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International Law Association

FOOD AND AGRICULTURAL ORGANIZATION OF UNITED

3.2.2 International Law Association

A International Law Association (ILA)205 possui diversos

estudos e publicações acerca da proteção e da regulamentação dos recursos hídricos, desde 1956, com a Resolução de Dubvronik, até 2004, com a Declaração de Berlim.

O Statment of Principles ou Resolução de Dubvronik de 1956 é composta por oito incisos, nos quais prevê que os Estados devem administrar os rios considerados internacionais que estão em seu território de modo equitativo, sem poluir as águas em prejuízo dos outros Estados ribeirinhos, e em respeito ao princípio da responsabilidade, no âmbito das regras gerais de direito internacional.

Nos termos da resolução em comento, os rios internacionais são aqueles que cortam ou fazem fronteira entre dois ou mais Estados206. Sendo assim, a resolução considera como rios internacionais tanto os rios sucessivos como os contíguos. Ainda, prevê que um Estado ribeirinho deve notificar os outros antes de iniciar qualquer obra que

205

―The International Law Association was founded in Brussels in 1873. Its objectives, under its Constitution, are "the study, clarification and development of international law, both public and private, and the furtherance of international understanding and respect for international law". The ILA has consultative status, as an international non-governmental organisation, with a number of the United Nations specialised agencies. The activities of the ILA are organised by the Executive Council, assisted by the Headquarters Secretariat in London. Membership of the Association, at present about 3500, is spread among Branches throughout the world. The ILA welcomes as members all those interested in its objectives. Its membership ranges from lawyers in private practice, academia, government and the judiciary, to non-lawyer experts from commercial, industrial and financial spheres, and representatives of bodies such as shipping and arbitration organisations and chambers of commerce. The Association's objectives are pursued primarily through the work of its International Committees, and the focal point of its activities is the series of Biennial Conferences. The Conferences, of which 75 have so far been held in different locations throughout the world, provide a forum for the comprehensive f h w k f h ” INTERNATIONAL LAW ASSOCIATION. About us. [s.d.]. Disponível em: <http://www.ila-hq.org/en/about_us/index.cfm>. Acesso em: 18 maio 2015.

206

―I- An international river, is one which flows through or between the f w S ” FOOD AND AGRICULTURAL ORGANIZATION OF UNITED NATIONS. Sources international water law. Development Law Service. Rome: FAO Legal Office, 1998.

venha a afetar o curso do rio e caso surja alguma controvérsia entre os Estados envolvendo as águas compartilhadas deve ser resolvida por comissões ou mediante arbitragem.207

Em 1958, na cidade de Nova Iorque, a ILA adotou a Resolution

on the Use of the Waters of International Rivers (Resolução sobre o uso

das águas dos rios intenancionais), que refinou as regras propostas na Resolução de 1956 ao reconhecer distintos aspectos: a necessidade de observância a princípios de direito internacional, como equidade para administração e uso dos rios internacionais; os Estados ribeirinhos têm o dever de respeitar os direitos dos outros Estados que compõem a bacia hidrográfica; o dever de prevenção de violação das regras de direito internacional, sob pena de responsabilidade; um sistema de rios e lagos de uma bacia hidrográfica deve ser considerado em sua integralidade e não de forma fragmentada.208

Antes do seu trabalho mais importante, que alude às regras de Helsinque de 1966, a ILA ainda aprovou outros dois trabalhos em 1960, nominados de ―Resolução sobre os procedimentos referentes a usos não naveg veis‖ Resolution on Procedures concerning Non-Navigational

Uses) e ―Recomendação sobre o controle da poluição‖

(Recommendation on Pollution Control), ambos na cidade alemã de Hamburgo. A primeira resolução aborda as formas de solução de controvérsias que possam vir a surgir entre Estados ribeirinhos e, relembrando as regras de Nova Iorque, explica como a Comissão deve formar-se e trabalhar na solução de uma controvérsia. A segunda recomendação, composta apenas por dois parágrafos, também invoca e

207

Inciso IV – ―A State which proposes new works (construction, diversion, etc.) or change of previously existing use of water, which might effect utilization of the water by another State, must first consult with the other State. In case agreement is not reached through much consultation, the States concerned should seek the advice of a technical commission; and, if this does not lead to h h ” FOOD AND AGRICULTURAL ORGANIZATION OF UNITED NATIONS. Sources international water law. Development Law Service. Rome: FAO Legal Office, 1998.

