• Nenhum resultado encontrado

A REALIDADE DO ENSINO FUNDAMENTAL NO ESTADO DO MARANHÃO

No documento mariadejesusgasparleite (páginas 30-32)

2 O FLUXO ESCOLAR DO ENSINO FUNDAMENTAL E OS

2.2 A REALIDADE DO ENSINO FUNDAMENTAL NO ESTADO DO MARANHÃO

Esta seção dedica-se a situar o Estado do Maranhão no contexto da educação brasileira, recorrendo-se às informações contidas inicialmente no Plano Estadual de Educação e outras fontes de dados, como o Plano Municipal de Educação de São Luís e os pertinentes documentos referentes às questões de fluxo. Visamos, com isso, caracterizar o estado no que se refere à educação, possibilitando uma compreensão da realidade educacional.

O Maranhão situa-se no nordeste brasileiro e convive, ainda, com muitas desigualdades sociais. O índice de analfabetismo, por exemplo, possui uma taxa de 16,7% (NETO, 2018) correspondendo a aproximadamente 850.000 pessoas com quinze anos ou mais, sendo o segundo estado do Brasil com maior taxa de analfabetismo.

O Plano Estadual de Educação do Maranhão (PEE-MA), aprovado pela Lei nº 10. 099, de 11 de julho de 2014, para o período de 2014 a 2024, apresenta um conjunto de metas e estratégias a serem desenvolvidas ao longo dos dez anos, com o objetivo de garantir “a ampliação do acesso, a melhoria das condições de permanência e o aprimoramento da qualidade da educação básica ofertada a todos os brasileiros” (MARANHÃO, 2014, p.2).

Constante desse PEE-MA, o diagnóstico ali apresentado está organizado em duas partes. Na primeira, Educação Básica Maranhense, é exibido o entendimento sobre Educação Básica à luz da LDB, enfatizando o déficit educacional concentrado nas regiões norte e nordeste, assim como uma análise do IDEB do Ensino Fundamental e Médio estadual. Em seguida, é apresentado o diagnóstico sobre Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio, havendo, por fim uma abordagem sobre Modalidades e Diversidade da Educação Básica. A segunda, Educação Superior Maranhense, realça a realidade tanto brasileira quanto maranhense sobre as taxas baixas de matrícula nesse nível de ensino, provavelmente, como consequência do lento crescimento do ensino médio.

É interessante registrar que o PEE-MA, conforme consta na parte introdutória do plano, foi elaborado sob a coordenação do Fórum Estadual de Educação, seguindo o contexto nacional.

Nesse sentido, contou com a participação de diferentes segmentos da sociedade civil organizada, sugerindo e definindo metas e estratégias para educação maranhense, que devem ser cumpridas nos dez anos, a partir da promulgação do plano.

O diagnóstico do PEE-MA revela que as metas estabelecidas no IDEB, calculadas com base na proficiência em Língua Portuguesa e Matemática dos estudantes do 5º e 9º anos, resultantes da aplicação das provas do Saeb, e na taxa de aprovação das escolas, foram alcançadas até o ano de 2011. Entretanto, esses dados não representam a realidade de cada município, uma vez que “o estrato Rede Municipal/Brasil chegou à média 4,7 para os anos iniciais do Ensino Fundamental” (MARANHÃO, 2014, p. 4), e apenas quatro municípios alcançaram ou ultrapassaram a média nacional. Tal realidade demonstra que as redes municipais necessitam contribuir mais ainda com a elevação da qualidade da educação brasileira nessa etapa da educação básica.

Nos anos finais do Ensino Fundamental, a qualidade da educação maranhense, medida pelo IDEB, apresenta-se preocupante, uma vez que, em 2017, o desempenho do sistema público não apresentou crescimento, e apenas dez municípios maranhenses superaram suas metas estabelecidas pelo INEP.

No que se refere à matrícula no Ensino Fundamental, conforme registra esse mesmo Plano, existe uma cobertura de atendimento de 90% nos anos iniciais e finais, sob a responsabilidade do poder público, sendo que a rede municipal assume a oferta dos anos iniciais em quase sua totalidade, ficando a rede de escolas estaduais com significativa oferta dos anos finais em todo o Estado. Nos dias atuais, este cenário já não é o mesmo, pois, de acordo com dados do QEdu, as matrículas em 2018, no Maranhão, corresponderam a 35.648 estudantes do 1º ao 9º ano nas escolas estaduais e 569.174 nas escolas municipais. Dessa forma, pode-se concluir que essa etapa da Educação Básica está municipalizada (MARANHÃO, 2014).

Também importa registrar que a Meta 2 do PEE-MA (MARANHÃO, 2014) prevê a universalização do Ensino Fundamental entre a população de 06 a 14 anos, além da conclusão do Ensino Fundamental de 95% dos estudantes, na idade própria, até a vigência do plano. No entanto, 24,5% dos estudantes apresentavam distorção idade-ano, no ano de 2017, segundo dados do INEP – Censo Escolar da Educação Básica. É preocupante perceber que, em 2015, houve 141.492 estudantes matriculados no 6º ano da rede pública, mas, em 2018, chegaram ao 9º ano somente 102.878. Tal dado indica que possivelmente 38.614 (27,29%) adolescentes não continuaram os seus estudos e não chegaram a concluir o Ensino Fundamental. Pode ser também que parte deles tenha seguido em outras redes, migrando para outros estados ou para rede municipal do próprio estado.

Os dados do Maranhão sobre o rendimento escolar de todas as redes no Ensino Fundamental revelam que, nos anos iniciais, a taxa de aprovação foi de 92,9%, a de reprovação, de 5,8 %, e a de abandono, de 1,3%. Nos anos finais, por sua vez, a aprovação alcançou 85,6%; a reprovação, 10,4%; e o abandono, 4,0%, sendo que a taxa liquida1 de atendimento em toda

essa etapa foi de 96, 69% (INEP, 2018b).

Dessa forma, o cenário da educação maranhense não se encontra muito distante da realidade nacional e exige investimentos por parte de todas as redes e, sobretudo, do governo estadual, fazendo acontecer o regime de colaboração com os municípios na condução da oferta do Ensino Fundamental, assegurando o acesso, a permanência e a conclusão nessa etapa, conforme previsto no PEE-MA.

Percebemos o quanto a educação brasileira e, especificamente, a de São Luís, necessita de políticas que fortaleçam os entes federados, de forma que a oferta do Ensino Fundamental seja capaz de corresponder, com eficiência, à concretização dos direitos de aprendizagem da criança e do adolescente.

É importante, portanto, aprofundar os estudos sobre a realidade municipal, já que os municípios possuem uma atuação de destaque na oferta do Ensino Fundamental. Em algumas realidades, por exemplo, chega a ser único a garantir a todos o direito de cursar essa etapa da Educação Básica, mesmo com escassos recursos. Assim, na seção seguinte, será abordada a realidade educacional do município de São Luís, capital do estado do |Maranhão, cuja rede municipal, em 2018, foi responsável pela maior matrícula (65.495), seguida da rede privada (53.347), estadual (20.168) e federal (298).

No documento mariadejesusgasparleite (páginas 30-32)