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MÉTODOS DE CONTROLE MECÂNICOS, FÍSICOS, GENÉTICOS E LEGISLATIVOS

No documento MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS (páginas 45-49)

CONTROLE BIOLÓGICO DE PRAGAS 1 CONCEITO

MÉTODOS DE CONTROLE MECÂNICOS, FÍSICOS, GENÉTICOS E LEGISLATIVOS

1. Introdução

Na busca por métodos alternativos ao uso de inseticidas, houve uma crescente investigação sobre controle biológico, resistência de plantas, algumas modificações do ambiente de cultivo e outros métodos alternativos menos conhecidos ou de emprego mais limitado, apesar de importantes são os métodos mecânicos, físicos, genéticos e legislativos.

2. Métodos Mecânicos

Incluem práticas que envolvem a utilização de barreiras e/ou destruição direta dos insetos. Um vasto número de armadilhas, barreiras e outros dispositivos tem sido usados por séculos no controle de insetos. Se considerarmos a catação, ainda praticada por primatas arborícolas para

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controle de pulgas e carrapatos, os métodos mecânicos de controle antecedem todas as demais táticas de manejo de insetos. Alguns métodos de controle mecânicos são apresentados a seguir: 2.1. Apanha manual ou catação: refere-se a coleta manual de ovos, larvas ou ninfas e/ou insetos adultos facilmente visíveis. Muito usado em agricultura de subsistência, no controle de pulgas, piolhos e carrapatos em animais e no controle de cochonilhas em plantas ornamentais de interiores. 2.2. Técnica da batida: é usado como forma de controle de insetos em fruteiras, onde são feitas sucessivas batidas no tronco após colocação de panos ou plásticos sob a copa das árvores para coleta dos insetos caídos com as batidas. É uma técnica utilizada também para amostragem de insetos em culturas anuais como a da soja.

2.3. Barreiras: são dispositivos ou práticas que visam impedir ou dificultar o acesso do inseto à planta. Existem diversos exemplos de barreiras usadas na proteção contra insetos que nem sempre são percebidas. Um exemplo são os mosquiteiros normalmente colocados em janelas e portas de residência ou recobrindo berços. Sulcos ou valetas sob solo nu são por sua vez usados contra ataque de gafanhotos e curuquerê-dos-capinzais (Mocis latipes) interrompendo a migração rotineira destes insetos entre campos próximos. Cones invertidos (tipo “chapéu-de-chinês”) ou plástico de saco de adubo são frequentemente presos ao coleto de frutíferas, café e outras plantas para evitar a ação de formigas cortadeiras. O uso de sacaria mais resistente à penetração por insetos é um outro exemplo de uso de barreiras, comumente usado na proteção de produtos armazenados contra insetos.

2.4. Impacto: é prática usada em moinhos de farinha para controle de insetos de produtos armazenados. Consiste em máquinas ou dispositivos que lançam os grãos contra um anteparo de maneira a matar os insetos no exterior ou interior dos grãos. Os grãos infestados são abertos e os insetos são expostos e removidos por aspiração ou peneiramento depois de mortos.

2.5. Pós abrasivos: a utilização de pós abrasivos baseia-se na remoção da camada de cera da cutícula dos insetos, ocasionando a morte deles por dessecação. Várias substâncias têm sido usadas com esse fim, a exemplo da sílica gel, magnésia calcinada e argilas.

3. Métodos Físicos

Método que se baseiam no uso de fenômenos físicos visando o controle de insetos. Frequentemente os métodos mecânicos de controle são incluídos junto aos métodos físicos, mas ambos estão sendo aqui tratados independentemente. Utilização de temperatura, umidade e radiações eletromagnéticas são os principais agentes físicos de controle com exemplos de utilização prática.

3.1. Controle através de manipulação da temperatura: a maioria dos insetos não é capaz de se reproduzir a temperaturas inferiores a 20°C ou superiores a 35°C. Portanto esses extremos de

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temperatura podem levar a interrupção da multiplicação de insetos ou mesmo causar a mortalidade destes. A ventilação por exemplo, utilizada com o intento de reduzir a temperatura dos grãos durante a fase de armazenamento. O aquecimento de moinhos e unidades de armazenamento a altas temperaturas (> 50°C) também vem sendo testado nos Estados Unidos como medida de controle de insetos de produtos armazenados.

3.2. Controle através de manipulação de umidade: insetos possuem também limites de umidade onde é possível sua sobrevivência e reprodução. O processo de secagem de grãos normalmente feito antes do armazenamento deles é uma medida importante no controle de fungos e algumas pragas de produtos armazenados.

3.3. Radiações eletromagnéticas: as faixas do espectro de ondas têm sido usadas para fins de controle de insetos, sendo a faixas do ultravioleta, visível, infravermelho e ultrasom as mais utilizadas para este fim como será exemplificado a seguir.

a) Insetos diurnos: a manifestação da radiação solar durante o dia se faz através da cor do substrato. As reações dos insetos às diferentes cores são de atratividade ou repelência, o que perrmite que estas seja usadas como meio de controle. O pulgão Myzus persicae por exemplo é repelido por radiação ultravioleta ao pousar sobre uma dada superfície como palha de arroz sobre cobertura morta. Já os adultos de mosca branca e mosca minadora são atraídos pela cor amarela, sendo estas cores usadas em armadilhas destinadas a capturar estes insetos.

b) Insetos noturnos: a radiação emitida durante a noite é principalmente na faixa do infravermelho distante e insetos noturnos tem capacidade de detectar comprimentos de onda nesta faixa e assim se orientarem no escuro. Tal orientação foi constatada na lagarta-da-espiga-do-milho (Helicoverpa zea) tendo inclusive sido desenvolvidas variedades de milho que emitem comprimentos de onda dentro da faixa do infravemelho menos atrativas à esta praga. A cobertura morta do solo, frequentemente usada em cultivos de hortaliças, emite comprimentos de onda na faixa do infravermelho que são atrativos à lagarta-rosca (Agrotis spp.). Infravermelho é também utilizado na detecção de plantas atacadas por insetos através de sensoriamento remoto.

