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4 DA INVESTIGAÇÃO DA METODOLOGIA APLICADA NA ESFERA DA

4.5 O INSTITUTO DE REMIÇÃO DE PENA PELA LEITURA COMO INSTRUMENTO

Os capítulos iniciais do presente trabalho serviram à função de contextualizar a remição de pena pela leitura nos Estados da Região Sul do Brasil. Abordando ainda o panorama político criminal e a relação com a remição, de forma contextual, cabe aqui o objetivo de evidenciar uma sucinta análise consequencial do instituto, no âmbito da política carcerária.

A execução penal, após evoluções históricas que tiraram o direito penal e a pena da primitiva noção de castigo, é um instrumento estatal que vive em um constante dilema existencial entre a operacionalização de um sistema criminal eficiente e o necessário respeito aos direitos e garantias mínimas, típicas de um Estado Democrático de Direito. Como adverte Norberto Bobbio, a proteção do cidadão no âmbito dos processos estatais é o que diferencia um estado democrático daquele de viés totalitário17. No ordenamento jurídico brasileiro o

raciocínio é o mesmo. O tratamento dispensado ao cidadão sob a égide do jus puniendi estatal é o que define se na prática estamos vivendo em um Estado Democrático de Direito.

A partir de então, o processo penal foi permeado por diplomas normativos superiores, como a Constituição e os Tratados Internacionais, revestindo o processo e a pena de um caráter mais humanitário e de objetivo ressocializador. Os Tratados Internacionais vêm prevendo há décadas direitos imperativos que refletem padrões deontológicos sedimentados no âmbito da comunidade internacional, mas só após 1988 ganham força no ordenamento jurídico brasileiro, visto que a Constituição Federal não só elenca princípios, direitos e garantias fundamentais, como a devida observância aos tratados e convenções internacionais aos quais o Brasil se obrigou a cumprir.

A instituição em âmbito internacional de direitos e garantias à pessoa acusada e à pessoa presa tornaram-se uma premissa programática à constituição e aos diplomas normativos sob a égide da Magna Carta como o Pacto de São José da Costa Rica, assinado em 1969 e só ratificado pelo Brasil em 1992. Ainda que não ratificado pelo Brasil quando da feitura da Constituição Federal, inspirou premissas constitucionais. Sob essa ótica e ainda dentro desse pensamento internacional, a previsão e elucidação de direitos como, por exemplo, a finalidade ressocializadora da pena, prevista no art. 5º, item 6 do PSJCR, foram sendo gradativamente incorporados à pratica penal, adaptando-se a um novo modelo de operacionalização do processo e do cumprimento da pena em consonância com padrões humanos mínimos de garantias, típicos de um Estado Democrático de Direito.

17 BOBBIO, Norberto. As ideologias e o poder em crise. Tradução de João Ferreira. 4ª ed. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1999, p. 46.

No contexto do Estado Democrático de Direito, surge também um novo panorama político criminal, de viés mais minimalista. A política criminal passa a não contemplar as medidas excessivamente punitivas, os aumentos de pena, de restrição da liberdade e de tempo no cárcere. Nesse sentido, sob a ótica político-criminal de que a solução para a criminalidade não está unicamente na privação da liberdade, surgem políticas mais protetoras do indivíduo preso, despenalizadoras e desencarceradoras, como a remição pela leitura. A remição pela leitura se encaixa como um instrumento de estrutura bifronte, de combate ao hiperencarceramento e à desproporção de restrição da liberdade, bem como ressocializadora e construtiva, como uma política de diminuição de danos e uma tentativa de estimular caminhos diversos da criminalidade ao preso.

Embora revestida de caráter humanitário e ressocializador da pena, não se pode negar que a remição sempre teve (e assim persiste), uma finalidade substancial enquanto instrumento de política carcerária. Em um cenário prisional onde a demanda supera exponencialmente a oferta de vagas, é de interesse do Estado que institutos como a remição venham a desafogar a superlotação flagrante dos estabelecimentos prisionais, tendo em vista que um dia a mais no cárcere é penoso ao ser humano, e prejudicial ao Estado, levando em considerações aspectos econômicos e estruturais do complexo sistema carcerário brasileiro.

