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Interior de um dos volumes de suporte 36 Vista a partir da parede de escalada.

38. Iluminação noturna.

SELGASCANO - ACONTECIMENTO

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Skatepark, Rockódromo, Internet de banda ancha, Modding, Tunning, Modelismo, Graffiti, Artistas urbanos, Teatro Callejero,

Funambulismo, Actividades circenses, Video Arte, Música electrónica, Acrobacia, Artes escénicas, Manga, Parkour, Artes audio- visuales, Danza Contemporánea, Baile Funk y Hip Hop, Baile de Salón y MACC (manifestaciones artísticas corporales contempo- ráneas), son las actividades ya reconocidas que forman el colectivo Factory y que tendrán acceso a la llamada, consecuente- mente, Factory Mérida.

No sabemos qué tipo de filtro futuro les aplicarán a las que vengan, o a las que aparezcan como nuevas, pero nuestra intención, den- tro de nuestro cometido asignado como arquitectos, ha sido que no exista filtro alguno para nadie. Por ello, el edificio se plantea como una gran marquesina abierta a la ciudad que recoja a todo el que necesite acercarse hasta allí.

Skatepark, Climbing wall, Broadband internet, Modding, Tuning, Modelling, Graffiti, Street artists, Street theatre, Tightrope walkers, Circus tricks, Video art, Electronic music, Acrobatics, Performing arts, Manga, Parkour, Audiovisual arts, Contemporary dance, Funk and Hip-Hop dance, Dance hall and MACC (contemporary body art performances) are all established activities run by the Factory group, which will consequently have access to the Factory Mérida.

We do not know what type of filter will be applied to future initiatives, but in our designated role as architects, our aim is to avoid any filter at all. The building is therefore conceived as a large canopy, open to the whole city, willing to take in anyone who may need shelter here.

Factory Mérida BADAJOZ, ESPAÑA 2006 2011 Factory Mérida BADAJOZ, SPAIN 2006 2011 36

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CONTORNOS DE UMA INTRIGA . Contornos de uma intriga

[...] o conceito de evolução, no sentido de progresso, não tem qualquer cabimento

em arte, inadequação que procede da temporalidade específica da arte, da sua actualidade, o presente efectivo: mesmo uma escultura paleolítica é actual, fere o nosso presente, vem ter com a nossa vida, é, em sentido aristotélico, em acto para nós, energia. É por isso que a arte nada tem a ver com a história da arte, pois na arte trata-se de manter a alegria da descoberta, o prazer do inesperado, dar a ver qualquer coisa que ainda não tinha sido vista, metamorfose que diz respeito ao

modo de uma coisa se manter viva.1

A tarefa da história já não é a dos grandes relatos. [...] a história escreve-se a paritr de operações que dependem da nossa própria intenção, da intriga que guia as nossas pesquizas. De acordo com as intrigas, de acordo com o enredo dos factos que queremos decifrar, organizam-se os nossos instrumentos, a hierarquia dos documentos que decidiremos utilizar e a narração que acabaremos por escrever. Não se trata de que haja uma história geral e outras regionais, mas que as históricas são sempre construídas sobre hipóteses e por uma determinada concentração

num núcleo de relações a que se concede o privilégio da atenção histórica. .2

Arquitectura intempestiva foi um conceito retomado de Solà-Morales, e utilizado neste

trabalho para perseguir uma ideia de arquitectura, uma ideia que não se pretende, no entanto, vincular a qualquer movimento enquadrável num determinado período ou numa linha de evolução histórica. A diversidade dos textos, das obras ou dos aspectos e argumentos de projecto convocados não se compreende, aqui, como uma base sobre a qual se possa edificar um caminho claro ou um método operativo numa eventual prática de projecto. Pelo contrário, a pertinência da sua convocação pode apenas ser considerada na agitação de um imaginário próprio, na construção de um modo de ver a arquitectura, sobretudo na sua condição de perturbações e de interferências que, ao debilitarem as construções fixas sobre o que deve ser arquitectura, realçam também uma sensibilidade aos aspectos da realidade que estas obscurecem. Por isso, esta ideia de arquitectura não pode ser senão, ela própria, uma construção débil, subjectiva, e em contínua transformação, uma difusão intempestiva de referências que se fundem com memórias e inquietações, como uma nuvem de objectos que se atraem ou repudiam mutuamente, fundindo-se ou colidindo entre si, e revelando assim configurações inesperadas.

