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2 A SOBERANIA, A COOPERAÇÃO E A INTERDEPENDÊNCIA, AS

2.4 INTEGRAÇÃO REGIONAL

Segundo Amado Luiz Cervo (2008), com o fim da guerra fria e da era bipolar, o sistema internacional molda-se a partir de duas tendências: o crescimento do capitalismo e da globalização e pelos processos de integração. A integração, portanto, é vista como uma contenção aos avanços deste capitalismo e aos desafios da inserção internacional trazidos pelo neoliberalismo presentes neste cenário da história (SILVA; RIEDIGER, 2016)

Afim de reestabelecer sua importância como ator no sistema internacional, o Estado precisa, frente ao novo cenário internacional caracterizado pela interdependência, aderir à cooperação intergovernamental. Um dos meios, portanto, é a integração via formação de blocos regionais. Apesar de uma comunidade de países poder constituir uma organização internacional, dotada de personalidade jurídica, essa deve passar por fazes de integração, para enfim poder ter uma relação de cooperação mútua nos mais diversos âmbitos. A fases de integração podem ser descritas como: Zona de Livre Comércio, União Aduaneira, Mercado Comum e União Econômica e Monetária (GUERRA, 2004; BÖHLKE, 2002).

Apesar das fases descritas, não existe um modelo único a ser seguido para formação dos blocos de integração, cada processo irá variar de acordo com os objetivos a serem alcançados, além das vontades políticas de cada Estado. (BÖHLKE, 2002)

Por fim, a análise do fenômeno da integração pode compreende distintas áreas do conhecimento. Podendo focar nas relações econômicas, políticas, sócias, entre outras. Para a delimitação do trabalho, a análise irá focar na integração e atuação do Mercosul em relação às questões ambientais pertinentes ao bloco, especificamente a água subterrânea.

2.4.1 Mercosul e a Integração Ambiental Hídrica do Bloco

O Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) é a mais ampla integração regional da América Latina. Seus membros fundadores, Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, signatários do Tratado de Assunção de 1991, fundam o bloco num contexto da redemocratização e reaproximação dos países da região. O tratado estabeleceu a constituição do Mercosul, sendo este concretizado em 1994. O objetivo era de estabelecer um mercado comum entre os países signatários - com livre circulação interna de bens, serviços e fatores produtivos – além do estabelecimento de uma Tarifa Externa Comum (TEC) com terceiros países e a adoção de uma política comercial comum. A criação do Mercosul é, então, o resultado de um longo processo

de aproximação e integração entre os países da região sul (BÖHLKE, 2002; SILVA, 2016; MERCOSUL, 2018)

O Protocolo de Ouro Preto, assinado em 1994, conferiu ao Bloco personalidade jurídica de direito internacional. Atualmente o bloco é fundamental para a cooperação e desenvolvimento social e econômico na América do Sul. Apesar de ainda não ter atingido seu objetivo final de integração, precisando consolidar de fato o Mercado Comum previsto no Tratado de Assunção, o bloco mantém sua importância e deve intensificar cada vez mais seu processo de integração, caso este for de interesse dos Estados membros. (MERCOSUL, 2018)

A questão ambiental começa a ser considerada no Mercosul em fevereiro de 1992, os quatro Estados membros reuniram-se em Canela (RS) para negociar, a partir de resoluções ambientais nacionais previamente discutidas, uma posição comum representando o Cone Sul na Conferência Rio-92 (SILVA, 2016).

O preâmbulo do Tratado de Assunção menciona que o Mercosul deve atingir seus objetivos:

Mediante o aproveitamento mais eficaz dos recursos disponíveis, a preservação do meio ambiente, o melhoramento das interconexões físicas, a coordenação de políticas macroeconômicas e a complementação dos diferentes setores da economia, com base nos princípios de gradualidade, flexibilidade e equilíbrio (BRASIL, 1991). 7

O histórico do bloco em relação ao meio ambiente inicia pela criação das Reuniões Especializadas em Meio Ambiente (REMA) que ocorreram no período de novembro de 1993 a setembro de 1994, devido as preocupações com problemas ambientais presentes nos países do Mercosul como a hiper urbanização, a poluição industrial e agrícola, a degradação do solo, o desmatamento e a perda de biodiversidade. Decorrentes destas reuniões, cria-se o Subgrupo de Trabalho do Meio Ambiente (SGT 6), efetivado em 1995, após a Primeira Reunião dos Ministros de Meio Ambiente dos países do Mercosul, em Montevidéu (SILVA, 2016).

Talvez o Acordo-Quadro do Meio Ambiente e seu Protocolo Adicional em Matéria de Cooperação em Emergências Ambientais sejam as realizações ambientais mais ambiciosas do Mercosul. Nos princípios do acordo está a orientação para adoção da epistemologia ambiental na formulação de políticas setoriais de integração, a fim de praticar uma política sustentável no bloco. Também se destaca a responsabilidade dos Estados em enfrentar os problemas socioambientais das diversas sub-regiões, mas devendo incluir todas as entidades da

7 BRASIL. Decreto nº 350, de 21 de novembro de 1991. Disponível em:

sociedade civil no desenvolvimento das políticas públicas. Contudo, o acordo ainda não foi ratificado por todos os membros (ALMEIDA; CASTRO; RIBEIRO, 2015; SILVA, 2016).

Em relação a implementação de projetos sobre os recursos hídricos transfronteiriços, este depende de uma permanente interação entre os Estados-partes. Segundo Almeida, o que é prejudicado pela instabilidade institucional em certas áreas do Mercosul como, por exemplo, as normativas sobre investimentos. Contudo, além da circunstância mencionada, a governança dos recursos hídricos transfronteiriços no Mercosul, demonstram que a cooperação deve produzir resultados melhores nestes recursos do que uma política isolada, principalmente devido ao compartilhamento dos esforços necessários entre os Estados facilmente obtida por meio da cooperação do que pelo desforço isolado de cada Estado-parte e o desenvolvimento de uma consciência ambiental regional (ALMEIDA; CASTRO; RIBEIRO, 2015).

Almeida, Castro e Ribeiro (2015) destacam, enfim, que a cooperação transfronteiriça sobre os recursos hídricos é essencial para, além do desenvolvimento regional, a proteção da água da região. Portanto uma maior integração quanto a governança das bacias hidrográficas e dos sistemas aquíferos transfronteiriços demonstra ser estratégico para a manutenção deste recurso, frente às ameaças como a diminuição da oferta de água potável e a contaminação dos mananciais.

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