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IV. Método

4.3. Instrumentos

4.3.1.Attachment Story Completion Task (ASCT)

O Attachment Story Completion Task (ASCT), é um instrumento que por meio da construção de narrativas individuais a partir de cenários familiares quotidianos que evocam as temáticas da segurança na vinculação com figuras significativas, pressupõe que podemos inferir os modelos internos dinâmicos das crianças, ou seja, a qualidade das representações de vinculação (Bowlby, 1988). O instrumento foi desenvolvido por Bretherton, Ridgeway e Casidy (1990) e a sua adaptação para português utilizada neste estudo foi realizada por Maia, Veríssimo, Ferreira, Silva e Fernandes (2009).

Esta metodologia é aplicada em crianças dos 3 aos 6 anos e consiste numa entrevista de cerca de 30 minutos. Nesta entrevista, existem pequenas figuras moldáveis (mãe, pai, filho “protagonista” e respectivo irmão/ã, ambos do mesmo género da criança entrevistada bem

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como uma vizinha). Existem ainda alguns materiais para a construção do cenário (camas, carro, mesa, copos e rocha). São apresentados 6 inícios de histórias (anexo 4) e a criança através das interacções com as personagens, é solicitada a completar cada história livremente (Maia, 2011).

Cada uma das instruções das histórias foi construída de modo a evocar uma problemática distinta: figura de vinculação em situação de autoridade face a um percalço acidental da criança (Sumo Entornado); activação do sistema de vinculação suscitando a protecção e resposta parental à dor (Joelho Magoado) e ao medo (Monstro no Quarto); ansiedade de separação e capacidade de coping com um cuidador substituto (Separação) e tonalidade afectiva da reunião familiar (Reencontro). Uma instrução adicional neutra (Bolo de Aniversário) é administrada inicialmente, para assegurar que a criança compreendeu o procedimento, mas não é cotada.

É importante realçar que a introdução da figura da vizinha substitui a figura original da avó, devido essencialmente às características culturais das famílias portuguesas, onde as crianças passam muito tempo aos cuidados dos avós por diferentes motivos no seu quotidiano (p.e. fins-de-semana ou nas férias). Desta forma, de modo a criar uma situação moderadamente ansiogénica associada à história da Separação, considerou-se esta substituição a mais adequada.

4.3.2. Questionário dos Hábitos e Comportamentos de Sono

É uma medida de avaliação retrospectiva desenvolvida para avaliar a percepção parental acerca dos comportamentos de sono em crianças em idade pré-escolar (Owens et al., 2000). Este questionário foi construído baseando-se na Classificação Internacional das Perturbações de Sono (American Academy of Sleep Medicine, 2001) e remete os pais para os comportamentos e hábitos de sono, na semana anterior. Ou, no caso da semana anterior ter sido atípica, a semana que mais facilmente exemplifica aquilo que é o normal na criança.

Este questionado foi construído nos Estados Unidos da América (Owens et al., 2000) e traduzido e adaptado para a cultura portuguesa por Silva, Silva, Neto e Braga (2011). Nos estudos referentes à aferição para a população portuguesa, foi possível utilizar 315 questionários aplicados tendo em conta as crianças dos 2 aos 10 anos de idade (Silva et al., 2013b). O único critério de exclusão para a construção deste mesmo questionário, foi o relato parental de perturbações do desenvolvimento ou psiquiátricas (p.e. défice de atenção e

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hiperactividade, autismo) ou medicação que pudesse interferir com o sono (p.e. anti- histamínicos, antiepiléptico, psicoestimulantes) (Silva et al., 2013b).

O questionário é composto por 33 itens divididos nas seguintes dimensões: resistência em ir para a cama (itens 1, 3, 4, 7, 9 e 11), início do sono (item 2), duração do sono (itens 13, 15 e 16), ansiedade associada ao sono (itens 7, 10, 11 e 26), despertares nocturnos (itens 20, 30 e 31), parassónias (itens 29, 17, 18, 19, 22, 27 e 28), perturbação respiratória do sono (itens 23, 24 e 25) e sonolência diurna (itens 33, 35, 36, 37, 38, 42, 44 e 45).

Existe ainda a avaliação da percepção parental se existe ou não problemas de sono com a questão inicial “Acha que o seu filho/filha tem algum problema com o sono ou com o adormecer?”, possibilitando-os de responderem “Sim” ou “Não”, as horas de deitar e de acordar (nos dias de semana e no fim-de-semana) e a duração habitual do sono. A duração habitual do sono diário refere-se a uma estimativa do sono nocturno e diurno num dia típico durante a semana. A duração do sono exclusivamente nocturno nos dias de semana e nos fins- de-semana foi calculada a partir das horas de deitar e de acordar indicadas pelos pais.

Os itens referentes às diversas dimensões dos comportamentos de sono (anexo 4) são compostos por uma escala likert de 3 pontos: 1- raramente, que corresponde a quando ocorre apenas uma vez por semana ou nenhuma; 2- às vezes, que corresponde a uma frequência de 2 a 4 vezes por semana, e, 3- habitualmente, referente a uma frequência de 5 a 7 vezes por semana. Alguns itens do questionário são invertidos (itens 1,3,2, 15,16,33). Desta forma, a maiores valores, estão associados a maiores problemas de sono. Somando as pontuações, é possível calcular a cotação total do questionário que corresponde a um valor uniformemente definido como os problemas de sono e as cotações das várias subescalas.

4.3.3. Questionário dos Dados Sócio-Demográficos

Este foi um questionário construído para caracterizar a amostra, para efeitos de aferição sobre variáveis que poderiam interferir nos resultados que se obtêm. Neste sentido, inclui perguntas de resposta curta e de auto-preenchimento relativamente a características da criança e dos pais. Quanto à criança procura-se saber a sua idade, sexo, número de horas na Creche, número de irmãos e sexo destes, se é ou não o primeiro filho. Relativamente aos pais, procura-se saber a sua idade, estado civil, profissão, habilitações literárias (a partir do número de anos de estudo) e a sua situação laboral.

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4.3.4. WPPSI-R Escala de Inteligência de Wechsler para a Idade Pré-Escolar e Primária Revista

É uma medida de avaliação da inteligência das crianças em idade pré-escolar desenvolvida por Wechsler (1989) e adaptada para a população portuguesa por Seabra-Santos et al. (2003). Esta é utilizada em crianças dos 3 anos aos 6 anos e 6 meses e é constituída por uma subescala verbal com as provas de informação, vocabulário, aritmética, semelhanças, compreensão e frases memorizadas (opcional). Tem também uma subescala de realização composta pelas provas de composição de objectos, figuras geométricas, quadrados, labirintos, completamento de gravuras e casa dos animais (opcional).

O desempenho é analisado em termos de subtestes e de seis resultados compósitos: QI Verbal, QI de Realização, QI da Escala Completa, Índice Compreensão Verbal, Índice Organização Perceptiva e Índice Velocidade de Processamento. Foi utilizada para avaliar as competências verbais de forma a compreender a sua relação com as narrativas de vinculação.