• Nenhum resultado encontrado

Neste subcapítulo são apresentados os instrumentos e técnicas utilizadas

durante o estágio para alcançar os objectivos definidos.

3.2.1. Prática Reflexiva

Tendo como essência da prática a primazia do cuidar, no sentido de ajudar a

criar uma alternativa para a pessoa (Benner & Wrubel, 1989), terá sempre que

se identificar o problema com objectivo de o resolver. Dito de outro modo, visa a

análise de questões com o fim de criar um julgamento de enfermagem, com

ênfase nas respostas humanas, e enunciar os benefícios que as intervenções de

enfermagem possam vir a ter (Lunney, 2010; Pearson et al., 2010; Silva, 2007;

Standing, 2008).

O processo de criar um julgamento de enfermagem é revestido de extrema

dificuldade, porque o ser humano é único e complexo, constituindo um desafio

encontrar diferentes modos de pensar para dar resposta às necessidades

identificadas (Standing, 2008).

A fim de desenvolver competências para a tomada de decisão e para a

prática de CEc na área de especialidade, foram utilizados durante os ensinos

clínicos, os dois domínios de competências do pensamento crítico, base da

prática reflexiva, composto pelos seguintes atributos:

(1)

Perícias cognitivas:

(a)

análise,

(b)

aplicação de normativos,

(c)

discriminar,

(d)

procurar informação de

suporte válida,

(e)

raciocínio lógico,

(f)

predizer,

(g)

transformação do saber.

(2)

Hábito de pensar:

(a)

confiança,

(b)

perspectiva contextual,

(c)

criatividade,

(d)

flexibilidade,

(e)

curiosidade,

(f)

integridade intelectual,

(g)

intuição,

(h)

mente

aberta,

(i)

perseverança,

(j)

reflexão

(Foundation for Critical Thinking, 2007; Lunney,

2010; Scheffer & Rubenfeld, 2000).

6 APÊNDICE V – Objectivos Para o Ensino Clínico 1; APÊNDICE VI – Objectivos Para o Ensino Clínico 2; APÊNDICE VII – Objectivos Para o Ensino Clínico 3.

24

Durante os EC, a operacionalização destes dois domínios foi feita através de

técnicas como estudos de caso, reflexões críticas e análise de SWOT. O recurso

a estas técnicas permitiu um trabalho de análise, elaborado em conjunto com os

Enfermeiros orientadores dos campos de estágio e com a docente orientadora,

do qual resultou um conjunto de reflexões

7

utilizadas para estruturação do

pensamento ao longo da prática clínica e para a avaliação do desenvolvimento

de competências, servindo ainda como suporte para a elaboração deste

relatório.

Este trabalho de reflexão teve como ponto de partida a enfermagem na sua

prática quotidiana, cruzando-a com revisões de literatura, com a teoria de

enfermagem de Benner e Wrubel (1989), com o quadro de competências dos

Enfermeiros Especialistas (Regulamento n

o

122/2011, 18 de Fevereiro, p 122;

Regulamento n

o

124/2011, 18 de Fevereiro)

e com o “The European Core

Curriculum for a Post-Basic Curse in Nephrology Nursing” (Thomas et al., 2004).

As reflexões de estágio partiram de situações encontradas durante os

ensinos clínicos, incidindo na diversidade e complexidade de cada uma delas.

Na sua elaboração, foi considerada a procura constante de informação

válida e actual sobre cada um dos domínios que constroem a complexidade das

situações ou problemas relatados.

A informação foi obtida através de:

(1)

Recursos bibliográficos e documentos

organizacionais existentes nos campos de ensinos clínicos, permitindo

enquadrar as questões de um ponto de vista do contexto;

(2)

Bibliografia

recomendada pelos orientadores ou indicada nos documentos organizacionais;

(3)

Recurso a pesquisas bibliográfica na base de dados científicos EBSCOhost e

no motor de busca Nursing Reference Centrer que integra a referida base de

dados.

Estudo de Caso

O estudo de caso foi utilizado como meio de inclusão de fontes múltiplas de

conhecimento, partindo de um contexto real e isolando variáveis que se

pretendem estudar (Carmo & Ferreira, 2008).

Esta técnica permite integrar a prática baseada na evidência na tomada da

decisão clínica, no sentido em que os cuidados de enfermagem envolvem uma

7

25

variedade de diagnósticos, intervenções e de perícias desenvolvidas (Craig &

Smyth, 2004).

Ciclo Reflexivo de Gibbs

O ciclo de Gibbs consiste numa análise estruturada em seis pontos

orientares, compostos por questões que, ao serem respondidas de forma

sequencial, formam o processo reflexivo, permitindo sistematizar uma situação

complexa ou um evento (Jasper, 2003). A Figura 2 ilustra este ciclo, destacando

os principais pontos de análise e questões que o compõem.

Figura 2 - Ciclo Reflexivo de Gibbs

(Adaptado de Gibbs, 1988 citado em: Jasper, 2003)

Análise de SWOT

A Análise SWOT é um instrumento de gestão que, através da ponderação

dos factores internos, dos factores externos, dos pontos positivos e dos

negativos associados a determinada situação, permite antever as facilidades,

dificuldades, oportunidades e ameaças que lhe estão associados (Chapman,

2005).

3.2.2. Painel de Peritos

O painel de peritos é um grupo de trabalho constituído por especialistas

reconhecidos numa área para com a finalidade de avaliação de um processo ou

um programa.

