse movimento em favor da Educação Especial se refletiu na criação, por parte de D. Pedro II, do Imperial Instituto de Meninos Cegos em 1854 (Instituto Benjamim Constant - IBC), e o Instituto de Surdos-Mudos em 1856. Para Januzzi (1985), o Brasil viveu um período caracterizado pelo modelo médico-pedagógico, subordinado ao médico tanto no diagnóstico quanto nas práticas pedagógicas.

As instituições especializadas tiveram um importante papel no atendimento às pessoas com deficiência, por passar a olhar para essas pessoas com objetivos de melhoria na sua qualidade de vida como ilustra a frase: “As instituições sem fins lucrativos existem por causa da sua missão. Elas existem para fazer uma diferença na sociedade e na vida dos indivíduos. Elas existem por causa da sua missão e isto nunca deve ser esquecido” (DRUCKER, 1995, apud SASSAKI, 1999, p.111).

As instituições sociais surgiram diante das necessidades da sociedade. No dever de cumprir o seu papel e ajudar as pessoas com deficiências ou alguma necessidade que delas precisarem.

Algumas instituições de atendimento às pessoas com necessidades especiais serão arroladas abaixo, em função de sua importância nessa área para a Educação Especial do país.

O Instituto Pestalozzi7 de Minas Gerais, em 1932, tornou-se uma realidade graças ao trabalho da professora Helena Antipoff, a qual foi a responsável pela implantação, no país, de uma política de educação e assistência à criança portadora de deficiência. Em 1948, também por iniciativa de Helena Antipoff, fundou-se no Rio de Janeiro a Sociedade Pestalozzi do Brasil, com a mesma filosofia de trabalho, de caráter filantrópico, destinado a crianças e adolescentes deficientes mentais.

A logomarca da Sociedade Pestalozzi mostra uma flor estilizada, transmitindo de certa forma, a necessidade de cuidado permanente, o que pode ser observado na figura abaixo (Figura 2).

Figura 2: Logomarca da Sociedade Pestalozzi. Fonte: site Pestalozzi, 2012.8

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O primeiro Instituto Pestalozzi foi criado em 1927, em Canoas no Rio Grande do Sul (MAZZOTTA, 1999, p. 32).

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Em 1946, foi criada em São Paulo a Fundação para o Livro do Cego no Brasil, instituição de atendimento a deficientes visuais, resultado dos esforços de Dorina de Gouvea Nowill, professora de deficientes visuais que ficou cega aos dezessete anos de idade. A Fundação tem como objetivo produzir e distribuir livros impressos em sistema braile, abrangendo o campo da educação e da reabilitação das pessoas cegas e de visão subnormal (MAZZOTTA, 1999).

A logomarca da fundação Dorina Nowill mostra um desenho de uma pessoa cega com uma expressão feliz (Figura 3), desconstruindo, de certa maneira, a estereotipia do obrigatório sofrimento atrelado à deficiência.

Figura 3: Logomarca da fundação Dorina Nowill. Fonte: Fundação Dorina9, 2012.

Depois disso, foi criado um dos mais importantes centros de reabilitação do Brasil: a AACD - Associação de Assistência à Criança Defeituosa, em 14 de setembro de 1950. Essa é uma Instituição especializada no atendimento a deficientes físicos, pessoas com paralisia cerebral e pacientes com problemas ortopédicos, com convênios com diferentes órgãos públicos para a prestação de serviços terapêuticos especializados. Em sua logomarca aparece

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uma criança apoiada na letra A, usando-a como uma espécie de muleta, aludindo ao caráter assistencial da instituição (CASAGRANDE; DEITOS, 2004).

Figura 4: Logomarca da AACD. Fonte: www.aacd.org.br, 2012.

Em 11 de dezembro de 1954, foi fundada na cidade do Rio de Janeiro – RJ, a primeira Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais - APAE, por iniciativa de uma mãe de criança com Síndrome de Down, que se uniu a um grupo de pais, técnicos e profissionais envolvidos com a problemática da educação de crianças excepcionais. Em 1962 foi criada a Federação Nacional das APAEs e, em 1964, foi construída a sede da Federação das APAEs no Rio de Janeiro, depois transferida para Brasília. Adotou-se como símbolo a figura de uma flor ladeada por duas mãos em perfil, desniveladas, uma posição de amparo e a outra de proteção (MAZZOTTA, 1999).

Figura 5: Logomarca da APAE. Fonte: www.apaebrasil.org.br, 2012.

Em um movimento crescente, as APAEs foram se expandindo por todo o Brasil com suas representações Estaduais, seguindo a mesma linha filosófica. Pode-se afirmar que as

APAEs tiveram e ainda têm um papel fundamental na assistência e educação das pessoas com deficiências, visando assegurar a inclusão e o exercício da cidadania, orientados pela missão, princípios e diretrizes do Movimento Apaeano Nacional (MAZZOTTA, 1999).