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CAPÍTULO III INTERVENÇÃO EDUCATIVA

III.I.I As Instituições

A nossa intervenção educativa decorreu em dois estabelecimentos educativos, doravante referidos como Instituição A e Instituição B, onde realizámos o estágio profissionalizante em 1.º e em 2.º CEB, respetivamente. A instituição A é um estabelecimento de ensino privado que assegura as valências de Jardim de Infância e 1.º CEB e oferece ainda atividades extracurriculares. A origem desta proposta pedagógica remonta a uma experiência tida como inovadora no campo do ensino da Matemática que, por iniciativa dum grupo de encarregados de educação, deu origem a uma instituição que, na sua ótica, proporcionasse uma oferta educativa criativa. A identidade da instituição estruturou-se pela declaração dos “Princípios Educativos” (PE-A: 8) que orientam a sua atividade e prática letiva. A prioridade é a conceção da criança/aluno enquanto sujeito que desempenha um papel ativo na construção do próprio conhecimento, realizado em interação com o meio, e cujo fim último é o pleno desenvolvimento do seu potencial único, fomentando a autonomia e contribuindo para uma expressão pessoal rica e diversificada. Assim, as finalidades do processo educativo junto da criança/aluno estão ligadas à promoção e desenvolvimento da criatividade pessoal, pensamento crítico e divergente, curiosidade e gosto pela aprendizagem e pelo conhecimento e uma atitude ativa e de empenho. Os valores que devem acompanhar transversalmente todo o processo de ensino/aprendizagem são o respeito e apreço por si próprio e pelos outros, o gosto pela cooperação, o sentido de solidariedade e partilha com os outros, o respeito pela saúde individual e coletiva e a preservação da qualidade do meio ambiente.

A instituição B é um estabelecimento de ensino público que assegura o 2.º e 3.º CEB (bem como o Ensino Secundário em regime noturno) e que é a escola-sede do respetivo agrupamento, o qual entende que deve funcionar como

uma cultura sistémica e integrada, ecologicamente flexível e aprendente, que baseie a sua visão educativa no depuramento e funcionalidade dos atos administrativos, no rigor de práticas de direção, coordenação, ensino e formação reflexivas em que os atos humanizantes sejam um traço a sustentar a sua Missão incorporada por toda a comunidade educativa (PE: 7)

A sua visão consiste na criação de um contexto de aprendizagem promotor do sucesso educativo através do “estabelecimento de uma cultura sistémica de ensino-aprendizagem que promova o total desenvolvimento do estudante: espiritual, moral, intelectual, social, emocional e físico” (PE, 4). Definiram-se assim 14 princípios orientadores para a prestação de um serviço educativo de excelência, patente em práticas eficazes e fundado na responsabilidade, empenho, rigor, profissionalismo e colaboração dos agentes educativos os quais devem orientar a sua intervenção tanto pela valorização do saber e do conhecimento como pela promoção de competências e atitudes essenciais e transversais que possibilitem uma formação ao longo da vida e o exercício de uma cidadania esclarecida e participativa. Da construção desse perfil de competências deve constar o domínio de literacias variadas, respeito pela diferença e valorização da tolerância e inclusão, promoção da educação para a saúde, sensibilização para a preservação ambiental, o conhecimento e valorização do património histórico local e nacional e o alargamento cultural e a ligação ao meio envolvente e ao mundo.

Ambas as instituições traçaram, em consonância com os seus princípios identitários, objetivos e linhas de ação que traduzem essa perspetiva educativa assumida numa lógica de operacionalização prospetiva. A Instituição A estipulou dez “Objetivos Educativos e Linhas Orientadoras de Ação” (PE: 10). Estes versam sobre a articulação entre a Educação Pré-Escolar e o 1.º CEB “de forma a adequar o currículo e as práticas de ensino ao processo contínuo e gradual de desenvolvimento da criança”, numa forte valorização da componente das Expressões e implicando um duplo “movimento” relativamente às práticas entendidas como habituais, a saber: o prolongamento para o 1.º CEB de atividades e atitudes que têm sido mais valorizadas no JI (atividades no âmbito das várias expressões, componentes lúdicas, organização mais flexível e diferenciada das atividades e a antecipação para o JI de preocupações habitualmente deixadas para o 1.º CEB (o estímulo para as aprendizagens da leitura, escrita, matemática e ciências). Há um compromisso com o objetivo de “assegurar que a aprendizagem da matemática garanta, não apenas a aquisição de instrumentos e técnicas de cálculo, mas se constitua num contributo fundamental para o desenvolvimento do pensamento lógico e autónomo e da capacidade de ler e interpretar o mundo”. Por fim, defende-se o desenvolvimento da capacidade de

pensamento e de expressão do aluno/criança, tanto motora, plástica, musical e dramática como da linguagem oral/escrita.