208

―A system of rivers and lakes in a drainage basin should be treated as an wh ( ) ” FOOD AND AGRICULTURAL ORGANIZATION OF UNITED NATIONS. Sources international water law. Development Law Service. Rome: FAO Legal Office, 1998.

complementa as regras de Nova Iorque no que diz respeito à poluição das águas das bacias hidrográficas.209

m 1966 a ILA publicou as chamadas ―Normas de Helsinque para usos das guas dos rios internacionais‖ Helsinki Rules on the Uses

of the Waters of International Rivers). Ao todo, são trinta e sete artigos,

divididos em seis capítulos, que tratam das regras gerais de direito internacional, do uso equitativo de uma bacia hidrográfica internacional, da poluição, da navegação e transporte de madeira por flutuação e da prevenção e solução de litígios.210

A Convenção de Helsinque inovou ao incluir o conceito de bacia hidrográfica211 e ao acolher o princípio da precaução, do poluidor/pagador e do princípio da responsabilidade intergeracional, além de incluir medidas concretas de prevenção, controle e redução do impacto transfronteiriço.212 As normas previstas nesta Convenção se refletiram nos estudos do ILI sobre poluição de lagos e rios, publicado em 1979, em Atenas.213

O trabalho da ILA continuou de maneira intensa com a publicação de diversos documentos relacionados aos recursos hídricos e sobre os mais variados temas como poluição, controle de enchentes, conflitos armados. Entre outros trabalhos, vale mencionar: Articles on

Flood Control - New York, 1972; Articles on Maritime Pollution of Continental Origin – New York, 1972; Articles on the Maintenance and

209

FOOD AND AGRICULTURAL ORGANIZATION OF UNITED NATIONS. Sources international water law. Development Law Service. Rome: FAO Legal Office, 1998.

210

INTERNATIONAL LAW ASSOCIATION. About us. Disponível em: <http://www.ila-hq.org/en/about_us/index.cfm>. Acesso em: 18 maio 2015; BROWLIE, IAN. Princípios de direito internacional público, p. 293.

211

O conceito de bacia hidrogr fica est previsto nos arts II e III: ―Article II An international drainage basin is a geographical area extending over two or more States determined by the watershed limits of the system of waters, including surface and underground waters, flowing into a common terminus. Article III. A „ S ‟ h ory of which includes a portion of an ” INTERNATIONAL LAW ASSOCIATION. About us. Disponível em: <http://www.ila-hq.org/en/about_us/index.cfm>. Acesso em: 18 maio 2015.

212

MACHADO, Paulo A. L. Direito dos cursos de água internacionais. São Paulo: Malheiros, 2009. p.48.

213

SANDS, Philippe et al. Principle of international environmental law, p. 308.

Improvement of Naturally Navigable Waterways Separating or Traversing Several States - New Delhi, 1975; Resolution on the Protection of Water Resources and Water Installations in Times of Armed Conflict - Madrid, 1976; Resolution on International Water Resources Administration - Madrid, 1976; Regulation of the Flow of Water of International Watercourses- Belgrade, 1980; Articles on the Relationship between Water, Other Natural Resources and the Environment[ - Belgrade, 1980; Rules on the Water Pollution in an International Drainage Basin- Montreal, 1982; Rules on International Groundwaters- Seoul, 1986; Complementary Rules Applicable to International Water Resources- Seoul, 1986; Rules on Cross-Media Pollution- Buenos Aires, 1994; Articles on Cross-Media Pollution Resulting from the Use of the Waters of an International Drainage Basin - Helsinki, 1996; Articles on Private Law Remedies for Transboundary Damage in International Watercourses - Helsinki, 1996.

