Os instrumentos utilizados na pesquisa foram divididos em dois grupos, por método de testagem:
Para a avaliação quantitativa: o questionário sociodemográfico; o Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp (ISSL), para avaliar a incidência do estresse; e o International Affective Picture System (IAPS), para avaliar a percepção emocional do médico.
Para a avaliação qualitativa: entrevista semiestruturada, para avaliação das emoções do médico e da percepção do paciente.
A seguir, a descrição de cada um dos instrumentos.
5.2.1 Questionário sociodemográfico
O questionário sociodemográfico é composto por questões de identificação que têm por objetivo caracterizar a amostra.
Idade:________________ Sexo: F ( ) M ( )
Tempo de formado (há quanto tempo terminou o curso): _____________________ Especialidade:____________________________
Locais de trabalho (assinale com um X uma ou mais alternativas) Consultório ( ) Hospital público ( ) Hospital particular ( ) Universidade ( ) Outro:______________________ ( ) Outro:______________________ ( ) Total de horas semanais dedicadas ao trabalho no:
Consultório ___ h Hospital público ___ h Hospital particular ___ h Professor acadêmico ___ h Outro: ____________________ ___ h Outro: ____________________ ___ h
____ (total de horas semanais) Qual a média de pacientes que atende por dia: ___
Tempo médio de atendimento: ___
5.2.2 Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp (ISSL)
O inventário ISSL é um instrumento útil na identificação da sintomatologia que a pessoa apresenta, avaliando os sintomas de estresse, o tipo de sintoma existente e a fase em que se encontra.
Lipp (2000) identifica quatro fases do estresse: a fase de alerta, a fase de resistência, a fase de quase-exaustão e a fase de exaustão:
Fase de alerta – é a fase positiva do estresse. É caracterizada pela produção e ação de adrenalina, que torna a pessoa mais atenta, mais forte e mais motivada.
Fase de resistência – se a fase de alerta é mantida por períodos muito prolongados ou se novos estressores se acumulam, o organismo entra em ação para impedir o desgaste total de energia, entrando na fase de resistência, quando se resiste aos estressores e se tenta, inconscientemente, restabelecer o equilíbrio interior (chamado de homeostase) que foi quebrado na fase de alerta.
Fase de quase-exaustão - quando a tensão excede o limite do gerenciável, a resistência física e emocional começa a se quebrar. Ainda há momentos em que a pessoa consegue pensar lucidamente, tomar decisões e trabalhar, porém tudo isso é feito com esforço e esses momentos de funcionamento normal intercalam-se com momentos de total desconforto. Há muita ansiedade nesta fase. A pessoa experimenta uma gangorra emocional.
Fase de exaustão - é a fase mais negativa do estresse, a patológica. É o momento em que um desequilíbrio interior muito grande ocorre. A pessoa entra em depressão, não consegue concentrar-se ou trabalhar. Suas decisões muitas vezes são impensadas. Doenças graves podem ocorrer.
Estruturalmente, o ISSL é composto por três quadros: o primeiro, com 15 itens ou sintomas de estresse típicos da fase de alerta, a fase inicial do estresse; o segundo quadro, com 15 sintomas descritivos das fases de resistência e quase-exaustão, as fases intermediárias do estresse; e o terceiro quadro, com 23 sintomas da fase de exaustão.
Aos participantes, é solicitado marcar os itens que descrevem os estados e as sensações vividas nas últimas 24 horas (no primeiro quadro), última semana (no segundo quadro) e último mês (no terceiro quadro).
Esse teste foi validado por Lipp (2000) e tem sido utilizado em dezenas de pesquisas e trabalhos clínicos na área do estresse. As normas atuais atendem aos requisitos determinados pelo Conselho Federal de Psicologia quanto à publicação de atualizações periódicas de testes psicológicos. A aquisição do teste é feita através da Casa do Psicólogo, que garante estrutura e apoio para aplicação e correção.
