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4 INVESTIGAÇÃO EMPÍRICA A METODOLOGIA

4.5 PROCEDIMENTOS DE COLETA DOS DADOS

4.5.1 Instrumentos de Coleta de Dados

A pesquisa utilizou um questionário, contendo variáveis sóciodemográficas, socioeconômicas, aspectos relacionados à saúde autorreferida e clínica. (Apêndice A). Além do Mini Exame do Estado Mental (Anexo A); da Escala Verbal Numérica (EVN), para dor presente no Apêndice A; da Palliative Performance Scale (PPS), (Anexo B); da Escala de Barthel (Anexo C) e um roteiro para a observação direta e entrevista, contendo questões referentes aos objetivos da pesquisa, (Apêndice C).

Escala de Avaliação Cognitiva – Mini Exame do Estado Mental (MEEM)

Para a avaliação cognitiva dos pacientes deste estudo, foi aplicado o Mini Exame do Estado Mental (MEEM), desenvolvido em 1975, por Folstein et al e publicada sua primeira versão, no Brasil, em 1994, por Bertolucci et al. (Anexo A). Trata-se de um instrumento para rastreio rápido, amplamente utilizado pela sua validade, confiabilidade e rendimento diagnóstico, em diversos meios. (PAREJA et al, 2008, p.138). Esse exame contém questões, que analisam: orientação temporal e espacial; memória de curto prazo (imediata ou atenção) e evocação, cálculo, praxia, e habilidades de linguagem e viso-espacial. Apresenta uma pontuação máxima de 30 pontos, entretanto, seu resultado deve ser interpretado de acordo com o grau de escolaridade do idoso, pois a presença de atividades como cálculo de subtração; escrita de uma frase e leitura de um comando reduz a chance de pessoas não alfabetizadas realizarem-no adequadamente.

Desse modo, foram incluídos no estudo, idosos que obtiveram, nesse exame, pontuação acima de 24 pontos, quando havia cursado o segundo grau completo ou incompleto; acima de 18 pontos, quando cursado o primeiro grau completo ou incompleto e acima de 13 pontos, quando não alfabetizadas. (BERTOLUCCI et al, 1994).

Escala de Avaliação de Intensidade da Dor

Para avaliação da dor, utilizou-se a Escala Verbal Numérica (EVN), que é um instrumento amplamente aceito na comunidade científica, e tem por objetivo mensurar unidimensionalmente a dor, em pacientes que estão com a comunicação preservada. Essa escala verifica apenas a intensidade da dor, usando números. Possui, geralmente, 11 pontos onde “0” (zero) indica ausência de dor e “10” (dez) a pior dor possível.

Assim como a EVN, outras escalas unidimensionais podem ser usualmente aplicadas a pessoas idosas para avaliação da dor, a exemplo da Escala Visual Analógica (EVA), a Escala de Descritor Verbal (EDV) e a Escala de Fácies (EF).

Durante o período de aproximação com o campo, realizou-se projeto piloto, com o objetivo de identificar a escala de dor que melhor se adequava ao perfil dos participantes da pesquisa. Assim, identificaram-se, inicialmente, quatro pacientes idosos que tinham o perfil estabelecido para os critérios de inclusão. Antes e após a realização de cada sessão musical foi aplicado a EVN, a EVA, a EDV e a EF e, antecipadamente a cada sessão, foi fornecida explicação sobre a utilização dessas escalas.

Cada sessão musical foi composta por três musicas clássicas, com tempo total de escuta de 11 minutos e 38 segundos. As músicas utilizadas foram: Primavera, das Quatro Estações, de Antônio Lucio Vivaldi34 (1678-1741); Canon em Ré Maior, de Johann Christoph Pachelbel35 (1653-1706), e Jesus, Alegria dos Homens, de Johann Sebastian Bach36 (1685- 1750).

Observou-se que dois dos pacientes não conseguiram marcar a EVA, por causa da redução da força muscular e edema dos membros superiores, elegendo a Escala Numérica e de Fácies, como aquelas mais acessíveis. Desse modo, a maioria dos pacientes conseguiu responder as três escalas (Escala Descritor Verbal; Escala Verbal Numérica e Escala de Fácies, demonstrando, contudo, dificuldade na Escala Descritor Verbal).

Ao final, escolheu-se a EVN para ser empregada na pesquisa, em concordância com os estudos de Herr e Garand (2011), que em estudo experimental, com 175 pessoas idosas e adultas, o qual teve por objetivo comparar a sensibilidade e utilidade de cinco escalas de avaliação da dor, concluíram que a EVN apresentou melhor resultado, porque obteve maior pontuação, em relação à preferência e sensibilidade à mudança na sensação da dor.

Assim, a EVN pode ser utilizada de forma confiável, tanto para comparar a intensidade da dor na mesma pessoa, ao longo do tratamento, quanto em grupos que receberam tratamento diferente. Ainda, diversos autores corroboram que a escala é de fácil aplicação, alta precisão e alta sensibilidade a pequenas variações de dor e, por isso, vem sendo bastante utilizada. (BACCI, 2004; HERR; GARAND, 2001).

