Interação com programas específicos, instituições locais e políticas públicas

A interação das empresas com programas específicos, instituições locais e políticas públicas é de grande relevo para manter a capacidade competitiva das mesmas, bem como estimular o desenvolvimento de ações direcionadas a inovação.

No que se refere a existência de programas ou ações específicas para o segmento de atuação das empresas, a maioria dos respondentes (57,90%) declarou que conhece programas do governo federal, mas não participa, 38,64% conhece e participa, quanto a avaliação desses programas 31,58% dos respondentes avaliam positivamente e mais de 60% afirmaram não ter elementos suficientes para avaliação (quadro 5.2). Com relação aos programas de âmbito estadual, percebe-se, assim como ocorreu naqueles de domínio federal uma disparidade entre

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o percentual de empresas que afirmaram conhecer os programas desenvolvidos por esses entes e o percentual de construtoras que declararam participar desses programas.

No tocante aos programas desenvolvidos pelo governo local, a maior parte dos respondentes afirmou conhecer e participar, entretanto um percentual considerável (33,33%) afirmou não conhecer algum programa do governo local direcionado as atividades do segmento de atuação.

Quadro 5.2. Percentual de participação e avaliação de programas específicos para o segmento de atuação das empresas Instituição/esfera governamental Não tem conhecimento Conhece, mas não participa Conhece e participa

Avaliação das empresas Positiva Negativa Sem elementos

para avaliação Governo Federal 5,26, 57,90 38,64 31,58 5,26 63,16 Governo Estadual 28,57 57,14 14,19 14,29 0 85,71 Governo local /Municipal 33,33 8,33 58,34 8,33 0 91,67 SEBRAE 14,29 35,71 50,00 50 0 50,00 SENAI 0 25,00 75,00 68,75 0 31,25 Outras Instituições 25 37,50 37,50 37,50 0 62,50

Fonte: Pesquisa direta

Chamam à atenção as assertivas acerca da participação em programas desenvolvidos pelo SENAI. A grande maioria (75%) dos respondentes afirmou conhecer e participar de programas direcionados ao segmento de atuação das empresas e, desses 68,75% avaliam positivamente os programas direcionados ao segmento. Percebe-se ainda que, nenhum respondente declarou não ter conhecimento de programas dessa instituição. É interessante observar, que esse resultado em relação ao SENAI não é surpreendente, visto que é conhecida a existência de parceria entre as empresas do segmento estudado e essa instituição, principalmente no que concerne a programas de capacitação da mão de obra.

As empresas investigadas afirmaram que têm conhecimento e participam de programas desenvolvidos por outras instituições, bem como revelam que têm conhecimento, mas não participam. Uma das empresas respondentes citou como outras instituições, o Serviço Social do Comércio – SESC e, declarou participar e avaliar positivamente os programas dessa instituição, direcionados às empresas da construção imobiliária.

No tocante a contribuição de instituições locais, como sindicatos, associações e outras entidades para o desenvolvimento das atividades abaixo relacionadas (tabela 5.22), observa-se

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que, de modo geral, as empresas respondentes não consideraram muito significativa a contribuição dessas instituições para direcioná-las ao desenvolvimento das atividades listadas. Entretanto, na visão de um pouco mais de 30% das empresas investigadas, a contribuição das entidades locais foi relevante para o desenvolvimento das seguintes atividades: estímulo das empresas na percepção de visões de futuro para ação estratégica; a criação de fóruns e ambientes para discussão; e a organização de eventos técnicos e comerciais.

Tabela 5.22. Percentual de importância da contribuição de instituições locais para o desenvolvimento das atividades abaixo relacionadas

Atividades Nula Baixa importância

Média importância

Alta importância

Estímulo na percepção de visões de futuro para

ação estratégica 14,29 25,00 25,00 35,71

Disponibilização de informações sobre matérias-primas, equipamento, assistência técnica, consultoria, etc.

14,29 25,00 32,14 28,57

Identificação de fontes e formas de

financiamento 29,63 25,93 33,33 11,11

Promoção de ações cooperativas 14,81 33,33 37,04 14,81

Apresentação de reivindicações comuns 14,29 25,00 35,71 25,00

Criação de fóruns e ambientes para discussão 14,29 17,86 28,57 39,29 Promoção de ações dirigidas à capacitação

tecnológica de empresas 14,29 25,00 32,14 28,57

Estímulo ao desenvolvimento do sistema de

ensino e pesquisa local 28,57 35,71 21,43 14,29

Organização de eventos técnicos e comerciais 14,29 17,86 35,71 32,14 Fonte: pesquisa direta

A baixa importância delegada à contribuição de instituições locais para o desenvolvimento das atividades listadas na tabela 5.22 é preocupante, principalmente no que se refere baixa importância dada a contribuição das instituições para a promoção de atividades cooperativas e ações dirigidas à capacitação tecnológica das empresas, bem como às atividades de estímulo ao desenvolvimento do sistema de ensino e pesquisa local. Essa preocupação reside devido a importância dessas três atividades no tocante ao desenvolvimento de atividades inovativas, direcionadas à introdução de inovações e, em consequência ao aumento da competitividade das empresas.

