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Optou-se pela construção e validação de um questionário que aferisse a percepção de características de aprendizagem organizacional na perspectiva do processamento da informação, em razão de não se ter encontrado nenhum instrumento válido no foco do tema pesquisado, considerando-se o âmbito da investigação realizada. Denominou-se esse instrumento de Escala de Medida de Aprendizagem Organizacional – EMAO.

O questionário é composto de duas partes: a primeira – com 83 questões iniciais e versão final de 69 relativas a Aprendizagem Organizacional – abrange três constructos: Aquisição do Conhecimento, Distribuição da Informação e Memória Organizacional.

Em relação ao formato das respostas aos itens, adotou-se escala tipo Likert, com cinco alternativas de resposta, para expressar a intensidade da concordância do respondente em relação aos itens, incluindo-se um ponto neutro (nem concordo, nem discordo). Segundo Pasquali (1999), estudos constatam que o número de pontos da escala acima de 4, bem como a existência ou não de um ponto neutro, não afeta a consistência interna da escala.

Ao final dos itens de Aprendizagem Organizacional, o instrumento apresenta uma questão solicitando que o funcionário cite as três principais formas pelas quais ele adquire conhecimento dentro do Banco.

A segunda parte abrange as questões relativas aos Dados Pessoais e Funcionais, abrangendo sete itens: sexo, idade, escolaridade, local de trabalho, exercício de chefia, cargo atual e tempo de serviço, com opções marcadas de resposta, com exceção do cargo atual e tempo de serviço, com espaço para citação.

O processo de construção do questionário está descrito a seguir.

3.6.1 Definição constitutiva e operacional das variáveis

A definição constitutiva das variáveis relacionadas ao Processamento da Informação foi estabelecida com base nos constructos elaborados por Huber (1991)

– Aquisição do Conhecimento, Distribuição da Informação e Memória Organizacional – que abrigam várias teorias, tratadas pelo autor dentro de um formato sintético de revisão de literatura. Em razão disso, houve necessidade de se buscar referências teóricas citadas pelo autor, além de outras, que pudessem contribuir para maior esclarecimento de pontos não suficientemente fundamentados pelas formulações do referido estudo.

Como observa Pasquali (1999, p.45), “as definições constitutivas são de extrema importância no contexto da construção dos instrumentos de medida, porque elas situam o constructo exata e precisamente dentro da teoria deste constructo, dando, portanto, as balizas e os limites que ele possui”.

A investigação teórica também ocupou um papel significativo na definição constitutiva das variáveis, o que se traduziu pela busca cuidadosa dos aspectos que pudessem pontuar os conceitos em termos da sua relevância, diante da dificuldade de fazê-lo em termos de sua completude.

Assim, além da reflexão sobre as teorias contidas nos textos de referência, procurou-se também identificar os pontos de maior relevância teórica e prática, na visão de sete profissionais envolvidos em processos de aprendizagem e de processamento da informação no âmbito das organizações, quase que num processo de investigação exploratória.

Similar às dificuldades relacionadas à falta de teorias sólidas sobre determinados constructos, onde se busca sistematizar a teoria a partir de indicadores da prática, a situação desta pesquisa também buscou referenciais empíricos para identificar os aspectos de maior relevância presentes nas inúmeras teorias.

Em razão da extensão e complexidade dos constructos, optou-se teoricamente por focalizar a pesquisa – a não ser nos casos de extrema obviedade ou de variabilidade nula de resposta – no atributo da existência ou não das características de aprendizagem organizacional pesquisadas.

A definição operacional buscou cobrir a maior amplitude semântica possível dos constructos pesquisados, bem como atender os requisitos de operacionalidade.

Conforme orientação de Pasquali (1999), utilizou-se, como fontes para a definição operacional dos itens, consulta à literatura, opiniões de conhecedores (os mesmos sete profissionais citados anteriormente), análise de conteúdo do constructo e a experiência da própria pesquisadora.

As definições operacionais traduzem as teorias contidas no estudo de Huber (1991), na medida em que ele forneceu – direta ou indiretamente – clareza de diretrizes e consistência teórica suficiente para a operacionalização dos itens. Representam, também, além da literatura pertinente, posições de conhecedores da área – ou áreas – e as experiências e focos da própria autora da pesquisa, em razão das muitas necessidades de escolhas que caracterizaram este trabalho.