34 Antônio Lucio Vivaldi, compositor e talentoso violinista italiano do estilo barroco tardio.

35 Johann Christoph Pachelbel, músico, organista, professor e compositor alemão do estilo barroco. A música

Canon em Ré Maior foi uma das célebres composições deste músico.

36Johann Sebastian Bach, compositor alemão, cantor, maestro, professor, organista, cravista, violista e violinista

Os idosos em cuidados paliativos não manifestam apenas dor crônica, mas a dor aguda também está presente. Assim, a utilização da EVN permite a verificação da dor mista e, por isso, ela foi utilizada, nesta pesquisa.

Escala de Avaliação do Grau de Dependência

A Escala de Performance Paliativa (PPS), (Anexo B), costuma ser o instrumento escolhido para medir a condição clínica do paciente, ela foi desenvolvida em 1996, pelo Victoria Hospice, no Canadá, com base no Karnosfky37

e adaptada aos Cuidados Paliativos. Em 2002, ocorreu o aperfeiçoamento da escala, quando foi adicionado texto de instruções e definições. A escala possui 11 níveis de performance, de 0 a 100, divididos em intervalos de 10 e sem valores intermediários. A PPS pode ser utilizada a nível domiciliar, ambulatorial e hospitalar.

Quanto a Escala de Barthel, (Anexo C), ela foi outro instrumento construído para avaliar a capacidade funcional da pessoa idosa, por meio de dez Atividades de Vida Diária (AVD‟S). Cada um desses dez elementos (alimentação, banho, vestuário, higiene pessoal, eliminações intestinais, eliminações vesicais, uso do vaso sanitário, passagem cadeira-cama, deambulação e escadas), encontrados na escala é observado pelo profissional, com a ajuda do cuidador principal, sendo pontuada, conforme o desempenho do idoso em desenvolver as atividades de forma independente, com ajuda ou de forma dependente. Ao final, é atribuída uma pontuação total, de acordo com somatória de cada tarefa realizada pela pessoa idosa, considerando o tempo de execução e a assistência necessária. (CABARCOS-CAZÓN, 2003).

Destaca-se que as condições ambientais interferem no Índice de Barthel, e os requisitos ambientais especiais devem acompanhar o índice de cada paciente, a exemplo de, barras para segurar, no banheiro; rampa, ao invés de escada; cadeira de rodas e cômodos no mesmo nível.

Roteiro de Entrevista e Observação Participante

A entrevista tem por objetivo conhecer a perspectiva dos colaboradores estudados, compreender sua categoria mental, suas interpretações, percepções e sentimentos e, os

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A escala de desempenho físico de Karnosfky foi inicialmente desenvolvida para avaliar a capacidade física em pacientes oncológicos. Atualmente, tem sido aplicada para a avaliação de outras doenças não transmissíveis e incapacitantes.

motivos dos seus atos. Corbetta (2007, p.344) afirma que a entrevista qualitativa é como uma conversação agendada, provocada e guiada pelo entrevistador, realizada com sujeitos selecionados, através de critérios de inclusão e exclusão, com número considerável, com representatividade substancial e capaz de cobrir as exigências de situações sociais de interesse para a pesquisa, devendo, também, os sujeitos apresentarem bom grau cognitivo, a fim de responder a um esquema de perguntas flexíveis.

Nesta investigação, optou-se pela entrevista semiestruturada, guiada por um roteiro, (Apêndice C), contendo temas determinados anteriormente e apresentados em forma de perguntas, de caráter geral. Todavia, elas foram expostas em uma conversação pessoal e no estilo próprio do investigador, após cada sessão musical.

A observação participante, que também foi utilizada, busca a intervenção direta do investigador ao objeto do estudo, devendo adentrar no contexto social, que se quer estudar, de forma direta, durante um tempo relativamente grande, no meio natural dos sujeitos, estabelecendo interação pessoal com os sujeitos, descrevendo suas ações e compreendendo, através de um processo de identificação, as motivações do grupo. (CORBETTA, 2007).

A observação participante é uma técnica difícil de codificar e explicar, já que se trata de uma experiência mais que um conjunto de procedimentos coordenados, cujo progresso depende basicamente da complexa interação que se estabelece entre o problema estudado, o sujeito que estuda e os sujeitos estudados. (CORBETTA, 2007 p. 307).

Para aplicação desse método, é relevante que haja um roteiro que possibilite a organização do que deve ser observado como, por exemplo, o contexto físico, o contexto social, as interações formais e informais, como também as interpretações dos atores sociais. (CORBETTA, 2007).

Desse modo, o roteiro utilizado nesta investigação contemplou a observação e impressão do comportamento do idoso, como faces; postura/posicionamento; sons emitidos e movimentos antes, durante e após cada sessão musical, como também, o ambiente físico e pessoal (acompanhante, visita, outros pacientes e profissionais), onde ocorreu a escuta musical.

Nessa perspectiva, buscou-se utilizar as notas de campo. De modo a valorizar a interação entre o observador e a realidade a ser observada, através da descrição das ações, acontecimentos, lugares e pessoas, além da interpretação do pesquisador, registrando suas impressões, reflexões e ações.