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INTERAÇÕES INSETO-PLANTA E RESISTÊNCIA DE PLANTAS HOSPEDEIRAS A INSETOS

No documento MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS (páginas 42-45)

CONTROLE BIOLÓGICO DE PRAGAS 1 CONCEITO

INTERAÇÕES INSETO-PLANTA E RESISTÊNCIA DE PLANTAS HOSPEDEIRAS A INSETOS

1. Introdução

O montante de injúria causado por um inseto a uma planta depende do hábito alimentar do primeiro, o tamanho de sua população e a capacidade da planta de suportar o tipo e a quantidade de injúria inflingida pelo inseto. Resistência de planta hospedeira a insetos refere-se a propriedades herdadas e associadas a capacidade da planta hospedeira de debelar ou suportar e recuperar de injúrias causadas por insetos-praga. Assim, resistência de plantas a insetos é uma característica hereditária que possibilita a planta reprimir o crescimento de populações de insetos ou se recuperar de injúrias causadas por populações destes.

Na interface inseto-planta, a inibição do crescimento de populações de insetos fitófagos é geralmente derivada de características bioquímicas e morfológicas da planta hospedeira que afetam

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o comportamento ou metabolismo dos insetos, atenuando o nível de injúria por eles causado à planta.

2. Resistência de plantas hospedeiras a insetos 2.1. Mecanismos de resistência

a) Não-preferência ou Antixenose: Não-preferência foi o termo cunhado para descrever o mecanismo através do qual o inseto evita determinada planta hospedeira. Tal termo foi posteriormente modificado para antixenose. Antixenose significa que a planta é refratária a “visitantes”, ou seja, aos insetos que tentam colonizá-la (seja para alimentação, oviposição, ou abrigo). A antixenose pode ser de natureza química ou morfológica dependendo dos fatores causadores da mesma.

b) Antibiose: Mecanismo que engloba todos os efeitos fisiológicos adversos, de natureza temporária ou permanente, resultante da ingestão de uma planta por um inseto. Esses efeitos podem ser letais ou subletais. Os principais sintomas comumente observados são: 1) morte de larvas jovens, 2) crescimento anormal, 3) conversão alimentar anormal, 4) fracasso para empupar, 5) falha na transformação de pupa a adulto, 6) adultos pequenos e/ou mal formados, 7) falha no armazenamento de reservas para dormência, 8) decréscimo de fecundidade e 9) redução de fertilidae e outros comportamentos anrmais. São possíveis explicações para esses sintomas:

b.1) presença de substâncias tóxicas;

b.2) ausência ou insuficiência de nutrientes essenciais as pragas; b.3) desbalançeamento nutricional;

b.4) presença de fatores anti-nutricionais;

b.5) presença de enzimas ou compostos que inibem processos digestivos normais e, consequentemente, a utilização de nutrientes pelas pragas;

c) Tolerância: Refere-se a capacidade de certas plantas de reparar a injúria sofrida ou produzir adequadamente suportando uma população de insetos a níveis capazes de danificar uma planta mais susceptível. Tolerância usualmente resulta de um ou mais dos seguintes fatores:

c.1) vigor geral das plantas

c.2) regeneração do tecido danificado

c.3) força da haste e resistência ao acamamento c.4) produção adicional de ramos

c.5) utilização, pelo inseto, de partes não vitais da planta c.6) compensação lateral por plantas vizinhas

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Observação: Plantas individuais podem ser susceptíveis, enquanto a comunidade de plantas como um todo é tolerante ao ataque de insetos. A soja é um bom exemplo de planta onde há compensação pela comunidade.

3. Fatores que influenciam a resistência

Apesar da resistência ser primariamente governada pelo genótipo da planta, elementos físicos e biológicos do ambiente influem sua expressão podendo apresentar profundos efeitos na resistência.

a) fatores físicos: clima, solo, arquitetura da planta e práticas culturais são alguns dos fatores que podem influenciar o ambiente físico da planta. Esses fatores podem influenciar os seguintes elementos alterando processos fisiológicos que determinam a resistência a insetos: temperatura, intensidade de luz, fertilidade e umidade do solo.

b) fatores biológicos: A exemplo de fatores físicos, fatores biológicos também influenciam a expressão da resistência. Os mais relevantes são: biótipos da praga e idade da planta.

3.1. Resistência de plantas e manejo integrado de pragas

A resistência de plantas como fator único no manejo de pragas tem possibilitado consideráveis sucessos em algumas instâncias. Algumas das principais vantagens deste método são: facilidade de adoção, especificidade, relativa harmonia com o ambiente, persistência, efeito cumulativo, baixo custo e compatibilidade com outros métodos de controle.

Contudo à semelhança dos outros métodos de controle, esta tática apresenta suas limitações, representadas principalmente pelas seguintes: longo tempo para desenvolvimento, limitações genéticas da planta (ausência de genes para resistência), ocorrência de biótipos e características conflitantes (algumas plantas podem apresentar fatores de resistência a alguns insetos que conferem maior susceptibilidade a outros ou mesmo reduzem a produção).

4. Plantas transgênicas

A aplicação da biotecnologia na resistência de plantas está ainda em seu início e em plena expansão. O emprego dessa tecnologia em resistência de plantas se baseia na produção de plantas transgênicas (i.e., organismo com gene(s) oriundo(s) de outro organismo) contendo fatores provenientes de outra espécie e que confiram resistência a insetos. Sem dúvida, os resultados mais práticos obtidos até o momento e que se encontram em fase de implantação no país se referem a incorporação de genes de diferentes subespécies e variedades da bactéria Bacillus thuringiensis, que produzem uma toxina muito tóxica a insetos. Essa toxina é produzida por um único gene da bactéria

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e sua incorporação foi conseguida em fumo, tomate, algodão, milho e batata. As três últimas espécies cultivadas já se encontram em utilização nos Estados Unidos e o milho é a que se encontra em fase mais próxima de utilização no Brasil, o que ainda não aconteceu.

Contudo, a toda tecnologia recente estão associados riscos adicionais, o que não é exceção no caso de plantas transgências e que tem levado a grande controvérsia mundo afora e também no Brasil. Alguns dos principais riscos advindos da utilização de agentes de controle geneticamente manipulados são:

- possibilidade de modificação da planta hospedeira transgênica;

- elevação excessiva da persistência de planta hospedeira transgênica possibilitando a dispersão delas no ambiente;

- instabilidade genética da planta hospedeira transgênica, aumentando seu potencial de intercâmbio genético, particularmente do gene estranho, com outras plantas produzindo organismos transgênicos não caracterizados;

- aumento da capacidade mutagênica da planta transgênica podendo trazer consequências imprevisíveis;

- aumento da pressão de seleção sobre pragas-alvo, favorecendo o rápido desenvolvimento de populações resistentes as plantas transgênicas;

Frente a esse novo panorama, velhos dilemas permanecem, sobressaindo-se dentre eles a velha dicotomia das relações CUSTO x BENEFÍCIO advindos do emprego dos diferentes métodos de controle de insetos.

No documento MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS (páginas 42-45)