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Depois de intensas pesquisas bibliográficas não foram encontrados trabalhos que realizaram análises conjuntas (em uma mesma pesquisa) do relacionamento entre nível de serviço logístico, estrutura organizacional da logística e desempenho empresarial, nos moldes

em que cada uma destas variáveis foram conceituadas nesta dissertação. Apesar disso, verificações de relacionamentos bilaterais entre as variáveis ou mesmo de parte dos atributos constituintes destas foram encontrados em trabalhos diferentes.

A maioria dos estudos internacionais do tema proposto evidencia a idéia do termo “fit”, o qual será entendido nesta dissertação como “encaixe”. A idéia de associar estrutura organizacional com outras variáveis começou a ser desenvolvida nos estudos clássicos de Chandler (1962) e Miles e Snow (1984), os quais pesquisaram o relacionamento entre estratégia e estrutura.

Estudos mais recentes relacionaram e verificaram a importância das estratégias e práticas logísticas para a estratégia de negócio (LALONDE, MASTERS, 1994; CHOW, HEAVER, HENRIKSSON, 1995; STOCK, GREIS, KASARDA, 1998; STANK, TRAICHAL, 1998). Particularmente, Chow, Heaver e Henriksson (1995) propõem um modelo conceitual relacionado às questões organizacionais da logística, consistente com a literatura existente sobre estrutura organizacional e que tentam associar estratégia, estrutura e desempenho, adotando cinco variáveis contingenciadoras (estratégia, incerteza do ambiente, heterogeneidade do ambiente, importância da logística e tecnologia da informação). O modelo desenvolvido pelos autores pode ser visto na figura 6 (2) e os conceitos estabelecidos por eles lançaram as bases para futuras pesquisas relacionadas ao tema.

Nesta dissertação, os atributos constituintes da estrutura organizacional para a logística (centralização, concentração, formalização, integração, intensidade, freqüência, padronização e reciprocidade) são utilizados de forma similar à pesquisa de Chow, Heaver e Henriksson (1995).

Variáveis Contigenciadoras Desempenho Integração Estrutura Estratégia

Figura 6 (2): Organização logística e desempenho Fonte: Chow, Heaver e Henriksson (1995, p. 287)

A relação entre estratégia logística, atividades logísticas e o ambiente externo foi objeto de estudo de Kohn e McGinnis (1997). Os autores concluíram que a estratégia logística pode ser entendida sob duas dimensões. Primeira, uma orientação integradora de fluxo, coordenação e complexidade, sendo influenciada pelo ambiente externo. Esta primeira dimensão se confunde com o próprio conceito de Supply Chain Management, da forma que está sendo considerado neste trabalho. Segunda, uma orientação de processo, a qual considera eficiência, controle e custos das atividades logísticas. Três variáveis independentes influenciaram no nível de integração e orientação de processo na pesquisa: serviço ao cliente, eficácia da coordenação logística e sensibilidade competitiva. A ênfase nestas três variáveis independentes é necessária para a empresa garantir bom desempenho na integração e orientação de processo. A principal contribuição do estudo de Kohn e McGinnis (1997) é a consideração do serviço ao cliente como fator de impacto no desempenho logístico.

Um modelo conceitual que enfatiza o papel emergente da logística na estratégia de produção e estrutura organizacional envolvidas para atender às novas pressões competitivas, foi desenvolvido por Stock, Greis e Kasarda (1999). O modelo relaciona a estratégia empresarial, estrutura e capacidades logísticas e suas influências na competitividade industrial e no ambiente logístico. A coesão entre os três elementos principais (escolhas estratégicas,

escolhas estruturais e escolhas logísticas) tem impacto no desempenho empresarial, ou seja, as combinações de escolhas estratégicas, estruturais e logísticas irá resultar em desempenhos diferenciados. A premissa básica defendida é que as forças de mercado (ambiente competitivo) moldam a formulação e implementação da estratégia empresarial e estrutura organizacional. Assim, novas estratégias e formas de organização não terão sucesso sem o desenvolvimento das práticas e sistemas logísticos.

