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A coleta de dados da presente pesquisa foi realizada com o uso de dois instrumentos: a) Entrevista Semiestruturada, e b) Mapa de Redes. 4.4.1 Entrevista Semiestruturada

A entrevista semiestruturada é um recurso que permite aprofundar o tema de pesquisa, de maneira que as questões introduzidas pela pesquisadora suscitem a verbalização livre da entrevistada quanto ao modo de pensar e agir frente à temática central da pesquisa. Assim, os questionamentos realizados durante uma entrevista semiestruturada

auxiliam na imersão dos sentimentos, atitudes, motivos, intenções, razões e valores das participantes (Minayo, 2010).

O roteiro da entrevista semiestruturada (Apêndice A), proposto com base nos objetivos dessa pesquisa, abordou a caracterização dos tipos de violência sofrida, a experiência de viver na casa-abrigo, as repercussões da violência na vida das participantes e a identificação da estrutura, funções e atributos do vínculo das pessoas que constituem sua rede pessoal significativa das participantes. Diante disso, a entrevista foi composta por perguntas que contemplam os seguintes temas centrais: 1) Dados de identificação e sócio-demográficos das participantes

Constituiu-se de informações sobre a idade, escolaridade, profissão, número de filhos, estado civil e renda familiar da participante, além de informações sobre o autor da violência; estas últimas descritas no Apêndice B.

2) Vivência na casa-abrigo

O objetivo desta etapa da entrevista foi o de conhecer os motivos que levaram as mulheres à casa-abrigo, sua experiência no local, a rotina, o relacionamento com outras mulheres/usuárias do serviço e profissionais. Além disso, procurou-se entender como a experiência de ter passado pela casa contribuiu para o enfrentamento da violência e o que mudou na vida das participantes, após a saída da casa-abrigo. 3) Repercussões da violência na vida das participantes

Neste item, buscou-se identificar o significado atribuído à violência em um contexto geral e à violência familiar, além dos sentimentos e emoções relacionados à violência pela qual as participantes vivenciaram e as estratégias utilizadas para enfrentar o problema.

4) A rede pessoal significativa da participante

O objetivo desse item foi compreender como se estabeleceram as relações com as redes pessoais significativas das participantes, em termos de função, atributos do vínculo afetivo e compromisso relacional, diante da situação de violência.

4.4.2 Mapa de Redes

O Mapa de Redes, proposto por Sluzki (1997), possibilita identificar o grau de intimidade e compromisso das pessoas que compõem a rede pessoal significativa das participantes deste estudo. Esse instrumento permite, ainda, mapear a qualidade do compromisso relacional entre rede e indivíduo e analisar, de forma qualitativa, o impacto da violência no desenvolvimento vital das mulheres que participaram desta pesquisa (Moré & Crepaldi, 2012).

Com relação à sua composição, o Mapa de Redes possui três círculos e quatro quadrantes. O círculo interno representa as relações íntimas ou cotidianas, o círculo intermediário refere-se às relações com menor grau de intimidade, com contato pessoal/ social e o círculo externo corresponde às relações ocasionais ou com conhecidos. Os quatro quadrantes do Mapa de Redes são representados pela família, amizades, relações comunitárias e relações de trabalho ou estudo.

A seguir, apresenta-se o modelo de Mapa de Redes proposto por Sluzki (1997):

Figura 4. Modelo de Mapa de Redes proposto por Sluzki (1997)

Fonte: Sluzki (1997).

Tendo em vista a relação das participantes desta pesquisa com as pessoas (mulheres/usuárias e profissionais) da Casa-Abrigo onde

estiveram, foi inserida à estrutura do Mapa de Redes, uma subdivisão no quadrante da Comunidade, adicionando o item Casa-Abrigo. Assim, foi apresentado às participantes o desenho do Mapa de Redes, conforme a Figura 5:

Figura 5. Modelo de Mapa de Redes proposto por Sluzki (1997) adaptado com adição do item Casa-Abrigo.

Fonte: adaptado pela autora.

A utilização do Mapa de Redes como um recurso gráfico permite identificar e avaliar a rede pessoal significativa a partir de suas características estruturais, que referem-se às propriedades da rede em seu conjunto; das funções dos vínculos, caracterizadas pelo tipo de interação entre a pessoa e os indivíduos que compõem a sua rede, podendo ser um vínculo específico ou uma combinação de vínculos; e por fim, a partir dos atributos do vínculo, sendo estes marcados pelas propriedades específicas de cada relação (Sluzki, 1997), conforme

descrito no item 3.7 da seção de fundamentação teórica da presente pesquisa. Dessa maneira, por meio das características estruturais, funções e atributos dos vínculos presentes nas redes, foi possível identificar o conjunto de variáveis apresentadas na construção do Mapa e compreender a dinâmica relacional existente entre as participantes da pesquisa e as pessoas que compõem sua rede pessoal significativa.

Na versão final do Mapa de Redes individual (Apêndice C), confeccionado a partir das narrativas de cada uma das participantes do estudo, os nomes das pessoas mencionadas foram substituídos pelo tipo de relação estabelecida com as entrevistadas (pai, mãe, vizinha, assistente social, educadora, entre outros). As pessoas de sexo feminino estão representadas pelo círculo vermelho ( ), enquanto que as do sexo masculino pelo círculo azul ( ). Na confecção do Mapa de Redes Geral (Apêndice D), que reúne as informações contidas em todos os Mapas individuais, cada participante está identificada pela letra P, seguida do número estabelecido pela ordem de participação e por uma cor diferente, de modo a facilitar sua identificação (Por exemplo: P1, P2, P3...).

Após a escuta e leitura das entrevistas, observou-se que ao colocarem nos Mapas as pessoas de suas redes, as participantes descriminavam aquelas que lhes foram significativas antes e depois da sua passagem pela casa-abrigo. Assim, para melhor visualização das redes nesses diferentes momentos, optou-se por fazer os Mapas correspondentes aos períodos antes, durante e depois da passagem pela casa-abrigo (Apêndice E).