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Síntese da Pesquisa de Campo

No documento mariadejesusgasparleite (páginas 94-97)

3 CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS ACERCA DA REPROVAÇÃO ESCOLAR E

3.3 ANALISANDO OS DADOS COLETADOS NA PESQUISA DE CAMPO

3.3.3 Síntese da Pesquisa de Campo

Esse conjunto de dados e informações, colhidos por meio dos questionários e das entrevistas usados durante o estudo, contribuiu para a percepção de que é necessário romper com o modelo tradicional de educação, que privilegia a cultura da reprovação como mecanismo de oportunizar mais tempo de aprendizagem, atribuindo ao estudante ou aos seus familiares a responsabilidade pelo fracasso escolar. As evidências aqui obtidas ratificam a hipótese de que os estudantes interrompem a trajetória escolar, principalmente devido à reprovação. Esta, por sua vez, tem como principal fator a concepção equivocada sobre as necessidades de reprovação de um discente. Por meio da pesquisa, ficou evidente que é necessário refletir com professores e coordenadores sobre o papel transformador da escola na vida de crianças e adolescentes pobres que precisam de uma escola que acredite que todos podem aprender, e a escola pode e deve ensinar a todos.

No quadro 10, estão contemplados alguns dos principais motivos percebidos na pesquisa como impulsionadores da reprovação nas escolas municipais. As evidências apresentadas neste estudo sugerem a necessidade de apoiar as escolas, para que estas se tornem mais flexíveis quanto ao “abandono familiar”, compreendendo a sociedade contemporânea e as exigências de sobrevivência que as famílias pobres são submetidas, nem sempre entendendo o seu papel no sucesso acadêmico de seus filhos. Destarte, é importante proporcionar à equipe escolar reflexões sobre a necessidade de oportunizar aos estudantes a correção de aspectos do seu processo de escolarização, com possiblidade de aquisição do domínio da leitura e escrita, condição primordial para o aprendizado de outros conhecimentos e habilidades contidos nos diversos componentes curriculares.

Quadro 10 – Principais aspectos observados na pesquisa junto a 14 escolas municipais de São Luís/2020, por eixo de análise

(continua) EIXOS DE ANÁLISE FRAGILIDADES AÇÕES Perfil dos professores 44% dos professores continuam somente com a formação inicial

Readequar o programa de formação continuada, incluindo possibilidade de formação em nível de aperfeiçoamento e especialização.

Gestão do processo ensino e aprendizagem

Infrequência do estudante Implantar projeto de controle de frequência escolar, articulado com Conselhos Tutelares e Ministério Público.

Falta de acompanhamento da família junto aos filhos no cumprimento das tarefas escolares

Promover reuniões mensais com pais/responsáveis para dialogar sobre o desempenho do estudante e sobre o papel da família junto à escola, com a utilização de ferramentas tecnológicos, bem como ouvir as famílias sobre as dificuldades de apoiar os filhos nas tarefas escolares.

Pouco domínio da leitura e escrita por parte dos estudantes

Aplicar uma avaliação diagnóstica para identificar os discentes com dificuldades de leitura e escrita e desenvolver um plano de intervenção pedagógica em alfabetização para esses estudantes.

Prática de avaliação da aprendizagem dissociada do documento institucional, por parte dos professores

Inserir, na pauta de formação de coordenadores pedagógicos, o estudo da Sistemática de Avaliação da Rede Municipal, incluindo a concepção de avaliação que privilegie a autonomia e feedback para realimentar a prática docente.

Forte tendência da pedagogia da repetência pautando as práticas escolares de muitos professores e coordenadores

Realizar Seminário sobre o impacto da reprovação na vida escolar do estudante. Reprovar para que?

Estudantes repetentes recebendo pouca atenção de seus pais.

Promover encontro com pais/responsáveis que aborde a importância da participação da família no sucesso escolar

Estudantes repetentes questionam mais sobre os resultados da avaliação

Possibilitar o aperfeiçoamento da práxis docente, incluindo, na rotina de aula, a análise dos resultados da avaliação.

Gestão Escolar

Incipiente conhecimento sobre o uso pedagógico das avaliações externas por parte de coordenadores e professores

Retomar o tema da avaliação na formação de coordenadores pedagógicos e apoiar a formação continuada de professores sobre o uso pedagógico dos resultados da avaliação externa. Intensificar as ações desenvolvidas no Dia D da Avaliação.

Salas de aulas quentes e carência de biblioteca e carteiras escolares, quadra esportiva, sala de multimídia

Elaborar relatório para encaminhar a gestão da secretaria

Quadro 10 – Principais aspectos observados na pesquisa junto a 14 escolas municipais de São Luís/2020, por eixo de análise.

(conclusão)

EIXOS DE ANÁLISE

FRAGILIDADES AÇÕES

Gestão Escolar

Pouca clareza sobre as atribuições da gestão escolar e coordenação pedagógica na concretização do fim maior da escola.

Incluir, na pauta de formação de coordenadores e gestores, estudo sobre o papel da gestão escolar e do coordenador pedagógico no funcionamento da escola e na promoção da aprendizagem do estudante

Fonte: Elaborada pela autora, a partir dos dados da pesquisa de campo (2020).

Da mesma forma, ficou demonstrado o quanto é necessário discutir com a comunidade escolar a concepção sobre avaliação e aprendizagem, de educação como oportunidade de desenvolvimento humano e sobre o impacto da reprovação na vida dos estudantes e no desempenho do sistema de ensino. Importante, também, é compreender a avaliação como instrumento a serviço da aprendizagem, bem como o currículo como algo contínuo e em permanente movimento, sendo relevante o estudante permanecer aprendendo.

O capítulo 4, desta dissertação, tratará das ações de intervenção, organizadas em um Plano de Ação Educacional. Este, por sua vez, será disponibilizado para a Secretaria Municipal de Educação de São Luís, com vistas a mitigar os fatores intraescolares evidenciados na pesquisa. Entendemos os limites da escola na minimização de fatores extraescolares, que, frequentemente, são resultantes da configuração da sociedade desigual em que nos encontramos e que, portanto, exige a conjugação de políticas diversas, sobretudo nas áreas de saúde, ação social e econômica. Entretanto, a escola precisa, cada vez mais, conhecer o contexto sociocultural e econômico do estudante, não para justificar a sua impossibilidade de promover o aprendizado a todos, mas para buscar formas diversas de garantir o seu direito de aprender e de ter sucesso em sua trajetória escolar na idade apropriada.

4 PLANO DE AÇÃO EDUCACIONAL – PAE: CONTRIBUINDO COM A REDUÇÃO

No documento mariadejesusgasparleite (páginas 94-97)