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O termo h ´aptico origina-se da palavra grega haptesthai cujo significado

´e tato (CUNHA-CRUZ et al., 2007) (SALISBURY, 1999). O toque con-

siste em sensac¸ ˜oes desencadeadas quando a pele ´e submetida a est´ımulos mec ˆanicos, el ´etricos, t ´ermicos ou qu´ımicos (BURDEA, 1996).

A interac¸ ˜ao humano-computador h ´aptica, ou simplesmente interac¸ ˜ao h ´aptica, deve permitir ao usu ´ario uma comunicac¸ ˜ao bidirecional com o sis- tema computacional de simulac¸ ˜ao, envolvendo determinados movimentos do usu ´ario, usualmente com as m ˜aos, e sensac¸ ˜oes h ´apticas (resist ˆencias de ma- teriais quando em contato com as m ˜aos, por exemplo). As sensac¸ ˜oes h ´apticas podem ser classificadas de acordo com a sua natureza (CUNHA-CRUZ et al., 2007) (BURDEA, 1996):

• feedback t ´atil: sensac¸ ˜ao que indica as caracter´ısticas de um objeto (tem- peratura e rugosidade);

• feedback de forc¸a: retorno de sensac¸ ˜ao de peso ou resist ˆencia de algo; • feedback cinest ´esico: percepc¸ ˜ao de movimentos baseada em ´org ˜aos

existentes em m ´usculos, tend ˜oes, articulac¸ ˜oes e ligamentos;

• feedback proprioceptivo: movimentos definidos por informac¸ ˜oes relacio- nadas `a postura, incluindo o equil´ıbrio corporal e articulac¸ ˜oes.

No que diz respeito ao papel da interac¸ ˜ao h ´aptica na ´area de sa ´ude, tr ˆes sub ´areas podem ser citadas (OKAMURA et al., 2011):

1. percepc¸ ˜ao h ´aptica humana e desempenho motor como fator relevante na execuc¸ ˜ao de exames e procedimentos m ´edicos: considera a natu- reza da informac¸ ˜ao h ´aptica e o modo como tal informac¸ ˜ao ´e percebida e utilizada pelo usu ´ario em um exame ou intervenc¸ ˜ao m ´edica. A toler ˆancia m ´axima do ser humano ao tempo de atraso de um feedback h ´aptico, por exemplo, pode ser importante indicador para o desenvolvimento de sistemas dessa natureza;

2. o papel de sistemas h ´apticos no treinamento e avaliac¸ ˜ao de habi- lidades cl´ınicas: interac¸ ˜oes h ´apticas podem auxiliar no treinamento e na avaliac¸ ˜ao de aquisic¸ ˜ao de habilidades cl´ınicas, incluindo cirur- gias, intervenc¸ ˜ao radiol ´ogica, anestesiologia, odontologia, medicina ve- terin ´aria, entre outros procedimentos ou ´areas. Tais interac¸ ˜oes con- templam o desenvolvimento de tecnologias, como dispositivos, sistemas computacionais e m ´etodos para a interac¸ ˜ao h ´aptica, al ´em do entendi- mento da forma como os seres humanos empregam o tato no desempe- nho de atividades usando habilidades cl´ınicas adquiridas ou adquirindo novas habilidades;

3. uso de sistemas h ´apticos para aperfeic¸oamento de intervenc¸ ˜oes m ´edicas: interac¸ ˜ao h ´aptica para permitir teleoperac¸ ˜oes, eliminando o contato direto entre paciente e profissional da ´area de sa ´ude. O objetivo ´e aperfeic¸oar intervenc¸ ˜oes m ´edicas, como cirurgias, sendo que o feed-

back h ´aptico ´e importante para a orientac¸ ˜ao do profissional durante a

execuc¸ ˜ao do procedimento indireto, conduzido por meio de rob ˆos.

cesso de interac¸ ˜ao h ´aptica pode ser descrito de forma geral pelas seguintes etapas (adaptado de (SALISBURY; CONTI; BARBAGLI, 2004)):

1. inicializac¸ ˜ao (estabelecimento da comunicac¸ ˜ao entre dispositivo e sis- tema computacional);

2. obtenc¸ ˜ao de coordenadas do dispositivo manipulado pelo usu ´ario (posic¸ ˜ao e orientac¸ ˜ao nos eixos x, y e z);

3. verificac¸ ˜ao da ocorr ˆencia de eventos (detecc¸ ˜ao de colis ˜ao entre objetos virtuais);

4. c ´alculo do feedback h ´aptico (efetuado pelo sistema computacional); 5. execuc¸ ˜ao do feedback h ´aptico e;

6. finalizac¸ ˜ao da comunicac¸ ˜ao entre dispositivo e sistema computacional.

