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INTERNET ENGINEERING TASK FORCE (IETF) Nasce a 16 de Janeiro de 1986, durante um almoço informal, em São Diego, que reúne à mesa uma vintena de

Entidades, Atores e Processo Multistakeholder de Governação Perceções e Envolvimento da Sociedade Civil

“GOVERNADORES” DO ECOSSISTEMA

A. STANDARDS TÉCNICOS

2. INTERNET ENGINEERING TASK FORCE (IETF) Nasce a 16 de Janeiro de 1986, durante um almoço informal, em São Diego, que reúne à mesa uma vintena de

investigadores, a trabalhar em projetos financiados pelo governo estado-unidense.

Como aperitivo, a mudança de acrónimo: de GADS (Gateway Algorithms and

Data Structure) evolui para IETF e vira referência incontornável no desenvolvimento,

teste e implementação de standards e protocolos Internet, e na identificação das boas práticas, que define, edita e publicita nos Request for Comments, ou RFCs, a série de documentos técnicos e operativos da Internet.

A missão que para si reserva é a de “aperfeiçoar o funcionamento da Internet”, assente em valores como a abertura, o equilíbrio e a inclusividade (Alvestrand and Lie, 2009: 129) nos processos decisórios bottom-up, e a competência técnica, a engineering

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61 do parecer de peritos e de utilizadores com experiência adquirida na elaboração e implementação de standards.

Alvestrand (2004b), autor do RFC 3935, que documenta a missão da IETF, clarifica:

 Abertura. Os procedimentos que permitem a interoperabilidade das redes devem ser de todos conhecidos e a todos aproveitar, pois é livre e voluntária a sua adoção e implementação;

 Inclusividade. Todos podem participar no desenvolvimento dos protocolos e a ninguém assiste, mesmo se em maioria, o direito de vetar as objeções com natureza técnica;

Implementação. Se os standards funcionam, são adotados para desenvolver aplicações; se não correspondem ao que é exigido, devem ser aperfeiçoados.

Autorregulada e sem membros formais, a IETF agrupa, entre outros, administradores de redes, engenheiros informáticos, investigadores e fabricantes de equipamentos, que colaboram com a organização a título voluntário, por via remota (listas de email) ou diretamente, em reuniões presenciais convocadas três vezes por ano.

São distribuídos por zonas, áreas temáticas e grupos de trabalho (mais de uma centena), sendo cada área liderada por um ou mais diretores, indicados pela comissão de nomeações (NomCom) e aprovados pelo IAB. Processo idêntico é seguido na designação do presidente do IETF, que em paralelo lidera o Internet Engineering

Steering Group (IESG).

Por standard, a IETF entende o conjunto de “especificações técnicas únicas de um protocolo, comportamento do sistema ou procedimento” 21

, a adotar sempre que se procura obter um determinado resultado. Exemplo apontado é a alocação de IPs, que na versão 4 suporta algo como quatro mil milhões de endereços, hoje insuficientes para o número de dispositivos e utilizadores conectados, razão porque houve que evoluir para

21

An Internet standard is a specification that is stable and well-understood, is technically competent, has multiple, independent, and interoperable implementations with substantial operational experience, enjoys significant public support, and is recognizably useful in some or all parts of the Internet (Bradner, 1996)

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uma nova versão, o IPv6 (Deering and Hinden, 1998; RFC 2460), cuja implementação tem todavia enfrentado uma inesperada lentidão e a apatia das entidades responsáveis, incluindo os governos.

Existem dois tipos ou categorias de standards: as especificações técnicas e as declarações de aplicabilidade, servindo estas “para descrever as condições em que as primeiras funcionam” (Bygrave and Michaelsen, 2009: 99). Alguns standards são, ainda, categorizados de acordo com o grau de maturidade que apresentam – proposed,

draft e full – sendo que a passagem (standard track) de um nível para o seguinte tem

lugar após testes de operacionalidade e verificação dos critérios fixados no RFC 2026 (Bradner, 1996), que igualmente elenca as sucessivas etapas na criação de um standard de Internet.

3. INTERNET ARCHITECTURE BOARD (IAB). Remonta a 1979 a sua origem, ao Internet Configuration Control Board (ICCB). Vint Cerf era, ao tempo, responsável pelos programas de investigação da Defense Advanced Research Projects Agency (DARPA; Dennis, s.a.) e institui o ICCB para “permitir que membros da comunidade técnica participem nos trabalhos, contribuam para educar e informar o público em geral e ajudem na adoção voluntária dos protocolos TCP / IP e dos roteadores” (Kahn & Cerf, 1999).

Cinco anos mais tarde, já com Dave Clark e Barry Leiner ao leme da DARPA, o ICCB é rebatizado Internet Advisory Board (IAB) e integrado por uma dezena de grupos de trabalho, e pelo editor a tempo inteiro dos RFCs, o engenheiro informático Jon Postel. Dois anos depois, uma nova alteração, de Advisory para Activities (NSF, 1986), para em 1992 ser uma vez mais reestruturado, agora como Internet Architecture

Board (IAB), e acolhido sob o chapéu protetor da ISOC, fundada meses antes.

Registado em simultâneo como órgão consultivo da ISOC e como supervisor da atividade do IETF (Carpenter, 2000; RFC 2850), o IAB tem como funções aprovar a criação dos grupos de trabalho no IETF, nomear os membros do IESG, indigitar o editor dos RFCs e servir como instância de avaliação e recurso de eventuais irregularidades cometidas no processo de elaboração, teste e implementação de standards.

No memorando que documenta a composição, seleção e funções da organização, editado por Carpenter, em Maio de 2000, o número de membros é limitado a 13, seis deles indigitados pelo comité de nomeações do IETF, para um mandato de

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63 dois anos (Galvin, 2004; RFC 3777). O 13º membro é o presidente do IETF, que acumula com a direção do IESG.

Os membros do IAB servem a título individual e não como representantes de empresas, entidades, departamentos ou organizações. Nas reuniões do IAB – duas / mês, via telefónica e três / ano, presenciais – participam, ainda, um representante da ISOC, o editor dos RFCs e o elemento de ligação com o IESG. Os membros do board são confirmados pela direção da ISOC, à exceção do presidente, que é eleito a nível interno.

4. INTERNET ENGINEERING STEERING GROUP (IESG). Responde pela gestão da IETF e pela qualidade técnica dos standards produzidos, vide a observância das regras e procedimentos definidos pela direção da ISOC (Bradner, 1996; RFC 2026).

Alvestrand (2004a), no RFC 3710, lista como funções do IESG a constituição dos grupos de trabalho, a escolha dos respetivos líderes e a monitorização do progresso alcançado. Revê e aprova ainda a documentação preparada, avaliza a sua publicação nas séries de RFCs 22 e decide sobre os standards a submeter a teste e, se positivo, à sua ulterior implementação. Trata-se, no geral, de credibilizar a informação disponibilizada, assegurando que o RFC enuncia o problema com clareza e de forma adequada, sem que nenhuma objeção técnica fique por dirimir.

Com orgânica inalterada desde 1993, o IESG é liderado por um presidente e por diretores de área, designados pela comissão de nomeações para mandatos de dois anos (Galvin, 2000; RFC 2727). Ex-officio, são também membros o presidente do IAB e o diretor executivo da IETF.

5. INTERNET RESEARCH TASK FORCE (IRTF). Reparte com a IETF a tarefa de