Com a massificação da criminalidade e com o excesso de condutas que o legislador entende como típicas, o processo penal se tornou uma gigantesca máquina de punição legitimada pelo jus puniendi do Estado, e o resultado disso tem sido um processo de coisificação do homem, onde o cerne parece ser a punição, e não o indivíduo. A contra força desse processo de coisificação é o princípio da dignidade da pessoa humana, que constantemente tenta equilibrar a balança entre a máquina estatal e os direitos de um indivíduo que supostamente violou uma norma. É preciso empurrar imperativos de dignidade ao homem, seja no processo legislativo, no processo penal e na execução da pena.

Privar o ser humano de sua liberdade, por si só, já é tolher sua dignidade, sendo necessário, nesse caso, assegurar-lhe o mínimo de condições para uma readaptação social mais célere. A remição visa justamente amortizar essa violação de dignidade legitimada ao Estado, e otimizar a readaptação do preso, estimulando caminhos construtivos, como a leitura. Não obstante a privação da liberdade ser uma forma de afronta a dignidade do ser humano, as condições carcerárias atuais do país só tornam essa afronta ainda mais absurda. Nesse caso, a remição visa não só conceder uma melhoria à situação intelectual do preso, como também possivelmente livrá-lo de forma mais rápida de uma condição sub-humana à qual é submetido no cárcere.

O caos do sistema prisional brasileiro, que há muito tempo não é novidade, tem alcançado patamares alarmantes, e ganhado atenção internacional. A política carcerária é o instrumento de políticas públicas que visa melhorar a operacionalização do sistema prisional, dentro das limitações estatais, conjugando-se ainda à proteção dos direitos humanos dentro dos muros dos estabelecimentos prisionais.18

Ocorre que qualquer noção de humanidade em relação à privação da liberdade do indivíduo pelo Estado, sucumbe na realidade vivenciada diametralmente oposta aos pressupostos e princípios constitucionais, em especial, a dignidade da pessoa humana. A cultura do hiperencarceramento e a resistência às alternativas penais aliadas às limitações orçamentárias e jogos políticos criam um impasse à humanização das condições carcerárias e integração social.

Uma prova de que o cenário prisional está em situação calamitosa é a ADPF 347 ajuizada perante o Supremo Tribunal Federal que pede a declaração do “estado de coisa inconstitucional” do sistema carcerário brasileiro, a fim de tirar da inércia todos os poderes estatais para uma melhoria no quadro caótico evidente. O Estado de Coisas Inconstitucional é uma espécie de ativismo judicial estrutural que teve origem na Colômbia em decisões da Corte Constitucional e define uma violação maciça de direitos, em grande escala. Nas palavras de Cunha Júnior (2015, online):

Estado de Coisas Inconstitucional tem origem nas decisões da Corte Constitucional Colombiana (CCC) diante da constatação de violações generalizadas, contínuas e sistemáticas de direitos fundamentais. Tem por finalidade a construção de soluções estruturaisvoltadas à superação desse lamentável quadro de violação massiva de direitos das populações vulneráveis em face das omissões do poder público. [...] Segundo a Corte Constitucional Colombiana, o ECI caracteriza-se, fundamentalmente, diante da constatação de que: (a) é grave, permanente e generalizada a violação de direitos fundamentais, que afeta a um número amplo e indeterminado de pessoas; (b) há comprovada omissão reiterada de diversos e diferentes órgãos estatais no cumprimento de suas obrigações de proteção dos direitos fundamentais; (c) existe um número elevado e indeterminado de pessoas afetadas pela violação; (d) há a necessidade de a solução ser construída pela atuação conjunta e coordenada de todos os órgãos envolvidos e responsáveis, de modo que a decisão do Tribunal é dirigida não apenas a um órgão ou autoridade, mas sim a uma pluralidade órgãos e autoridades, visando à adoção de mudanças estruturais.

