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Instrumentos de pesquisa e definição dos sujeitos e da amostra

No documento mariadejesusgasparleite (páginas 47-50)

3 CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS ACERCA DA REPROVAÇÃO ESCOLAR E

3.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA

3.2.1 Instrumentos de pesquisa e definição dos sujeitos e da amostra

Optou-se por realizar uma pesquisa amostral, tendo sido selecionadas duas escolas de cada núcleo6, sendo uma com maior índice de reprovação e a outra com menor taxa de

reprovação, totalizando quatorze escolas investigadas nos 7 núcleos existentes, conforme demostra a tabela 4. Participaram da pesquisa 25 professores, 13 coordenadores pedagógicos e 312 estudantes matriculados no 7º ano do ensino fundamental em 2019, distribuídos em turmas com o maior número de estudantes repetentes, totalizando 14 turmas.

Tabela 4 - Escolas por taxa de reprovação no 7º ano – Rede Municipal de São Luís (2018)

Fonte: Censo Escolar 2018 (SÃO LUIS, 2019b).

6 A SEMED denomina núcleo o conjunto de escolas agrupadas em uma determinada área geográfica para facilitar o acompanhamento e monitoramento das instituições de ensino, pelos setores ligados ao ensino.

ESCOLAS POR TAXA DE REPROVAÇÃO

NÚCLEO ESCOLA TAXA

REPROVAÇÃO MATRÍCULA NÚMERO DE REPROVADOS MAIORES TAXAS ANIL A 1 28,6 36 10 CENTRO A 2 35,4 48 17 CIDADE OPERÁRIA A 3 41,1 91 37 COROADINHO A 4 40,0 25 10 ITAQUI- BACANGA A 5 41,3 98 40 RURAL A 6 36,6 48 18 TURU- BEQUIMÃO A 7 36,2 61 22 MENORES TAXAS ANIL B 1 0,9 107 1 CENTRO B 2 1,1 96 1 CIDADE OPERÁRIA B 3 3,5 89 3 COROADINHO B 4 5,0 46 1 ITAQUI- BACANGA B 5 7,0 142 9 RURAL B 6 0,0 31 0 TURU- BEQUIMÃO B 7 1,6 64 1

Observa-se, nos dados demonstrados na Tabela 4, que, nas escolas do grupo A o índice de reprovação é muito elevado, uma vez que o menor índice (28,6%) representa mais de um quarto dos estudantes reprovados, chegando-se a obter não aprovação de quase metade dos estudantes em escola com 41,3% de reprovação. Essa realidade é desafiadora, pois almeja-se que todos os estudantes aprendam e tenham sucesso, independente da sua condição socioeconômica e do acompanhamento das famílias, entendendo-se ser necessário substituir a cultura da reprovação pela cultura do sucesso escolar. Esses fatores e outros influenciam na definição do modo de ensinar e no tempo que o estudante leva para aprender, mas não necessariamente impedem a aprendizagem. Afinal, a escola é a instituição responsável por socializar o conhecimento sistematizado, e o professor é o profissional responsável por saber como se aprende.

Continuando a observação da tabela 4, verifica-se que ela apresenta, também, escolas cujas taxas de reprovação foram as menores de cada núcleo, no ano de 2018. É válido ressaltar que em uma escola da zona rural, todos os estudantes foram aprovados, e a escola que mais reprovou está localizada no núcleo Itaqui-Bacanga, chegando a reter 7% de seus estudantes. Ou seja, dos 142 estudantes ali matriculados, apenas 9 não conseguiram ser aprovados.

Assim, também, se buscou estudar as escolas com menor índice de reprovação, na perspectiva de identificar dados favoráveis ao processo de aprendizagem que possam ser disponibilizados à rede de escolas como um todo, de modo a ampliar as experiências de sucesso entre as escolas. Asseveram Tavares Júnior e Neubert (2018), ao citarem Lück (2009, p.32), que, “provavelmente, boa parte da melhoria da qualidade da educação é decorrência de boas práticas: experiências de sucesso, iniciativas inovadoras e que alcançam melhores resultados [...]”.

