• Nenhum resultado encontrado

2.2 A Metodologia da Pesquisa

2.2.3 A Coleta dos Dados

2.2.3.4 Instrumento(s) de Análise dos Dados

“A análise dos dados consiste no exame, na categorização, na tabulação, no teste ou nas evidências recombinadas de outra forma, para tirar conclusões baseadas empiricamente” (YIN, 2010, p.154). Esta etapa da pesquisa se apresenta como uma atividade de interpretação e correlações. Assim, segundo Minayo (1996), a análise de dados qualitativos geralmente é baseada em três propostas teórico-metodológicas: a análise de conteúdo, a análise do discurso e a hermenêutica dialética. A análise do discurso procura entender o modo como a linguagem

46 é utilizada em situações da vida cotidiana; a hermenêutica dialética analisa a fala dos sujeitos em seu contexto social, histórico e político, como também seus resultados e efeitos na ação humana (MINAYO, 1996). Iremos nos ater à proposta da análise de conteúdo, que foi utilizada nesta pesquisa como referencial teórico-metodológico na análise dos dados.

A análise de conteúdo constitui-se, segundo Bardin (2010), como:

Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidos) destas mensagens (BARDIN, 2010, p.44).

A intenção da análise de conteúdo é a inferência (BARDIN, 2010; FRANCO, 2007). As inferências são as deduções que levam o pesquisador a fazer as interpretações, ou seja, aos significados, partindo inicialmente da descrição. A descrição analítica é a primeira fase do tratamento das informações contidas nas mensagens e “funciona através de procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens” (BARDIN, 2010, p.37).

Na análise de conteúdo, um dado de uma mensagem deve, necessariamente, estar relacionado, no mínimo, a outro dado e implica em comparações contextuais (FRANCO, 2007). Assim, apenas a descrição da mensagem pouco contribui com a pesquisa; o mais importante são as inferências e interpretações que se faz a partir das informações obtidas.

Utilizada em várias abordagens para desvelar os significados das “falas”, principalmente em entrevistas não diretivas, a análise de conteúdo possui duas funções principais: uma, que enriquece a tentativa exploratória – heurística; e a outra, que faz confirmações ou informações de questões ou afirmações provisórias, denominada de administração da prova (BARDIN, 2010).

A organização dos dados coletados para a análise de conteúdo passa por diferentes etapas. A primeira delas é a pré-análise. Essa é a fase de organização propriamente dita dos materiais a serem analisados (BARDIN, 2010; FRANCO, 2007). Nesta fase, faz-se necessária a escolha dos documentos e uma leitura superficial destes; nos dizeres de Bardin (2010, p. 122) esta fase é chamada de “leitura flutuante” e é o primeiro contato do pesquisador com o material a ser analisado. Assim, faz-se necessário a constituição de um corpus.

47 O corpus de pesquisa constitui-se dos dados a serem analisados e que foram obtidos através de entrevistas, respostas à questionários, observações e documentos (BARDIN, 2010) e devem seguir algumas regras, a saber: a regra da exaustividade, a regra da representatividade e a regra da homogeneidade.

A regra da exaustividade, que consiste em considerar todos os elementos do corpus de pesquisa (FRANCO, 2007) como o próprio nome diz, é uma análise extensa e cansativa de todos os elementos que compõe o material a ser analisado e que colaborem para a solução do problema proposto pelo pesquisador. Segundo Bardin (2010), com a regra da representatividade, “a análise pode efetuar-se numa amostra desde que o material a isso se preste. A amostragem diz-se rigorosa se a amostra for uma parte representativa do universo inicial. Neste caso, os resultados obtidos para a amostra serão generalizados ao todo” (BARDIN, 2010, p. 123), porém, nem todo material é suscetível de generalizações.

A escolha do material a ser analisado deve obedecer a critérios precisos de escolha, que é a regra da homogeneidade. Assim, se for o caso de uma entrevista, todas as questões devem ser voltadas para o tema da pesquisa, como também a escolha da técnica de coleta e registro deve ser idêntica e os informantes devem ter características semelhantes e relevantes no que se refere ao tema de estudo (BARDIN, 2010).

