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5 PASSOS METODOLÓGICOS

5.6 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

A coleta de dados foi realizada a partir de duas ferramentas principais, a saber: questionários para entrevistas semiestruturadas e narrativas, bem como questionários objetivos sobre incidentes de violência na escola e desenvolvimento emocional dos alunos. Estes últimos visaram a fins quantitativos e interpretativos, conforme descreveremos a seguir.

Tais instrumentos facilitaram a discussão sobre a abordagem quantitativa e qualitativa da temática, objeto de estudo, e foram escolhidos com o intuito de fornecer informações com perspectivas diferentes e complementares do ponto de vista científico.

5.6.1 Entrevistas semiestruturadas e narrativas

A elaboração de uma entrevista semiestruturada foi instrumento que consideramos, ao longo da pesquisa, fundamental, pois possibilitou diálogo com objetivos definidos e conduziu de forma flexível a coleta de informações advindas do discurso do entrevistado. Como nos afirmam Bogdan e Biklen (1994), a entrevista caracteriza-se como um eixo norteador para o pesquisador.

Desse modo, os questionários de entrevistas facilitaram o acesso à comunicação de alguns relatos, que foram transformados em experiências e organizados de forma direta, com o propósito de instrumentalizar a investigação através de informações propiciadas pelo entrevistado.

5.6.2 Roteiro de entrevista com os professores

Nesta investigação, fizemos uso de algumas reflexões com os participantes tutores e com um diretor escolar, a fim de averiguarmos a apropriação das atividades dos alunos e dos próprios tutores, como organizadores das situações que surgiram no desenvolvimento das atividades.

Abaixo, relacionamos as questões norteadoras das entrevistas:

(1) As atividades do Programa de educação emocional para a prevenção da violência

(2) Houve dificuldade na realização das atividades? (3) Se sim, em que sentido? Se não, em que sentido?

(4) Foi um desafio aceitar vivenciar o Programa e incluí-lo em sua vivência junto aos

alunos?

(5) Em sua opinião, o que poderia ser aprimorado?

(6) Você se sentiu, em algum momento, intimidado frente às atividades propostas pelo

Programa?

(7) Algo das atividades do Programa foi importante para a sua vida pessoal e/ou

profissional?

(8) Você sentiu alguma mudança na relação dos estudantes com você e/ou entre eles,

atribuiria às lições que foram realizadas?

(9) Em relação às lições, qual foi o momento de que mais gostou e o de que menos

gostou? Justifique.

(10) No sentido mais amplo, em sua opinião, atividades dessa natureza são significativas

para o contexto escolar na adolescência?

Tais questões foram elaboradas com o propósito de discorrer sobre o tema da investigação e compreender a realidade que fora vivida de forma particular e a partir desse dado despertar autorreflexão, através da expressão verbal proferida por cada entrevistado.

Nesse sentido, entrevistados e entrevistador constroem processos de comunicação e compartilham expectativas e valores na relação interpessoal e grupal.

5.6.3 Descrição geral dos questionários para os alunos

Sobre os questionários, descrevê-los-emos brevemente, pois serão detalhados no capítulo referente à análise estatística.

Em nossa investigação, houve adaptação dos questionários originais, com o propósito de tornar mais clara a exposição dos itens. Nesse contexto, utilizamos dois tipos de questionários; um deles foi desenvolvido tendo como objetivo a expressão dos alunos em relação à percepção do nível de violência presente no contexto escolar. Esse instrumento está sendo denominado Questionário sobre Incidentes na

Escola (APÊNDICE A). O outro tem a finalidade de avaliar as categorias que dizem

habilidades sociais, e está sendo denominado Questionário de Educação Emocional (APÊNDICE B).

A estrutura do primeiro questionário é composta dos seguintes dados: no primeiro momento, uma breve apresentação sobre a pesquisa; em seguida, uma chamada em relação a eventos que denotam situações conflituosas que ocorrem com alguns estudantes na escol; logo depois, a caracterização do sujeito pesquisado: idade, sexo, ano e turma de estudo. Ao lado dessa caracterização, data da realização da aplicação do questionário. Esse formulário se subdivide em três partes (A1, A2 e B) e avalia a frequência com que ocorrem cenas de violência na escola.

A parte A1 é formada por 14 questões, considerando a percepção do estudante em relação à frequência de eventos de violência no contexto escolar e tendo em vista os últimos seis meses, devido à possibilidade de identificar os eventos desde o início do período letivo. Na parte A2, também formada por 14 questões, em cada uma das alternativas, as respostas ficaram condicionadas a S (sim), N (não) ou NP (não percebi) isto é, na parte A2, o estudante responde (S), significando sim, se sofreu algum tipo de violência; (N) se não sofreu ou (NP) se não

percebeu a violência. Para cada uma das alternativas apresentadas, ele assinalará

(se sofreu, se presenciou, se participou) durante os últimos seis meses também. Ajustes que consideramos importantes para a melhor compreensão da questão apresentada

.

Na parte B, por sua vez, ainda no formulário de Incidentes na Escola, houve uma adaptação do Questionário: sobre Preconcepciones de Intimidación y

Maltrato Entre Iguales − PRECONCIMEI − de Avilés (2002), formado por 4 questões

de múltiplas alternativas.

O segundo questionário de desenvolvimento emocional também é composto pelos seguintes dados dos participantes: idade, sexo, ano e turma. O questionário constitui-se de uma escala tipo Lickert de cinco pontos. Alguns itens (questões) deste questionário foram redigidos de forma oposta à expressão do conceito a ser aferido, de forma que sua pontuação se estabelece na ordem inversa aos itens que expressam afirmativamente o conceito em pauta. Em vista desta realidade, foi necessário fazer algumas modificações na classificação por ocasião das operações estatísticas, bem como, por questões teóricas. Este Questionário de Educação Emocional (Blasco Guiral et al, 2002) foi em sua origem desenvolvido com 25 itens,

como já mencionado, e estruturado a partir das categorias defendidas pelo PEEPV. Em nossa adaptação, o questionário passou a se constituir de 40 perguntas; acrescentamos e adaptamos para cada categoria cerca de 2 itens, com o propósito de ampliarmos o número de reflexões sobre os componentes já referidos do PEEPV e obtermos mais dados que revelassem a expressão dessas categorias/componentes pelos estudantes.

Desse modo, na abordagem quantitativa, buscamos encontrar referências que demonstram indicadores e tendências observáveis, diferentemente da abordagem qualitativa, em que as informações se caracterizaram pelas expressões verbais dos sujeitos sobre valores, crenças, atitudes e opiniões, conforme Minayo e Sanches (1993).

Nesse contexto, seguiremos caracterizando a pesquisa, as atividades que foram realizadas e os procedimentos como um todo adotados.