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5. MÉTODO

5.3 Instrumentos

Para a realização desta pesquisa foram utilizadas três técnicas de coleta de dados: a) Questionário sócio-demográfico (Anexo 2); b) Entrevista semiestruturada (Apêndice 1) e o c) Mapa de Redes (Apêndice 2).

a) Questionário Sociodemográfico

Este instrumento foi desenvolvido por pesquisadores vinculados ao NEPeDI (Núcleo de Estudo e Pesquisa em

Desenvolvimento Infantil) da Universidade Federal de Santa Catarina. Todavia, a fim de contextualizar o fenômeno do estudo, o questionário foi adaptado, conforme se pode verificar no (Anexo 2). As questões norteadoras do instrumento investigaram informações demográficas, tais como o número de pessoas que residem no domicílio e idade das mesmas, composição familiar, escolaridade, profissão e ocupação, e demais aspectos acrescentados no que se refere aos dados quanto à história da migração familiar.

b) Entrevista semi-estruturada

Por se tratarem de questões que possibilitem o livre discurso dentro de temas sugeridos, Flick (2004) salienta que a técnica se pauta em um diálogo entre o entrevistado e o entrevistador, de modo que a postura explicitada pelo entrevistado pode ser melhor desenvolvida conforme o entrevistador considerar relevante. Biasoli-Alves (1998) complementa que a estrutura de uma entrevista semiestruturada comporta uma formulação flexível, de modo que a sequência e minuciosidade atribuem-se ao discurso dos sujeitos e da dinâmica que se estabelece naturalmente.

Os tópicos elencados para o roteiro da entrevista semiestruturada (Apêndice 1) nortearam os objetivos deste estudo sendo subdivididos em cinco temas centrais: (1) História da migração familiar; (2) Ciclo vital familiar e migração; (3) Mudanças na configuração e dinâmica familiar; (4) Sentimentos atribuídos à migração e (5) Rede social, os quais são sintetizados a seguir:

(1) História da migração familiar

Investigaram-se aspectos sobre os motivos que os membros familiares atribuíram à migração, bem como sobre o processo decisório no que se refere à escolha do país de destino, quem decidiu imigrar e como a decisão foi aceita ou não, pelos integrantes da família.

(2) Ciclo vital familiar e migração

Neste item buscou-se identificar as transições sucedidas no ciclo vital das famílias imigrantes por meio de informações como o tempo de união do casal e a idade do filho mais velho

quando a família migrou; além de contextualizar demais acontecimentos que pudessem exercer alguma influência no ciclo vital de famílias imigrantes.

(3) Mudanças na configuração e dinâmica familiar

A finalidade deste quesito foi apontar as principais mudanças ocorridas na estrutura (divórcio, saída dos filhos de casa, nascimento de outros filhos, falecimento de algum membro) e no funcionamento familiar (relações funcionais ou disfuncionais) dos participantes a partir da migração.

(4) Sentimentos atribuídos à migração

Investigaram-se os sentimentos atribuídos à migração pelos membros familiares, assim como os significados relacionados ao país de acolhimento, após a migração.

(5) Rede Social

Por fim, este item buscou encontrar informações a respeito do apoio social após a chegada ao país receptor, ou ainda, se existiam pessoas conhecidas pelos membros familiares no país de destino; além de investigar se houve mudanças nas atividades sociais realizadas pela família, após a migração. c) Mapa de Redes

Este é um instrumento proposto por Sluzki (1997) que foi adaptado para a pesquisa científica, tendo como finalidade evidenciar o grau de intimidade e compromisso das redes pessoais significativas em uma dada situação, possibilitando a análise qualitativa de seu impacto no desenvolvimento humano (Moré & Crepaldi, 2012). Neste estudo, utilizou-se o presente instrumento a fim de identificar as redes percebidas como significativas para as famílias pesquisadas em todo processo de migração.

Quanto ao aspecto de sua composição, o Mapa de redes possui quatro quadrantes e três círculos concêntricos. Deste modo, os quadrantes são as divisões entre os campos da família, amizades, relações comunitárias e relações de trabalho ou estudo. Em relação à estrutura dos círculos, o interno contempla as relações de maior intimidade ou cotidianas; o círculo intermediário representa as relações

com menor grau de compromisso relacional, como as relações sociais ou de trabalho; enquanto que o círculo externo registra as relações ocasionais como conhecidos da escola, do trabalho ou familiares distantes. A seguir é apresentado o modelo geral do Mapa de redes proposto por Sluzki (1997), na Figura 2:

Figura 2: Modelo do Mapa de Redes (Sluzki, 1997).

