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Instrumentos de Recolha de Dados

CAPÍTULO III: FASE METODOLÓGICA

3.3. Instrumentos de Recolha de Dados

Fortin (1999:41) define que,

“a colheita de dados efetua-se segundo um plano pré-estabelecido. É a colheita sistemática de informações junto dos participantes, com a ajuda dos instrumentos de medida escolhidos. Nesta etapa, deve-se precisar a forma como se desenrola a colheita de dados bem como as etapas preliminares que conduzem à obtenção das autorizações requeridas para efetuar o estudo no estabelecimento escolhido”.

Neste contexto, se por um lado nos propomos recorrer ao paradigma empírico-analítico, através da aplicação de inquéritos por questionário, não deixaremos de recorrer ao paradigma interpretativo, que nos permite valorizar o significado das ações humanas e da sua prática social, factos compreendidos através da observação e das entrevistas.

Considera-se pertinente utilizar como instrumento de recolha de dados a aplicação de inquéritos por questionário3, que consiste numa interrogação sistemática de um conjunto de indivíduos, normalmente representativos de uma população, com o objetivo de proceder a inferências e generalizações. Segundo Quivy & Campenhoudt (2005:188) “consiste em colocar a um conjunto de inquiridos (…) uma série de perguntas relativas à situação social, profissional ou familiar, às suas opiniões, à sua atitude em relação a opções ou a questões humanas e sociais, às suas expetativas, ao seu nível de conhecimentos ou de consciência de um acontecimento ou de um problema”. Fortin (1999) diz-nos que este instrumento permite organizar, normalizar e controlar os dados, de modo a que as informações procuradas possam ser colhidas de forma rigorosa.

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Uma outra técnica usada será a entrevista semi-estruturada4 aos familiares. A entrevista semi- estruturada, ou semidirigida segundo Quivy & Campenhoudt (2005), carateriza-se pela existência de um guião previamente preparado que serve de eixo orientador ao desenvolvimento da entrevista, mas a entrevista em si permite uma relativa flexibilidade. As questões podem não seguir exatamente a ordem prevista no guião, sendo possível inclusivamente, colocar questões que não se encontram no guião, em função do que se considera mais pertinente, o objetivo a abordar ao longo da entrevista. No entanto, em termos genéricos, a entrevista seguirá o que se encontra planeado. Consiste numa interação verbal animada de forma flexível pelo investigador e assemelha-se a uma conversa, em que os termos gerais sobre os quais deseja ouvir o respondente, o que permite extrair uma compreensão rica do fenómeno em estudo.

Segundo Ribeiro (1999), a entrevista consiste na recolha de informação através de conversa ou de questões colocadas diretamente aos entrevistados, a informação obtida através da entrevista dificilmente será obtida de outra forma. Consiste num momento complementar que visa testar as hipóteses. A entrevista possibilita a obtenção de uma informação mais rica, ao mesmo tempo que não exige um “informante” alfabetizado. Esta técnica tem a virtualidade de permitir que a informação recolhida seja profunda, da mesma maneira que, sendo realizada presencialmente, permite ao entrevistador uma maior perceção das reações do entrevistado às questões efetuadas, permitindo-lhes captar um maior número de informação, como refere Bell (2004), a forma como determinada resposta é dada (o tom de voz, a expressão facial, a hesitação, etc.) pode transmitir informações que uma resposta escrita nunca revelaria.

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Para Savoie-Zajc (2003:281) a entrevista consiste “numa interação verbal entre pessoas que se envolvem voluntariamente em igualdade de relação, a fim de partilharem um saber experienciado e isto, para melhor compreender um fenómeno de interesse para as pessoas implicadas”. Desta forma, o objetivo da entrevista é o de chegar à compreensão de uma certa realidade, de um certo fenómeno, sendo esta intenção a do investigador, pois o entrevistado é convidado a fazer parte do estudo, porque é considerado possuir esta competência, este saber específico que o investigador tenta compreender melhor.

O guião previamente preparado serve de eixo orientador ao desenvolvimento da entrevista, onde se procura garantir que os diversos participantes respondam às mesmas questões, não exigindo uma ordem rígida nas questões, mas que todas sejam pertinentes para a entrevista. O desenvolvimento da entrevista adapta-se ao entrevistado, mantendo, contudo, um elevado grau de liberdade na exploração das questões.