Um ano após a primeira pesquisa, Stock, Greis e Kasarda (2000) estudaram, desta vez, a relação entre capacidade logística, estrutura da cadeia de suprimentos e seus impactos no desempenho empresarial. Há três principais elementos no trabalho: estrutura da cadeia de suprimentos (caracterizada pela dispersão geográfica e canal de governança), integração logística e desempenho empresarial e os resultados da pesquisa indicaram que a capacidade logística é uma importante ferramenta para a coordenação das operações da cadeia de suprimentos.

Apesar de fornecer importantes insights para a pesquisa, os modelos de Stock, Greis e Kasarda (1999, 2000) adotaram a estratégia como uma variável de pesquisa (algo que, nesta dissertação, não foi considerado de forma direta), além de classificar, basicamente, o elemento integração como caracterizador da estrutura logística. Apesar disso, vários conceitos e visões a respeito da integração logística são aproveitados e incorporados nesta dissertação, principalmente no que se refere ao entendimento da integração em duas esferas: integração externa e integração interna. Os modelos ainda diferem quanto à escolha das empresas a serem analisadas, as quais foram organizações geograficamente dispersas pelo mundo, enquanto neste trabalho são analisadas apenas empresas industriais brasileiras.

Fora do campo das pesquisas que tentam associar estrutura e desempenho em logística, um trabalho pioneiro foi desenvolvido por Bowersox e Daugherty (1992) em pesquisa realizada nos Estados Unidos, denominada Leading Edge Logistics. O modelo

conceitual exposto na figura 7 (2), mostra que as empresas que alcançam altos níveis de flexibilidade possuem relações consistentes entre os elementos de sua organização logística (avaliado nas dimensões formalização, monitoramento do desempenho e adoção de tecnologia de informação). Estes elementos são influenciados pelo nível de complexidade das atividades logísticas das empresas.

A flexibilidade considerada na figura trata da habilidade da empresa de satisfazer seus clientes na prestação do serviço logístico, “uma empresa com operações flexíveis é capaz de “customizar” seus serviços e capitalizar seus esforços nas oportunidades mais lucrativas” (LAVALLE, FLEURY, 2000b). Tal atributo e sua definição, nesta dissertação, foi utilizado como um dos componentes do nível de serviço logístico.

Complexidade Adoção de tecnologia de informação Formalização Monitoramento do desempenho Flexibilidade

Figura 7 (2): Modelo conceitual proposto por Bowersox e Daugherty (1992) Fonte: Bowersox e Daugherty (1992).

Trabalhos brasileiros (LAVALLE, FLEURY, 2000a, 2000b) replicaram nacionalmente o modelo conceitual proposto por Bowersox e Daugherty (1992).

Lavalle e Fleury (2000a) verificaram o estágio de desenvolvimento da organização logística em empresas comerciais e industriais pertencentes a cadeia de alimentos. De uma

maneira geral, concluíram que, devido a complexidade ambiental, as empresas industriais desenvolveram maior nível de sofisticação da organização logística (formalização, monitoramento do desempenho e adoção de tecnologia de informação) do que as empresas comerciais, gerando um maior nível de flexibilidade e competitividade.

Lavalle e Fleury (2000b) analisaram o estágio de desenvolvimento da organização logística em grandes empresas brasileiras com a realização de dez estudos de caso com empresas de diversos setores industriais. Os autores concluíram que, mediante análise de quatro dimensões básicas (formalização organizacional, monitoramento do desempenho, utilização de tecnologia de informação e flexibilidade operacional), as empresas brasileiras, de uma maneira geral, estão tornado-se conscientes da importância dessas dimensões na melhoria do desempenho logístico.

As possíveis associações entre NSL, EOL e DE podem sofrer influência de inúmeras variáveis. Nesta dissertação, as variáveis tipo de produto, tamanho da empresa e controle de capital foram tomadas como moderadoras dessas relações e serão fundamentadas nas seções seguintes.