A debilidade, que impede que possamos fixar essa ideia através de leis ou de princípios estáveis, é precisamente a mesma condição que possibilita a sua abertura 1. MOLDER, Maria Filomena. Op. cit., 185

2. SOLÀ-MORALES, Ignasi de. Prácticas teóricas, prácticas históricas y prácticas arquitectónicas. in Los artículos de

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à complexidade e à instabilidade da própria vida, à infinidade das dimensões que configuram a realidade e que não podem ser inscritas numa qualquer narrativa histórica. Debilidade seria então outro nome para uma espécie de inocência, não no sentido de pureza ou de ignorância, mas de uma disponibilidade para se deixar surpreender por aquilo com que nos cruzamos, entendendo que essa disposição não diz apenas respeito ao arquitecto, mas sobretudo à sua responsabilidade política de dar corpo a algo que não lhe pertence e de que não tem conhecimento à partida, que tem a ver com a expressão das energias que se cruzam em cada encontro, com o “dar a reconhecer aquilo mesmo no qual se fundam as forças incomuns do estar-em-

conjunto, os seus afectos-limite”.3

Partindo da diversidade das referências que mobilizam e agitam cada uma das práticas convocadas, verifica-se que, em nenhuma delas, esta diversidade se pode circunscrever a algo como uma história da arquitectura, com tudo o que esta construção envolve de universalidade. Pelo contrário, cada uma se movimento dentro de um imaginário próprio, um universo instável de referências e de agitações mutáveis, continuamente contaminado pela vida, que não absorve apenas as experiências reconhecidas no interior de um campo disciplinar, mas uma diversidade de outras, desde outras disciplinas até aos próprios encontros e acontecimentos no decorrer da vida. A sua instabilidade torna-se possível quando o objectivo dessa construção deixou de ser a validação de uma arquitectura através da sua proveniência, a invenção de raízes que a incorporem numa tradição, e que a elevem a um objecto de culto.

Outro conceito que poderia esclarecer o que aqui se pretende definir com debilitação (da arquitectura) é o da profanação, como a define Giorgio Agamben: “enquanto

consagrar (sacrare) era o termo que designava a saída das coisas da esfera da lei

humana, profanar significava, pelo contrário, restituir a coisa ao uso livre dos homens”, “nesta perspectiva, pode definir-se a religião como aquilo que remove as coisas, lugares, animais ou pessoas do uso comum e os transporta para uma esfera separada. Não só não há religião sem separação, como toda a separação contém ou conserva em si um núcleo genuinamente religioso.”4 É evidente que, tal como é

inadequado dizer que uma coisa é inerentemente opressiva ou libertadora, também o será dizer que ela é inerentemente sagrada ou profana. No entanto, o que podemos reconhecer nessa arquitectura, que renuncia às leis internas para se deixar afectar pelo que lhe é exterior, que se recusa a ocupar um lugar central para se tornar apenas

decorativa — como um suporte de acontecimentos ou uma janela para uma realidade mais intensa—, que se fragiliza ao ponto de não durar mais do que o necessário

para responder a uma necessidade, ou que prescinde da sua condição de objecto ou de linguagem reconhecível para ser apenas um gesto, ou mesmo nada, senão uma resistência à separação entre a esfera da arquitectura e a esfera da vida (a do arquitecto e a dos outros)?

3. SILVA, Rodrigo. Op. cit., p.19

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