No Brasil, a ADPF 347, ainda está pendente de julgamento, mas já tendo sido manifestado o estado de coisa inconstitucional em sede liminar, fica demonstrado o estado deplorável do sistema carcerário brasileiro, frente à violação constante e generalizada de

18 Relatório DEPEN 2016. Disponível em: <http://www.justica.gov.br/noticias/ha-726-712-pessoas-presas-no-

direitos fundamentais dos detentos. A situação requer um conjunto robusto de medidas, e o reconhecimento do “estado de coisas inconstitucional”, ainda que produza um efeito muito mais simbólico do que efetivo, visa pressionar a ação dos poderes legislativo, executivo e judiciário para a necessidade urgente de melhoria do sistema prisional. Tende a fomentar mudanças diante da constatação de violações generalizadas, contínuas e sistemáticas de direitos fundamentais e visa à construção de soluções estruturais, voltadas à superação desse lamentável quadro de violação massiva de direitos das populações vulneráveis em face das omissões do poder público.19

Nesse cenário prisional caótico, os números chamam especial atenção. Atualmente, a população carcerária no Brasil conta com um total de 726.712 presos, entre presos provisórios e condenados20. No ano de 2014 a população carcerária brasileira contava com 622.202

detentos21, o que demonstra um considerável crescimento da população prisional, abarrotando

ainda mais os estabelecimentos penais já há muito tempo superlotado, em sua maioria. Apesar das condições sub-humanas encontradas nos presídios, um preso custa em média R$ 2.400,00 por mês à administração pública, podendo chegar a mais de R$4.000,00 em determinados Estados da federação, segundo dados do Conselho Nacional de Justiça22.

Sob a perspectiva desses dados, a remição representa um instrumento estratégico de racionalização de gastos como o sistema prisional e de controle da superlotação, na medida em que antecipa a saída do detento do sistema. Nesse contexto, a remição tem sido um importante instrumento de política carcerária e um direito indispensável ao indivíduo provisoriamente encarcerado e a antecipação do momento da realização de sua saída, representa uma tentativa de otimizar seus efeitos ao sistema prisional e ao preso.

Geralmente, quando se fala de institutos despenalizadores e ressocializadores a remição pela leitura é deixada à parte, ou assume um papel coadjuvante no cenário. Ocorre que a remição é um instrumento que beneficia o individuo preso e a sociedade, a medida em que contribui substancialmente para a readaptação social do preso, e, no caso da leitura, estimula a aquisição de conhecimento e cultura como aspecto ressocializador e construtivo de novos caminhos longe da criminalidade.

19 Dirley da Cunha Júnior. Estado de coisa inconstitucional. Disponível em: https://dirleydacunhajunior.jusbrasil.com.br/artigos/264042160/estado-de-coisas-inconstitucional. Acesso em: 30 out 2018.

20 Relatório DEPEN 2016. Disponível em: <http://www.justica.gov.br/noticias/ha-726-712-pessoas- presas-no-brasil/relatorio_2016_junho.pdf> Acesso em: 30 out 2018.

21 Relatório DEPEN 2014. Disponível em: < https://www.conjur.com.br/dl/infopen-dez14.pdf> Acesso em: 30 out 2018.

22 Disponível em: <http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/83819-carmen-lucia-diz-que-preso-custa-13- vezes-mais-do-que-um-estudante-no-brasil> Acesso em 30 out 2018..

Em 2014, 13% da população prisional participava de alguma atividade educacional, formal ou não. As unidades prisionais do Amapá, Espírito Santo e Paraná eram as que apresentavam maior parcela de pessoas estudando. Já em 2016, apenas 12% da população prisional no Brasil está envolvida em algum tipo de atividade educacional, entre aquelas de ensino escolar e atividades complementares, dentre estas, a leitura.23

Assim, o índice de detentos envolvidos com programas de remição por estudo diminuiu entre os anos de 2014 e 2016 no Brasil, contudo, no Paraná, o índice de detentos beneficiados com a remição pela leitura aumentou de 14% para 19%, no Rio Grande do Sul continuou 0% e em Santa Catarina aumentou de 3% para 4% entre os anos de 2014 e 2016, segundo os dados dos relatórios do DEPEN de 2014 e 2016.24

Estender a possibilidade de remição pela leitura aos presos provisórios também é medida salutar, embora não seja permitida em alguns projetos, uma vez que o sistema prisional, atualmente, conta com quarenta por cento da população carcerária de presos provisórios, não permitir acesso à remição pela leitura a estes presos é negar um direito e possibilidade de ressocialização antes mesmo do início de cumprimento da pena, bem como dificultar e atrasar o processo de saída do sistema carcerário em caso de uma condenação.