Com excec¸ ˜ao das fases 1 e 6, as outras fases comp ˜oem a parte iterativa do processo.

3

TREINAMENTO ODONTOL ´OGICO EM

ANESTESIA

O objetivo do presente cap´ıtulo ´e detalhar o treinamento do procedimento de anestesia odontol ´ogica para bloqueio do nervo alveolar inferior, procurando levar em considerac¸ ˜ao: anatomia, materiais e instrumentos, t ´ecnicas para execuc¸ ˜ao do procedimento e formas de avaliac¸ ˜ao do treinamento.

O presente cap´ıtulo foi baseado no levantamento de requisitos, realizado nas depend ˆencias da Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de S ˜ao Paulo (FOB/USP), onde o procedimento foi observado e entrevistas foram realizadas. Na referida instituic¸ ˜ao, o procedimento ´e realizado em crianc¸as (de 7 a 12 anos) por discentes do terceiro e quarto anos do curso de Odontologia. Um material de aula, contendo diversos v´ıdeos utilizados no ensino da t ´ecnica de aplicac¸ ˜ao de anestesia, foi disponibilizado pelos docentes da instituic¸ ˜ao. As informac¸ ˜oes contidas neste cap´ıtulo s ˜ao provenientes de tais v´ıdeos, que segundo os docentes, constituem um importante material did ´atico (MALAMED, 2004b) (MALAMED, 2004a), al ´em das entrevistas e observac¸ ˜oes obtidas no levantamento de requisitos, o qual ´e apresentado no Ap ˆendice A.

O treinamento do procedimento na instituic¸ ˜ao visitada ´e realizado entre os pr ´oprios discentes com acompanhamento dos docentes, sendo que frutas tamb ´em podem ser utilizadas segundo alguns relatos. Os v´ıdeos did ´aticos citados anteriormente e pec¸as anat ˆomicas tamb ´em auxiliam os discentes no

aprendizado.

3.1

Anatomia

Existem diversas formas em Odontologia para aplicac¸ ˜ao de anestesias, sendo que um ponto importante ´e a regi ˜ao do corpo que receber ´a o trata- mento, normalmente partes do maxilar ou da mand´ıbula e os lados direito ou esquerdo. Em cada regi ˜ao h ´a um um ou mais nervos que devem ser blo- queados para o conforto do paciente. No procedimento envolvendo o nervo alveolar inferior, a ac¸ ˜ao pode contemplar o bloqueio de um ou tr ˆes nervos: alveolar inferior propriamente dito, lingual e bucal.

Na Figura 2 s ˜ao apresentados os trajetos dos nervos alveolar inferior (re- presentado pelo c´ırculo com a letra I), lingual (representado pelo c´ırculo com a letra L) e bucal (representado pelo c´ırculo com a letra B) na estrutura man- dibular.

Figura 2 - Inervac¸ ˜ao da estrutura mandibular

Fonte: Adaptada de (CARIA, 2014)

O nervo alveolar inferior ´e um dos principais ramos do nervo mandibular, assim como o nervo lingual. O nervo alveolar inferior penetra no forame da

mand´ıbula, percorrendo o interior do osso pelo canal da mand´ıbula e estende- se at ´e o dente incisivo central. O forame ´e um orif´ıcio localizado na fossa interna do ramo da mand´ıbula.

No canal da mand´ıbula, o nervo alveolar inferior emite outras ramificac¸ ˜oes em seu trajeto, cujo destino s ˜ao os dentes inferiores (ramos dentais inferio- res), terminando no canal do forame mentoniano, onde aproximadamente na posic¸ ˜ao do segundo pr ´e-molar, o nervo emite outro ramo (nervo mentoniano). O nervo lingual transmite sensac¸ ˜oes provenientes do denominado soa- lho da cavidade oral, da gengiva lingual (onde est ˜ao localizados os dentes inferiores) e da l´ıngua propriamente dita. O nervo bucal ´e respons ´avel pe- las sensac¸ ˜oes oriundas da mucosa bucal e da gengiva vestibular dos dentes posteriores na mand´ıbula.