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3. METODOLOGIA

3.6. Instrumento de Recolha de Dados

Regra geral, os instrumentos de recolha de dados são instrumentos administrados para avaliar opiniões, percepções e atitudes, os quais podem apresentar diversas modalidades de perguntas, nomeadamente abertas ou fechadas. Quando o sujeito experimental pode responder livremente, embora no âmbito das perguntas previstas, diz-se que assumem a forma de questões abertas. Quando, pelo contrário, o inquirido tem que optar entre uma lista tipificada de respostas, as questões em causa dir-se-ão fechadas (Almeida e Pinto 1975: 105).

Segundo Tremblay, o instrumento de recolha de dados é considerado um instrumento de medição quantitativa, normalizado, calibrado e de duplo aspecto (Tremblay citado por Gomes, 2007). Como instrumento quantificador, descreve a influência das variáveis independentes sobre as dependentes; enquanto instrumento normalizado, requer uma total homogeneidade e uniformidade das perguntas de modo a possibilitar uma posterior análise comparativa das respostas com técnicas estatísticas; como instrumento calibrado, exige ensaios prévios com sujeitos de características idênticas à da amostra de modo a corrigir possíveis erros de conceituação e formulação das questões; por último, o questionário enquanto técnica de duplo, para além de possuir uma orientação prioritária ao estudo de grandes amostras, também permite quantificar unidades de observação simples (Gomes 2007).

24 O discurso usado para a realização do experimento pode ser consultado nos anexos deste trabalho.

25Aprendizagem acidental é a aprendizagem “ en la que el sujeto desconocía, durante la adquisición,

que iba a ser sometido a una prueba de memoria posterior (...) ” (Aparicio e Zaccagnini citados por Meirinhos, p.11).

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Assim, com o objectivo de descrever e verificar a influência da indumentária e da gesticulação sobre a credibilidade do comunicador optamos por realizar um instrumento de recolha de dados de perguntas fechadas com escalas do tipo diferencial semântico. O diferencial semântico, desenvolvido por Charles Osgood em 1957, é uma técnica utilizada para medir o significado que os participantes atribuem a um conceito, ou seja, permite medir as atitudes do sujeito relativamente a um determinado fenómeno. Na visão de Rose e Bartoloti, este instrumento permite ainda “registrar, quantificar ou comparar o significado de um ou de vários conceitos, para um ou vários indivíduos, em uma ou várias situações” (Rose e Batoloti 2007: 88). Este modelo de recolha de dados é constituído por um conjunto de escalas bipolares de sete intervalos de dois objectivos opostos. Por sua vez, cada escala possui um

continuum de positividade e negatividade, que aumenta à medida que se aproxima das

extremidades, bem como um ponto neutro, que indica que o conceito a medir está igualmente relacionado com os dois adjectivos, ou então que a escala não possui qualquer relação com o estímulo em questão (Salor, p.11).

O instrumento de recolha de dados é formado por quatro questões, cujas respostas permitem a verificação das hipóteses de trabalho. As questões assentam na utilização de escalas bipolares, onde foi solicitado aos participantes que, do conjunto de adjectivos opostos, assinalassem um grau (entre 3 e -3) correspondente a um diferencial semântico de sete possibilidades de resposta, em que os valores 1, 2 e 3 representam atitudes favoráveis, 0 é o ponto neutro e as pontuações -1, -2, -3 indicam atitudes desfavoráveis (Ver Anexo 2).

As questões iniciais são de carácter demográfico e visam saber o género, idade, o curso que os alunos frequentam na UTAD, bem como o ano que frequentam; As restantes são do tipo diferencial semântico.

A questão um é constituída por 10 pares de adjectivos opostos e visa aferir as atitudes dos sujeitos em relação à indumentária. A questão dois é constituída por 14 pares de adjectivos bipolares e tem como objectivo aferir as atitudes dos participantes em relação à gesticulação. Por sua vez, as questões três e quatro têm como objectivo aferir as atitudes dos participantes relativamente à imagem transmitida tanto pela

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indumentária (questão três, constituída por 13 pares de adjectivos), como pela gesticulação (questão quatro, constituída por 12 pares de adjectivos).

Através de uma análise individual e conjunta das variáveis, poderemos verificar em que medida estas influenciam e determinam a credibilidade do comunicador.