Assim, é possível verificar que a falta de estímulo e regulamentação tem prejudicado a remição pelo estudo e pela leitura, mediante a falta de tratamento adequado a um instrumento de política carcerária tão relevante como a remição pela leitura. Nos Estados do Paraná e Santa Catarina, ainda que os índices tenham aumentado, continuam tímidos diante das possibilidade e benefícios que a remição pela leitura é capaz de proporcionar.

No estado do Rio Grande do Sul, os índices são tão ínfimos que permanecem em 0%, o que talvez possa ser atribuído a falta de uma legislação regulamentar como a existente no Estado do Paraná, ou mesmo pela falta de estímulos e projetos funcionais, já que no Estado de Santa Catarina a implementação de projetos por meio de portarias tem se mostrado apto a instituir a possibilidade de remição pela leitura, ainda que em níveis insuficientes.

23Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias 2014. (INFOPEN – DEPEN). Disponível em:

<https://www.justica.gov.br/news/mj-divulgara-novo-relatorio-do-infopen-nesta-terca-feira/relatorio-depen- versao-web.pdf>. Acesso em: 29.mai.2019.

Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias 2016. (INFOPEN – DEPEN). Disponível em: <http://depen.gov.br/DEPEN/noticias-1/noticias/infopen-levantamento-nacional-de-informacoes-penitenciarias- 2016/relatorio_2016_22111.pdf>. Acesso em: 29.mai.2019.

24 Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias 2014. (INFOPEN – DEPEN). Disponível em:

<https://www.justica.gov.br/news/mj-divulgara-novo-relatorio-do-infopen-nesta-terca-feira/relatorio-depen- versao-web.pdf>. Acesso em: 29.mai.2019.

Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias 2016. (INFOPEN – DEPEN). Disponível em:

<http://depen.gov.br/DEPEN/noticias-1/noticias/infopen-levantamento-nacional-de-informacoes-penitenciarias- 2016/relatorio_2016_22111.pdf>. Acesso em: 29.mai.2019.

Por certo é que o caos do sistema penitenciário requer medidas drásticas, e que institutos como a remição pela leitura ainda são medidas sutis frente ao problema carcerário. Mas na ausência de políticas que evitem danos ao sistema carcerário e pelo sistema carcerário, na ausência de políticas que evitem o aumento da criminalidade e de melhoria das condições dos estabelecimentos penais, a remição pela leitura surge como mais uma “política de redução de danos”25, ao sistema carcerário e ao preso a ele submetido.

Assim, tendo em vista que um dia a mais no cárcere é penoso para o indivíduo e custoso para o Estado, o maior instrumento para amortização dos prejuízos causados em razão disso, seja para o preso ou para o Estado, é a remição, com a possibilidade de antecipar a liberdade do preso e consequentemente reduzir os custos ao sistema prisional, além de estimular a busca pelo conhecimento, criando possibilidades a este indivíduo preso de se reinserir na sociedade.

5 CONCLUSÃO

Esta monografia objetivou investigar a metodologia prevista nas portarias das Varas de Execuções Penais que regulamenta a remição de pena pela leitura de obras literárias no

25 Expressão utilizada por Arthur Corrêa da Silva Neto para se referir à detração, pertinente também à remição.

Disponível em: <http://emporiododireito.com.br/backup/tag/detracao-penal/> Acesso em: 05 de dezembro de 2017.

âmbito do sistema penitenciário da Região Sul do país. A pesquisa teve como ponto de partida o contexto histórico no qual foi inserido o instituto da remição pela leitura por meio da Lei n. 12.433/2011 que modificou a Lei de Execução Penal. Em 26/11/2013, o Conselho Nacional de Justiça, por meio da Recomendação n. 44, regulamentou as atividades educacionais complementares para fins da remição da pena pelo estudo e estabeleceu critérios para a admissão pela leitura.

Nessa perspectiva, indagou-se: “Como os estabelecimentos prisionais localizados nos Estados da Região Sul do Brasil têm implementado a remição, disciplinada pela Recomendação n. 44/2013 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que permite ao preso diminuir o tempo de execução da sua pena mediante a leitura de obras literárias?”. A hipótese deste trabalho supõe a existência de uma metodologia prevista nas Portarias das Varas de Execuções Penais e Legislação Estadual para regulamentar remição de pena pela leitura, com base no princípio da individualização da pena.