A segunda e a terceira fase da organização da análise são a codificação, que consiste no tratamento do material (BARDIN, 2010), e a análise e categorização. “A categorização é uma operação de classificação de elementos constitutivos de um conjunto, por diferenciação seguida de um reagrupamento baseado em analogias, a partir de critérios definidos” (FRANCO, 2010, p. 59). Essa etapa é o ponto chave da análise de conteúdo. A elaboração das categorias é um processo lento que exige do pesquisador conhecimentos prévios sobre o assunto, paciência, muitas leituras e capacidade de interpretação e de síntese do material sob análise.

Assim, na nossa pesquisa optamos por fazer as transcrições na íntegra de todas as entrevistas e, durante esse processo, fizemos anotações sobre as nossas primeiras impressões de cada entrevista e depois analisamos os aspectos semelhantes e diferentes. Elaboramos dois tipos de quadros para facilitar os procedimentos de agrupamento de pré-análise. Um dos quadros corresponde às respostas na íntegra dos entrevistados, que serviu de indicadores para

48 a formulação das categorias; o outro quadro corresponde às categorias formuladas após várias leituras e interpretações dos dados. Para cada questão realizada durante a entrevista elaboramos os dois tipos de quadros. Cabe ressaltar que esse procedimento foi feito com as entrevistas dos mediadores do museu e com as entrevistas das professoras coordenadoras da exposição didática do museu.

Com os professores de Ciências utilizamos os dados das observações, das entrevistas e das respostas dos questionários e formulamos categorias que envolveram os dados obtidos com esses três instrumentos de pesquisa. Algumas questões das entrevistas foram analisadas conforme descrito acima, pois não tivemos condições de observá-los na prática pedagógica do professor.

As categorias elaboradas foram construídas após a coleta e análise dos dados. Segundo Franco (2007) essas categorias são denominadas categorias “a posteriori”, pois

Emergem da fala, do discurso, do conteúdo das respostas e implicam constante ida e volta do material de análise à teoria. Nesse processo, inicia- se pela descrição do significado e do sentido atribuído por parte dos respondentes, salientando-se todas as nuanças observadas. Prossegue-se com a classificação das convergências e respectivas divergências (FRANCO, 2007, p. 61).

Seguindo a proposta teórico-metodológica da análise de conteúdo, Bardin (2010) e Franco (2007) consideram que as categorias elaboradas devem seguir regras/princípios como 1) o da exclusão mútua, ou seja, os elementos que compõe uma categoria não podem pertencer a outras; 2) da pertinência, na qual a categoria elaborada está pertinente/adequada ao conteúdo e ao objetivo; 3) da objetividade e fidelidade/fidedignidade, que significa que os codificadores diferentes devem chegar a resultados iguais; 4) as categorias devem ser homogêneas e produtivas, ou seja, as categorias devem obedecer a critérios precisos de formulação e não apresentar singularidades exageradas, assim as categorias serão consideradas produtivas se levarem a conclusões e respostas pertinentes aos objetivos dos estudos, tendo como referencial os dados obtidos e tratados pelo pesquisador.

Os quadros referentes à análise dos dados desta pesquisa constam das categorias elaboradas e de valores absolutos usados para destacar as semelhanças e diferenças relacionados aos assuntos, temas e concepções citados pelos entrevistados. Após a

49 apresentação dos quadros foram redigidos textos explicativos e interpretativos sobre os assuntos abordados em cada quadro.

50 3 RESULTADOS E ANÁLISES

Esse item corresponde aos resultados obtidos com a pesquisa e as análises dos dados. O capítulo foi organizado de acordo com os objetivos propostos para o trabalho.

3.1 PERFIL PROFISSIONAL DOS PERSONAGENS DO MUSEU DE

Documentos relacionados