Já a Instituição B expressa a sua “missão” no lema “Mais Escola, Mais Educação, Melhor Futuro!”, distinguindo cinco vertentes, categorizadas e denominadas por: (1.) “Excelência”, que se refere ao sucesso educativo; (2.) “Integração”, ou valorização da diversidade e interculturalidade da comunidade educativa; (3.) “Empreendedorismo”, que se traduz na aposta na capacidade criadora de cada aluno; (4.) “Comprometimento”, noção bipartida no sentido de pertença e empenho e (5.) “Cooperação”, dentro e fora do espaço escolar, através de projetos, parcerias e protocolos. Para operacionalizar estas vertentes e à luz dos princípios orientadores acima apresentados, definiram-se quatro áreas de intervenção: (1.) Curricular e Pedagógica, (2.) Cultura de Agrupamento, (3.) Organização e Gestão da Comunidade Educativa e (4.) Desenvolvimento e Formação Profissional ao Longo da Vida. A esfera de atuação de cada uma destas áreas está orientada pela definição de “objetivos estratégicos” e respetivas “estratégias de operacionalização” que concorrem para a sua execução e delimitação dos “indicadores de medida” que avaliam o seu grau de consecução. Esta lógica estruturada e estruturante de atuação é operacionalizada pela construção de metas claras e mensuráveis para o 2.º CEB em termos dos campos “Qualidade do Sucesso”, “Taxa de Transição”, “Combate ao Abandono Escolar” e “Combate à Disciplina”, traduzidas pela previsão da redução progressiva da percentagem de casos indesejados ao longo do triénio 2012/15. É importante salientar que as metas estipuladas apontam para uma tentativa de superação dos pontos fracos assinalados tanto na análise SWOT presente no Projeto Educativo (PE: 15) como nas indicações presentes no último relatório de avaliação externa da escola realizado e disponibilizado pela IGEC, datado de 2011.

A consulta do “Anexo II.I” permite a visualização do organograma da instituição e a compreensão da estrutura organizacional que sustenta o estabelecimento de ensino particular, estruturado e erigido à luz de conceções organizativas de uma sociedade de quotas. A equipa educativa é constituída pelo corpo docente, que conta com três educadoras de infância e sete professores do 1.º CEB e por professores de Áreas Curriculares Específicas (Educação Musical e Inglês), estando a Direção Pedagógica a cargo da Coordenadora de Jardim de Infância, Coordenadora de 1.º Ciclo e Coordenador Geral, que acumula ainda o cargo de Diretor.

No que respeita as estratégias de articulação entre a intervenção educativa da orientadora cooperante e os professores das AEC, verificámos que a prática está de acordo com o Despacho n.º 14460/2008, de 26 de maio, onde consta que “é da competência (…) dos professores titulares de turma assegurar a supervisão pedagógica e o acompanhamento (…) [do] enriquecimento curricular no 1.º ciclo do ensino básico, tendo em vista garantir a qualidade [...] bem como a articulação com as actividades curriculares”. A orientadora cooperante considera que a relação se desenvolve pontualmente, consoante as necessidades suscitadas pelo processo de ensino e aprendizagem de ambas as partes. A título de exemplo, a professora de Educação Musical pede ajuda à Orientadora Cooperante para trabalhar um tema musical com uma letra extensa e com vocabulário difícil; similarmente, a professora de Inglês recorre à professora de EEM para trabalhar um tema musical na língua inglesa. No que diz respeito à articulação entre a Educação Pré-Escolar e o 1.º CEB, a Orientadora Cooperante, em conversa informal, afirmou que esse contacto se pauta por um “contacto constante e diálogo” (citação direta) com a Educadora de Infância responsável pela Sala dos 5 Anos, reservando vários momentos de visita à Sala do 1.º Ano, ocorrendo tudo de forma “muito informal” (idem), optando por não planificar “nada muito elaborado para não fazer disso um bicho de sete cabeças” (idem).

A consulta do “Anexo II.I” permite analisar a estrutura e organização pedagógica e administrativa da Instituição B. Tratando-se dum estabelecimento de ensino público, respeita necessariamente o enquadramento legal de administração e gestão postulado pela mais recente revisão curricular. Por este motivo, no centro nevrálgico encontramos o Diretor, o “órgão de administração e gestão do agrupamento nas áreas pedagógica, cultural, administrativa, financeira e patrimonial” (RI: 11) que é coadjuvado pelo subdiretor e adjuntos e cujo projeto de intervenção assenta nos seguintes pontos essenciais: articulação e sequencialidade curricular entre ciclos e entre professores titulares de turma e professores de áreas curriculares não disciplinares; promoção e apoio a percursos curriculares diferenciados e inclusivos e gestão racional dos recursos humanos, materiais e financeiro (PID: 4-6). Em estreita ligação com o Diretor estão outros órgão de administração do agrupamento, como o (1.) Conselho Geral, “responsável pela definição das linhas orientadoras da atividade das diferentes escolas” (RI: 9), com respeito pelos princípios consagrados na Constituição da República e na LBSE; o (2.) Conselho Pedagógico, “o órgão de coordenação e supervisão pedagógica e orientação educativa, nos domínios pedagógico-didático, orientação e acompanhamento dos alunos e formação inicial e

contínua do pessoal docente e não-docente” (RI: 17) e o Conselho Administrativo, “o órgão deliberativo em matéria administrativo-financeira do agrupamento” (RI: 19). A coordenação de cada escola integrada no agrupamento é assegurada por um coordenador, o qual é designado pelo Diretor, de entre os professores em exercício efetivo de funções na escola. Resta mencionar que para a implementação do PEE e acompanhamento do percurso escolar dos alunos, numa perspetiva de promoção da qualidade educativa, criaram-se estruturas de orientação educativa, como o Conselho de Docentes, Coordenação de Ciclo ou de Ano, Departamentos Curriculares e Equipa de Autoavaliação, que colaboram com o Diretor e o Conselho Pedagógico.

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