O instituto da remição de pena surgiu por meio da Lei de Execução Penal (LEP) em 1984, pelo trabalho. Todavia, a remição pelo estudo teve início nos anos de 1990, no Estado do Rio Grande do Sul, expandindo-se o entendimento para outros Estados da Federação. Entretanto, levaram-se de 7 a 8 anos até que se criasse jurisprudência sobre o tema. Finalmente, com a Lei n.º 12.433 de 2011, que alterou os artigos 126, 127 e 128 e incluiu o artigo 129 da Lei de Execução Penal, o benefício foi ampliado e oferecido aos presos de todo o país.

Apesar da remição pelo estudo ter surgido no ano de 2011, as Varas de Execuções Penais já acolhiam a leitura como atividade escolar. Cita-se, como exemplo, o projeto pioneiro na Penitenciária Federal de Catanduvas/PR, que inspirou a regulamentação do referido instituto no âmbito dos presídios federais por meio da Portaria Conjunta n.º 276/2012. Este fato contribuiu para fundamentação e consequente publicação da Recomendação n. 44/2013 do Conselho Nacional de Justiça.

Em 2015, surgiu o Projeto de Lei nº 762/2015, cuja a finalidade consistia em estabelecer as regras para a inclusão da leitura como forma de remição de pena, ou seja, seria necessária uma metodologia para realizar a execução da pena de forma que atendesse às necessidades da individualização da pena. A partir de tais pressupostos, em nova modificação, o PL nº 7.528/2017 veio para complementar a proposta do Projeto de Lei nº 762/2015, pois além de prever a ampliação das hipóteses de remição de pena, com a inclusão da leitura, buscou disciplinar a metodologia a ser adotada para a sua aplicação.

O segundo capítulo, ao debater o instituto da remição de pena, explana o quão importante é o instituto como instrumento garantidor do acesso ao direito à educação, que permite a individualização da pena na fase de execução, possibilitando ao preso alcançar mais

rapidamente seu tempo mínimo de cumprimento de pena para a progressão de regime. De modo que, a remição também objetiva acelerar o processo de ressocialização gradual do preso, através do trabalho e estudo.

Além disso, pela inserção da remição pela leitura, nos estabelecimentos penais, pode ser determinante para a recuperação do preso, visto que pode representar o início de uma nova vida para o indivíduo, pois irá despertar seus conhecimentos para coisas e oportunidades que até então, provavelmente, não havia tido acesso. Nesse cenário, a remição pela leitura é algo que produz benefícios imensuráveis, visto que promove a ocupação útil e saudável do tempo do preso, além de a absorção do conteúdo do livro ser capaz de promover sua reeducação, resgate de sentimentos, para provável reinserção social, porque, a remição pela leitura precisa ser posta, a este indivíduo, como um instrumento de inspiração, esclarecimento e descoberta de novos caminhos para o saber aprender.

Em seguida, o terceiro capítulo trouxe a investigação sobre a metodologia prevista nas Portarias das Varas de Execuções Penais que implementam a remição da pena pela leitura de obras literárias no âmbito do sistema penitenciário da Região Sul. Foi observado que cada Estado da Federação deve efetuar a regulamentação da remição pela leitura em suas unidades prisionais através de portarias ou legislação estadual. Porém, muitos estados ainda não possuem essa regulamentação, assim como dentre aos analisados na presente pesquisa, os Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Neste quesito, destaca-se o Estado do Paraná, pioneiro na implementação da remição pela leitura em seus estabelecimentos penais, atualmente com o referido instituto regulamentado pela Lei Estadual nº 17.329 de 08 de outubro de 2012, sendo pioneiro no Brasil, pois foi o primeiro Estado também a editar diploma legislativo com o fito de operacionalizar e regulamentar essa modalidade de remição. O projeto tem conquistado resultados muito positivos, e, por isso, servido de modelo de implantação de outros projetos similares nos demais estados da federação. A metodologia utilizada na aplicação do projeto estipula critérios de avaliação das resenhas, e essa avaliação tem resultado em uma visível evolução dos presos em quesitos como interpretação de textos, ortografia e fluência de escrita.

Em tempo, a legislação estadual do Paraná, dispõe que todos os presos custodiados

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