Dessa forma, os sujeitos da pesquisa foram professores, coordenadores pedagógicos e estudantes matriculados no 7º ano, no ano de 2019, entendendo serem esses os sujeitos da escola mais diretamente envolvidos com o processo de ensino e aprendizagem. Portanto, são eles que podem auxiliar nesta pesquisa para a compreensão dos possíveis fatores que contribuem para o elevado índice de reprovação na rede de escolas municipais de São Luís e para que esses dados possam auxiliar na construção de um plano de ação educacional que contribuirá com a mitigação do fenômeno da reprovação entre as escolas municipais.

Utilizou-se, como instrumentos de coleta de dados, o questionário com questões abertas e fechadas de múltiplas escolhas, aplicados aos estudantes, e entrevista estruturada, utilizando o recurso da gravação, realizada junto a 2 (dois) professores de cada escola, sendo um de Língua Portuguesa e outro de Matemática, e junto a um coordenador pedagógico. A opção por

questionários se justificou em função de se buscar apreender a percepção de um número significativo de estudantes envolvidos, além de otimizar o tempo previsto para conclusão da pesquisa, necessitando o cumprimento de todas as etapas relativas a um estudo empírico.

O questionário e o roteiro da entrevista foram construídos a partir de uma composição de outros já testados por diferentes pesquisadores7, sendo as questões organizadas em oito

blocos, que buscam conhecer a realidade do contexto escolar, tais como: identificação do aluno; relação dele com sua família e as condições de sua casa; trajetória escolar; avaliação da escola; sala de aula; professores; uso do tempo e hábitos e preferência de leitura.

Optou-se por utilizar entrevista estruturada junto ao coordenador pedagógico e professores para permitir a expressão de ideias, sentimentos e propostas que possam contribuir com os resultados da pesquisa da forma mais fidedigna possível. O coordenador pedagógico é a liderança escolar que mobiliza o processo de ensino e aprendizagem da escola. Portanto, tornou-se imprescindível incluí-lo entre os sujeitos integrantes da investigação. Da mesma forma, entende-se ser o professor o principal mediador da aprendizagem dos estudantes no espaço da sala de aula, justificando-se a opção de ouvi-lo, na tentativa de identificar, com mais precisão, os motivos da não aprendizagem e da reprovação de parte dos estudantes.

Vale ressaltar que, conforme orientações da Secretaria Municipal de Educação, o gestor escolar assume o papel de coordenador pedagógico, quando não existe na escola o profissional específico ocupando esse cargo, competindo a ele a responsabilidade de liderar todo o processo de ensino e aprendizagem da unidade de ensino, respondendo à entrevista destinada ao coordenador.

Os estudantes representam sujeitos principais de todo o estudo. Portanto, houve necessidade de oportunizar aos mesmos a expressão da sua opinião com relação à escola e suas condições socioculturais e econômicas. Previamente ao momento de aplicação do questionário, obteve-se o consentimento dos pais para que pudessem respondê-lo.

Utilizou-se a pesquisa documental para levantar informações e dados estatísticos sobre o fenômeno em estudo, em conjunto com a coleta de informações dos boletins da avaliação contextual aplicada no ano de 2018 pelo SIMAE. Por meio de tais elementos, procurou-se relacionar as características internas da escola ao processo de ensino e aprendizagem, identificando fatores que possivelmente contribuem com o baixo desempenho do estudante e

7 Um desses estudos foi a dissertação elaborada pela pesquisadora Valdezita Paula Lopes Barbosa,

intitulada “Os desafios para superação das reprovações no 1oano do Ensino Médio: um estudo de caso sobre a Escola Estadual Senador Levindo Coelho em Ubá, Minas Gerais”, defendida em 2018 e que se encontra no prelo.

da escola. Ademais, recorreu-se também ao estudo da Sistemática de Avaliação e do Regimento Escolar e aos documentos oficiais da SEMED. No entendimento de Godoy (1995, p. 25) “[...] a análise documental pode ser utilizada também como uma técnica complementar, validando e aprofundando dados obtidos por meio de entrevistas, questionários e observação.”.

Desse modo, a utilização de várias fontes de dados, denominada de triangulação metodológica, é considerada importante na obtenção de evidências, possibilitando a análise em conjunto dos dados. “Assim, qualquer descoberta ou conclusão em um estudo de caso provavelmente será muito mais convincente e acurada se se basear em várias fontes distintas de informação, obedecendo a um estilo corroborativo de pesquisa” (YIN, 2001, p.121).

No documento mariadejesusgasparleite (páginas 47-50)