Como contraponto a deficiência na contribuição das instituições locais no tocante ao desenvolvimento de atividades essenciais para guiar as empresas na direção de ações estratégicas competitivas, as empresas investigadas pontuaram algumas ações de políticas que poderiam contribuir para o aumento da eficiência competitiva das mesmas (tabela 5.23).

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Contrapondo-se a baixa ou nula contribuição das instituições às atividades de estímulo ao desenvolvimento do sistema de ensino e pesquisa local, a grande maioria dos respondentes (78,57%) declarou que considera elevada a importância de ações de políticas direcionadas ao desenvolvimento de programas de capacitação profissional e treinamento técnico e à melhoria na educação básica (71,43%).

Tabela 5.23. Percentual de importância das políticas públicas que poderiam contribuir para o aumento da eficiência competitiva das empresas

Ações de Políticas Nula Baixa importância

Média importância

Alta importância

Programas de capacitação profissional e

treinamento técnico 0 0 21,43 78,57

Melhorias na educação básica 0 14,29 14,29 71,43

Programas de apoio a consultoria técnica 3,57 17,86 25,00 53,57

Estímulos à oferta de serviços tecnológicos 10,71 7,14 39,29 42,86

Programas de acesso à informação (produção,

tecnologia, mercados, etc) 0 14,81 29,63 55,56

Linhas de crédito e outras formas de financiamento 3,57 10,71 21,43 64,29

Incentivos fiscais 3,57 7,14 25,00 64,29

Políticas de fundo de aval 11,54 42,31 19,23 26,92

Programas de estímulo ao investimento 3,70 14,81 48,15 33,33

Outras. 96,43 0 0 3,57

Fonte: Pesquisa direta

As empresas investigadas também delegaram importância elevada (64,29%) às ações de políticas de linhas de crédito e outras formas de financiamento, bem como aos incentivos fiscais. Concorre para esse almejo, o fato que as empresas avaliam como moroso o processo de tomada de empréstimos, devido a alta burocracia, assim como, as taxas de juros, consideradas elevadas e, portanto, um gargalo a tomada de empréstimos e financiamentos bancários.

Os incentivos fiscais poderiam contribuir para a eficiência competitiva das empresas, se as construtoras fizessem uso do capital economizado com a redução da carga tributária para desenvolver atividades de inovação e capacitação dos recursos humanos, visando o aumento da produção, da produtividade, qualidade e competitividade das empresas. Também foram consideradas de relevo as ações de direcionadas a criação de programas de acesso à informação (produção, tecnologia, mercados, etc) (55,56%) e ao desenvolvimento de programas de apoio a consultoria técnica (53,57%). No que refere-se a opção outras ações políticas, uma das empresas pesquisadas citou como de elevada importância a revisão das leis trabalhistas.

98 5.4. Síntese conclusiva

A análise das informações obtidas acerca das características, do mercado e do perfil inovativo das empresas do segmento de construção de edifícios residenciais localizadas em Recife, permitiu chegar a conclusão que as empresas desse segmento segue a tendências delineada para as empresas do setor da construção civil de modo geral. Ou seja, foi observado que, em conformidade com a literatura da área, referenciada na base conceitual deste trabalho, as empresas do setor ainda são grandes absorvedoras de mão de obra com baixo grau de qualificação. Por outro lado, observou-se uma tendência do setor em mudar esse estigma, a maioria dos respondentes declarou ter alta dificuldade para contratar e manter mão de obra qualificada, mas reconheceu que esse é um dos fatores determinantes para manter a capacidade competitiva das empresas.

Ademais, como uma forma de reduzir o problema da pouca qualificação do pessoal ocupado e aumentar a produtividade da mão de obra, as empresas afirmaram que vem investindo em treinamento para o pessoal ocupado, seja na empresa ou em cursos técnicos.

Observou-se ainda, que o segmento estudado, contribui para o crescimento econômico do município, pela via da geração de emprego e renda, através da absorção de mão de obra e da geração de empregos indiretos, com a terceirização de atividades da construção, como pela geração de empregos induzidos, quando outros setores são atingidos pelas atividades da construção. Foi visto através dos dados coletados que a economia do município entre outras coisas se beneficia das compras realizadas pelas empresas, visto que uma parte percentual das empresas investigadas afirmou que realiza as compras de materiais de construção, máquinas e equipamentos de fabricantes e distribuidores localizados em Recife. Ademais, Recife, assim como toda a sua região metropolitana se beneficia das vendas dos imóveis produzidos pelas empresas investigadas, uma vez que a maioria das empresas afirmou que em seu planejamento de vendas para os anos 2008 a 2011, a RMR será principal mercado, bem como a cidade de Recife, especificamente.

No tocante a introdução de inovação no período de análise verificou-se que a maioria das empresas entrevistadas declarou ter introduzido algum tipo de inovação. A maioria delas nova para as empresas, mas já existente no mercado. Esses dados também corroboram com a literatura no sentido que, concluiu-se que o segmento em questão é inovador de natureza

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Observou-se ainda, que há deficiência por parte das instituições locais no estímulo às atividades direcionadas ao desenvolvimento de inovações e aumento da capacidade competitiva das empresas.

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