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Quanto aos instrumentos metodológicos, caminhamos através de uma abordagem qualitativa. A abordagem qualitativa possibilitará interpretar a realidade em foco, uma vez que a investigação qualitativa centra sua preocupação no processo, e não simplesmente na obtenção

dos resultados. Entende-se aqui, também, a mesma perspectiva de uma totalidade no conhecimento, onde o mesmo não é somente a soma dos dados empíricos, mas envolve uma compreensão destes dados dentro do todo. A pesquisa qualitativa não se restringe à compreensão aparente do projeto, mas busca conhecer as relações existentes em um contexto maior, no qual o sujeito histórico é integrante (TRIVIÑOS, 2010). Nesse tipo de abordagem, as informações levantadas e interpretadas na coleta de dados são partes de um movimento, contínuo e processual. Não estanque, pragmática ou finalizada. O investigador não dá início em seu trabalho com conclusões rigidamente determinadas, uma vez que suas suposições iniciais podem se desfazer e novas surgirem. A partir de cada nova informação, suas suposições correrão por novos caminhos. O pesquisador tem de, se não quiser se frustrar, estar preparado para alterar suas expectativas frente a seu objeto de estudo (TRIVIÑOS, 2010), e encarar o movimento dialético como parte integrante vital de sua investigação.

A pesquisa utiliza da entrevista para uma aproximação com as realidades vividas dos nossos protagonistas, adotando a partir daí uma interpretação de resultados a partir das categorias do método do materialismo histórico dialético. O campo de estudo se dá no âmbito da Secretaria Estadual de Educação do Distrito Federal, que diferentemente das demais secretarias estaduais de educação das outras unidades federativas do país, abarca toda a Educação Básica (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio) em uma única rede. A rede de ensino no Distrito Federal conta com 66212 (seiscentas e sessenta e duas) escolas oficiais espalhadas por 14 Coordenações Regionais de Ensino – CREs, locais que se articulam em núcleos de apoio, suporte e orientação às escolas e constituem uma ponte junto às demandas da sede da SEDF até as unidades escolares. A pesquisa de campo terá uma delimitação quanto a escolha de regionais para aplicação em um número de quatro (04) unidades escolares, com os seguintes critérios de escolha:

- Coordenações Regionais de Ensino que mais receberam professores iniciantes nos dois últimos concursos (2010-2013);

- Regiões Administrativas13 com realidades socioeconômicas diferenciadas entre si; - Escolas com nível do ensino fundamental 1º fase – 1º ao 5º ano e com coordenadores pedagógicos que coordenam equipes de docentes que tenham pelo menos um professor iniciante/ingressante na SEDF, com no máximo cinco anos de carreira.

12 Informação constante do site oficial da SEDF< http://www.se.df.gov.br/> Acesso em: 16/05/2017.

13 Diferentemente dos estados do país, Brasília não é dividida em cidades e bairros, portanto não há prefeituras. A capital é composta por 31 Regiões Administrativas (RA’s) oficialmente constituídas como dependentes do Governo de Brasília. Informação retirada do site oficial do GDF <

A escolha das regionais se deu por meio da análise dos dados recolhidos pelo GEPFAPe quanto aos professores iniciantes convocados por regional de ensino. Esses dados são expressos no gráfico abaixo. As regionais de ensino são: Ceilândia, por ter o maior quantitativo de professores ingressos nos últimos concursos seguido pela regional da Samambaia, e uma terceira regional chamada de Plano Piloto/Cruzeiro, que difere substancialmente de condições socioeconômicas das duas regionais anteriores. Essas diferenças se dão pela constituição histórico-geográfica de cada região, onde as duas primeiras se constituem Regiões Administrativas após a criação de áreas de assentamento de famílias que moravam em diversas invasões pelo território do Distrito Federal, enquanto a região administrativa do Plano Piloto/Cruzeiro se constitui projeto fundante da capital através do projeto urbanístico de Lúcio Costa, e que abriga todo corpo de prédios públicos do governo federal e estadual.

Gráfico 09 – Professores Convocados por Regional de Ensino

Fonte: GEPFAPe Autoria: CARMO, 2016 Quanto a coleta de dados temos a entrevista, que é um instrumento de pesquisa em que o investigador tem a chance de interagir com o entrevistado, e onde ambos podem expressar as suas opiniões de maneira mais explícita. A entrevista é um instrumento valioso de coleta de dados pois permite correções, esclarecimentos, e adaptações que a tornam sobremaneira eficaz

33 101 38 199 204 247 237 162 234 21 62 53 179 553 163 93 87 3 119 155 139 167 154 174 140 95 58 176 283 140 TAGUATINGA SOBRADINHO SEDE SÃO SEBASTIÃO SANTA MARIA SAMAMBAIA RECANTO DAS EMAS PLANO PILOTO/CRUZEIRO PLANALTINA PARANOÁ NÚCLEO BANDEIRANTE GUARÁ GAMA CEILÂNDIA BRAZLÂNDIA

na obtenção das informações desejadas (LÜKDE e ANDRÉ, 1986). O tipo de entrevista é a semiestruturada – aquela que se desenvolve a partir de um roteiro prévio, que se encontra nos anexos desse trabalho, e é aplicado de maneira não engessada, permitindo movimento de adequações às necessidades. Em geral, as perguntas são abertas e podem ser respondidas dentro de uma conversa informal. A utilização da entrevista se deu com o seguinte grupo de respondentes:

Quadro 02 – Perfil dos Entrevistados

Código/Sexo Função Local de atuação Tempo de Serviço

na SEDF

C1 - H Coordenador Escola Classe no Plano Piloto 7 anos

C2 - M Coordenador Escola Classe em Ceilândia 18 anos

C3 - M Coordenador Escola Classe na Samambaia 5 anos

C4 - M Coordenador Escola Classe no Plano Piloto 20 anos

P1 - M Professor ingressante Escola Classe no Plano Piloto 4 anos e 6 meses P2 - H Professor iniciante Escola Classe no Plano Piloto 6 meses

P3 - M Professor iniciante Escola Classe no Plano Piloto 5 anos P4 - M Professor iniciante Escola Classe na Ceilândia 4 anos P5 - M Professor iniciante Escola Classe na Ceilândia 4 anos P6 - M Professor iniciante Escola Classe na Ceilândia 4 anos

Assim como a utilização da técnica da entrevista, a análise documental também se deu para compor aspectos históricos da constituição da função da coordenação pedagógica em vista de alcançar respostas para questões secundárias que nos auxiliem a aproximações do objetivo geral, além de compor método de coleta para a construção do estado do conhecimento das pesquisas sobre o tema. O uso da análise de documentos em uma pesquisa deve ser apreciado, pois permite a visão de uma riqueza de informações que podem ser extraídas, possibilitando uma amplitude do entendimento sobre o objeto cuja compreensão necessita de contextualização histórica e sociocultural. Outro ponto a levar em consideração é o uso da análise documental para acrescentar a categoria “tempo” à compreensão social. A análise documental favorece a observação do processo de maturação ou de evolução de indivíduos, grupos, conceitos, conhecimentos, comportamentos, mentalidades, práticas, entre outros. (CELLARD, 2008).

Esses dados coletados em conjunto com as entrevistas serão comparados entre si para caminharmos de encontro a essência da realidade apresentada quanto ao trabalho docente.

2 – O COORDENADOR PEDAGÓGICO: BREVE ANÁLISE HISTÓRICO-