(1) Descrição O que aconteceu? (2) Sentimentos O que pensou e sentiu?

(3) Avaliação O que foi bom e foi mau

na experiência? (4)

Análise Que sentido pode dar à

situação? (5)

Conclusão Que mais poderia ter

feito? (6) Planear Acção Se voltar a acontecer o que

26

O painel de peritos pode ser considerado um instrumento de avaliação na

mediada que existe um procedimento normalizado e reprodutível, orientando a

sua constituição e conduzindo aos respectivos resultados (Quadro de Referência

Estratégico Nacional, 2007).

Esta técnica permite responder ao quarto objectivo do Estágio:

“Desenvolvimento de Proposta de Protocolo Clínico – Cuidados de Enfermagem

à Pessoa com DRC no SU”. Foi solicitado ao grupo de peritos escolhidos,

formado por especialistas no terreno

8

(Kennedy, 2004), a leitura crítica da

proposta de protocolo clínico, a sua avaliação e recolhidas sugestões

complementares a fim de ser obtida a validade de conteúdo do documento (Polit,

Beck, & Hungler, 2004).

A proposta de Protocolo Clínico resulta de uma síntese de todas as

aprendizagens do Estágio, integrando os elementos teóricos e práticos do

mesmo.

O descritivo dos diagnósticos e intervenções de enfermagem contido no

documento é apresentado com base na Classificação Internacional para a

Prática de Enfermagem

(CIPE)

, versão Beta 2 (Conselho Internacional de

Enfermeiras, 2003), e constitui uma adaptação dos cuidados de enfermagem

propostos no referencial de abordagem à pessoa em situação crítica no serviço

de urgência da Emergency Nurses Association (Hoyt & Seffridge-Thomas, 2007),

centrados na pessoa com DRC.

Participantes

O contexto de aplicação do Protocolo Clínico, e onde foi constituído o painel

de peritos, foi um SU polivalente de um CH de Lisboa, onde decorreu o EC3.

A população considerada para integrar este grupo de peritos é constituída

pelos enfermeiros do SU e das duas unidades de cuidados intensivos

(UCI)

do

mesmo CH. Estas duas UCI são referência para o SU quando é necessário

recorrer a TSR e/ou técnicas contínuas.

O Grupo de peritos foi constituído através de uma amostragem intencional,

em que se identificaram participantes conhecedores da área em questão, de

modo a permitir uma análise de maior profundidade sobre o processo em

avaliação (Carmo & Ferreira, 2008; Polit et al., 2004).

8 T aduçãoàli e:à spe ialistài àtheàfield .

27

A selecção dos participantes, num total de 17, respondeu a critérios

específicos e foi feita com recurso a informadores-chave, as Enfermeiras Chefe

de cada um os serviços.

O critério de inclusão de participantes no SU foi o de serem enfermeiros com

reconhecimento organizacional na gestão e prestação de cuidados a pessoas

em situação crítica. Foram seleccionados 13 profissionais:

Quatro Enfermeiras de apoio à gestão do SU;

Quatro Enfermeiros Chefes de Equipa;

Cinco Enfermeiros com Especialidade na área de Médico-cirúrgica.

Foram ainda seleccionados dois participantes oriundos de cada uma das

UCI, tomando-se como critério de inclusão o facto de serem considerados

profissionais de referência na prestação de cuidado a pessoas com DRC,

somadas às competências reconhecidas em TSR.

A dimensão do grupo foi definida em função da finalidade do painel e da

qualidade dos participantes, no SU foi determinada pelo número total de

participantes que cumpria os critérios de inclusão (Polit et al., 2004), nas UCI

decidiu-se por aproximadamente 20% do total de participantes do SU divididos

pelas duas unidades.

Instrumento de Recolha de Dados

Para validação do protocolo clínico, fez-se uso de um questionário

9

constituído por sete perguntas fechadas, visando obter a opinião de cada um dos

participantes sobre a adequação da proposta, nos seus conteúdos e forma, à

prática de cuidados no SU. Para tal, foi utilizada uma Escala de Likert (Carmo &

Ferreira, 2008; Polit et al., 2004) composta por quatro pontos:

1. Nada adequado 2. Pouco adequado 3. Adequado 4. Muito adequado

Na parte final do questionário foi ainda criado um espaço para

“Sugestões/Comentários”, permitindo aos participantes acrescentar contributos

ao documento.

28

Considerações Éticas

Foi solicitado, em entrevista, às Enfermeiras Chefe das unidades que

contribuíram para a validação do protocolo clínico, autorização para contacto

com os integrantes do painel de peritos.

Em cada uma destes entrevistas foi disponibilizado uma sinopse do projecto,

um exemplar do protocolo clínico e um exemplar do instrumento de colheita de

dados a aplicar.

Cada participante foi contactado individualmente, tendo sido informado do

projecto, dos objectivos, do método de constituição do painel de peritos, sendo-

lhe entregue um exemplar do protocolo clínico e do questionário.

Além das questões a responder, o questionário continha uma súmula da

finalidade, as instruções para preenchimento e a menção à garantia de

anonimato e confidencialidade dos dados recolhidos.

Este contacto individualizado contribuiu, a par da informação disponível no

questionário, para que cada participante tivesse consciência das implicações

éticas e legais da sua colaboração no processo.

Colheita de Dados

A colheita de dados decorreu entre 30 de Janeiro e 10 de Fevereiro de 2012.

Foram distribuídos pessoalmente aos participantes 17 questionários, dos

quais 15 foram devolvidos.