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Opção pelo Método e Desenho de Investigação

CAPÍTULO III: FASE METODOLÓGICA

3.1. Opção pelo Método e Desenho de Investigação

Por investigação científica entende-se o processo que permite a resolução de problemas ligados a fenómenos reais, contudo, está inteiramente ligada a conhecimentos teóricos que pautam a virificalidade dos mesmos. É um método particular de aquisição de conhecimentos, uma forma ordenada e sistemática de encontrar respostas para questões que necessitam duma investigação (Fortin, 1999). Assim, no âmbito de uma investigação, a existência de uma metodologia é a fase essencial no processo, na medida em que é considerada o caminho para o desenvolvimento e concretização dos objetivos de investigação. Esta é vista como a ciência que estuda as técnicas de investigação e os métodos científicos (Pardal & Correia, 1995).

A metodologia define-se como um conjunto de métodos e técnicas, caraterizados pelo seu rigor e sistematização, que conduzem à realização do processo de investigação científica. Na

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nossa intenção efetuar uma análise que tenha por base uma combinação de técnicas metodológicas de índole qualitativa e quantitativa. Assim, para a recolha de informação, optou-se por instrumentos variados: observação direta não participante, inquérito por questionário aos idosos e entrevista aos seus familiares. O tratamento dos dados quantitativos será realizado com base no programa estatístico Statistical Package for Social Sciences (SPSS) e recorrer-se-á à análise de conteúdo para o tratamento da informação qualitativa.

Desta forma, por um lado, recorre-se à metodologia quantitativa para analisar o estado de solidão a que os idosos estão sujeitos, por outro lado, à metodologia qualitativa de forma a perceber a relação entre os idosos e os familiares, quer quanto ao lugar que estes ocupam nas suas vidas, quer quanto aos seus laços afetivos.

O desenho de investigação quantitativo para Fortin (2009:214) é “um plano que permite responder às questões ou verificar hipóteses e que define mecanismos de controlo, tendo por objetivo minimizar os riscos de erro”. Posto isto, optar-se-á por um desenho não experimental transversal já que a recolha de dados será feita num único e determinado momento temporal, não existindo um período de seguimento dos indivíduos. Propomos também para este estudo um alcance explicativo/causal na medida em que se “pretende estabelecer as causas dos acontecimentos, factos ou fenómenos estudados” (Sampieri et al., 2007:105).

No estudo que ora se apresenta, estão igualmente subjacentes aspetos qualitativos. Relativamente ao desenho de investigação qualitativo, segundo Sampieri et al. (2007:15), ele “dá profundidade aos dados, à riqueza interpretativa, à contextualização do ambiente, aos detalhes de experiência única. Também oferece um ponto de vista ‘recente, natural e holístico’ dos fenómenos, assim como flexibilidade”.

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A metodologia qualitativa permite compreender melhor o significado dos fenómenos, no contexto das experiências vividas pelos indivíduos em estudo, como também entender o processo mediante o qual as pessoas constroem as suas perceções sobre os factos, não deixando de atender à sua herança cultural, valores, estilos de vida, hábitos e crenças. Segundo Flick (2005), os traços essenciais da investigação qualitativa são a correta escolha de métodos e teorias apropriadas; o reconhecimento e análise de diferentes perspetivas; a reflexão do investigador sobre a investigação, como parte do processo de produção do saber; a variedade dos métodos e perspetivas. “O investigador que orienta a sua investigação através do método qualitativo preocupa-se com a compreensão absoluta e abrangente do fenómeno em pesquisa (…) observa, descreve, interpreta e aprecia o meio e o fenómeno tal como se apresenta, sem procurar controlá-los. Esta investigação visa descrever ou interpretar e não avaliar. Permite a produção de dados nas próprias palavras das pessoas, faladas ou escritas, e na conduta observada” (Imaginário, 2008:93).

De acordo com Sampieri et al. (2007:15), “a mistura dos dois modelos potencializa o desenvolvimento do conhecimento, a construção de teorias e a resolução de problemas”. Posto isto, optar-se-á por apresentar primeiramente os dados relativos à dimensão quantitativa, sendo que a esta se seguirá a apresentação dos dados referentes à dimensão qualitativa.

Segundo Fortin (1999:322), “a triangulação define-se como uma estratégia para colocar em comparação dados obtidos com a ajuda de dois ou vários processos distintos de observação, seguidos de forma independente no seio de um mesmo estudo”. Optou-se pela triangulação de dados, já que, segundo o mesmo autor (1999), este método permite, através de fontes de

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informação diversas, estudar um mesmo fenómeno, ou seja, permite a “combinação de metodologias no estudo dos mesmos fenómenos” (Carmo & Ferreira, 2008:201).

A triangulação permitirá, assim, a interconexão de ambas as realidades, as quais nos darão uma visão mais integrada e de conjunto da realidade em estudo. Além do mais, estamos certos de que esta análise em nada ferirá as especialidades de ambos os modelos, uma vez que eles serão tratados individualmente no seu momento particular. Pelo que a análise sistémica permitirá a integração de ambas as partes e uma compreensão mais profunda e alargada da razão de ser da solidão nos idosos.

A metodologia em Serviço Social tem o objetivo de organizar as práticas de intervenção. É uma atividade que se ocupa dos vários métodos e técnicas e estabelece a mediação dos conceitos com a prática empírica. É necessário ser-se profissional consciente e capaz de pensar nos pressupostos, hipóteses e valores não explícitos em que apoia a sua ação, no seu modo de agir e intencionalidade. É igualmente importante e fundamental a teoria, que permite a leitura da realidade, na organização da experiência e da prática para se saber em que direção agir, tendo bem claro quais os paradigmas que orientam o profissional e que o condicionam na ação, circunstâncias que o leva a perceber o que se faz e o porquê da intervenção.

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