Dos documentos retrocitados, chama-se a atenção para as Regras de Seul, de 1986, denominado Rules on International

Groundwaters (Regras Internacionais para Águas Subterrâneas), que

pela primeira vez incluiu as águas subterrâneas. O documento, composto por apenas quatro artigos, consigna que os aquíferos que recebem ou contribuem com as águas de superfície de uma bacia internacional constituem parte desta bacia hidrográfica, de acordo com os propósitos das Regras de Helsinque214. O artigo 3 rege a proteção das águas subterrâneas contra a poluição e neste sentido conta com o princípio da cooperação entre os Estados que formam a mesma bacia hidrográfica.215

Em 2004, a ILA revisou as normas de Helsinque no documento chamado de Berlin Rules on Water Resources (Regras de Berlim sobre Recursos Hídricos). As regras estão divididas em quatorze capítulos e tinham a intenção de rever e substituir aquelas previstas em 1966, em Helsinque. Contudo, com um texto ousado e inovador, enfrentou forte oposição de alguns membros do comitê da ILA, sob o argumento de que as regras de Berlim eram radicais e estavam abandonando

214

―Article 2. Hydraulic interdependence. An aquifer that contributes water to, or receives water from, surface waters of an international basin constitutes part f h f h f h H k ” INTERNATIONAL LAW ASSOCIATION. About us. Disponível em: <http://www.ila-hq.org/en/about_us/index.cfm>. Acesso em: 18 maio 2015.

215

INTERNATIONAL LAW ASSOCIATION. About us. Disponível em: <http://www.ila-hq.org/en/about_us/index.cfm>. Acesso em: 18 maio 2015; SANDS, Philippe et al.. Principle of international environmental law, p. 308.

injustificadamente o direito consuetudinário existente, além de poderem diminuir a influência e a reputação da ILA.216

Mesmo com contradiç es a ―maioria dos membros da ILA entendeu que o conteúdo dessas regras não configurava uma inovação pois retomava matérias já previstas em outros instrumentos internacionais, principalmente de soft law.‖217 O grande feito dessas

regras foi a unificação do conteúdo que estava disperso em vários outros instrumentos, buscando transformá-lo em um grande modelo de normas para subsidiar a gestão dos recursos hídricos.218

O texto traz como inovação a regulação para todas as águas doces, sejam elas transfornteiriças, conectadas a uma bacia hidrográfica ou não. São setenta e três artigos, divididos em quatorze capítulos, que tratam de regras gerais sobre: administração dos recursos hídricos; águas transfronteiriças e princípios da cooperação e de uso equitativo; direito das pessoas ao acesso à água; proteção ao ambiente aquático; avaliações de impacto; situações extremas como em casos de inundações, períodos de seca e acidentes com poluição; águas subterrâneas; navegação; água e conflitos armados; cooperação internacional; responsabilidade por danos causados e reparação e solução de controvérsias.

De fato, é o primeiro documento a abrir um capítulo especialmente para tratar das águas subterrâneas. O artigo 3 traz a definição de águas subterrâneas dos aquíferos. O conceito de bacia hidrográfica, por sua vez, foi alterado para incluir as águas dos aquíferos. O artigo 36 abrange todos os tipos de aquíferos, sejam eles nacionais ou internacionais, ligados a uma bacia hidrográfica ou independentes.

Muito embora os estudos do ILI e da ILA sejam propostos por estudiosos em matéria ambiental e recursos hídricos, suas resoluções, normas ou recomendações, que não vinculam os Estados no âmbito internacional, são documentos levados em consideração por outros órgãos codificadores como a Comissão de Direito Internacional das Nações Unidas.

216

SANDS, Philippe et al. Principle of international environmental law, p. 309.

217

VILLAR, Pilar C. Aquíferos transfronteiriços: a governança das águas e o Aquífero Guarani, p.150.

218

VILLAR, Pilar C. Aquíferos transfronteiriços: a governança das águas e o Aquífero Guarani, p.150.

3.2.3 A Organização das Nações Unidas e a contribuição da