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Capítulo 4 – Metodologia

4.2. Instrumento de avaliação

Para a recolha de dados dos utilizadores, foi construído de origem um questionário para este estudo (anexo 7), por não terem sido encontrados outros instrumentos desenvolvidos anteriormente que abordassem as diversas áreas enquadradas nos objetivos apontados no estudo. Para além de dados sociodemográficos, o questionário englobou aspetos relacionados com: descrição do espaço físico onde os utilizadores viviam; dados do animal, como género, raça, idade de vida e de trabalho; relação da dupla, nomeadamente níveis de satisfação e evolução de desempenho; questões relacionadas com os níveis de segurança, orientação e mobilidade, tempo dos

percursos, interação/inclusão social, independência e qualidade de vida do utilizador, antes e depois de ter um cão-guia; bem como as atitudes face ao cão-guia.

O questionário compreendia 34 questões, organizadas em cinco partes, que abordavam as áreas anteriormente mencionadas:

- 1ª Parte, dedicada aos “Dados Pessoais”, constituída por 8 questões para uma melhor compreensão do tipo de população (cujos dados foram apresentados na caracterização da amostra, ver secção 4.1.);

- 2ª Parte, dedicada à “Descrição do Espaço Físico” por onde a dupla se costumava deslocar no seu dia-a-dia, constituída por uma questão subdividida em seis alíneas: “Como classificaria o local por onde se desloca em termos de - “trânsito”, “sinalização”, “ruído”, “obstáculos”, “passeios”, e “transeuntes” - cada uma com 3 opções de resposta (1=pouco ou nenhum; 2=algum; 3=muito).

- 3ª Parte, consagrada à dupla “Utilizador/Cão-guia” (evolução do trabalho do cão e à relação da dupla), constituída por 14 questões.

Neste domínio, pretendia-se em primeiro lugar, caracterizar o cão (género, raça e idade de vida e de trabalho do cão), e em segundo lugar, caracterizar o utilizador (“há quanto tempo tem o cão”; “há quanto tempo é utilizador”; “quantos cães já teve”). Em relação à caracterização do utilizador solicitou-se que se classificassem enquanto utilizadores (1=iniciado; 2=com alguma experiência; 3=experiente; e 4=muito experiente), bem como sobre a sua escolha nas situações em que pode optar entre o guia humano e o cão-guia (4 opções de resposta: 1=Escolho sempre o cão-guia; 2=Escolho sempre o guia humano; 3=Quase sempre escolho o cão-guia, mas nalguns casos o guia humano; 4=Quase sempre o guia humano, mas nalguns casos o cão-guia).

Ainda nesta secção, em terceiro lugar, procurou-se perceber quais os sentimentos despontados quando o utilizador pensou em ter um cão-guia, concretamente sentimentos de “insegurança”, “receio”, “ansiedade”, “expectativa”, “felicidade”, “confiança” e “incerteza”, classificando-os numa escala de 5 pontos (1=nada; 5=muito).

Em quarto lugar, tentou-se compreender através das variáveis “obediência”, “temperamento” e “eficácia”, o “grau de satisfação” com o cão-guia (1=nada satisfeito; 5=muito satisfeito).

Em quinto lugar, questionaram-se os participantes sobre como avaliavam a evolução do desempenho do seu cão-guia com 4 opções de resposta que combinavam as questões de progressão e de declínio (1=Progrediu até certa altura e depois registou-se um declínio; 2=Progrediu até certa altura e depois manteve-se estacionário; 3=Permaneceu com o mesmo nível de desempenho, desde que veio do estágio; 4=Tem vindo sempre a progredir continuamente). No caso em que os participantes referiram ter estacionado o nível de progressão, questionava-se a idade do cão em que atingiu o seu melhor desempenho e há quanto tempo o utilizador o tinha. No caso em que referiram o declínio, questionava-se a sua causa (1=Saúde; 2=Idade; 3=Teimosia;4=Dominância; e 5=Distração). O questionário incluía, ainda nesta secção, a expectativa e os planos futuros em relação ao cão, quer quando este atingisse grandes limitações nas suas funções, quer relativamente ao momento da sua reforma.

- 4ª Parte, relativa à “Orientação/Mobilidade”, “Interação/Inclusão Social” constituída por 8 perguntas duplas. Pretendia-se comparar dois períodos na vida do utilizador (antes e depois de ter cão-guia), para aferir a existência de alterações, ou não, ao nível da sua orientação/mobilidade, segurança, independência, envolvimento em atividades sociais, profissionais e familiares. Nesta continuidade, os participantes tinham que se classificar em relação a um conjunto de áreas (“orientação e mobilidade”; “segurança”; “tempo de realização dos percursos com o cão”; “frequência com que o utilizador saía de casa”; “interação com os conhecidos”; “interação com os desconhecidos”; “inclusão” e “qualidade de vida”), numa escala de 5 pontos. Exemplo: “Como classificaria o seu nível de mobilidade antes de ser utilizador de cão-guia?” (1=má; 5=boa); “Como classificaria o seu nível de mobilidade atualmente?” (1=má; 5=boa).

Por fim, esta parte contemplava ainda outra questão que se reportava ao tempo gasto na realização dos percursos: “Comparando antes e depois de ser utilizador de cão- guia, considera que o tempo de realização dos percursos” (1=diminuiu; 2=aumentou; 3=manteve-se).

- 5ª E última parte, dedicada às “Atitudes Face ao Cão-guia”, apresentava duas questões.

A primeira pergunta, constituída por 26 alíneas, onde se pedia aos participantes que classificassem cada uma das afirmações de acordo com a sua opinião ou situação (1= Completamente Falso; 5=Completamente Verdadeiro). Na mesma questão, deveriam referir ainda se as consideravam como uma vantagem ou uma desvantagem. Estas 26 alíneas encontravam-se classificadas em 4 áreas (segue-se a apresentação de um exemplo para cada uma das áreas:

a) Utilizador/Cão-guia (com 15 alíneas) - “Para o orçamento mensal, torna-se monetariamente dispendioso”;

b) Inclusão (com 3 alíneas) - “Quando veem o cão, quase sempre se aproximam para lhe fazerem uma festa”;

c) Segurança (com 3 alíneas) - “O receio de cair ou de encontrar precipícios desapareceu completamente”;

d) Independência (com 5 alíneas) - “Sou mais independente nos trajetos e deslocações”.

A 2ª questão desta secção era a única pergunta aberta do questionário que permitia aos participantes expor ideias para novas investigações (“Sugira outras questões importantes, no âmbito da temática em estudo, que possam vir a ser alvo de investigações futuras”).