A entrevista como técnica de atuação do Assistente Social, consiste na compreensão das situações e o seu contexto, vivenciadas pelos sujeitos. Este profissional dedica os seus conhecimentos e ações em prol dos sujeitos, sem qualquer descriminação, garante a privacidade e a confidencialidade da informação recolhida através das entrevistas (Tonon, 2005).

Numa primeira fase, foi aplicado um pré-teste quer do inquérito quer da entrevista a idosos e familiares. “É importante que as perguntas sejam claras e precisas, isto é, formuladas de tal forma que todas as pessoas interrogadas as interpretem da mesma maneira” Quivy & Campenhoudt (2005:183). É importante aplicar um pré-teste para assegurarmos que as perguntas estão bem formuladas e são bem compreendidas pelos inquiridos. Depois de aplicado o pré-teste do inquérito, optou-se por cortar três questões que se tornavam repetitivas

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e acrescentou-se uma nova questão. Ao aplicar o pré-teste da entrevista, não se verificaram problemas quer ao nível da compreensão das questões, quer ao nível da aceitação do guião de entrevista por parte dos entrevistados (Quivy & Campenhoudt, 2005).

Em todo o processamento desta investigação, a observação será utilizada na pesquisa conjugada com as técnicas aplicadas. A observação é considerada uma recolha de dados para conseguir informações sobre determinados aspetos da realidade. Na opinião de Carmo & Ferreira (2008), a observação seleciona informação pertinente, através dos órgãos sensoriais e com recurso à teoria e à metodologia científica, a fim de poder descrever, interpretar e agir sobre a realidade em questão. Ela ajuda o pesquisador a identificar e obter provas a respeito de objetivos sobre os quais os indivíduos não têm consciência, mas que orientam o seu comportamento. A observação constitui, neste contexto, um processo necessário e de extrema importância para obtenção de inúmeros dados que possam ser pertinentes para a investigação. Esta técnica é a única que capta “os comportamentos no momento que eles se produzem em si mesmos, sem a mediação de um documento ou de um testemunho” (Quivy & Campenhoudt, 2005:196).

A observação aplicada será a observação direta do tipo não participante. A observação direta que, como afirma Quivy & Campenhoudt (2005:164), “é aquela em que o próprio investigador procede diretamente à recolha das informações, sem se dirigir aos sujeitos interessados”, e observação não participante que, como afirmam Carmo & Ferreira (2008:120), aquela em que o observador “não interage de forma alguma com o objecto de estudo no momento em que realiza a abservação”. Os sujeitos não sabem que estão a ser observados, assim sendo, nesta observação constata-se uma situação como ela realmente

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ocorre, sem existir qualquer interferência do investigador, como tal, esta técnica permite o uso de instrumentos de registo sem influenciar o objeto do estudo.

A análise documental é também uma técnica decisiva para a pesquisa em Ciências Sociais e Humanas e foi determinante na investigação que aqui damos a conhecer, já que nos permitiu inserir no âmbito da pesquisa. E se é decisiva, é naturalmente indispensável já que se trata de uma técnica que reelabora conhecimentos e cria novas formas de compreender os fenómenos. É, portanto, condição necessária que os factos sejam mencionados, pois constituem os objetos da pesquisa, mas, por si mesmos, não explicam nada (Sá-Silva et al., 2009). O investigador deve interpretá-los, sintetizar as informações, determinar tendências e, na medida do possível, fazer a inferência. May (2004, cit. in Sá-Silva et al., 2009) diz que os documentos não existem isoladamente, mas precisam ser situados numa estrutura teórica para que o seu conteúdo seja entendido.

Foi também elaborado um consentimento informado5 para o entrevistado assinar como tomou conhecimento do estudo em que foi incluído e como compreendeu a explicação que lhe foi fornecida acerca da investigação realizada. É de salientar que todas os entrevistados assinaram o consentimento e autorizaram a gravação de voz da entrevista, permitindo deste modo uma escuta mais atenta. Este consentimento tem como objetivo, no caso concreto, prover a possíveis sujeitos a informação necessária para que eles possam tomar uma decisão sobre participar ou não, voluntariamente, no estudo. Do ponto de vista ético, portanto, a exigência do consentimento informado visa a que a autonomia dos sujeitos seja respeitada, bem como se observem os princípios de beneficência e justiça (Hardy et al., 2002).

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