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5 METODOLOGIA

5.3 INSTRUMENTOS

González Rey (2010, p. 42) afirma que os instrumentos “[...] representam uma via legítima para estimular a reflexão e a construção do sujeito a partir de perspectivas diversas que podem facilitar uma informação mais complexa e comprometida com o que estudamos”. Ele define o instrumento como toda situação ou recurso que permita ao outro expressar-se no contexto de relação que caracteriza a pesquisa, servindo tão somente como fonte de informação e meio que envolve as pessoas emocionalmente, facilitando, assim, a expressão de sentidos subjetivos.

Nesse sentido, os instrumentos não são meios para chegar a conclusões, mas recursos de informação que permitem o desenvolvimento de hipóteses por parte do pesquisador, sendo, portanto, uma ferramenta interativa e suscetível de multiplicidade de usos dentro do processo investigativo (GONZÁLEZ REY, 2011).

González Rey (2011) ainda afirma que o caráter aberto e a multiplicidade dos instrumentos ajudam a enfrentar a reação do participante frente à pesquisa, e também permitem o uso de indicadores indiretos e implícitos na expressão do sujeito. Pois, de um modo geral, instrumentos diferentes permitem descentrar o sujeito dos sentidos subjetivos manifestados diante de cada instrumento. Portanto, novos momentos de produção de sentido incentivam o desenvolvimento de novas informações, em um processo que tende ao infinito.

Para este estudo, foram utilizados três instrumentos: 1. análise documental; 2. roteiro semiestruturado de entrevista; 3. conversação. Esta estratégia baseou-se na possibilidade de identificar a concepção dos profissionais de saúde sobre a atenção integral à saúde da criança a partir de diferentes aspectos.

5.3.1 Análise Documental

O objetivo de se incluir esse instrumento na pesquisa foi identificar a descrição das atribuições requeridas dos profissionais de saúde pelo serviço médico onde foi realizada a pesquisa, além de buscar compreender qual a visão do referido serviço sobre a atenção integral. Para tanto, foram considerados como documentos selecionados os editais dos concursos públicos com a descrição dos cargos e os documentos referentes às atividades

pertinentes a cada profissional participante da pesquisa elaboradas pelo serviço médico.

5.3.2 Roteiro Semiestruturado da Entrevista

O roteiro baseado em questões, de acordo com Manzini (2004), permite a análise das perguntas e serve como treino simbólico antes da coleta, no intuito de saber sobre o tipo de pergunta que é possível apresentar ao informante durante a entrevista e verificar a presença de imperfeições do roteiro e das perguntas. Segundo o autor, o entrevistador não deve deixar-se aprisionar pelas perguntas elaboradas antecipadamente à coleta, mas deve utilizá-las como norteadoras do objetivo a ser alcançado, estando livre para fazer outras indagações, no intuito de compreensão da informação que está sendo dada. Deve o entrevistador, ainda, permanecer atento à entrevista, conduzindo a discussão para o assunto que o interessa, fazendo perguntas adicionais ou reconduzindo ao tema no caso de o informante fugir ao mesmo ou apresentar dificuldades com o assunto.

De acordo com Boni e Quaresma (2005), utiliza-se essa modalidade de instrumento quando se objetiva delimitar o volume das informações, proporcionando um direcionamento maior para o tema de estudo e levando à aquisição dos objetivos da pesquisa.

Para Schraiber (1995), o roteiro assume o papel de guia da narrativa, sendo utilizado para orientar o pesquisador na condução de temas relevantes do relato, constituindo apoio ao trabalho da reflexão e memória auxiliar. É utilizado respeitando-se a dinâmica que o entrevistado dá à narrativa e à sequência das questões que o relato produz. E, segundo a autora, mesmo que o pesquisador já domine questões da história que indaga e muito embora cada participante já tenha para si uma história guardada, por ocasião da entrevista, como retomada deliberada e provocada dessa história, ela será efetivamente refeita: pelo entrevistado, através de associações, repetições ou desqualificações de ideias cujos nexos se constroem no presente da entrevista; pelo pesquisador, na dinâmica do relato - pelos fatos que este traz e em seus encadeamentos, totalmente originais, na narrativa.

Neste estudo foi utilizado um roteiro de entrevista (APÊNDICE A), conduzido de forma semidirigida, contendo dados sociodemográficos dos participantes e questões relacionadas aos objetivos da pesquisa. O roteiro foi organizado a partir de perguntas abertas, as quais foram acrescidas por outros questionamentos, relacionadas ao tema do estudo, ao longo da entrevista.

dos sentidos subjetivos sobre a atenção integral à criança para os profissionais de saúde escolhidos, a fim de que estes pudessem subsidiar a análise proposta. Além disso, tivemos como objetivo verificar o conhecimento dos profissionais de saúde acerca deste modelo de atenção à saúde, bem como compreender como se dá o conhecer e o aplicar deste modelo na prática profissional dos entrevistados.

5.3.3 Conversação (situações de diálogos ou sistemas conversacionais) Segundo González Rey (2011b, p. 91),

A pesquisa gera diálogos formais e informais, entre o pesquisador e os participantes e entre os próprios participantes, os quais adquirem grande importância porque são parte essencial do processo de pesquisa […] neles se desenvolve a identificação dos participantes com o problema, assim como a identificação deles com o grupo. Esses processos são específicos das pesquisas com seres humanos e são condição para a qualidade da informação.

Diferentemente da entrevista, a conversação permite sucessivas aproximações com o participante da pesquisa, sem a necessidade de haver uma construção de questões definidas a priori. Tópicos gerais são sugeridos pelo pesquisador e o participante vai se envolvendo e refletindo sobre o mesmo. O pesquisador tem participação ativa na conversação e pode acompanhar as reflexões do participante e seus diferentes desdobramentos (GONZÁLEZ REY, 2011a).

O objetivo da conversação, segundo González Rey (2011a), é transcender as respostas intencionais e racionais dos participantes, evitando, assim, as expressões estereotipadas dos mesmos, além da promoção de espaços de reflexão dos participantes entre si e entre eles e o pesquisador, uma vez que os sentidos subjetivos não aparecem no dizer e sim na construção mais geral da expressão das pessoas, uma vez que a qualidade das informações que nos interessam neste tipo de pesquisa é representada pela espontaneidade, refletividade e o envolvimento afetivo.

Na presente pesquisa foram consideradas conversações todos os diálogos realizados com os participantes durante o período de coleta de dados. Os diálogos contribuíram para que os participantes se expressassem livremente sobre o tema proposto e contribuíram para dar resposta aos objetivos da pesquisa.

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