As definições constitutivas e operacionais das variáveis de Aprendizagem Organizacional estão descritas no Apêndice C.

3.6.2 Operacionalização dos constructos

A construção dos itens baseou-se nas definições operacionais dos constructos e na consulta a dois instrumentos existentes na literatura que tratavam de constructos similares ou relacionados. Neste sentido, itens de instrumentos e referências estão relacionados no Apêndice D.

Elaborados os itens, procedeu-se ao seu exame individual, utilizando os critérios propostos por Pasquali (1999) para a construção de itens: critério comportamental, da objetividade, da simplicidade, da clareza, da relevância, da precisão, da variedade, da modalidade, da tipicidade e da credibilidade.

Dentro do critério da variedade, no caso do uso de escalas de preferência, seguiu-se a recomendação de “formular a metade dos itens em termos favoráveis e metade em termos desfavoráveis, para evitar erros de resposta estereotipada à direita ou à esquerda da escala de resposta” (PASQUALI, 1999).

Após essa análise, o conjunto de itens, num total de 87, foi submetido mais uma vez à crítica dos profissionais já citados, em termos da relevância teórica e prática dos aspectos abordados.

3.6.3 Análise teórica dos itens

A análise teórica dos itens abrangeu a análise semântica (compreensão dos itens) e a análise dos juízes (pertinência dos itens ao constructo que representam).

A análise semântica teve por finalidade avaliar o grau de compreensão dos itens por representantes da população destinatária do instrumento. Consistiu na discussão do questionário com sete grupos, compostos de três ou quatro funcionários, conforme recomendação de uso de grupos pequenos como técnica

mais eficaz para a compreensão de itens de instrumentos (PASQUALI, 1999). Os grupos consultados – quatro de funcionários de agência e três de funcionários da Direção Geral – foram escolhidos considerando-se que esses segmentos são os mais representativos da diversidade cultural e das atividades existentes no Banco.

O processo da análise sem ântica procedeu-se mediante a solicitação aos funcionários para que expressassem a sua compreensão relativa a cada item do questionário, e demandando deles sugestões quanto às melhores formas de abordar os temas em relação ao perfil da população pesquisada.

Considerando-se que esses procedimentos demandam tempo e disposição das pessoas, optou-se por realizar o processo por partes, em diferentes momentos, de forma a preservar o interesse e a capacidade de análise dos funcionários. Esses encontros foram realizados nas agências 407 Sul e Comercial Sul e no Centro de Desenvolvimento Profissional do Banco, em Brasília (DF).

As análises também abrangeram a compreensão e aspectos relacionados à pertinência e formas de abordagem de tópicos da carta de apresentaç ão – objetivos da pesquisa, sigilo das respostas, identificação da pesquisadora, apresentação material do instrumento e a expressão de respeito e consideração em relação aos respondentes.

Também foi analisada a compreensão das instruções e da escala utilizada.

O processo de análise foi-se tornando cumulativo, à medida em que eram levadas aos grupos as sugestões de alteração e observações dos grupos anteriores, tendo-se com isso o dimensionamento da relevância dos aspectos apontados.

Em função dessas análises, fizeram-se ajustes semânticos na redação do questionário e eliminaram-se quatro itens que foram percebidos pelas pessoas como redundantes, tendo-se também efetuado alterações na carta de apresentação, tornando-a mais clara e convincente.

A escala utilizada e as instruções foram consideradas claras pelos pesquisados, não sofrendo nenhuma alteração.

Na análise dos juízes, o questionário foi submetido a quatro profissionais, abrangendo pessoas ligadas à área de aprendizagem e informação. Dos quatro “juízes”, apenas dois são especialistas em aprendizagem organizacional, incluindo- se a tutora da dissertação. A operacionalização dessa análise demonstrou a escassez de estudiosos do fenômeno da aprendizagem organizacional no enfoque do processamento da informação.

Para essa análise foi elaborado instrumento (Apêndice E), contendo a definição constitutiva dos constructos e a relação dos itens, solicitando-se dos juízes que avaliassem a relevância de cada item numa escala de 1 a 5, e relacionando-os ao constructo a que pertencem. Ao final, foi deixado um espaço para observações e sugestões.

As análises contribuíram com informações importantes para, principalmente, revelar que os constructos pesquisados apresentam um nível alto de correlação e que as divergências são originárias, predominantemente, de discordâncias conceituais. Os itens foram, quase consensualmente, considerados relevantes.