5.2.3 IAPS – International Affective Picture System
O International Affective Picture System (IAPS) é um instrumento composto por imagens afetivas que aborda diferentes eventos da vida que são capazes de induzir uma gama de estados emocionais. O instrumento possui um banco de dados normatizado com cerca de 700 fotografias divididas em três categorias: imagens agradáveis, desagradáveis e neutras.
As imagens são selecionadas de acordo com o objetivo do estudo e apresentadas aos participantes em situação controlada de experimento. Quando o estímulo é apresentado, os participantes são orientados a classificar as imagens de acordo com a sua percepção emocional.
As respostas emocionais aos estímulos são classificadas subjetivamente através do Self-Assessment Manikin (SAM), que é composto por três escalas, uma para cada dimensão estudada (prazer, alerta e dominância). Cada escala possui cinco bonecos que expressam as gradações emocionais, que variam de 1 a 9. Os participantes marcam um “X” sobre o item que mais se aproxima ao estado emocional induzido pela imagem. Apenas as duas primeiras escalas foram utilizadas neste estudo: Alerta e Prazer.
A escala Alerta mede a intensidade emocional que, por meio de uma gradação induzida pelo estímulo (figura), pode ir de tenso e impactado a calmo e relaxado. A escala Prazer mede a valência emocional que, ao induzir a emoção por meio do estímulo (figura), pode ir de prazer e satisfação (agradável/positiva) a desprazer e insatisfação (desagradável/negativa).
De acordo com Lasaitis et al. (2008), o SAM é um instrumento confiável e válido, porque as classificações de prazer e alerta estão altamente correlacionadas com as medidas de avaliação afetiva obtidas na Escala Semântica Diferencial, elaborada por Mehrabian e Russel.
A validação e normatização para população brasileira foi realizado por Ribeiro, Pompéia e Bueno (2004) e é utilizada em diversos estudos sobre as emoções. A utilização do IAPS foi autorizada pelos autores.
Para este estudo, foram selecionadas 36 imagens, que possuem como tema o relacionamento interpessoal e que foram divididas em: 12 imagens desagradáveis; 12 agradáveis e 12 neutras. A aplicação do IAPS foi feita com a apresentação dos estímulos/imagem ao participante, que registrou no bloco de respostas (SAM) a sua percepção emocional das imagens.
5.2.4 Entrevista semiestruturada
A entrevista foi elaborada exclusivamente para esta pesquisa e é composta por perguntas que têm como objetivo investigar as emoções dos médicos e a percepção que eles têm do paciente. Utilizaram-se como modelo para a construção das perguntas os estudos de De Marco (2005); Smith e Zimmy (1988); Serour, Al Othman e Al Khalifah (2009) e Smith (1995).
1. Descreva um paciente que tenha atendido considerado difícil. 1a Que características ele tem?
1b Por que ele seria “difícil”?
1c Como ele o afeta? Que emoções ele lhe mobiliza?
1d Estime uma porcentagem de frequência em seu consultório desse tipo de paciente. 2. Da mesma forma que descreveu um paciente que considera difícil, descreva um paciente atendido que o senhor acredita não despertar dificuldades.
2a Que características ele tem?
2b Por que ele não desperta dificuldades?
2c Como ele o afeta? Que emoções ele lhe mobiliza?
2d Estime uma porcentagem de frequência em seu consultório desse tipo de paciente. 3. Quando uma emoção forte é despertada no atendimento, costuma reconhecê-la? Como isso o afeta? Dê um exemplo.
4. Essas emoções podem vir a auxiliar no atendimento, ou somente interferir negativamente? Como?
5. Lembra-se de uma situação em sua clínica em que a emoção interferiu de alguma maneira no diagnóstico e/ou tratamento? Exemplifique.
6. O que constitui o estresse para o senhor? Quais os momentos em que vivencia forte estresse decorrente da profissão? Como lida com isso?
7.O senhor acha que percebe suas emoções? Em quais situações? Como lida com elas? 8. Acha importante reconhecer uma emoção em um paciente quando não é verbalizada? Por quê?
9. Acha importante que o médico reconheça suas emoções durante um atendimento? Por quê?