A luz na faixa do visível também afeta insetos de hábito noturno ou vespertino-crepuscular. O fotoperíodo afeta o desenvolvimento de insetos além de ser um fator desencadeador de diapausa e a própria radiação na faixa do visível poder ser atrativa ou repelente a insetos noturnos. Insetos captam luz principalmente na faixa do ultravioleta e do visível, reagindo principalmente à radiação ultravioleta e à verde, reagindo menos à radiação na faixa do amarelo e vermelho. Armadilhas luminosas por exemplo, utilizadas para amostragem ou mesmo captura de insetos, se baseiam nesta

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característica. Essas armadilhas possuem lâmpadas que emitem a maior parte de sua energia na faixa do ultravioleta, o que as tornam atraentes a insetos fototrópicos positivos de vôo noturno.

4. Métodos Genéticos

Métodos genéticos de controle de insetos referem-se a uma variedade de métodos através do qual a população de praga pode ser controlada mediante a manipulação de seu genoma ou seus mecanismos de herança. Os mecanismos de controle genético contudo ainda não se mostraram de ampla aplicação. Essas táticas são seletivas e objetivam a redução da população de pragas através da redução do potencial reprodutivo delas, incluindo alguns dos mais inovativos procedimentos do manejo integrado de pragas. Os insetos-praga são utilizados contra membros de sua própria espécie com o intento de reduzir os níveis populacionais, daí estes métodos de controle serem chamados autocidas. Radiações ionizantes além de raios-X e substâncias químicas esterilizantes são os principais agentes esterilizantes usados.

Esse método foi inicialmente apregoado e desenvolvido por E. F. Knipling, entomologista do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, ao final da década de 30. Ela foi desenvolvida como uma técnica paulatina de substituição de acasalamentos normais em uma população por acasalamentos inférteis, induzindo a esterilidade dela. Fundamentalmente, o princípio de esterilidade baseia-se na inundação da população com machos estéreis (em proporções minimas de 10 a 100 machos estéreis para um fértil) os quais buscam fêmeas normais e com elas se acasalam. Esses acasalamentos resultam em ovos inviáveis e a contínua liberação de machos estéreis leva a população ao declínio. Face a essa proposição, o principal método genético de controle de insetos ficou conhecido inicialmente como a técnica do macho estéril e posteriormente como técnica do inseto estéril.

O principal caso de sucesso de emprego desta técnica foi com o controle da mosca-da- bicheira (Cochliomyia hominivorax), que após o sucesso de sua eliminação preliminar da ilha de Curaçao e do sul da Flórida, foi estabelecido um grande programa que culminou com a eliminação da praga do sudoeste americano e posteriormente do México. O sucesso de emprego desta técnica contra essa praga é facilmente traduzido em números, pois mediante um investimento anual de 10 milhões de dólares, uma economia anual de 140 milhões de dólares foi conseguida. Sucessos ao menos parciais também têm sido obtidos em outras circunstâncias como:

- Eliminação de moscas-do-estábulo de St. Croix, Ilhas Virgens (fim da década de 70); - Moscas das frutas em ilhas do Pacífico e Califórnia (início da década de 80)

- Erradicações locais de mosca tsé-tsé (Glossina palpalis) na África

47 5. Métodos Legislativos

Por definição restrita, legislação por si só não se constitui em método de controle de insetos, mas estabelece autoridade estatutária para o engajamento de agências governamentais na limitação da dispersão de insetos ou no tratamento de infestações localizadas e que se configuram em ameaça ao bem estar público. Esses métodos legislativos baseiam-se no conjunto das leis, portarias e decretos, quer federais, estaduais ou mesmo municipais, que obrigam ao cumprimento de determinadas medidas de controle. Alguns importantes exemplos de métodos legislativos de controle são apresentados a seguir.

5.1. Quarentena: destina-se à prevenção de entrada de pragas exóticas e de sua disseminação. 5.2 Medidas obrigatórias de controle: têm execução determinada por legislação e são de grande importância para algumas culturas como o algodão, onde o estabelecimento de datas-limite para destruição de restos culturais por parte dos produtores tem possibilitado o controle da broca-da-raiz- do-algodoeiro, lagarta rosada e do bicudo-do-algodoeiro.

5.3.Legislação disciplinadora do uso de agentes ou métodos de controle: A chamada lei dos agrotóxicos, lei nº 7802 de 11 de julho de 1989, veio em substituição a legislação anterior datada de 1934. Dentre as principais características dessa legislação citam-se o disciplinamento do uso de inseticidas e o estabelecimento do receituário agronômico. A atual legislação regulamentadora do desenvolvimento, produção e utilização de organismos transgênicos no Brasil é outro exemplo de legislação disciplinadora de agentes de controle no Brasil. Nessa caso com a instituição e assossoramento do Comitê Nacional de Biosseguranca (CNTbio).

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