O somatório das pontuações do sujeito experimental permite-nos averiguar o valor individual das suas apreciações entrando em linha de conta com os níveis apriorísticos da combinatória das variáveis independentes a que foi submetido em contexto experimental.

No âmbito desta investigação, consideramos como efeito positivo, negativo ou neutro o somatório das pontuações individuais que estejam compreendidas entre os valores apresentados na tabela 11.

Diferenciais semânticos Efeito positivo individual Efeito neutro individual Efeito negativo individual 1. Avaliação individual: Indumentária Entre [10 e 30] Entre [9 e -9] Entre [-10 e -30] 2. Avaliação individual: Gesticulação Entre [14 e 42] Entre [13 e -13] Entre [-14 e -42]

3. Avaliação conjunta: Imagem transmitida pela indumentária Entre [13 e 39] Entre [12 e -12] Entre [-13 e -39]

4. Avaliação conjunta: Imagem transmitida pela gesticulação

Entre [12 e 36] Entre [11 e -11] Entre [-12 e -36] Tabela 12: Intervalos definidores dos efeitos por sujeito experimental

© Elaboração própria

A banda de variação das pontuações colectivas permite conformar um valor holístico por grupo experimental, que nos vai permitir distinguir o valor da combinatória dos níveis das variáveis independentes (às quais foram submetidas os diferentes grupos experimentais). Os valores apurados na tabela abaixo foram obtidos pela multiplicação dos valores da banda de variação de cada efeito pelo número de sujeitos presentes em cada grupo independente (10 sujeitos).

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Diferenciais semânticos Efeito positivo colectivo Efeito neutro colectivo Efeito negativo colectivo 1. Avaliação individual: Indumentária Entre [100 e 300] *[95 e 99] Entre [90 e -90] *[91 e 99] Entre [-100 e -300] *[-95 e -99] 2. Avaliação individual: Gesticulação Entre [140 e 420] *[135 e 139] Entre [130 e -130] *[131 e 139] Entre [- 140 e -420] *[-135 e -139]

3. Avaliação conjunta: Imagem transmitida pela indumentária Entre [130 e 390] *[125 e 129] Entre [120 e -120] *[121 e 129] Entre [-130 e -390] *[-125 e -129]

4. Avaliação conjunta: Imagem transmitida pela gesticulação

Entre [120 e 360] *[115 e 119] Entre [110 e -110] *[111 e 119] Entre [-120 e -360] *[-115 e -119] Tabela 12: Intervalos definidores dos efeitos colectivos

© Elaboração própria

*Por se verificar um “buraco” na banda de variação tivemos que alargar os intervalos definidores dos efeitos

Por outro lado, e na apreciação dos valores numa perspectiva mais minuciosa, iremos apurar valores para cada um dos grupos e para cada um dos pares de adjectivos opostos (ver ilustração 8). Este apuramento permitir-nos-á conhecer os pares de adjectivos que mais contribuíram para cada um dos efeitos previstos. Ainda neste sentido, e depois de termos seleccionado um conjunto de pares que nos merecem mais atenção por causa dos valores apurados, calcularemos a média, a moda e o desvio padrão, na perspectiva de perceber a importância desses pares, bem como as suas respectivas especificidades/ características intrínsecas.

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Com o objectivo de avaliar a eficácia e pertinência do instrumento de recolha de dados, realizou-se um pré-teste a quatro grupos independentes formados por três sujeitos cada um. Cada grupo visionou um vídeo elucidativo a um tratamento experimental e de seguida solicitou-se-lhes que respondessem ao questionário tipo. Segundo Fortin, o pré-teste é uma etapa indispensável e extremamente importante pois permite corrigir ou modificar os instrumentos de colheita de dados, resolver imprevistos e verificar a redacção e ordem das questões formuladas (Fortin 1999: 253). O pré-teste é, assim, um exercício preliminar que visa determinar se as questões foram elaboradas com clareza, imparcialidade e se é susceptível de gerar as informações desejadas para a investigação. Nesta prova “preliminar” podemos constatar que tanto as questões como os conceitos foram claramente compreendidos, não havendo necessidade de alterar a forma e estrutura do instrumento de recolha de dados.

Ilustração 8: Apreciação de valores por grupo e por par de adjectivos opostos © Elaboração própria

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