No tocante à construção do Mapa de Redes, proposto por Sluzki (1997), este pode ser avaliado a partir de três dimensões: 1. Estruturais (tamanho, densidade, composição/distribuição, dispersão, homogeneidade/heterogeneidade e tipos de função); 2. Funções dos vínculos (companhia social, apoio emocional, guia cognitivo e conselhos, regulação social, ajuda material e de serviços, e acesso a novos contatos) e 3. Atributos dos vínculos (função predominante, multidimensionalidade, reciprocidade, intensidade/compromisso, frequência dos contatos e história).

Quanto aos aspectos estruturais da rede, Sluzki (1997) explica que o tamanho contempla o número de pessoas que integram a rede. Sobre isto, indica que as de maior efetividade costumam ser as de tamanho médio (entre 8 a 10 pessoas). Observa-se que um dos fatores preponderantes para a redução do tamanho das redes confere-se ao ato migratório. Outro aspecto que contempla a estrutura destina-se à densidade, a qual se relaciona com a qualidade relacional de seus membros. Por sua vez, a composição ou a distribuição, refere-se à posição que cada integrante ocupa no quadrante gráfico. A dispersão

contempla a distância geográfica entre o sujeito e os membros de sua rede, enquanto que o fator homogeneidade/heterogeneidade corresponde as variáveis de sexo, idade, cultura e nível sócio-econômico, os quais podem favorecer trocas ou desencadear conflitos.

No tocante às funções dos vínculos que se estabelecem na rede social significativa, compreende-se que a companhia social refere-se à realização de atividades conjuntas ou o estar juntos; à medida que o apoio emocional contempla os intercâmbios positivos que incitam a um clima de compreensão, empatia, simpatia, estímulo e apoio. O guia cognitivo e os conselhos propiciam o compartilhar de informações e proporcionam modelos de papel e referência. Já a regulação social preconiza as responsabilidades, neutralizando desvios comportamentais de modo a favorecer a resolução de conflitos. A ajuda material e de serviços fornece auxílio financeiro ou de serviços especializados, enquanto que o acesso a novos contatos possibilitam a abertura para a conexão de relações com novas pessoas ou redes (Sluzki, 1997).

A terceira dimensão do mapa de redes destina-se a análise dos atributos de cada vínculo. Para tanto, referem-se às funções que caracterizam predominantemente os vínculos; enquanto que a multidimensionalidade abarca o número de funções desempenhadas na rede. A reciprocidade indica se uma pessoa desempenha funções que recebe de outros; já a intensidade aponta o grau de compromisso com a relação. Por fim, a frequência dos contatos e a história da relação, abordam a manutenção dos vínculos criados e o modo pelo qual, as pessoas se conheceram (Sluzki, 1997).

Nesta pesquisa, o instrumento utilizado foi adaptado a fim de caracterizar as redes sociais da família e não somente do sujeito. Em vista disto, inseriu-se um círculo central no mapa contendo o genograma dos membros da família, de modo que cada membro seja representado por uma cor diferente com vistas à saliência de sua rede. Ressalta-se que alguns símbolos utilizados foram propostos por Minuchin (1982) e McGoldrick (1995) (Anexo 3), a fim de clarificar as referências que serão utilizadas no genograma.

Utilizaram-se alguns aspectos do modelo adaptado do Mapa de Redes delineado por Queiroz (2008), tais como o acréscimo destacado no quadrante da comunidade, pela religião (igreja) que contempla os representantes da comunidade religiosa, além da vizinhança, que compreende, além dos vizinhos, integrantes dos centros comunitários, conforme propõe por Sluzki (1997).

O critério de escolha das redes, como também a inclusão do quadrante e nível que as pessoas ficariam, foi estabelecido pelos

próprios participantes. A legenda, símbolo e cores utilizadas, podem ser exemplificados na Figura 03:

Figura 03: Exemplo do Mapa de Redes elaborado pela autora,

adaptado do modelo de Queiroz (2008) - com o acréscimo do genograma da família imigrante no centro do mapa, das

subdivisões do quadrante comunidade em

religião/vizinhança/serviços de saúde.

Considera-se que o mapa de redes possibilita a melhor compreensão dos integrantes das redes sociais das famílias imigrantes, como pode também, auxiliar no processo de análise estrutural e dinâmico dos sujeitos pesquisados. Por conseguinte, avaliaram-se as características estruturais das redes das famílias imigrantes quanto aos fatores de tamanho, composição/distribuição e dispersão, em dois momentos distintos: Antes da migração e após a migração, o que foi possível identificar o movimento das pessoas que constituíram e as que constituem a rede social da família, registrando se houve aumento ou redução nos fatores estruturais. Para tanto, foram aplicados dois mapas por família.