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O aumento da população idosa tem conduzido a inúmeras transformações sociais, que por sua vez têm levado a uma organização dos serviços de saúde de forma a dar resposta às novas necessidades (Rebelo, 2007). Perante as mudanças sociais que têm surgido na sociedade ocidental e que têm consequências na forma como nos organizamos, as famílias têm-se visto cada vez mais desgastadas com as diversas exigências internas e externas ao meio familiar, com a duplicação de papéis dos diferentes elementos do sistema, com o esgotamento de recursos humanos e materiais, sendo que, em resposta a estas novas exigências, têm emergido novas soluções, tanto formais como informais (Rebelo, 2007).

Segundo Lemos (2005) a necessidade de encontrar e desenvolver mecanismos de equilíbrio na relação envelhecimento/qualidade de vida é cada vez maior, daí a criação de instituições e políticas sociais de apoio ao idoso.

32 De referir que o trabalho de animação é ainda mais importante quando se trata de idosos institucionalizados em lares, centros de dia e centros de convívio. Porém, a animação é quase sempre repelida para segundo plano e considerada sem grande validade nas instituições de terceira idade que se limitam a cumprir apenas as tarefas que consideram essenciais para o bem-estar do idoso (Jacob, 2007).

Na sequência do que foi dito previamente a emergência de políticas de velhice supõe a consciência de intervenção social de apoio aos idosos enquanto tal e advém de uma construção social de velhice, considerada como problema social (Fernandes, 1997). As respostas sociais que existem neste domínio traduzem-se essencialmente na oferta alargada de serviços e de equipamentos, dos quais podemos destacar: Lar de Idosos; Acolhimento Familiar; Serviços de Apoio Domiciliário; Centros de Convívio; Centros de Dia e de Noite; Residências para Idosos, Instituições Particulares de Solidariedade Social e Serviços de Teleassistência. De referir que apenas falar-se-á nas instituições de maior relevo para este trabalho, ou seja, aquelas que mais se ligam à animação na terceira idade.

Lemos (2005) refere que um lar de idosos é um equipamento de alojamento coletivo, de utilização temporária ou permanente, que proporciona alimentação, cuidados de saúde, higiene e conforto, fomentando o convívio, a animação social e a ocupação dos tempos livres dos utentes. Na RAM, existiam em Dezembro de 2007, 22 lares para idosos (Plano Gerontológico da RAM, 2009).

Num estudo realizado por Fernandes (2000) em Portugal, o autor comparou uma amostra de idosos institucionalizados há menos de seis meses com uma outra de idosos institucionalizados mas com um tempo superior a seis meses. Este verificou que quanto mais tempo estava o idoso na instituição, menores eram os seus sentimentos de autoeficácia e os seus índices de qualidade de vida.

Num estudo efetuado por Pimentel (1995), os idosos que não se encontravam institucionalizados revelaram ter mais oportunidade para realizarem atividades do quotidiano, ao passo que os institucionalizados tinham esse envolvimento mais limitado pelas normas de funcionamento, embora a instituição tenha revelado investimento em espaços e momentos de realização pessoal.

Lemos (2005) entende que o centro de dia é uma estrutura aberta à comunidade, onde se presta um conjunto de serviços e se desenvolvem atividades que permitem a manutenção dos idosos no seu meio familiar. Os objetivos de um centro de dia consistem na prestação de serviços que satisfaçam necessidades básicas, na prestação de apoio psicossocial e no fomento das relações interpessoais ao nível dos idosos e destes

33 com outros de modo a evitar o isolamento social. Na RAM, em Dezembro de 2007, existiam 16 centros de dia, tendo 12 gestão particular e 4 gestão oficial (Plano Gerontológico da RAM, 2009).

Os centros de convívio proporcionam ao idoso atividades recreativas, refeições ligeiras e informação específica relacionada com a prevenção da saúde e da autonomia, retardando assim a dependência do idoso (Lemos, 2005). De acordo com o Plano Gerontológico da RAM (2009), em Dezembro de 2007, a RAM dispunha de 28 centros de convívio.

A universidade sénior é uma resposta social, que visa criar e dinamizar atividades culturais, sociais, educacionais e de convívio, para indivíduos com idade igual ou superior a 50 anos. Estas atividades decorrem em regime não-formal e sem fins de certificação (Jacob, 2007).

Ainda no que concerne a respostas sociais, o centro comunitário é uma estrutura polivalente onde se desenvolvem serviços e atividades que, de uma forma articulada, tendem a constituir um polo de animação com vista à prevenção de problemas sociais e à definição de um projeto de desenvolvimento local, coletivamente assumido.

Entende-se que existe necessidade de promover respostas imediatas, pela via da prestação de serviços, mas as iniciativas a levar avante não se devem esgotar neste nível, mas serem orientadas para soluções de natureza mais estrutural, potenciadoras de dinâmicas pessoais e locais, que não excluam os idosos da sociedade, mas que os insiram e valorizem como agentes e protagonistas do seu desenvolvimento e do meio social a que pertencem (Fernandes, 1997).

A qualidade de vida das pessoas idosas que vivem ou que frequentam instituições de apoio social, depende da articulação de um conjunto complexo de fatores organizacionais e relacionais que tenham como objetivo fundamental o respeito e a promoção da dignidade de cada idoso, considerado na sua individualidade como sujeito de direitos e deveres (Grupo de Coordenação do Plano de Auditoria Social CID - Crianças, Idosos e Deficientes - Cidadania, Instituições e Direitos, s.d).

Tendo em conta o que foi referido anteriormente, conclui-se que as respostas de apoio aos idosos devem ser desenvolvidas na perspetiva do reconhecimento do direito das pessoas idosas à plena cidadania, à igualdade de oportunidades e à participação no processo de desenvolvimento económico, social e cultural.

De acordo com James e Wink (2006) são necessárias novas instituições e estruturas sociais, mas também são imprescindíveis certos melhoramentos no que diz respeito à política social e a mudanças organizacionais.

34 Face ao exposto, podemos concluir que a presença de redes sociais é um dado decisivo para a qualidade de vida dos idosos e para o envelhecimento ativo. Os contatos sociais facilitam o ajuste social, que também é uma forma de se chegar ao bom envelhecimento. É neste sentido que a dimensão relacional assume um papel importante na promoção da saúde. Assim sendo, as instituições e redes de apoio ao idoso revelam- se muito importantes para a qualidade de vida dos mesmos.